FRANZ BRENTANO:
INTENCIONALIDADE
Intencionalidade em Brentano:
Para ele a principal característica do fenômeno
mental é a INTENCIONALIDADE
“Todo fenômeno mental se caracteriza pelo que os
medievais chamavam de INEXISTÊNCIA
INTENCIONAL (OU MENTAL) de um objeto, ou seja,
referência a um conteúdo,
direcionamento a um objeto,
objetividade imanente.”
Mais suscintamente:
“Todos evento mental inclui algo como objeto
dentro de si mesmo”
A intencionalidade pode ser estudada do ponto de
vista psicológico, gnosiológico e ontológico:
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1)Psicologicamente: a intencionalidade é uma
propriedade de todo fenômeno psíquico, é a
REFERÊNCIA a um objeto, o DIRECIONAMENTO
para ele. Ex: se penso num número, meu pensar
tem a propriedade de estar direcionado a algo
externo a ele (que é outro que não o ato de
pensar). Nada físico tem essa propriedade!
Fenômeno psíquico (pensar, querer, imaginar, ouvir,
ver) direciona-se a um -> objeto fora dele
Fenômeno físico (cor, som, extensão, forma): não
tem essa propriedade!
Objeções:
a) há fenômenos psíquicos que não parecem
intencionais, como sensações.
b) há fenômenos físicos que parecem intencionais,
como palavras.
Parece, mas não: a dor no pé refere-se ao pé.
(Mesmo quando o objeto do fenômeno é vago é
diferente)
Claro que o objeto do fenômeno psíquico pode ser
INTERNO, ex: o prazer de ouvir um som, o objeto
do prazer não é o som, mas o ato mental de ouvir
o som!
b) É verdade que a palavra ‘cadeira’ refere-se à
cadeira, mas Brentano diria que ela TOMA
EMPRESTADO a sua intencionalidade (ou
significado) do fenômeno psíquico!
(Precisamos de falantes e ouvintes, sem uma
MENTE não há palavras nem significados)
(Na filosofia atual crê-se que a intencionalidade é a
propriedade de atitudes proposicionais.
Ex: “Creio que existe vida extra-terrena”.
Mas o conceito de intencionalidade de Brentano era
mais amplo, incluindo sentimentos, imaginação e
experiência sensível)
2) Gnoseologicamente o objeto intencionalmente
referido não precisa ser uma COISA INDIVIDUAL, ele
pode ser uma NÃO-COISA!
Brentano distingue entre: a) coisa em geral (Ding), b) coisa individual
(Realität), c) atualidade (Wirklichkeit) e d) existência (Existenz).
=> Quando ele diz que um objeto intencional não precisa ser
uma coisa (Realität), ele quer dizer que pode ser um objeto
abstrato, tal como um universal. Outros exemplos de objetos
abstratos são espécies, gêneros, valores éticos e estéticos,
estados de coisas etc.
=> Além disso uma coisa individual (Realität) pode ser
existente, como essa mesa, ou não-existente, como Hamlet e
Pégaso. Ele chama objetos inexistentes de coisas
individuais.
Ou seja: Objetos intencionais NÃO PRECISAM EXISTIR.
3) Ontologicamente: todo fenômeno psíquico se
caracteriza por sua INEXISTÊNCIA ONTOLÓGICA.
.........
O termo é medieval:
IN-EXISTÊNCIA não significa NÃO-EXISTÊNCIA,
mas EXISTÊNCIA-NA-INTENÇÃO!
“INEXISTÊNCIA” = significa que o objeto é colocado
na direção intencional do fenômeno psíquico (ou
seja, sentido muito solto da palavra ‘existência’).
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