Ieda Maria Alves Projeto NURC/SP Os tres tipos de inqueritos que constituem 0 - USP material coletado nas greva~Oes relativas ao Projeto NURC inserem-se em diferentes situa~6es de comunicayao. Os inqueritos EF (elocu~ao formal) refletem uma 8itu~ ~ao comunicativa de carater didatico, uma vez que essas gravagoes reproduzem aulas e conferencias; Ja os inqueritos 02 (di! logo entre dois informantes) e os DID (dialogo entre informante e documentador), que revelam diferentes graus de intimidade entre os informantes ou entre estes e 0 documentador, retratam um contexto nao~dldatico e, par ·isso, mais Intima e menos formal do que as elocuyoes formais. Do ponto de vista lexical, tanto as entrev1stas como os dialogos D2 foram realizados em torno de temas 80S - DID dlver~ comercio, ensino, profissoes, vestuario, dlversoes, al! mentayao ••• - que consti tuernas lInguas de especlalidade~"1I!l quas utilizadas em situa<roes de comunica<rao (orais ou escritalj que implicam a transmissao de uma inforrna<raorelatlva a urndomInio particular da experiencia" (Ga11sson e Coste, 1976). As aulas e as conferencias que compoem as elocu90es formals, ao contrario, tratam de temas vinculados a domInios tecnicos e mesmo c1entificos. Ve1culam, conseq~entemente, uma terminolo- g1a au urn vocabulario tecnlco au clent!flco referente a domInio abordado. Neste traba1ho, tecemos in1clalmente algumas observa~oes sobre as crla~oes neologlcas, referentes a lIngua comum, que se manlfestarn nos sels inqueritos EF reproduzidos ernA lin 437 qu~gem falada culta na cidade de sio Paulo. Vol. 95e. formais (CASTILHO, Queiroz Editor, cria90es cientlfico - - - Elocu- A. e PRETI, D. (org.). sio Paul0,T.A. 1986) e, num segundo momento, neonimicas I comentamos cria'il0eslexicais de carater tecnico empreqada.s nos mesmo. AS elocu~Ses inqueritos formais transcr1tas fereneias e quatro aulas. As conferencias einema 0 0\,1 (1). no volume quagem falada culta na eidade de sio Paulo reproduzem da de 30, enfocando as A 11n- duas ~ versam sobre a dec! (inquerlto n9 153) e a Estetlca (lnquerlto n9 156) dessa deeada no Brasil. As aulas un1versltarias abranqem qu!stica ternas como Psico1oqia (lnquer1to n9 377), Li~ (inquerlto n9 124), Economia (inquerlto n9 338) e Ar te pre-historica (inquerito n9 405). Todos esses lnquerltos dalidade tecnlco-cient!fica, De um lado, unidades espec{fi2~~ de um vocabulario As unidades pregadas e,de outro, elementos Algumas da lIngua comum formais analisadas sac de diferen estao presentes dessas unidades man1festam relativa em pelo emprego de super-, prefixo b~stante < super- e substantivo paisagem que, com deriva 0 0 inform~ EF, informalidade traduzida tolas, manias", em- (2) •• lidade, nao muito comum nos inqueritos to - base minhoca le- especiallzado. e, ainda que esporadicamente, todos os inqueritos lexico, na mo- duas facBs distintas. lexicas neo10g1cas nas seis elocu90es te natureza apresenta 0 lexicais da l!ngua comurn, que nio se re- ferem a urna atividade xicos proprios revelam que essa difundido ) ou pela escolha do elemen- significado verba minhocar metaforicode « substantivo "1dSias miDhQ- £!. e -~): "dai mesmo uma viscio mais ou menos transposta terpretada tentaria (156, (3); L 655-6) da ••.