CONSI:DERAc;(lES TEORI:CAS TEXTOS E METODOLOGI:CASPARA SELE~Ao DE * Na·abordagem a ser feita, nao pretendemos des- vincular 0 tema da mesa-redonda, ja que nos ateremos ao binomio professor/aluno. Hi alguns pressupostos no ensino de LIngua po~ tuguesa que convem reiterar para fundamentar nossa exposiQio. De acordo com a ·proposta Curricular de LIngua Portuguesa e Tecnicas de RedaQio para 0 29 Grau", 1978, CENP - DRHU, "0 papel do ensino de LIngua Portuguesa e : - ampliar a capacidade de 0 aluno identificar variedades no usa da lIngua, riedades - reconhecer os valores atribu!dos a estas vapelos setores sociais da comunidadel - usar a atividade verbal de modo adequado ao local, i situaQio e ao momento em que a reali~a." Da! crermos que a produQao de textos pelo alu no implica, obviamente, na seleQao apropriada de textos feita pelo prof,ssor. De modo geral nao hi livros didaticos que ate~ dam integralmente aos objetivos dessa atividade lingd!stica, considerando-se 0 fate de que todas as modalidades orais e escritas devam ser conhecidas e analisadas para que se tenha uma visao global da comunidade lingd!stica a que Be.pertence. Os membros de urna comunidade lingdIstica nao falam de maneira mens sao capazes identica, e mesmo a maior parte dos hode empregar, segundo as circunstancias, - 176 - formas divergentes de uma lIngua. A var~edade de acordo com 0 uso i 0 reg~stro. Oa req~atros em oonjunto abrangem a totalidade de nosaa ativ~dade lingQ{stica. Somente com referencia a virias aituayoes em que a lIngUA i usada. podemos compreender 0 aea funcionamento e efieieia e utilizi-la oonvenienteme~ te. Eases registros justifieam-se quando analisamoa a .! tlVidade lingaIsitea nos varios contextos em que se real~za. Hi diferenyas formals no tipo de lIngua eSColhido 0011IOadequado 80S virios tipos de situayiio. o uso indiserlminado dos elementos. ou seja. !! l_ntos tomados de UBI registro inadequado. a mistura de elementos provenientes de diferentes registros pode comprometer 0 texto. Voltando aos livros diditieos de Lingua e Lit!! ratura. acresce-se que a malor atenyio i dispensada i ~ dalidade escrita na medida em que est. regiatro i apoio do texto literirio, 0 mesmcr~o se verifiea nos livros de "Tienieas de Redayio" que tem apresentado textos mala variados. Sabedores dos pressupostos fundamentados aeima, alguns profess ores apresentam em sua sala de aula, espor.! dieamente, textos de variedades diversas, cujo estudo se restr~nge a UBI momento do desenvolvimento do oonteiido curricular da primelra serie do segundo qrau, 0 que ve~ sa sobre "COmunicafi;ao, Linquaqem, LIngua, Fala, Funyoes da LingUAgem". Nao e 0 suficiente, mas a justificativa i o fato de se ter que enveredar para a iniciayio literiria, relegando-se 11IOoomunicafi;io. a segundo plano 0 estudo de lIngua co- Verifieam-se duas falhas basieas na reeePfi;io: a unilateralidade e a diseriminafi;ao em que subjaz \lID ju! 110 de valor, por si so condenivel : enfatiza-se a modal! dade escrita, artIstica e evoca-se, oeasionalmente, as IIIOdalidades faladas. A adequayio de textos ao ensino - 177 - de Portuquis i preocupayiO de professoreB d& rede esta~ua1 em exereIe! o no Bequndo qrau, hi a1qum tempo e eau expressa num documento publieado pe1a Secretaria da Edueac;io. DRHU em 1978. Entre as suqestc5es de eariter qera1 apresent.! das, destacam-se as de n9 3.1.21 "pub1iear sob orientaC;io de especia1istas, coletaneas de textos necessarios ao desenvo1vimento do ensine da Literatura no 29 Grau" 1 n9 3.1.22 "informar as editoras sobre 0 conteiido deste documento" • A "esta selec;io suqerida caberia aereseentar 0 enfoque da 1Inqua em outras situac;c5esde ensino. No estudo de textos sem nenhum eo~rom1sso literado, a si tuac;io se aqrava, com as fa1has aeima apontadaa. A questio suseitada metodoloqiea, impondo Be, portanto, novo procedimento em imbito individual des de que assumames, apeaar de lamentaJ:, 0 "status quo": juventude desinformada, sem instrumentaqio 1inqa!stica, meios de comunieac;ao de massa estimulando passi vidade e preseindindo de racioeInio logico para a decodifieac;io de suas informac;c5es. Em vista disto, destaeames alguns pre-requis! toB que poderio servir de orientac;ao a ser seguida em experieneias com a1unos tanto do segundo como do terce! ro: qrau e que serio explicitados no decorrer desta comunicaqao: leitura orientada, abordagem de assuntos da e atualidade 1igados i vivencia do estudante, estimulan do-o a 1er, ref1etir e falar - produc;ao