MECÂNICA Mecânica Clássica Cinemática – Movimento em uma dimensão Posição e deslocamento Velocidade Aceleração 1 MECÂNICA Entender o movimento é um dos objetivos da Física A Mecânica estuda o movimento e as suas causas 2 Mecânica Clássica As contribuições mais importantes para a Mecânica Clássica foram dadas por Isaac Newton (1642-1727) formulou as leis fundamentais do movimento foi um dos criadores do cálculo diferencial e integral As leis de Newton não podem ser aplicadas: • em situações que envolvem velocidades próximas da velocidade da luz, que é 299 792 458 m/s 300 000 km/s (relatividade) • na dinâmica de sistemas muito pequenos (física quântica) 3 MECÂNICA CLÁSSICA (Mecânica Newtoniana) CINEMÁTICA estuda os movimentos sem levar em conta as causas do movimento DINAMICA estuda as forças e os movimentos originados por essas forças Força 4 CINEMÁTICA Movimento em uma dimensão O movimento representa uma mudança contínua da posição de um corpo Todo movimento é definido em relação à um referencial O movimento ao longo do eixo x (orientado) x x Utilizaremos o MODELO DE PARTÍCULA porque o tamanho do corpo real não tem consequência na análise do seu movimento 5 Posição Um corpo é localizado pela sua posição ao longo de um eixo orientado, relativamente a um ponto de referência (o observador), em geral a origem (x = 0) -3 -2 -1 0 1 2 3 x (m) 6 Deslocamento O deslocamento unidimensional de um objeto num intervalo de tempo (tf - ti) é a diferença entre a posição final (xf ) no instante tf e a posição inicial (xi) no instante ti Exemplo 1 Corrida de 100 m deslocamento x = xf - xi intervalo de tempo t = tf – t i 7 Exemplo 2. Corrida de 100 metros. O corredor parte de xi= 0 m para xf= 100 m. O deslocamento do corredor é x = xf - xi = 100 m - 0 = 100 m Exemplo 3. Uma pessoa a andar se desloca do ponto xi= 200 m para xf= 100 m. O deslocamento da pessoa é x = xf - xi = 100 - 200 = - 100 m 8 Velocidade média Temos a noção intuitiva de velocidade como sendo o espaço percorrido por um corpo num certo tempo ti xi t tf x xf x = xf - xi num intervalo de tempo t = tf - ti A velocidade média é a distância x vm t ou percorrida pela partícula x v t 9 Deslocamento : x = xf - xi posição x como uma função do tempo t x x2 x1 x t t1 Velocidade média: t2 x v t t declive de uma secante 10 x v t • Se x 0 vm 0 movimento para a direita, ou no sentido de crescimento de x • Se x 0 vm 0 movimento à esquerda, ou no sentido de decréscimo de x) A velocidade média nos dá informações sobre um intervalo de tempo m x 5 m t 0.20 h 5m vm 25 m/h 0.20 h 11 Exemplo 4. Na corrida de 100 m, o corredor nos primeiros 5.01 s, percorre 40 m e depois percorre 60 m. O tempo total da corrida é de 10.5 s. Determinar : a) a velocidade média do corredor até o instante de 5.01 s . b) a velocidade média do corredor após este instante e até o final da corrida. c) a velocidade média do corredor em todo o intervalo do tempo de duração da corrida. a) De 0 a 5.01 s : x = xf - xi= 40 - 0 = 40 m vm e t = tf – ti= 5.01 s- 0 = 5.01 s x 40 m 8.0 m/s t 5.01 s b) De 5.01 a 10.5 s: x = xf - xi= 100 m – 40 m = 60 m vm e t = tf – ti= 10.5 s - 5.01 s = 5.49 s x 60 m 10.9 m/s t 5.49 s c) Em todo o intervalo (de 0 a 10.5 s) : x = xf - xi= 100 m – 0 = 100 m vm e t = tf – ti= 10.5 s – 0 m = 10.5 s x 100 m 9.5 m/s t 10.5 s 12 Exemplo 5. Uma partícula em movimento ao longo do eixo x está localizada no ponto xi = 12 m em ti= 1 s e no ponto xf = 4 m em tf = 3 s. Encontre o deslocamento e a velocidade média da partícula durante esse intervalo de tempo. x = xf - xi= 4 m – 12 m = - 8 m vm x 8 m 4 m/s t 2s e t = t f – t i= 3 s – 1 s = 2 s A partícula se moveu para a esquerda com essa velocidade Exemplo 5. É apresentado na Figura 1 o gráfico do deslocamento versus tempo para uma certa partícula em movimento ao longo do eixo