USO DE FERRAMENTAS SÍNCRONAS PARA ANÁLISE DA INTERAÇÃO SOCIAL EM SUJEITOS COM AUTISMO: UM ESTUDO DE CASO Liliana M. Passerino [email protected] FEEVALE/RedEspecial Lucila M. C. Santarosa [email protected] NIEE/UFRGS Autismo e outros Transtornos do Desenvolvimento Os TID envolvem um continuum de síndromes entre as quais encontramos a o Autismo; Os TID manifestam-se em múltiplas áreas, sendo as principais: Cognição; Linguagem; Social. Autismo Identificado em 1943 por L. Kanner Inicialmente confundido com a esquizofrenia infantil e outras doenças mentais; Schwartzman (1994), conceitua o autismo como uma síndrome definida por alterações presentes a partir dos 3 anos de idade que se caracterizam pela presença de desvios nas relações inter-pessoais e de comportamento Abordagens do Autismo Ao longo das décadas foi abordado de formas diferenciadas de acordo com a concepção da época: 1943-1963 : considerado um transtorno do tipo emocional; 1963-1983: alteração cognitiva; Abordagens do Autismo 1983- até nosso dias: transtorno profundo do desenvolvimento, que vai além de transtornos afetivos ou cognitivos e engloba todo o ser em profundidade; Concepção mais integradora e pragmática da Síndrome; Orientada para o desenvolvimento de capacidades das pessoas com autismo; Autismo - diagnóstico Tanto a CID-10 e o DSM IV determinam os seguintes critérios para diagnóstico: limitadas condutas verbais e comunicativas trato ritualístico de objetos relações sociais anormais comportamento estereotipado Origem e Prevalência Origem múltipla, envolvendo fatores biológicos, genéticos, sociais, afetivos e cognitivos Prevalência de 4.5 em cada 10.000 nascimentos (ou de 10-16 para 10.000) Inexistência de dados oficiais brasileiros Prevalência do sexo masculino, numa proporção de 4 para 1 Autismo e Interação Social Estudos e pesquisas indicam que o autismo apresenta distúrbios e defasagem nas atividades cognitivas que envolvem a capacidade de simbolização e compreensão de uma situação como um todo Hobson(1995) afirma que a característica fundamental do autismo é a limitação na significação das relações sociais. Interação Social Considerada como um princípio de desenvolvimento por diversos teóricos. Vygotsky(1998) considera a interação é um elemento necessário à aprendizagem e o desenvolvimento do indivíduo É uma relação complexa que se constrói e nela participam: sujeitos contexto sócio-cultural ferramentas de mediação ações dos sujeitos contexto sóciocultural uso da linguagem significações atribuídas às ações Interação Social: elementos para uma análise relação de co-presença percepção do outro como sujeito de interação meio cultural compartilhado instrumentos ou meios de comunicação (incluíndo a linguagem) intencionalidade de comunicação Intencionalidade de Comunicação Considerar o outro como agente intencional Um agente é intencional se: possuir metas; agir ativamente para atendê-las; é capaz de compreender as metas das ações do outro; presta atenção ao meio Outros aspectos: abreviação predicativa perspectiva referencial Definida como a redução da representação lingüística explícita na fala, deriva do uso do signo contextualizado e é uma das característica da fala entendida comoàafala coordenação egocêntrica (preliminar interna) da atenção entre os parceiros sociais com fins de compartilhar experiências com objetos e/ou eventos. Sendo esta a fase mais avançada da intencionalidade comportamento de pedido para busca de assistência quanto à aquisição de objetos ou execução de tarefas refere-se à capacidade dos interlocutores de dirigir a atenção de seu parceiro a um objeto ou acontecimento específicos a utilização de comportamentos não verbais para manter o foco da atenção em si mesmo; Objetivos da experiência analisar a interação social num ambiente computacional de sujeitos com autismo identificar os padrões e os indícios presentes comparar esses resultados com os estudos da interação social em sujeitos com autismos em situações cotidianas de interação Descrição da experiência grupo de 3 pessoas com autismo com idades entre 21-28 anos e alfabetizadas; MsChat®; as sessões foram repetidas posteriormente com pessoas com e sem autismo; cada sujeito escolheu livremente a forma de participar (modo texto ou gráfico) Principais Observações Uso freqüente de obsessões e fixações; Indícios claros de Comunicação Intencional; Inferências de informações a partir do contexto comunicativo; Efeito “Platéia Virtual”; Associações por conceitos/objetos entre as falas; Abreviação da fala; Ecolalia; Uso inadequado de pronomes pessoais – dificuldade na troca de papeis; Tentativas de auto-centração implicam num processo semelhante no interlocutor; Construção Frasal Telegráfica; Inferência de metas percepção do “outro” como agente intencional (teoria da mente); Apesar dessa percepção da intencionalidade, mantêm um comportamento inadequado do ponto de vista das normas sociais; Associações por conceitos/objetos entre as falas; Interação ativa-porém-estranha e Hiperformal de acordo com o definido por Wing(1998); Exemplos de interação D. diz:como ela vai F. diz:eu vou bem M. diz:como vai F. diz:tem alguem de aniversariantes D. diz:qual personagem do seriado malhção mais gosta D. diz:não F. diz:jose de abreu F. diz:traz merenda D. diz:não F. diz:bolacha trazendo F. diz:tem namorada D. diz:não F. diz:tenho namorada M. diz:eu nao tenho irmaos F. diz:mano nem deixou de usar o celular F. diz:é do telefone D. diz:qual eo nome dessa guria F. diz:nem sei Considerações Finais A experiência foi gratificante para os sujeitos e foi repetida freqüentemente, com essa e outras ferramentas de chat; Ferramenta emoções foi usada, mas não no sentido intencional, apenas visual; Interação era compreendida pelos participantes; Existência de Intencionalidade na Comunicação; Diálogos superficiais; Evidências que pessoas com autismo apresentam dificuldade no uso de pronomes também no diálogo mediado por computador; Ecolalia como tentativa de comunicação; Finalmente Gostaríamos de lembrar que: O aluno com autismo é acima de tudo uma PESSOA que entende e compreende MAIS do que comunica; É sensível, tem sentimentos e gosta de conviver com outros Tem habilidades que PODEM e DEVEM ser desenvolvidas; Tem uma idade que deve ser respeitada; Precisa de apoio na sua auto-estima; Precisa de estratégias de trabalho baseadas nos seus interesses levando em conta suas capacidades e limitações ? Obrigada! Perguntas?