• nao esotericas o infinitivo e in- ( ) fabricar ~~r~a!8~g~~~ ID!nb2£~~coisda tempo assim para muito " (405, Z.87-8). emprego de outro neolog1slllOverbal formado com em -~, plicitarnente 0 eventuar sentimento subst. evento e -~). « de neol09la 0 denota ex lexical por parte do fa- lante. que declara ·que elas acontecem !-~-~-~ ... agora as colsas sempre se~-y-~-~ ( ) ... eu procurei no pequeno diciona- ria ••• da lingua portuguesa vra~v~n!:u~r As demais formagoes colncidem muns no portugues brasileiro Observa-se~como ern "-!!!!: - a tanto do ponto 0 suflxo -~ criagao de neoloe bases verbals que denota urn processo ao elemento-base. 0 (338. designativo de composigao. formas derivadas,a 0 nos inquar! de verbo verticalizar: grau de 'l!e!:t!c~.l~zi!Y~O da economia de tOB pala- lexicais bastante co- contemporaneo. verticalizac;ao -. "de presentes com criagoes forrnados com expansao em rela~ao -~. neologicas como no que concerne gismos substantivos a .•." (124, L164-9l. tos EF analisados vista derlvacional e nao encontrei habi- L 227-8) ; de agente -polemizador l( verba po1emizar e -dor) : "muito bons de uma polE~mica em alto nlvel em que ... 12~!~~!~~s!2!:~~ ... Z.748-9) • continuam se respeitando" os (156. 439 A concorrencia rlto 153, em que 0 falante empreqa, como elemento determlnado do slntaqma nominal, sufixo -~, suflxal pede ser observada no inqqe- uma base substantiva ora com 0 0 sufixo -aqeml ·que lria obriqar nemas derlvada ora com 0 t~!e!~~!~!!!2~2 de todos os ••• existentes· c1 (t.77-8), ·em que ••. a !!!E! t~!h~~!1.!! de todos os cinemas tal era algo ••••• (l.1l9-20) . Essa concorrencia tua1mente constatada re, na verdade, tantlvos, entre -x~o e -~, habl- A cODcorrenclaocor sU~lxos que der1vam sub~ pref1xals adjetivo los prefixos -aqem, que denota normatlvamente, Os Inqueritos 0 e a partir de bases verbals, os quais expressam tuma assoclar-se, e e -agem nao na lIngua portuguesa. sultacio da ac;ao verbal; derlvados entre -~ Dseudo-clentlflco, re- modo de a9ao, cos a bases substantlvais. EF analisados neoloqlcos, 0 0 0 apresentam' apenas dois substantivo autodificuldade formados, respetivamente. pe- auto- e pseudo-: de dlficuldade de Binet e Simon· ~~li_~2~!f!gg!g~g! Burqiu (377,Z. 163-5) com I Rum crltico disse os absurdoB da pseudo da escola 12!!~~92:£!!Q!:g!£2 que saiu de Coimbra ••••• (124, Z. 532-4). Ainda que as unidades lexieais formadas com esses prefixos passam ser encontradas em textos nao-tecnicos ou cientLflcos, a rnacroestrutura dos dicionarios tra-nos que esses prefixos tern constituIdo, portugueses' mo~ sobretudo, unida- des lexlcals vinculadas a domInios cientlf1cos: auto-esterili- zacao e autopo1inizacao (Botanica), autoqenese (Biologia), Eseudoborniaeeas pseudomembrana (Botanica), (Patoloqia) Cenceito-chave, dois substantivos, bastante usual, pseudofrute ••• substantivo da eomposi~ao, te de forma~eB em serie: amigo-ehave, Ferreira 0 repe- nessa posly40 que passa a fazer pa~ elemento-cnave, que nomem-ehave pala- ja esta registrado em (op. elt.). Mals nwuerosos logismos por uma caracterIstlca em funyao determinante, freqdencia ••• Note-se composto na lingua portuguesa: te-se com tanta vra-cnave neologlco revela em sua formayao contemporaneamente, segundo elemento (Morfolofia Vegetal), a relativos cientiflcos, nas eloeuyoes lingua eomum, os neelogismos eu neonimos, apresentam-se cia em todos os Inqueritos Nesses yees neenlmicas terminado, de carater urn substantive, "a e freqCen- (4). 