x. Encontre a velocidade média nos intervalos de tempo (a) 0 a 2 s, (b) 0 a 4s, (c) 2 s a 4 s, (d) 4 s a 7 s, (e) 0 a 8 s. Figura 1 13 (a) 0 a 2 s x = xf - xi= 10 m - 0 = 10 m t = tf – ti= 2 s - 0 s = 2 s vm x 10 m 5 m/s t 2s (b) 0 a 4 s x = x f - xi = 5 m - 0 = 5 m t = t f – t i= 4 s - 0 s = 4 s vm x 5 m 1.2 m/s t 4s (c) 2 s a 4 s x = xf - xi= 5 m – 10 m = - 5 m t = t f – t i= 4 s - 2 s = 2 s vm x 5 m 2.5 m/s t 2s 14 (d) 4 s a 7 s x = xf – xi = - 5 m - 5 m = - 10 m t = tf – ti = 7 s - 4 s = 3 s vm x 10 m 3.3 m/s t 3s (e) 0 a 8 s x = xf – xi = 0 - 0 = 0 t = tf – ti = 8 s - 0 = 3 s vm x 0 0 t 8 s 15 Velocidade instantânea É a velocidade que a partícula tem a cada instante x dx v lim t 0 t dt A velocidade instantânea é a derivada da posição (x) em relação ao tempo (t) Velocidade na direção x: v vex ex t x 16 Velocidade instantânea é a média sobre um intervalo de tempo infinitesimal : x dx tf ti , t 0 and v t dt x dx v lim t 0 t dt x t t v é o declive da tangente para o gráfico x versus t Fisicamente , v é a taxa de variação de x, dx/dt. 17 ALGUMAS DERIVADAS IMPORTANTES df (t ) dt f (t ) a f (t ) b g (t ) a constante a df (t ) dg (t ) b dt dt 0 sin t nt n 1 cost cos t sin t t e n t ln t et t 1 18 Velocidade escalar média A velocidade escalar média é uma forma diferente de descrever a rapidez com que uma partícula se move. Ela envolve apenas a distância percorrida, independentemente da direção e sentido: vem Em algumas situações distância total t vem vm Exemplo: A partícula parte de O, em ritmo constante, atinge P: O P Entretanto, elas podem ser bastante diferentes ! 19 Exemplo 6: A partícula parte de O, em ritmo constante, atinge P e retorna a O, depois de decorrido um tempo total t1 e ter percorrido uma distância total L P O Neste caso: vm 0 e L vem t1 x L 2 t1 2 t1 t 20 Velocidade escalar A velocidade escalar é o módulo da velocidade; ela é destituída de qualquer indicação de direção e sentido Exemplo 7: O velocímetro de um carro marca a velocidade escalar instantânea e não a velocidade, já que ele não pode determinar a direção e o sentido 21 Movimento retilíneo uniforme Chama-se movimento retilíneo uniforme ao movimento em que a velocidade é constante xt x0 v t t0 x0 é a posição da partícula no instante inicial t = t0 v é a velocidade com que a partícula se desloca v é constante Para t0 = 0 temos a equação do movimento retilíneo uniforme xt x0 v t Para t0 0 temos a equação Equação horária xt x0 v (t t0 ) 22 Diagrama do movimento de um carro com velocidade constante A seta vermelha indica o vetor velocidade 23 Movimento retilíneo uniforme MRU Graficamente temos Espaço variável Velocidade constante v x vc x0 0 t Equação da Recta xt x0 v t 0 t Recta paralela ao eixo do tempo vc constante 24 Exemplo 8 25 Cálculo de x(t) a partir de v(t) para o MRU Este é o problema inverso. xt x0 v (t t0 ) v(t–t0) é a área sob a curva da velocidade em função do tempo (v = constante ) v (t ) v x v (t ) t t0 t onde v(t) é a velocidade instantânea em t. 26 Exemplo 9. O treinador de uma corredora determina sua velocidade enquanto ela corre a uma taxa constante. O treinador inicia o cronómetro no momento em que ela passa por ele e pára o cronómetro depois da corredora passar por outro ponto a 20 m de distância. O intervalo de tempo indicado no cronómetro é de 4.4 s. a) Qual é a velocidade da corredora? b) Qual é a posição da corredora 10 s após ter passado pelo treinador? a) Qual é a velocidade da corredora? x x0 v t v x0 0 t0=0 t = 4.4 s x x0 20 m - 0 4.5 m/s t 4.4 s b) Qual é a posição da corredora 10 s após ter passado pelo treinador? x x0 v t 0 (4.5 m/s)(10 s) 45 m 27 Exemplo 10. Encontre a velocidade instantânea da partícula descrita na Figura 1 nos seguintes instantes: (a) t = 1.0 s, (b) t = 3.0 s, (c) t= 4.5 s, e (d) t= 7.5 s. (a) t = 1.0 s x x0 v t Sabemos que