Ji>STUOO DO NO,CABUL1.\l.U.o;." PISTAS.l;'ARA
MENOS
.,
UMA. PEQAGOGIA
LIMI';I'ADOAA
'""j-
c. .I .-. -' ~
•
I
~ ~
Rony Farto Pereira
ONESP - Assis
guns pontos esplnhosos com que se debate
0
professor
de
portugues na escola de prlmeiro e segundo graus, debruy~
mo-nos recentemente E,bre a questao do ensino do vocabu-
NOBsas preocupayoes eram estimuladas pelo debate incessante acerca das limitayoes .de vocabulario
jovene ,e ~21escentes,:nasmaiS'
de
variadas
especialmente as Portas dos concursos
."
lares, as~~
como pela caracterlstica geral do que
se
convencionou1 chamar -gerayao sem palavras".
Nio saber
0
sentido ~aspalavras1
de modo ~mpropriol finglr conhecer
tOB vocabulbs1 nao compreender
0
conseguir transmitlr com clareza
0
emprega ~'las
significado de cer-
que se ouve ou le1
nao
que se deseja
tcf.
6, p. 6)1 eis algumas facetas do mesmo problema,
cujo
0
estudo parece urgente.
Ao mesmo tempo,
nas escolas nao
e
0
material didatico
.
disponlvel
,
muito rico nesse aspecto. As ativida -
des de enriquecim~to
do vocabulario sao, em geral, rnui-
mente passivo e unilateral (cf. 5, p. 45),
0
qual
possibilita um aprendizado consciente e efetivo.
nao
bU••lacJo.pela esperanc;acte>que algo se pod~
ria faaer ne••••• n~ldo. inicia~
•• 1981 uaa experla~
cia, ainda que aode8~a (cl. 4, p. 194-196). com estagi!
rio. do corso de Le~ra8 da UNESP de As.is jun~o ao ~2!!!. AY~ado
da ~ivers14a4e
•• au_ita
(AM), envo1ven-
40 aspect08 40 en.ino do.vocabularlO.
.
•
Yo
Retomamos, conjuntamente com a Protessora leda
Marla Alves, em 1984, algumas ativida4es entao testadas,
ampllan40 um con junto de ex~r91cio. com a cooperaQao de
'"
alunos de um Curso de Extensao~U.iversltaria, em Assis.
Tal experleneia pOde ser comp1ementada em 1985,
do-desenvolvimento de um cursQ-
quando
ainda co~ a mesma eol!
ga - em Santa Cruz do Rio Pardo, oomo parte do Convenio
UNESP/Seeretarla da EducaQao.
Simultaneamente, decidimos pessoalmente
levar
i
a cabo uma pesquisa lncluindo alunos da primel~a
s&rie
40 segundo grau. Os exerelelos entao emprega~os-
como
meios de enrlquecimento de vocabulirl0 (retomando • am.
pltando os ja e1aborados nas experiencias ante~10res)f2
Visavam sobretudo a oferecer-lhes uma variaQao
diversifieada de tipos, a f1m de que eles tivessem
oportunldade de abrir horizontes e alargar seu
men to
lexical. Esperivamos, assimfazendo,
a
eonheei
forneeer
(.'
lheB alguma eontribuiQao no sentido de melhorarem
Bua
vios para a produ~ao de textos (4, p.186).
Por ultimo, tcilisatividades for~ariam os alunos Investlqados a a~'qulrir hsbitos
e
atitudes de estu
ses de primeira ser~e do segundo grau de uma
agricola em paragua~u'Paulista, Estado de Sao
a trinta'quilometros
de Assis~
Vlvendo em regime de inter~ato, os alunos
anos, mais da metade dos quais js enfrentara
0
de
probl~-
ma da repetencia.
Ouarenta e u~'pertenciam a famllias com
mais
de cinco membros e eram mantidas pelo trabalho de at~,
no maximo, tres pessoas; 53\ das faml1ias sobreviviam
com uma renda varlavel entre 1 e 5 salario~-mlnimos.
