Universidade Federal do rio Grande do Sul Instituto de Psicologia Programa de Pós Graduação em Psicologia do Desenvolvimento * Autora: Claudia Sanini Orientadora: Prof Drª Cleonice Alves Bosa Abril, 2011 * “Tolerar a existência do outro, e permitir que ele seja diferente, ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro. Deveríamos criar uma relação entre as pessoas, Da qual estivessem excluídas a tolerância e a intolerância” (José Saramago) * A autora apresenta a sistematização de dois estudos em sua Tese: - Estudo 1 – Foco no aluno e nas suas interações com os colegas. - Estudo 2 – Foco na professora e na prática pedagógica desenvolvida. Cada estudo está organizado dentro de um capítulo e apresenta de forma específica: - Resumo/abstract - Introdução - Referencial Teórico - Metodologia - Resultados - Discussão dos Resultados - Considerações Finais * Apesar dos Estudos serem apresentados em capítulos a parte: - Estudo 1 – capítulo I. - Estudo 2 – capítulo II. Eles são interligados pela: - Apresentação - Conclusão Apesar da sistematização da Tese em dois estudos: - ambos se reportam ao contexto da educação infantil, porém analisando as relações do processo de inclusão do aluno com autismo, através de diferentes atores. * • Poucos estudos com o foco nas interações entre crianças com autismo e seus pares com desenvolvimento típico (DT) em situação de inclusão escolar. • Menor atenção tem sido dada às interações naturais dessas crianças com seus pares com DT, no ambiente escolar, às especificidades, muitas vezes, sutis da sintomatologia no espectro do autismo e à estabilidade das eventuais mudanças de comportamentos observados. * • Investigar as mudanças no perfil de competência social de uma criança com autismo na educação infantil, ao longo de uma ano letivo, em dois contextos: pátio e sala de aula. Buscou-se com isso identificar quais categorias de competência social aumentaram ou, ao contrário, reduziram ao longo do tempo. * • Estudo de caso longitudinal (Yin, 2005), sendo o caso definido a priori (Robson, 1993) • Participante: aluno de 3 anos, com diagnóstico de autismo, que frequentava a educação infantil de uma escola privada de Porto Alegre/RS e participou de um estudo prévio do NIEPED. “Foco”: na interação desse aluno com seus colegas. • - Instrumentos e Materiais: Ficha de caracterização da escola (Goldberg, 2002) Ficha de dados sociodemográficos da criança (NIEPED, 2001) Foram utilizadas as informações contidas nas fichas empregadas no estudo Höher-Camargo (2007). * - Escala Q-sort de Competência Social (Almeida, 1997) Versão adaptada (Höher; Bosa, 2006): constam 46 itens que descrevem de forma extensiva e compreensiva o modo de relacionamento da criança no grupo de pares. Esses itens são distribuídos em subescalas que referem a cinco dimensões da competência social: sociabilidade/cooperação, asserção social, agressão, dependência, desorganização do Self. - Observação da interação social Foram utilizadas as filmagens das interações da criança com autismo e seus colegas, realizadas no estudo de Höher-Camargo (2007), no início do ano letivo, que ocorreram em dois ambientes, sala de aula e pátio. ... * Outras duas filmagens foram realizadas no 3º e 7º mês após a realização da primeira filmagem, as quais não foram analisadas no estudo de Höher-Camargo (2007), mas pelo presente estudo em função do seu caráter longitudinal - Diário de campo • Procedimento de registro de dados - As filmagens realizadas na metade e no final do ano foram codificadas e registradas através da versão adaptada da escala Q-Sort de competência social por um avaliador, psicólogo, “cego” aos objetivos do estudo e ao diagnóstico da criança com autismo. * • - Procedimentos de análise dos dados: Ficha de caracterização da escola (Goldberg, 2002) e Ficha de dados sociodemográficos da criança (NIEPED, 2001) Foram utilizadas as informações contidas nas fichas empregadas no estudo Höher-Camargo (2007) para contextualização e compreensão do caso. - Escala Q-sort de competência social (Almeida, 1997) Foi realizada análise estatística descritiva dos escores dessa escala, obtidos em dois momentos diferentes (meio e final do ano letivo), além das medidas obtidas no estudo Höher-Camargo (2007). Foram examinadas, comparativamente, nos três momentos do ano, eventuais mudanças no padrão de competência social da criança com autismo. ... * O julgamento da pontuação ocorreu com base em uma combinação entre frequência, intensidade e