entre 0 e 2 s a velocidade é constante x0 = 0 t0 = 0 x = 10 m t=2s v x x0 10 m - 0 5.0 m/s t 2s Figura 1 (b) t = 3.0 s x x0 v (t t 0 ) x0 = 10 m x= 5 m t0 = 2 s t=4s x x0 5 m - 10 m v 2.5 m/s t t0 4s-2s 28 (c) t = 4.5 s v= 0 (d) t = 7.5 s x x0 v (t t 0 ) x0 = - 5 m x =0m t0 = 7s t=8s x x0 0 - (-5 m) v 5 m/s t t0 8s -7s 29 Aceleração média Quando a velocidade da partícula se altera, diz-se que a partícula está acelerada A aceleração média é a variação da velocidade am v f vi t f ti ou a notação ou vx num intervalo de tempo t v x am t vx a t 30 Exemplo 11. Considere o movimento do carro da Figura 2. Para os dados apresentados na Figura 2, calcule a aceleração média do carro. a Figura 2 am v f vi t f ti 15 m/s 30 m/s 7.5 m/s 2 2.0 s 0 A velocidade escalar diminui com o tempo O carro está desacelerando v a 31 Aceleração instantânea Em algumas situações a aceleração média pode variar em intervalos de tempo diferentes portanto é útil definir a aceleração instantânea v dv a lim t 0 t dt dv d dx d 2 x a 2 dt dt dt dt Aceleração na direção x a aex ex x 32 ALGUMAS INTEGRAIS IMPORTANTES (Uma constante arbitrária deve ser adicionada a cada uma dessas integrais) f (t ) a f (t ) b g (t ) F (t ) f t dt a F (t ) b G(t ) aconstante at t , n 1 sin t cos t t n1 / n 1 cos t / n e t t 1 sin t / t e / ln t 33 Movimento retilíneo uniformemente variado Um movimento é uniformemente variado quando a aceleração é constante vt v0 a t t0 v0 para t0 = 0 temos vt v0 at é a velocidade da partícula em t = 0 a é a aceleração da partícula a é constante • se a velocidade da partícula aumenta com o tempo o movimento é uniformemente acelerado • se a velocidade da partícula diminui com o tempo o movimento é uniformemente retardado Para t0 0 temos a equação vt v0 a (t t0 ) 34 Substituindo obtemos Integrando: dx v t dt em vt v0 at dx v0 at dx v0 dt at dt dt dx v dt a tdt 0 Obtemos: 1 2 xt x0 v0t at 2 35 Exemplo 12 36 Diagrama de movimento para um carro cuja aceleração é constante na direção de sua velocidade a seta superior indica o vetor velocidade e a seta inferior, o vetor aceleração constante Diagrama do movimento para um carro cuja aceleração é constante na direção oposta à velocidade em cada instante 37 Movimento retilíneo uniformemente variado MRUV Graficamente temos Velocidade variável Aceleração constante x a v Espaço variável a v0 x0 t 0 t 0 t Parábola Equação da recta vt v0 a t 0 a constante 1 2 xt x0 v0t at 2 38 Exemplo 13: Aceleração positiva 39 Exemplo 14: Aceleração negativa 40 Cálculo de x(t) a partir de v(t) para o MRUV x v (t ) t Dividimos o intervalo (t-t0) num número grande N de pequenos intervalos t xi v (ti ) t Área dum retângulo i v(t ) t v(ti) Somando a área de todos os retângulos: x(t ) x(t0 ) x1 x2 x3 ...xN xi No limite N e t0: x i ti t v(t ) t dx vt 'dt ' t0 e t0 Área t x(t ) x(t0 ) vt 'dt ' t0 que corresponde a área sob a curva. t0 t 41 Assim • A velocidade é obtida derivando-se a posição em relação ao tempo (a velocidade é a derivada em ordem ao tempo da posição) dx(t ) v(t ) dt geometricamente, a velocidade é o coeficiente angular da reta tangente à curva da posição versus tempo no instante considerado. • O deslocamento é obtido pela integração da velocidade t x(t ) x0 v(t ) dt t0 geometricamente, o deslocamento é a área sob a curva da função velocidade versus tempo. 42 Exemplo 15. Um avião parte do repouso e acelera em linha reta no chão antes de levantar voo. Percorre 600 m em 12 s. a) Qual é a aceleração do avião? b) Qual é a velocidade do avião ao fim de 12 s? a) Qual é a aceleração do avião? x0 0 1 2 x x0 v0t at 2 Substituindo os valores 1 2 x at 2 x0 0 v0 0 v0 0 (parte do repouso) na equação 2 x 2 600 m 1200m 2 8 . 3 m/s a 2 t 144s 2 12 s2 b) Qual é a velocidade do avião ao fim de 12 s? v0 0 v v0 at (parte do repouso) v at 8.3 m/s2 12 s 100m/s 43