O QUE É AUTISMO:
uma resposta possível
M.C.M. Kupfer, São Paulo/BR
Olhando ao redor
 São muitas as manifestações chamadas de
autisticas em crianças nos dias de hoje.
 O autismo encontra expressões diversas e em
diferentes idades.
 Quais são essas “variações”?
 Encontramos:
 Crianças com capacidades únicas ou ilhas de
inteligência.
 Adultos com funcionamento intelectual pleno.
Olhando ao redor
 Adultos que escrevem mas não falam.
 Crianças que quase não falam e aprendem pouco.
 Crianças com grande prejuízo de desenvolvimento.
 Crianças afetivas e ao mesmo tempo sem contato.
 Ponto comum a todas essas manifestações:
dificuldades na relação com os outros, de modo geral.
 Mas como explicar que haja autistas carinhosas?
Classificações psiquiátricas
 DSM-IV
 “Prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do
desenvolvimento: habilidades de interação social
recíproca, habilidades de comunicação, ou presença
de comportamento, interesses e atividades
estereotipados”.
Classificações psiquiátricas
 CID-10
“Grupo de transtornos caracterizados por alterações
qualitativas das interações sociais recíprocas e
modalidades de comunicação e por um repertório de
interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo.”
http://www.psiqweb.med.br/dsm/dsm.html
Características apontadas por outros
pesquisadores







As crianças autistas:
Resistem ao toque e ao abraço
Ficam felizes quando deixadas sozinhas.
Estão sempre em seu próprio mundo.
Têm problemas de empatia.
Não entendem o interesse ou desejo dos outros.
Não precisam exibir seus interesses para os outros.
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=240
O FOCO NA ISR
 Partimos de uma primeira característica marcante dos
autistas: não sabem relacionar-se.
 Mas
 Nem todas as crianças autistas encaixam-se aí:
algumas são afetivas e parecem gostar de relacionarse com os outros.
Foco nas relações iniciais
 M.-C. Laznik, pesquisadora franco-brasileira, ajuda a
entender que as crianças autistas sabem RECEBER
carinho e amor.
 Mas não sabem DAR PARA RECEBER carinho e amor.
 Segundo Laznik, o bebê se dirige à mãe para nela
provocar seu prazer de estar com ele.
O Foco nas relações iniciais
 As crianças aprendem muito cedo que, se derem
amor, poderão recebê-lo de volta.
 É dando que se recebe, já dizia S. Francisco de Assis.
 Se uma criança dá amor e prazer, descobre que
provoca em sua mãe uma reação de prazer, que dá
origem a uma grande satisfação em retorno.
Primeira resposta
 Dessa perspectiva, pode-se dizer que:
 A criança autista aprendeu apenas a primeira parte da
estrutura do relacionamento humano: receber.
 Algumas aprendem a segunda: dar.
 Mas nenhuma aprendeu a terceira parte: dar para receber
Primeira resposta
 Isso explica que comportamentos carinhosos
convivam com falta de empatia
 Falta a capacidade de entender ou tentar entender os
outros.
 Disso podem resultar todas as demais dificuldades de
um autista
[Cena recortada só da barriguinha]
 "Uma cena mostra um bebê que brinca com a mãe.
Ela o estimula e finge comer seu pezinho. Ele gosta e
demonstra certo prazer. Mas não lhe ocorre dar seu
pezinho. Ele não parece interessar-se por aquilo que
poderia dar prazer ao outro…. Os bebês nascem com
um interesse pelo interesse dos outros. Não é o caso
dos bebês de nossos filmes familiares”(Laznik, 2005,
p.181).
Consequências para o diagnóstico e o
tratamento do autismo
 1. O protocolo IRDI
 2. A intervenção IRDI nas creches
IRDIs
IRDIs: protocolo de 31 indicadores clínicos de risco,
criado pelo GNP para uso por pediatras em consultas
regulares, para a detecção de problemas de
desenvolvimento em crianças de zero a dezoito
meses.
KUPFER, M. C. M. ; JERUSALINSKY, Alfredo ; BERNARDINO, Leda Fischer ; WANDERLEY, Daniele de Brito ; ROCHA, P ;
MOLINA, Silvia Eugenia ; SALLES, Lea ; STELLIN, Regina Maria Ramos ; PESARO, Maria Eugenia ; LERNER, Rogério .
Valor preditivo de indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil: um estudo a partir da teoria
psicanalítica. Latin American journal of fundamental psychopathology on line, v. 6, p. 46-68, 2009.
IRDIs nas creches
Cuidados psíquicos na infância reduzem a incidência de
distúrbios mentais tanto na infância como na vida adulta.
O protocolo IRDI pode ser um guia no acompanhamento do
desenvolvimento psíquico
A pesquisa atual pretende avaliar o IRDI como um
instrumento de promoção de saúde mental nos primeiros
estágios do desenvolvimento da criança
0 a 4 meses incompletos
 1-Quando a criança chora ou grita, a professora
sabe o que ela quer
 2-A professora fala com a criança num estilo
particularmente dirigido a ela (mamanhês)
 3-A criança reage ao mamanhês
 4-A professora propõe algo à criança e aguarda
a sua reação
 5- Há troca de olhares entre a professora e a
criança
4 a 8 meses incompletos
 6- A criança começa a diferenciar o dia da noite
 7- A criança utiliza sinais diferentes para expressar suas diferentes
necessidades
 8-A criança solicita a professora e faz um intervalo para aguardar
sua resposta
 9- A professora fala com a criança dirigindo-lhe pequenas frases
 10- A criança reage ( sorri, vocaliza ) quando a professora ou outra
pessoa está se dirigindo a ela.
 11- a criança procura ativamente o olhar da professora
 12- A professora dá suporte às iniciativas da criança sem pouparlhe esforços
 13-A criança pede ajuda de outra pessoa sem ficar passiva
8 a 12 meses incompletos
 14-A professora percebe que alguns pedidos da criança
podem ser uma forma de chamar sua atenção
 15- Durante os cuidados corporais, a criança busca
ativamente jogos e brincadeiras amorosas com a professora
 16- A criança demonstra gostar ou não de alguma coisa
 17-professora e criança compartilham uma linguagem
particular
 18- A criança estranha pessoas desconhecidas para ela
 19- A criança possui objetos prediletos
 20- A criança faz gracinhas
 21-A criança busca o olhar de aprovação do adulto
 22-A criança aceita alimentação semi-sólida, sólida e variada
12 a 18 meses
 23- A professora alterna momentos de dedicação à criança com outros
interesses
 24-A criança reage bem às breve ausências da professora e reage às
ausências prolongadas
 25-A professora oferece brinquedos como alternativas para o interesse
da criança pelo corpo materno
 26-A professora já não se sente mais obrigada a satisfazer tudo que a
criança pede
 27- A criança olha com curiosidade para o que interessa à professora
 28-A criança gosta de brincar com objetos usados pela professora e
pelo pai
 29- A professora começa a pedir à criança que nomeie o que deseja,
não se contentando apenas com pequenos gestos
 30- Os pais colocam pequenas regras de comportamento à criança
 31-A criança diferencia objetos maternos, paternos e próprios
Referências Bibliográficas
Laznik, M.C. (2005). Les interactions sonores entre les bébés
devenus autistes et leurs parents. In M.F. Castarède, Au
commencement était la voix. Paris, Érès.
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a psychoanalytical theory-based intervention with nursery educators