HISTORIA
E ESTRUTURA
Dia 30 - Local: IFCH 3 - 14:00-18:00
Coordenador(a): Angela Fronqo
A AQUISI<;Ao
DA CATEGORIA
Sandra Quarezemin
o trabalho
FOCO NO PORTUGUES
BRASILEIRO
/UFSC}
procura estabelecer os fatores linguisticos responsaveis pela aquisic;:aodo sistema-CP,
em especial, da categoIia funcional Foco no Portugues Brasileiro (PB). A pesquisa esta fundamentada em dados de produc;:ao espontanea da fala de cIianc;:as, com a finalidade de explicar
quais as estrategias utilizadas por ela para focalizar urn constituinte. Tambem investiga como
ocorre
0
aumento do item funcional focalizado na produc;:aodas cIianc;:as, contIibuindo para
0
crescimento da gramatica infanti!. Rizzi (1997) propoe a expansao do sistema CPoeste passa a
englobar subsistemas
como ForceP,
0
qual responde pelo tipo de sentenc;:a, e FinP, responsavel
pela finitude da sentenc;:a, e, ainda, TopP, codifica informac;:oesdo tipo t6pico-comentaIio, e FocP.
responde pelo foco e a pressuposic;:ao. Mesmo com esta expansao. a relac;:aode ordenamento
entre as categoIias funcionais e mantida, podendo. assim, apresentar caracteIisticas inerentes
das linguas. Na fase inicial da aquisic;:aoda linguagem nem todas as categoIias funcionais podem
ser encontradas
Truncamento
na produc;:ao espontanea
da crianc;:a. Entretanto,
assumiu-se
a Hip6tese do
(Rizzi, 1994), a qual preve que a cIianc;:apode ter alguma coisa do sistema-CP
muito cedo e, aos poucos, vai expandindo este dominio, acrescentando
as demais categoIias.
Diante deste quadro buscou-se veIificar quais os trac;:osrelevantes que motivam a cIianc;:a a
selecionar a categoIia Foco para a sua lingua, no caso
0
PB, e como os dados de aquisic;:aopodem
ser usados a favor desta categoIia.
A ESTRUTURA
CORRELATIVA
ADITIVA NAo S6 ... MAS TAMBEM DE UMA PERSPECTIVA
MULTISSISTEMICA
Marcelo M6dolo (USP)
As gramaticas
do portugues
sentenc;:as independentes
subordinada
completa
0
definem a coordenac;:ao como a relac;:ao sintatica
entre duas
e a subordinac;:ao como a relac;:aosintatica em que uma sentenc;:a
sentido de uma outra, chamada matIiz. Na pratica, definic;:oesdesse
tipo funcionam de modo bastante precaIio.
Em pIimeiro lugar, porque
0
conceito de independencia entre sentenc;:as coordenadas e bastante
discutivel: "independentes' segundo quais cIiteIios?
Em segundo lugar. porque a divisao entre coordenac;:aoe subordinac;ao nao e precisa, basta ver,
por exemplo, a confusao que muitos compendios fazem com as sentenc;:as tidas como coordenadas explicativas e as subordinadas
causais.
Uma proposta mais coerente seIia substituir a "longeva" dicotomia coordenac;:aoe subordinac;:ao
por urn continuum, assim como ja
0
propuseram, dentre outros. Susumu Kuno e Talmy Giv6n.
A correlac;:aoseIia uma etapa intermediana
as coordenadas, ora com as subordinadas.
desse continuum, dividindo propIiedades ora com
Nessa apresentac;ao. concentrar-me-ei na gramaticalizac;ao do par correlativo aditivo "nao s6 ...
mas tambem·. estudando tambem os mecanismos de focalizac;aoe de inclusao que justificam
0
funcionamento dessa estrutura. 0 quadro teorico assumido e 0 que vem sendo desenvolvido em
pesquisas recentes por Ataliba T. de Castilho. Igualmente. problematizo
0
estatuto sintatico dos
pares correlativos. justificando. assim. urn terceiro tipo de articulac;ao sintatica -
ao lado da
coordenac;ao e da subordinac;ao - a correlac;ao.
o corpus
de analise constitui-se do exemplano retirado de dois textos. produzidos no seculo XIX:
Criticas. queixumes e bajulac;oes na imprensa brasileira do sec. XIX: cartas de leitores e cartas
de redatores (Barbosa eLopes
2002. ed.) E os prec;os eram commodos: anuncios
de jomais
brasileiros do seculo XIX (Guedes e Berlink 2000. org.).