qualidade do comportamento, uma vez que a adaptação da escala (Höher; Bosa, 2006) permite análise tanto quantitativas (escores calculados para cada dimensão), quanto qualitativas (descrição detalhadas dos comportamentos observados). * - Papel das interações sociais: Almeida (1997), Hartup (1989, 1992) Conceito de competência social: Almeida (1997), Hartup (1989, 1992) Reflexões e “evidências” sobre a inclusão como espaço privilegiado para o desenvolvimento das relações sociais: Fuller; Jill (2006), Batista; Enumo (2004), Chamberlain (2002), Corsaro (1997) Autismo e interação social: klin (2006), Bosa (2002), Baron-Cohen (1991) Análise (Revisão de Literatura Sistemática) de estudos que investigaram: Interações das crianças com autismo com seus pares com DT, a partir de programas de intervenção com brincadeiras dirigidas Interações naturais das crianças com autismo com seus pares com DT * • Escassez de estudos relacionando o senso de autoeficácia do professor no trabalho com alunos com autismo, em contexto inclusivos. * • Investigar as crenças de uma educadora sobre o seu aluno com autismo e o modo como estas influenciam a sua prática pedagógica com o mesmo, na pré-escola. • Investigar as eventuais mudanças no senso de autoeficácia da educadora a cerca de sua prática pedagógica, em função de um programa de acompanhamento realizado na escola, com foco neste dois constructos (crenças e autoeficácia da educadora) Programa • Visou promover discussões sobre o trabalho com o aluno com autismo, tendo como eixos norteadores os sentimentos, as dificuldades, a confiança e a segurança em sua prática pedagógica, bem como as formas de compreender e responder ao comportamento da criança. * • Estudo de caso único (Yin, 2005) • Participante: uma educadora de uma escola privada de educação infantil de Porto Alegre/RS, com formação em pedagogia e especialização em psicopedagogia responsável pela turma que possuía uma criança com autismo incluída. • - Instrumentos e Materiais: Entrevista sobre crenças e senso de autoeficácia do educador Foram realizadas duas entrevistas com a educadora, uma antes e outras após o programa de acompanhamento. As entrevistas foram gravadas e transcritas. * - Protocolo de análise dos fatores que influenciam a interação Foi desenvolvido, especialmente para este estudo, um protocolo de registro dos fatores que facilitam ou impedem a interação da criança com autismo com as demais, com base nas observações (filmagens) da competência social dessa criança, tanto na sala de aula, quanto no pátio da escola, detalhadas no Estudo 1, o qual serviu como subsídio para o programa de acompanhamento. * - Programa de acompanhamento O programa envolveu todas as educadoras da escola onde foi realizada a coleta de dados da pesquisa de Höher- Camargo (2007). O programa foi desenvolvido com base nas seguintes ações: supervisões, leitura e discussão de textos e situações, discussão com base nas descrições das filmagens, obtidas no Estudo 1. Os encontros foram gravados e, posteriormente, transcritos por um bolsista de iniciação científica a fim de fazerem parte do banco de dados do NIEPED. * • - Procedimentos de análise dos dados: - A análise das categorias a priori da 1ª entrevista gerou subcategorias empíricas, com base nas mudanças identificadas na 2ª entrevista, as quais foram geradas pelos dados do próprio estudo. Análise de conteúdo (Bardin, 1977) Categorias definidas a priori extraídas da literatura (Goldberg et al., 2005, Mavropoulou; Padeliadu, 200, Mcgregor; Campbell, 2001): conhecimento sobre o autismo, sentimentos, papel da educadora de um aluno com autismo, prática pedagógica, percepção do desenvolvimento/ aprendizagem da criança e percepção de fontes de apoio. * Conceito de crença: Dodge (1986), Barcelos (2006), Almeida (2000) Influência do conceito de crença na relação professor-aluno: Raymond; Santos (1995), Pajares (1992), Martini (2003) Análise (Revisão de Literatura Sistemática) dos poucos estudos que investigaram: - Crenças e percepções dos professores a respeito de seus alunos com autismo - Conceito de autoeficácia: Bandura (1977, 1995, 1997) Análise de estudos que investigaram: O senso de autoeficácia do professor * • A autora escreve de forma impessoal: “A análise das categorias a priori da 1ª entrevista gerou (...)” “Os resultados encontrados no presente estudo (...)” * • A autora nas considerações finais (capítulo I e II) descreve sobre as limitações de cada um dos estudos realizados.