São Paulo – Abril de 2008
Integração ensino-serviço
nas redes municipais de
saúde como princípio de
gestão
Laura Camargo Macruz Feuerwerker
Por que educação na saúde tem que ser
uma política do SUS?
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A conjuntura não anda
fácil: permanente ameaça
de cortes de
financiamento,
campanha sistemática de
difamação do SUS pela
mídia
Sem ampliar sua
legitimidade social, o
Sistema será cada vez
mais vulnerável aos
ataques corporativos
Por que educação na saúde tem que ser uma política
do SUS?
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Já está praticamente
esgotada a possibilidade
de ampliar a legitimidade
do SUS somente com base
na expansão de cobertura
Mudanças das práticas de
saúde em direção à
integralidade,
humanização e qualidade
são fundamentais,
portanto, para a
consolidação do SUS
Todos governam e todos sabem:
conceitos fundamentais para
transformar o SUS
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O trabalho em saúde
implica sempre um grau
de autonomia e liberdade
que se concretiza no
momento do encontro
entre trabalhador e
usuário
cada trabalhador e cada
usuário tem uma idéia,
uma proposta sobre como
organizar o trabalho e o
sistema
Sem buscar dialogar com
esses conceitos, é muito
difícil transformar a
organização do trabalho
e as práticas de cada um
O trabalho em saúde envolve um
encontro e uma disputa
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Tensão constitutiva da atenção
em saúde: possibilidade de troca
ou de interdição de saberes num
território que desafia o saber
técnico-científico.
Efeito flecha: agir profissional
que vai em uma só direção –
negação do agir e do saber do
outro.
Efeito pororoca – trabalhadores
que se deixam afetar pelas
relações e saberes, recebendo
de volta, como aprendizagem, o
agir e o saber do outro.
O cuidado em saúde buscando a integralidade
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Envolve a utilização de diversos
“dispositivos” para mudar o foco da
organização do trabalho;
Geralmente o trabalho está orientado à
melhora maneira de assegurar a
produção de procedimentos ;
A mudança é colocar a necessidade dos
usuários no centro;
Escuta, diálogo, reconhecimento do
usuário como parceiro na construção de
sua saúde, incluindo as redes sociais.
Articulação do trabalho de diferentes
profissionais para ampliar a potência da
oferta, diversificação da oferta de
recursos terapêuticos, garantia da
continuidade do cuidado são atributos
desse novo modo de cuidar.
O acolhimento e a construção de linhas
de cuidado são dois desses dispositivos.
O SUS e a formação em saúde
•
Referencial mais amplo para a pensar
a formação em saúde - os novos
compromissos da escola com o SUS:
- Ativação
formação
da mudança da
- Produção do conhecimento
sobre o cuidado e tecnologias
leves
- Educação Permanente
- Prestação de Serviços e
composição da rede-escola
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Objetivo: formar profissionais com
capacidade para a atenção à saúde
integral e de qualidade
Eixo central da transformação:
integralidade da atenção ã saúde
E o que as escolas que pretendem
mudar a formação tem a ver com
isso?
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Um dos objetivos das
diretrizes curriculares é
aproximar a formação dos
princípios do SUS;
Outro objetivo das diretrizes
curriculares é ampliar a
formação humanista,
tomando a integralidade
como um valor no processo
de formação;
A produção da integralidade
também é um desfio colocado
para as escolas, então.
O ensino das profissões da saúde
envolve disputas em vários campos:
Saúde
O trabalho
em saúde
Educação
Transmissão do
conhecimento
Aprendizagem
ativa
Aprendizagem
significativa
Biológico
Ampliado:
biológico,
social,
subjetivo,
cultural
Orientado às
necessidades
tomando o
usuário como
sujeito
Orientado
aos
procedimentos
tomando o
usuário como
objeto
Aprendizagem
baseada na
prática
DISPUTA
DISPUTA
DISPUTA
O que predomina no ensino de graduação das
profissões da saúde? Quais os novos desafios?
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O ensino está orientado para a
aprendizagem das tecnologias leveduras (clínica, epidemiologia) e
duras (procedimentos diagnósticos
e terapêuticos)
O desenvolvimento das tecnologias
leves (relacionais) geralmente é
deixado por conta e risco de
estudante – ou no máximo
ensinadas em uma disciplina
isolada.
É preciso ampliar e sistematizar a
aprendizagem das tecnologias
leves, resgatar o lugar do cuidado
dentro das práticas profissionais
em saúde e colocar o usuário como
sujeito e não objeto da ação
profissional.
O que predomina no ensino das profissões
da saúde? Quais os novos desafios?
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Prática centrada no hospital;
Aprendizagem centrada técnicas;
É preciso estar em todos os
locais em que a vida (e a saúde e
a doença) acontecem;
É preciso aprender a dialogar com
o usuário e sua família em
diferentes situações, respeitando
e trabalhando para ampliar sua
autonomia;
É preciso oferecer a oportunidade
de estudantes e professores
mergulharem nos diferentes
contextos reais, enfrentando os
desafios daí decorrentes.
Que estratégias utilizar na formação se
se busca a integralidade?
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Oferecer aos estudantes a
oportunidade de trabalhar, desde o
início do curso, em diferentes
cenários de produção da saúde;
Oferecer aos estudantes a
oportunidade de vivenciar realidades
e contextos dos usuários,
reconhecendo as potencialidades de
seu modo de vida.
Oferecer aos estudantes a
oportunidade de aprender a construir
projetos terapêuticos compartilhados:
tanto com os demais profissionais,
como, sobretudo, com os usuários.
Oferecer aos estudantes a
oportunidade de participar da
produção de linhas de cuidado e não
vivenciar somente processos
estanques e sem continuidade.
Aspectos críticos