oral. Feito i!! so, solicitar, em seguida, a atividade final que ex1ge maior elaborac;ao - produyao escrita. A leitura sistematizada evitari b1oqueios de redaqao concernentes ao vocabulirio e ao desenvolvimento do aS8unto. Na medida em que se 1e e se compreende urn texto, aperfeic;oa-se 0 vocabulirio e melhora-se 0 d~ aempentlo nil produc;ao. 0 papel dO professor, nesta eta- pa, e fundamental, visto que propiciari - 178 - aos alunos tec- nic •• aplicadaa a textos especIficoa que enqlobem •• vo! riedades coloquiais, formals, artIsticas, tecnic_,pra9: IIliticas • Nesta fase, 0 trabalho deve ser prolonqado.Oa aluncs confessara-nos que nio sahem nio so COIllO se expreaaar, mas tambem0 que escrever. EmterlllOs de entendimento podelllOsatestar que perquntas formuladas em prova constituem, frequentemente, entraves para 0 desenvolvimento de ide1 •• consid. rando-se que alunos do terceiro qrau, depois lie> te'llem estudado umbimestre 0 ce5diqopublicitario, desconhecem o sentido do terDD "persuasion e deixara a questio em branco t nio atentanOO nem para 0 contexto em que 0 terIIlOesti inserido. Outro pre-requisito e a prod~ao oral que nio pode ser negligenciada, e que precederi sempre a atividade central - escrever, sucedendo i leitura. Bemescrever e bem pensar e para bem pensar e indispensavel OOminar0 assunto. Das experiencias indiv1d~. aurqem as ideias e da reflexio orientada para oa valores em joqo, 0 conhecimento mals profunOO, 0 00IlI!nio do tema. Emtempo, lembralllOs0 que diz 0 profes aor Othon M. Garcia 1: "Escreve realmente mal 0 estudaa te que nio tem 0 que dizer porque nio aprendeu a per em ordem aeu pensamento, e porque nio tem 0 que dizer( ••• ) Portanto, i preciso fornecer-lhe os meios de discipli nar 0 raciocInto, de estimular-lhe 0 espIrito de observa~io dos fatos e ensina-lo a criar ou aprovisionar idi 1_: ensinar, enfim, a pensar". o professor Whitaker Penteado2 afirma que a orqanizaowiode ideias, ate de extrema complexidade, e fundamental para 0 desenvolvimento de um tema central que per sua vez deve estar presQ a um objetivo claro em no.sa mente. Selecionado 0 objetivo, as ideias vio se dlaciplinando. Hl ainda analise uma abordagem e interpreta~ao C;Oes intertextuais figuram sincronicas 0 texto. Estendemos P. MOises3, Leila gos diferentes crossemiotica grau, para dentro e/ou essa diacronicas destes entre mesmos ~ que con. dada cod! - analise anos texto por entre cultura ha quatro na das uma intertextualidade de analogia teatrais 0 exame sugestao, de urna mesma - e realizamos, um trabalho presenta~ao a ser considerada de um texto: no literario textos ma segundo e re literarios transcodifica~ao. Na intertextualidade va, relacionamos que texto tem subjacente intracodigo de dlferentes um tema comum, interdiscurs! epocas literarias especificamente no en sino da literatura. Ao usarmos so 0 que mas tambem 0 processo e. 0 discurso urn processo rido num o texto nificante no,qual uma epoca e de uma Como atual, oral duplamente participa 0 texto no curso 0 lugar precisa) part~cipa do enfoque e ins~ de convergen. do para sistema si~ e a linguagem e para 0 de urn processo de assuntos anteriormente, em pratica magisterio 0 de processo 4 discurso".(Kristeva) Discuti-lo positivamente de gradua~ao especIfico enquanto referimos processo. Pusemos Discurso e esta 0 indivIduo.participan. e (a lIngua sociedade atraves e influira produtividade.isto num tempo orientado: se produz a que nos xao com este discursivas, como objeto "esta a motiva~ao, desta que existe nao de n. normas. de lIngua do qual consideramos de uma enuncia~ao com 0 sistema. socio-cultural. normas e de conflito social dinamico e sua dialetica contexto ~, 0 resultado de produ~ao do de varias cia 0 vocabulo foi enunciado. esta alimentarJ social em con~ a atividade na escrita. essas do Centro - 180 - ultimas de Clencias , de interesse considera~oes Humanas. Aplicando 08 meslIIOsobjetivos do sequndo qrau, eatabelecemos a aequinte estrateqia: a) exerclcibs aiatematiz~ dos de instrumenta~io linqdlstica, tais 0011IOpropriedade vocabular, estrutura~ao frasica, b) leitura e analise de textos de outras disciplinas humanas, textos fornecidos palos respectivos professores, formando-se um centro de interesse comum: c) elocu~ao oral do asaunto em aequida de oomentario escrito. pauta, Este procedimento revelou-se positivo, mas s~ belllOsque so a pratica reiterativa proPQrcionara 0 resu! tado satisfatorio desejado. Houve uma seria dificuldade neate percurso: a intercepta~ao do currIculo esco~r que nio nos permitiu prossequir: justamente no momento ideal para 0 "feed-back". OUtro fator negativo classe: cern alunos em midia. i 0 nUmero de alunos por Apesar de tudo, cada ano reoome~amos 0 proce!. ao, fazendo-lhe adapta~oes subordinadas i experiincia a~ tarior. NO curso de comunica~io Social foi possIvel realizar um trabalho mais efetivo, visto ji contarmos com a vantagem de ser LIngua Portuguesa disciplina in!. trumental aos profissionais desta area e tambem por ser a classe oontituIda de vinte alunos. o curso que ministramos em 1980 teve um c~e!. cendo com 0 despertar de interesse e procura natural,por parte dos estudantes, de leituras, debates, exposi~Oes, tudo antecipado por oonsciente visao auto-crItica. historico Os assuntos ventilados prendiam-se ao momento que estavamos vivenciando, como por exemplo, a visita de Sua Santidade, 0 Papa. A partir da leitura do artigo de OsvaldoMBXEs, publicado na "Folha de sio Paulo", - 181 - sob o~1;.1tulo·Aten~io, o Papa falou de cultura", verificaram-se discussOes, debate., extrapola~Oes oportunas. Esclarecemos que este texto havia side objeto de avalia~ao se~stral da disciplina "Jornalismo: Reda~ao e Edi~ao", ministrada pelo professor Francisco de Assis Martins Fernandes que prop~ .era a analise do tema "cultura" e do artiqo como consi~ tinc1a estrutural em termos de tese. Aproveitamos, entao, para analisar a estrutura formal do texto, isto i, como hav1a sido d1stribuido 0 assunto e as partes que compunham a reda~ao. Loqo depois solicitamos um texto escrito que .e constituia na analise de problemas vineulados ao tema, ~ma10ria deies qirando em torno de justi~a social. Fo!: mou-se um centro de interesses tal que, no estudo da ticnica "A arte de dizer seres e objetos"S, 0 Papa foi a personaqem escolhida por um qrupo de alunos para cara£ teriza~ao fisiea e psieoloqiea. Este texto de livre es colha serviria de modele para a forma de composi~ao de~ critiva. o texto rediqido foi lido, analisado, eoment~ do • verifieada sua adequa~ao aos tra~os da personaqem descrita, a partir dos comentarios feitos por nos e por outro. alunos, procedeu-se i reformula~ao de alquns el!. mentos. o resultado foi bom. Repetimos este processo mat. duas vezes eom ixito. COmo diz Baktine6, "Todo siqno, como sabemos re.ulta de um consenso entre individuos soeialmente orq~ nizados no decorrer de um processo de intera~ao. Razao pela qual as formas do signo sao eondieionadas tanto pe la Orqanizaxao social de tais lndlv{duos eomo pelas condi9oes em que a intera~ao acontece. C••• } ta urna das tarefas da ciencia das ideoLoqias ta evo1u~ao e justamenestudar e~ social do siqno 1inqftIstico C••• I. e Para tal indispensave1 reqras metodo1oqicas: observar as sequintes 1. Hao separar a ideo1ogia da rea1idade material do signo Cco1ocando-a no campo da 'consciencia' ou em qua1quer outra esfera fugidia e indefin!ve11. 2.·Hao dissociar 0 signo das ~ormas concretas de comunicacao social Centendendo-se que 0 signo faz pa~ te de urn sistema de comunica~ao social organizada e que nao tem existencia fora deste sistema,' a nao sar como objeto fIsicol. 3. Nao dissociar a comunica~ao de sua base material Cinfra-estrutura)". e suas Os aspectos da lIngua, seus recurs os e possib! 1idades segundo a fun~ao, os elementos que estruturam e caracterizam a moda1idade do texto constituem conhecimentos e inforrna~oes necessarias para que 0 a1uno desempenhe com maior eficiencia seu traba1ho de reda~ao. Ha muitas dificu1dades para se chegar a urn bom termo, mas nao, fe1izmente, intransponIveis. * Comunica~ao apresentada na mesa-redonda sobre "se1e~ao a produ~ao de Textos", par ocasiao do XXIII Seminario do GEL, 22 e 23 de maio de 1981, Facu1dade Barao de Maui, Ribeirao Preto, SP. 2. In: A Tecnica da Comunicayao guintes. Hurnana, pag. 222 Bakhtin, M. - Marxismo e filosofia da linguagem. Sao Paulo, Hucitec, 1979. (Trad.) Brait, Negrini e LourenQo - Aulas de redacao.sao Atual, - 1980. Paulo, Garcia, Othon M. - comunicacao em prosa moderna. Q&O, - Rio de Janeiro, F.G.V., 7a. edi 1978. Halliday, MC Intosh e Stevens - As ciencias LingnIsticas e 0 ensino de lInguas. (Trad.) Petropolis Vozes, 1974. Kristeva, Maises, J. - Introducao a semanalise. (Trad.)Sao Paulo, Perspectiva, COleQao Debates n9 84, 1974. Leila P. - "Texto, CrItica Escritura" In: Eruxdos n9 45, Sao Paulo, Atica, 1978. Pais, C.T. - "Semiotica uma ciencia em construQao". 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