A maloria dos pais exerciam atividades predominantemente rurais, enquanto dois ter~os das maes fazi.amapenas
0
trabalho domestico. Delas, apenas 15 acu
relaclonamento com a escola. 00 total, somente duas Qez!
na. passaram do primelro grau ou
0
complementaram.
o go.to pel. leltura, nao estlmulado no
lar,
tambem nao tinha sldo lncentlvado na ~scola, '.
pelas lelturas extra-classe Indlcadas por seus
jUlgar
antlgos
professores. Alem de multo poucos, os llvros lidos pelos
.. ~
..
est~dantes se mostravam desvi~cul~os de sua realldade •
o
levantamento apontou para uma questao ainda mais
ve:_dos 45 alunos, 40 afirmaram convictamente que
ou de consultar
0
gral1am
d1cionarl0 em caso de duvida, por exe~
plo, sequer eram cultlvados. Segundo os.proprios alunos,
apenas recorriam a uma biblioteca quando nao tin~am
ou-
3. Com respelto ao nlvel de dominio ao vocabul~
rl0 dos estudantes investigados, surgia
0
pr1meiro
blema: como consequlr um quadro real de,seu estagio
proem
campo, tanto
0
grau de aprendizagem
mente medido
como
0
aperfei~oamento
sino e uma realidade.,inegavel
em questoes
curso para a considera~ao
das tecnicas
basico,
em que
de urn extenso
0
nUmero
de port\lguesno"Brasil
mater ia 1 ei;crito. dos propr i~s alunos,
restringindo
menos
01,1
urn pouco
'Levando
haviam optado,
(cf. 7,
domlnio
atividades
escritas.
nos permitiram
mesma,
urn ~r~ito
0
p.
obter algum
para .,.,conseguir
embora
as coisas~
sua origem
escolhemos
de voca-
clara de seu desempenho,
em considera~ao
la (que favorecia
seu
que pode ser ba
Parece\l-nos, pois, que era preciso
uma ideia mais
nos
graves e desviaram
bulos que seguramente· nao representarn
sico para urn falante
de~en-
(2, p. 911.
A falta de urn vocabulario
tugues esb~rraram
pode ser mais facil
suas caracterIsticas
a localiza~ao
ccintato com
daac;p;icultura,
~,
dispor
culdades do ~cabulirio.
0
da esco-
meio rural),
para orierrtar
de algum material
abrangendo
•.as
difi
bre
0
meio agrIcola);
b) Teste 2: Identifica~ao de palavras desconhe
".
d) Teste 4: Constru~ao de frases
com vocabulos
As atividades acima forneceram um quadro bas tante util. Atraves dele, pudemoV resumir as principais
/
caracterIstlcas da produ~ao escrita dos estudantes
In-
vestigados, as quais arrolamos abaixo:
al Emprego de vocabuloA de maneira impropria
ou com sentido modlficado
(testes I e 3). Exemplo: "
permanece la ate vlrar melado depois e adquirido a
'ele
substancias que vai faze-Io transformar em a~ucar •••"
b) Desconhecimento de .~abulos
de
freqftencia
relativamente alta no portugues da regiao" (testes 2
e
3). Exemplo: diversificaxao, escoamento, importaxoes
c) Repeti~ao de vocabulos e/ou expressOes
no
interior dos perIodos ou dos paragrafos (testes 1 e 3).