Construção do trabalho
articulado entre as
instituições de ensino e o
SUS
» Tempos e pontos de vista
distintos;
» Construir uma agenda comum:
trabalho articulado deve
responder a necessidades das
duas partes ( em termos
institucionais e em termos
locais), tendo o usuário como
foco;
» Estar na unidade não é o
mesmo que estar inserido no
processo de trabalho.
Aspectos críticos

Construção do trabalho
articulado entre as instituições
de ensino e o SUS
» Tempos fragmentados
dificultam continuidade,
cooperação e construção de
vínculo;
» Muitas dificuldades
enfrentadas nas unidades
para produzir abordagens
integrais;
» Muitas dificuldades para
tomar usuário/usuários como
sujeitos individuais e
coletivos da produção da
saúde.
Agenda estratégica

Construir a política de educação de maneira
descentralizada e participativa
» Ampliando a capacidade de formulação dos gestores
estaduais e municipais
» reconhecendo que é no espaço local que a vida
acontece!!!!
» Investindo para ampliar a capacidade didática da
rede de serviços de saúde
» Transformando a rede de serviços numa redeescola em que todos estão permanentemente
aprendendo e pensando sobre seu trabalho (a
formação de facilitadores de EP é uma estratégia
importante, assim como a instituição das
residências e dos estágios de graduação na rede)
Agenda estratégica

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Consolidar as CIES como instâncias do SUS que articulam
saúde e educação: porque a política de educação é
intersetorial!!!
Avançar na superação das dificuldades de funcionamento
enfrentadas pelos pólos, aprendendo da experiências dos
conselhos e comissões intergestoras!!!
Agenda estratégica

Ampliar os espaços de convivência e cooperação
entre saúde e educação em todos os níveis:
» Entre os ministérios da saúde e da educação
» Nas CIES
» Nos municípios
» Na rede de serviços de saúde
Agenda estratégica

Pensar a formação em
todos os níveis de maneira
articulada: graduação e
pós-graduação, educação
técnica, educação em
saúde
Políticas articuladas para
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
Definir o perfil e a oferta
das oportunidades de
formação de acordo com as
necessidades de saúde de
população
Aumentar o peso do
trabalho na rede durante a
formação em todos os níveis
Políticas articuladas para



Ampliar as possibilidades de
cooperação entre formadores
e gestores do SUS na
construção da Educação
Permanente em Saúde
Construir em conjunto novas
tecnologias para produzir
saúde: integralidade,
autonomia, humanização em
todos os tipos de serviços de
saúde
Construir em parceria
mecanismos de apoio técnico
para qualificar o trabalho na
rede de serviços de saúde
Aspectos críticos
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
Espaços de articulação – como os
CIES – enfrentam baixa
capacidade de proposição dos
diferentes atores;
Verticalização de políticas não
combinam com protagonismo;
Usuários e movimentos sociais
relativamente marginalizados;
controle social com dificuldades
para cumprir seu papel;
Os recursos de apoio e incentivo
às mudanças são fragmentados e
nem sempre estimulam
efetivamente o diálogo;
No âmbito municipal, tarefa
complexa de gestão da redeescola e do diálogo e cooperação
com múltiplos cursos e IES.
Oportunidades para mudar e construir
trabalho articulado
Estímulos para
implementação das
diretrizes curriculares
(mais pelo lado do MS
que do MEC)
 PET-Saúde (?)
 Residência
Multiprofissional
 Pacto pela saúde
- são mecanismos de apoio
à construção de relações
de cooperação
interinstitucional (atores
sociais precisam ser
produzidos)

Contatos: [email protected]
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