DA HIST6RIA
A
ESTRUTURAc;Ao
DAS MOLHADAS. DA LiQUIDA VIBRANTE E NASAL
PORTUGUESAS
Angela Franc;a (USPj
Como se sabe. Joaquim Mattoso Camara Jr. (1904-1970) foi acusado de usar como argumento
evidencias historicas na estruturac;ao do sistema fonologico da variante brasileira do portugues:
particularmente.
na inovadora e controvertida tese da liquid a vibrante (- afinal, seriam 18 ou 19
fonemas consonantais?)
esteada no [ato de que. no latim. "apenas Irr/.
perdida a articulac;ao
geminada. manteve-se distinto de Ir I simples intervocalico. que sofreu uma lenizac;ao e se tomou
o Irl brando" (Mattoso Camara 1975: 50). 0 mesmo se poderia dizer em relac;ao a famosa tese
da nasal bifonemica. bem como na questao da classiftcac;ao das consoantes tradicionalmente
chamadas
molhadas. oriundas da combinac;ao da consoante dura correspondente
com
Iy I
consonantal, latinos.
o objetivo
deste texto e reconstruir a motivac;ao historica dos argumentos que
0
autor usou na
classificac;ao das molhadas e na defesa das teses da liquida vibrante e da nasal bifonemica. Para
tanto. comparam-se as obras Historia e Estrutura da Lingua Portuguesa (1975) e Para
0
Estudo
da Fonemica Portuguesa (1953). Os resultados mostram a importancia da perspectiva diacronica
na concepc;ao da lingua de Mattoso Camara - era preciso integrar no sistema sincr6nico a heranc;a
historica que constitui parte do funcionamento atual da lingua portuguesa.
ENTRE A ESTRUTURA E A HIST6RIA: INFLUENCIA. ORIGINALIDADE E CLIMA DE OPINIAO
Cristina Altman
(USPj
A tentativa de situar
0
surgimento de uma disciplina Linguistica no Brasil. que se pretendeu
aut6noma em relac;ao a Filologia e a Dialetologia tradicionais. passa. inevitavelmente. sobre como
a questao das influencias. emprestimos e originalidade se colocou na reflexao critica sobre a
produc;ao Iinguistica brasileira.
Neste sentido. embora cientificamente nao sustentavel,
modelos atuantes
a percepc;ao das teorias. metodos e
na Linguistica Brasileira contemporanea
esferas de influencia -
a europeia e a norte-americana
-
como advindos de duas grandes
realmente se deu. Este fato traria
repercussoes importantes para os processos de diversificac;ao dos grupos socio-profissionais que
entao, no pais, comec;aram a se autodenominar
dois grandes grupos que se apresentaram
IingOistas, Logo se formariam, sob este criterio,
como dislintos:
0
dos que faziam "lingOislica europeia'
eo dos que faziam "lingOistica americana', modema, De fato, se ate a decada de sessenta,
0
ideal
brasileiro de produc;ao lingOistica parece ter realmente se pautado por urn modelo europeu de
cientificidade, no virar da decada de setenta, parte do eixo de infiuencias sobre a LingOistica
Brasileira se transferiu para os Estados Unidos. Ao discurso da vanguarda estruturalista,
que
se opunha, nos anos sessenta, as tradic;oes academicas da Filologia e da Dialetologia, se sucedeu
o discurso de uma vanguard a gerativista, que passou a imprimir a todo conhecimento anterior
- estruturalista
ou nao - urn valor de coisa ultrapassada.
Esta refiexao procura mapear esse conjunto de valores -
nem sempre explicitos -
que tern
perpassado nossa pratica de analise lingOistica nas ultimas decadas, bem como procura levantar
algumas hip6teses explicativas para sua origem e posterior desenvolvimento.
MARCA<;Ao DE FOCO NO SISTEMA TEMPORAL EM IBIBIO
Marcia Santos Duarte de Oliveira (USP)
A focalizac;ao por meio da morfologia verbal foi tipologicamente exposta atraves da noc;ao de foco
auxiliar de Hyman & Watters (1984. doravante. H&W).Os autores alargaram
0
escopo do estudo
de algumas das categorias descobertas em Iinguas bant6ide. de Camaroes. incluindo exemplos
de Iinguas da familia Benue-Congo. Essa comparac;ao produziu analises relacionadas a extensao
de foco com categorias de tempo. aspecto e modo. H&W abriram
esse fenomeno como urn dos trac;os areais mais interessantes
0
caminho para se considerar
da lingiiistica africana.
