Katia Costa dos SANTOS (UNISA) ABSTRACT: Speaker's language behavior to languages in contact is a fundamental extralinguistic category for the analysis of the process of language acquisition and maintenance in bilingual environment. This study suggests an attainable scheme of operationalization of this category to analyse the interferenceproduced and understand its importance in the process. KEY WORDS: Bilingualism; Language Behavior;Language Acquisition Diante da necessidade de se estudar uma comunidade lingfifstica biling1ie, torna-se essencial conhecer em profundidade a "dinamica" das linguas envolvidas, a extensao do uso das li'nguas em contato em seus vanos contextos sociais e como tais fun~oes estao sendo ampliadas ou limitadas, ou seja, que for~as determinam ou influenciam a estrutura lingili'stica dessa comunidade. A atitude ling1ii'stica dos seus membros, por consequinte, evidencia-se como uma variavel fundamental na determin~ao dos limites dos usos correntes das lfnguas em contato e dos diferentes contextos em que tais usos saG confirmados ou negados, informando-nos como as atitudes determinam ou influenciam esta mesma comunidade. Allport (1965) defme atitude como uma disposi~ao para reagir a uma pessoa, objeto ou situa~ao de modo positivo ou negativo. Esta rea~ao e realizada por ~ao ou comportamento, portanto, 0 comportamento supoe a inten~ao de agir em conformidade com determinada atitude. A atitude tern componentes afetivos e cognitivos, portanto nao e somente uma Tesposta emocional (pr6, contra, gostar, nao gostar), envolve tambem juizos de valor diante do objeto da atitude. Quando pensamos em atitude diante de uma ou mais linguas, esta idtia nos reporta a diferentes aspectos, como hem esclarece Lewis (1981 :265). Podemos observar, pOT exemplo, a atitude do aIuno diante do processo de aprendizagem; atitude diante das possibilidades de desenvolvimento de uma ou mais lfnguas; atitude diante dos usos correntes da lfngua, da distribui~ao de papeis entre lfnguas em contato. Para 0 objetivo a que nos propomos interessa-nos analisar e exemplificar este Ultimoaspecto. A atitude lingtifstica deriva de necessidades sociais, tais como: necessidade de conhecimento, comunica~ao, prestfgio social, cientffico ou cultural, fi1ia~aoa urn outro grupo lingtifstico, etc. Portanto, a analise do comportamento lingtifstico de falantes em comunidades bilfngiies reflete de urn lado 0 "amalgamento" de necessidades e conflitos sociais e de outro uma visao panoramica da estrutura sociolinglifstica daquela comunidade. De acordo com Lewis (1981:262), urn dos principais objetivos dos organismos educacionais, tratando-se de diretrizes basicas para comunidades bilfngties, e reconhecer as atitudes da comunidade envolvida, persuadir atitudes negativas sobre a conveniencia das diretrizes aplicadas e tentar remover as causas dos conflitos. Na verdade, objetiva-se direcionar a atitude do falante em rela~ao as lfnguas porque ~ e uma categoria extralingilistica fundamental que interfere diretamente no processo de aquisi~ao e manuten~ao de linguagem. Baker (1983:44), analisando 0 papel e responsabilidade do professor em educa~ao biHngiie, afirma: "estudos desenvolvidos por Kenneth Clark, Mary Ellen Goodman e Bruno Lasker demonstram que as crian~as vem para a escola com atitudes negativas, previamente estabelecidas, sobre as pessoas que sao diferentes delas". 0 professor tern a responsabilidade adicionaI de alterar tais atitudes e ao mesmo tempo desenvolver experiencias de aprendizado no processo educacionaI que encoragem atitudes positivas sobre diferen~as raciais, etnicas e culturais. Sob tais perspectivas, 0 ~ exerce urn papel fundamental, como agente que e deste processo de· operacionaIiza~ao lingtifstica. Conhecendo-se seus padroes socioeconomico-culturais, babitos e valores podemos tentar estruturar 0 universe sociolinglifstico da comunidade e, descodificando suas atitudes em rela~ao as lfnguas, verificar como elas influenciam a proficiencia do faIante nessas mesmas lCnguas.0 segundo aspecto que deve see abordado sao as condic6es de aprendiza~em do faIante, nas quais a atitude encontra expressao. Nao importa quae positiva seja a atitude do faIante diante de uma lingua, ele provavelmente nao a mantera se as condi~oes de aprendizagem lhe forem desfavoraveis. Estas podem ser 0 status da li'ngua em casa ou na comunidade, 0 lugar que as duas lfnguas ocupam na escola ou a capacidade do professor de adequar a " instru~ao as necessidades e capacidades do aluno. A questao que nos parece crucial e como tomar palpaveis e mensuraveis estes componentes