o EU EO
OUTRO NA POESIA DE MANOEL DE BARROS
Maria Leda PINTO (PG - USP)
Com Bakhtin e todos os outros estudiosos que, antes dele, com ele e depois dele, defenderamJdefendem 0
desenvolvimento dos estudos da linguagem a partir da amilise do todo do texto, a lingiifstica conseguiu romper
as barreiras que limitavam seu objeto de estudo a frase fora do contexto lingiifstico e extralingiifstico. Esse, com
certeza. se constitui em urn dos maiores avan<;os da lingiifstica ocorrido nas ultimas decadas: mover-se da
linguagem do sistema para a linguagem de uso. Dentre as teorias e/ou abordagens que se propoem a pensar as
questoes Jingiifsticas a partir da perspectiva do uso esti a Amilise do Discurso, dita de linha francesa.Os analistas
do discurso, fundamentados no princfpio dial6gico da linguagem defendido par Bakhtin, ampliam no<;oes
lingiifsticas existentes, ao mesmo tempo em que propoem novas no<;oes que explicitam 0 carater hist6rico e
social da linguagem. Linguagem que passa, nesta perspectiva te6rica, a ser entendida como uma atividade de
falantes concretos, hist6ricos, reais, por isso uma atividade hist6rica e social, uma representa<;ao da
realidade.No<;oes importantes como a de sujeito e de texto, entre outras, vao ser ampliadas pela AD. 0 primeiro
deixa de ser visto como unico na instancia discursiva. para deixar evidente seu carater contradit6rio: marcado
pela incompletude, deseja "ser inteiro". Nessa rela<;ao dinfunica entre identidade/alteridade, 0 sujeito e ele mais a
complementa<;ao do Outro. 0 texto, na perspectiva bakhtiniana, e tecido polifonicamente atraves de "vozes" que
se cruzam e estiio presentes nos enunciados que se constituem no espa<;o discursivo entre 0 "eu" e 0 "outro' em
situa<;oes concretas de intera<;ao. Esta e a perspectiva que fundamentou a analise do sujeito e seu outro em quatro
poemas de Manoel de Barros, com destaque para a intertextualidade, a polifonia e a heterogeneidade discursiva.
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