0 sintagmatlco, ( ) urna diferenya predomlnio ern que 0 de form~ elemento de por meio de um adjeti- entre ~!!!g!:!!!:?g!9!!9~L!~387-8), preposicionais: g~~~~g~g~ ~!!!2!! e sinonimo de retenyao de rnoe- da de guarda de moeda no bolso •• (338,1.. 99-10U 9~ "a g~~!!~ funyao da e ... !!!2~! E2;: E!:!!!£!!~<i!Q nas eloeu~oe8 formais 0 des neonirnos, tambem presente que analisamos, coordenativo, "existe tambem uma ••• do nrvel de renda ••. n (338,1..297-9). Dutra caracteristica de carater cern bastante observa-se e expandido tecnicos ~!E~~~!!!2!!g~ ...2f!!!2~~~~" (338,L. ~~£~ e au de sintagmas estudadoa inqueritos, "no fundo formals do que os nee-;- refere-sa a composiyao, entre dois adjet1vo8: pensamento ~~:!~!~~~2 '..que emer9"ente de wu fundo ainda nao atingiu !22~!~!- a clareza da cogni~ao ••• (124, Z.S22-4); "Born ••• entao cheqarnos aqu1 eles via crtar uma te •.• ~~~y~~!~~~~:~!~!!!~ ...(405, Z.384-7). n Esse tipo de composi~ao coordenativa jetivos tem ocorrldo predominantemente term1nologica. Parece-nos, que chegou Sandmann constituldo entre dois ad- em textos de natureza por iS80, adequada a conclusao (l9901 que, ao trabalhar com esse tipo de eomposi~ao a urn corpus per cinco elocu~oes formais do Projeto servouque ar ob- HURe, "tern seu fundamento na na tureza tecnica do terna tratado". as inqueritos EF estudados nao revelam 0 emprego de neonimos eompostos com radicals greg08 ou latinos, multo muns nas linguagens teminologieas. co- Parece-nos que essa lacuna se justifiea pelo fato de esses radicais tenderem a ocorrer em certos dom1nios das cienelas medicas e exatas, que nao sac tratadQs nas elocugoes formals analisadas. Este breve estudo sobre a neologia e a oeon!mia em seis elocuyoes formais do Projeto NURC/SP permite-nos verificar que, na modalidade micas ou terminologicas neologismos as criayoes neonl- sac multo mais abundantes do que os gerados no ambito da lIngua comum. Esta constata- ~ao corresponde ao fato de que os conceitos, nas areas cas e cient{f1eas, necessidades tecnlco-cientlfica, saa continuamente do desenvolvimento cia, devem ser denomlnados. criados em resposta tecnologieo 8, teeni as como con5eqO~ 11) Empregamos acePQio neon!m1.a, termo cr1.ado per Rondeau proposta por eaae autor: m.io da denom1.na~io neonImia q f. •• (1984). t4esignaremos a no9iode neo10gia na per term~o- logica" (p. 124). (2) Convencionamos con.1.derar como cas nio-reqistradas ~, de Ferreira. ram gravadas estudo, Como as .1ocu~Oee na deeada forma1.s anal.ieadas fo- de 70, levam08 em conta, em no.so a prime1.ra ed1.9io~de 1975, do refer1.do dicioniei~ no&&a ind1cam a unidade l.ex1.calsub•• tida ana1i.e. (4) Consideramos reira lAx! no Novo d1.c10nirio cia l.Ingua portugue (3) As linh •• ponti1hadas a neol.og1.O&IIa8unidade. neonimos (op. cit.) as exemplos e em dicionarios nio-registrados de Econom1.a (Sandroni). de Lingd!stica (Dubo1.s et alii) e de Comunicayao ea e Furgler), respectivamenteI tab1.11.dade pre.ente, por precauQaol demanda rentabilidade de meeda, conativo-afetivol em Fer- demanda (Perre1.futura,~ de meeda naturalista-real1.sta. CASTILHO, A. e PRBTX, D. (or~.). A l.inquagem ~al.ada cul.ta na cidad. d. sio Paul.o. Vol. I ElocuC;;:OeIl formai.. Sao Paul.o, T.A. Que~roz Editor, 1986. DUBOIS et ali~. D~eionario de linqUtstiea. Trad. de IZidoro 81iklitein at ali~. Sao Paulo, Cultrix, 1978. 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