do universo sociolingilistico. Para isso, procuramos aplicar as variaveis cowponsmtesde atitude. analisadas por Lewis (1981:275-402), e adequa-Ias a realidade brasileira em uma pesquisa sobre bilingilismo desenvolvida em escolas biHngtiesde Sao Paulo. As seguintes variaveis mostraram-se per~nentes: GrupoA • idade • classe socio-economica • nivel de proficiencia nas lfnguas • "background" familiar: • lingua nativa • lingua de comunica~ao • tempo de residencia no pais • comunic~ao lingtifstica: ·emcasa • em situa~oes interpessoais • na escola: fora da classe em classe • Mbitos lingiiisticos: ·leitura • peyas/fllmes • TV • radio Grupo B • percep~ao pessoal/motiva~ao: • avalia~ao pessoal do desenvolvimento lingtifstico • atitude para com a educa~aobilingtie formal • interesse • utilidade De acordo com Ash (1952), urn dos efeitos decisivos da atitude e distorcer a percep~ao. Sabendo-se que as motiv~oes internas do aluno. sac resultado 4e sua percep~ao da realidade, e considerando-se que esta percep~ao e distorcida por suas atitudes, existe uma rel~ao significativa entre as motiv~oes internas de um aluno e suas atitudes lingtifsticas. Portanto, 0 esquema proposto visa. pelo menos, a tres objetivos bAsicos: • construir 0 universo sociolinguistico de urn gropo biHngue,a partir de componentes que traduzem atitudes lingiiisticas diante de Hnguasem contato; • comparar 0 nivel de proficiencia nas lfnguas em contato com os resultados de urn questionario que reflita este universo, a fim de descodificar as atitudes e verificar como elas influenciam a proficiencia do falante em ambas as Hnguas; • comparar as variaveis dos gropos A e B em questiio para avaliarmos a interferencia das atitudes nas motiva~oesdos alunos. o segundo aspecto que tambem necessita de operacionaliza~ao SaDas condi~oes de aprendizagem do falante no contexto escolar. Dentre varias selecionamos 0 perfil do professor. analisando 0 conhecimento e a experiencia profissionais e procedimentos pedagogicos, a fim de avaliar se tais variaveis constituem agentes intervenientes neste processo lingtiistico. As seguintes variaveis mostraram-se pertinentes: Grupo C(para todos os professores) • escolaridade • experiencia na area • pratica pedagogica: • atitude quanta a lingua utilizada pela aluna no ambito familiar • lingua de instru~iio • agrupamento por lingua • corre~iio de erroS lingtiisticos • recurs os didaticos em sala de aula • metodologia • percep~iio pessoal do ensino bilingue Grupo D(para professores de lingua) • pnitica pedagogica: • uso de outra lingua • aquisi~iio de vocabulario • correciio de prontincia • metodologia • enfase em habilidades Embora a categoria comportamentol atitude lingfifstica seja amplamente reconhecida M mais de duas decadas como agente intervenientel determinante no processo de aquisicaol manutencao de linguagem em ambiente bilingtie, a analise do comportamento lingfifstico em educacao bilingUe, sob uma perspectiva sociolingtiistica, nao tem sido desenvolvida como elemento direcionador de estudos da especie no Brasil. Ha algum tempo atras, suplinhamos tratar-se somente de opcoes teoricas pertinentes aos pesquisadores da area. Entretanto. a questao, tambem. parece ter outras origens que dizem respeito a dificuldade de penetracao do pesquisador nessas comunidades biHngties, pelo menos no ambito do contexto escolar. A primeira vista, este contexto parece-nos 0 de mais facH acesso, atraves do qual podemos ter uma vislio panoramica de determinados grupos biHngUes sob uma perspectiva secional. Porem, 0 pesquisador tem lidado, infelizmente, com a falta de conscientiza~ao dos membros destes grupos (tanto alunos quanto Hderes pedagogicos) neste tipo de pesquisa. Esta reflete-se no desinteresse por qualquer pesquisa que exija a participa~ao direta dos alunos, quer atraves de testagem academica quer atraves de entrevistas/questionarios sobre seus hcibitos lingiifsticos. Seria de vital importAncia perceber nestes contextos uma visao pedagogica mais coerente sobre todo 0 conjunto de iniciativas que visam a avalia~ao, em Ultima analise, do processo educacional bilingtie, que, de forma alguma, objetiva impor valores, mas, ao contrcirio , pretende a partir do cOIihecimento da pnitica pedagogica existente fornecer novos enfoques que contribuam para uma melbor compreensao do processo de aquisi~ao e manuten~iio de linguagem em ambiente bilfngiie. BAKER, G. C.(1983). Planning and organizing for multicultural instruction. USA, Addison-Wesley Pub. Company. MACKEY, W. F. (1972). Bilingual education in a binational school. Massafusens, Publishers. \ Newbury House