Exemplo: "Dentro da usina existem pontos de onibus, que
circula por todos os pontos da usina os onibus
carrega
e) Uso inadequado
lativos
dos pronomes,
(teste 1). Exemplo:
"Por ser urn produto
tos anos atras nao tinha valor
f) Repeti~ao
incluindo
0
cafe esteve
de vocabulos
os r~
~
mu!
em extin~ao
e/ou expressoes
entre
!
diferentes
cultura
paragrafos
tteste 1). Exemplo:
em minha regiaO .•• J § 2: Em minha
mais •••• e § 4: A minha
eles cultivam
"§
1: A agri -
regiao
regiao
que
0
e uma
re-
giao •••••
g} Estruturas
truncadas,
amblguas
ou incomple
-
tas (testes 1 e 4). Exemplo:' "Sua calda e transportada
exot~ca
(testes de 1 a 4). Exemplos:
sao) e abundancia
expressoes
centivo
c
aproveito
esperyao
(por asper-
(por abundancia).
mais' extensas
(€estes 3 e 4). Exemplos:
ajuda no modo geralJ
desfrutando
=
•• in-
tirando
0
(sic) da terra".
por outras ~ue exprimem
te.3). Exemplo:
••
~
circunstancias
(conj~)
=
diferentes
mas" ou "embora
( tes-
(conj.f
<II
1) Hiper-corre9ao
e inven9ao
na grafia
das pal~
vras ( testes 3 e 4). Exemplo: "h~lqueire ~ alqueire
progidicou
=
prejudicou".
m) Emprego ambiguo de palavras polissemicas
,.
teste 4). Exemplo: "semente: vegetal, da pessoa, da~vidB, de nova gera~ao".
n) Descuido constante da concordancia,
regen-
cia e das propriedades inerentes ao contexto em geral (
testes de 1 a 4). Exemplo: "devido de doen~as e frio p~
OU
S + VL + PVO (testes 1 e 4). Exemplo: "Boas sementes
dao bons frutos:"ou "A muda e 0 transplante das plantas"
p) Preferencia'pelo'uso do periodo simples ou,
no maximo. por perlodos compostos porc06rdena~ao
e su-
bordina~ao adjetiva (testes 1 e4)., Exemplo~: "Semente
germina cresce e da frutos" oU,"Nossas sementes
germinam ••OU, ainda, "A raiz
e
nao
a parte que fixa 0 veg~
tal no solo".
trever outros problemas, alem do" especlficos de vocabu
larl0. Al~m disso, muitas pecul1aridades da produ~ao es
crlta - como as repeti~oes e truncamentos - revelam
a
incapacidade dOB alunos em estruturar de forma adequada
os.pertodos. justamente porque nao dominam um vocabulario mais flexlvel e abundante.
leitura de uma serie de obras (algumas das quais
esta-
mos mencionando nas Referencias Bibliograficas - cf. 1,
2,3,5,6),
decidimos aprovei~ar todos os tipos de me-
canismos considerados uteis para nosso objetivo. Assim, -~~~
nossa preocupa~ao erp oferecer aos estudantes uma varia
~ao de tipos de exercicios de enriquecimento de vocabulario, ampliando consideravelmente as op~oes dos livros
didaticos (cf. 4-; p. 189-93).
Para facilitar urnpouco
0
t~abalho e por
con-
veniencia/metod~logica, escolhemos seguir os passos ad~
tados por Frederick Eddy (2, p •.91-104) e comentados
paturalmente a algumas adapta~oes, de forma a conseguir
wm esquema relativamente simples e viavel.
vra isolada, estudada.ern suas peculiaridades morfo-seman
A
ticas, com
0
.
da palavra necessariamente inserida
-
~num
contexto (cf. 5, p. 48 e 3, p. 289), incluindo a considera~ao do nivel da frase e as possibilidades de sua va
•
ria~ao. As frases~ a proposito, mantlnham-se na
medida
do possivel dentro do campo semantico anteriormente dellmitado -
0
da atividade agrIcola.
As etapas de nosso projeto de ensinodo
vocabu-
larl0 podem ser resumidas em:
a) Ident~fica9ao fonica e semantica dOB vocabu108 (Exerclcl0 1),
b) Repeti9ao do vocabu1o em fase de aprendiza gem (Exerclcl0 2, com 2 blocosJ exerclcio 3, com 5
blo-
cos)J
c) Varia9ao da pa1avra e de sua estrutura:
- .~ria~ao morfo-sintatlca
(Exerclcio 4, com 10 blocos)J
- varla9ao por faml11as de pa<lavjas (Exerclcio 5, com
5
blocos) J
- varia9ao semantica (Exerclc~o 6, com 4 blocos)J
- varia9ao ao nlvel da frase (Exe~c~cio 7, com 13
blo-
cos de frases).