Nesse trabalho, demonstro que Ibibio (uma lingua nigeriana) exibe foco auxiliar em seu sistema
temporal. Minha proposta preve que as alomorfias de tempo chamadas tempo I e II saD alomorfes
de tempo [-focoJ/[+foco]respectivamente. Os alomorfes de tempo do tipo II [+focoJsaD obrigat6rias
em sentenc;as: (a) Wh. (b) negativas. (c) com marcac;ao de modo. (d) relativas. (e) com marcac;ao
de foco em urn dado sintagma.
PE1UFRASES ASPECTUAIS EADISTIN<;Ao DO PORTUGuES ENTRE AS LmGUAS ROMANICAS
Ronald Beline Mendes (USP)
Nas comparaC;oes entre
0
portugues e outras Iinguas romanicas. costuma-se atentar para
0
fato
de que a perifrase "estar + gerundio" e muito produtiva na nossa lingua. Nesse trabalho. vamos
nao apenas mostrar que essa produtividade se traduz em alta freqiiencia de emprego da forma
(em diferentes casos de aspecto verbal - 0 progressivo,
co-ocorrencia variavel estabelecida
contextos. Definido
observa-se que
0
0
0
durativo e
0
iterativoJ, mas tambem na
entre "estar + gerundio" e "ter + participio" em certos
envelope de variac;ao para
0
emprego altemativo das duas perifrases,
uso de "ter + participio" esta se tomando cada vez mais restrito, lingiiistica e
socialmente (Mendes 2003). As restric;oes sociais aqui exploradas saD a faixa etaria e
0
grau de
escolaridade do informante. e as lingiiisticas saD os argumentos verbais e os adjuntos adverbiais.
A partir da observac;ao de dados da sincronia. partimos de uma observac;ao da diacronia das
perifrases, no sentido de demonstrar que
0
portugues brasileiro se distancia das demais linguas
romanicas no que diz respeito ao emprego daquelas construG6es: "ter + participio", alem de ser
menos freqi.iente em PB, nao expressa tempo (como em frances e em Italiano) nem pode ocorrer
no lugar da forma simples do passado (como em espanhol. cf. Howe & Schwenter 2003). A analise
aqui apresentada
foi feita com base em dados sincr6nicos de Sao Paulo (NURC/SP) e do Rio de
Janeiro (PEUL/RJ), e em dados diacr6nicos obtidos do corpus 1YCHOBRAHE.
UMA OUTRA TEORIA E UMA OUTRA HISTORIA:
A TEORIA
GERATIVA NAS DECADAS
DE 1960
ESTUDOS
LINGtiisTICOS
E A RECEP<;:Ao
E 70 NO BRASIL
Ronalda de Oliveira Batista (MACKENZIE)
Dialogando com Cristina Altman, em "Entre a estrutura e a historia: infiuencia, originalidade e
clima de opiniao", trabalho participante do simposio "Historia e Estrutura", esta apresentaGao
procura refietir, seguindo a historiografia lingi.iistica, sabre as momentos iniciais da recepGao
brasileira a teoria gerativa chomskiana, efetivamente lanGada no final da decada de 1950 nos
EUA, com a publicaGao de Syntactic Structures (1957) e Aspects of the Theory of Syntax (1965),
livros escritos par Noam Chomsky e responsaveis par estabelecer as primeiras bases teoricas e
metodologicas da abordagem lingi.iistica gerativista.
Chegando ao Brasil, a teoria geraliva, como ja ocorrera nos EUA, estabeleceu-se
ao redor de
uma aura de "teoria revolucionaria", como atesta a resenha (reconhecidamente caracterizada
como urn marco na recepGao a Noam Chomsky no Brasil) publicada par Miriam Lemle na revista
Tempo Brasileiro em 1967: "0 novo estruturalismo
Posicionando-se contra a estruturalismo
em Lingi.iistica: Chomsky".
e contra urn ensino de lingua baseado na gramatica
tradicional. as ideias de Chomsky recebidas no Brasil provocaram mudanGas e reafirmaG6es de
posturas, nao so academicas como tambem pessoais.
Esta apresentaGao procura oferecer urn olhar historiografico para esse momenta da recepGao
brasileira as teorias e metod as lingi.iisticos propostos par Noam Chomsky.
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Dia 30 - Local: IFCH 3 - 14:00-18:00 Coordenador(a): Angela