5. Nossa experienci~, desde a cara~teriza9ao
do corpus ate a aplica~ao de um teste final 4e.
avalia-
~ao, ocupou todo 0 segundo semestre do ana letivo
de
1986.
A realiza9ao do teste de avalia9ao, tambem
es-
te 1imitado, demonstrou contudo uma assimi1a~ao razoavel
dos conhecimentos transmitidos de varias maneiras.
Dos 37 alunos que comple aram a experiencia,
maioria respondeu positivamente ao ensino, de modo
a
que
08 nlveis mais baixos de rendimento, em apenas dois testes da avalia~ao final, foi de 19 acertos. Houve 4 casos
em que todos os estudantes mostraram aproveitamento comp1eto.
Alem de permitir que tivessemos a certeza
de
que a varia~ao e a estimula~ao de exerclcios sobre voca
bulario sao instrumentos valiosos no ensino pouco empregados na escola media-a
embora
experiencia
·'.nos
(',
deixou ainda as segulntes conclusoes:
a) Necessidade de elabora~ao de exerclcios semelhantes a nivel do primeiro grau;
b) Necessidade de extensao dos exerclcios para
problemas de coesao e coerencia textuais, refor~o de e~
truturas basicas e treinamento sistematico e
intensivo
c) N~cessidade de aproxima~ao do ensino de pr!
meiro e segundo graus/Universidade, para a elabora~ao
conjunta de material alternativo ao livro didatico,
em
todos oS aspecto~ do ensino da lingua portuguesa,
Estamos convencidos de que, a partir de Urn
re-
lacionamento franco com a escola media e da coloca~ao
dos recursos humanos e materiais
a .disposi~ao da
Univer
sidade tambem a servi~o dos professores e alunos de pr!
meiro e segundo grau8, resultara sem duvida um
mais eficlente e possl~lmente
dalsurgirao
mals consistentes para a solu~ao de muitos de
ensino
caminhos
nossos
1. BASTUJI, Jacqueline - Comment apprende le vocabulaire (3). Paris, Larousse, 1974.
3. GENOUVRIER, tmile e PEYTARD, Jean - Ling6Istica
e
Ensino do portugues. Trad. de Rodo1fb lIar!. Coim
bra, Alrnedina, 1974.
4. HOYOS-ANDRADE, Rafael Eugenio - "Enriquecimento Lexi
calf Requisito Previo
a
produ~ao de Textos".
Es-
tudos LingUisticos. Anais de Seminarios do GEL.S.
5. lLARI, Rodolfo - "Aspectos do Ensino do Vocabulario".
CASTILHO, Ataliba T. de et ~li~ -.subsldiOS a ProP9sta Curricular de LIngua por:uguesa eara
0
Se-
gundo Grau. vol. 5: Estrutura da Lingua Portuguesa. S.Paulo, Secretaria da Educ~~aQ.{UNICAMP, 1978,
p. 45-65.
6. PROMEYRA~, Louis - Les Cles du Vocabulaire
(Fascicu-
lea 1 et 2). Paris~ Hatier, 1975.
7. RAVAZZI, Norma Maria - A Analise do Vocabulario
Alunos de 7a. e8a.
earaseu
em
series do 19 Grau'e Sugestoes
Enriquecimento. Disserta~ao de Mestrado.
Araraquara, ILCSE-UNESP, 1983 (exemplar mimeografado).
8. TRAVAGiIA, Luiz Carlos et alii - Metodologia e
Pra-
tica de Ensino da Lingua Portuguesa. Porto Alegre,
•
Mercado Aberto/Universidade Federal de Uberlandia,
Download

Rony Farto Pereira ONESP - Assis guns pontos esplnhosos