TA631 - Op. Unit. I Transf. Quantidade de Movimento Aula 8 Casos especiais de escoamento 8.1. Sistemas não isotérmicos 8.2. Diâmetro equivalente 8.3. Diâmetro econômico 8.4. Gráfico de Karman CASOS ESPECIAIS DE ESCOAMENTO 8.1. Sistemas não isotérmicos Os métodos para cálculo do fator de atrito descritos até agora são aplicáveis aos casos onde não há transferência de calor (aquecimento ou resfriamento) entre a parede e o fluido. No entanto, quando um fluido é aquecido ou resfriado durante o escoamento, existe uma alteração nas suas propriedades físicas e o perfil de velocidades muda com o gradiente de temperatura existente no sistema. Sistemas não isotérmicos Este fenômeno é mais pronunciado nos líquidos cujas propriedades reológicas variam sensivelmente com a temperatura. Existem teorias bastante elaboradas para o efeito da transferência de calor sobre a distribuição de velocidades, porém para cálculos de engenharia pode-se utilizar um método simples tanto para gases como líquidos. Descrição do método: a) Calcular o número de Reynolds com valores de parâmetros reológicos e densidade à temperatura média. A temperatura média é a média aritmética das temperaturas médias do fluido na entrada e saída da tubulação. T T entrada T saída 2 R eT Newtoniano: ρ Lei da potência: ρ T T μ K T T n b) Com o valor do número de Reynolds e com o parâmetro de rugosidade do tubo é possível obter o fator de atrito (Fanning ou Darcy) à temperatura média aritmética. Fluido Newtoniano – Reg. Turbulento R eT Diagrama de Moody ou Diagrama de Dodge-Metzner D Fluido de Lei da Potência – Reg. Turbulento f FT c) O fator de atrito obtido é corrigido mediante uma correlação da viscosidade que leva em conta o tipo de processamento térmico f Fcorrigido P f F T B onde: P viscosidade do fluido à temperatura da parede do tubo T viscosidade do fluido à temperatura media aritmética Valor da constante B para a correção do fator de atrito em sistemas não-isotérmicos B Tipo de processo térmico Aquecimento Resfriamento Regime laminar Re < 2100 0,38 0,23 Regime turbulento Re > 2100 0,17 0,11 8.2. Diâmetro Equivalente em tubos não cilíndricos Até agora vimos o cálculo das perdas por atrito em tubos de seção cilíndrica, no qual o líquido ocupa totalmente a área de escoamento. Em tubos ou canais cuja seção não é circular ou onde o escoamento ocorre em dutos parcialmente cheios, se o escoamento é turbulento e o fluido newtoniano, as técnicas descritas podem ser usadas, apenas é necessário substituir o diâmetro real por um diâmetro equivalente. O diâmetro equivalente é definido, tradicionalmente, como 4 vezes o raio hidráulico. D eq 4 R H Por sua vez, o raio hidráulico pode ser definido como: RH Área da seção transversal de escoamento Perímetro molhado Portanto: D eq 4 Á rea da seção transversal de escoam ento P erím etro m olhado O perímetro molhado é a porção da parede numa seção transversal do tubo, na qual existe contato com o fluido. Diferentes situações de cálculo do diâmetro equivalente: Tubo circular cheio D eq Área da seção transversa l de escoamento 4 Perímetro molhado Deq 4 D 4 D 2 D eq D Tubos circulares concêntricos (área anular): D eq 2 2 D ext D in t D 2 D 2 D ext D in t D ext D in t ext in t 4 4 4 D ext D in t D ext D in t D ext D in t D eq D ext D int Tubo de seção quadrada: 2 D eq 4 L 4L D eq L Tubo circular cheio até metade 1 D eq 4 D 2 4 1 1 D 2 2 =D Nesse caso, a energia de atrito total é calculada através da equação de Fanning usando o diâmetro equivalente: L ˆ E f fF D eq 2 2v k v f 2 2 O fator de atrito será obtido do diagrama de Moody Re vD eq * A velocidade nas equações é a velocidade média efetiva, calculada sem usar o diâmetro equivalente: v V A vazão volum étrica área transversal de escoam ento real Por exemplo, no caso de líquido dentro do anel existente entre dois tubos concêntricos, a velocidade efetiva é: v vazão volum étrica área transversal do anel V D 4 2 ext D int 2 8.3 VELOCIDADE E DIÂMETRO ECONÔMICOS A escolha do diâmetro da tubulação deve levar em consideração os parâmetros econômicos e a disponibilidade de diâmetros dos tubos comerciais. Na escolha do diâmetro, dois fatores são importantes: O custo da tubulação a ser instalada (custos fixos ou depreciação do investimento inicial). Este custo aumenta a medida que se escolhe diâmetros maiores. O custo operacional do sistema, ou seja, a energia gasta no bombeamento do fluido diminui com o aumento do diâmetro da tubulação (custos operacionais). Custo total Custo da tubulação $/ano por metro de tubulação Custo de bombeamento D ótimo Diâmetro Figura: Determinação do diâmetro ótimo A soma dos custos fixos mais os operacionais apresenta um valor mínimo que é denominado diâmetro econômico, aquele que minimiza os custos totais de uma tubulação. O diâmetro econômico pode ser determinado através de duas metodologias: 1. Através de equações obtidas da derivação da equação resultante da soma dos custos fixos e dos operacionais. Este método exige dados reais de tubulações e a obtenção de equações, porém fornece o verdadeiro valor do diâmetro ótimo. No caso de sistemas complexos de alto custo, este método é o método a ser seguido. 2. Através da velocidade aconselhável ou velocidade econômica. Este método é adequado para pequenas e médias instalações e será o método que usaremos nesta disciplina. Obtenção do diâmetro econômico através da equação de custos mínimos Solução para fluidos newtonianos: Denn, M.M.(1980) Process fluid mechanics, Prentice Hall, Englewood Cliffs, NJ. Solução para fluidos newtonianos, da lei da potência e plásticos de Bingham Darby, R. & Melson, J.D. (1982). Direct determination of optimum economic pipe diameter for non-Newtonian fluids, J. Pipelines, 2, 1121. Solução para fluidos Herschel-Bulkley Garcia, E.J. & Steffe, J.F. (1986) Optimum economic pipe diameter for pumping Herschel-Bulkley fluids in laminar flow, Journal of Food Process Engineering, 8, 117-136. Obtenção do diâmetro econômico através da velocidade econômica Usa-se a velocidade aconselhada para um dado regime de escoamento, considerando a viscosidade ou a densidade. Com essa velocidade calcula-se o diâmetro. Este método se baseia no fato de que as velocidades de fluidos que escoam em tubos com diâmetros econômicos, estão dentro de uma estreita faixa de valores. Esses valores de velocidade variam em função da densidade, quando o escoamento é turbulento e da viscosidade, quando o regime é laminar. Tabela: Valores de velocidade econômica para tubos com diâmetro igual ou inferior a 4 polegadas. óleo Líquido viscoso Escoamento Laminar μ (cP) v (m/s) 10 1 100 0,3 - 0,8 1000 0,1 - 0,24 água Escoamento Turbulento (kg/m3 ) 0,12 1,2 v (m/s) 12,5 - 15,5 5,5 - 7,7 12 800 1200 3,2 - 4,0 1,6 - 2,0 0,79 - 1,0 Escolhida a velocidade aconselhável através da tabela anterior, para um fluido de densidade ou viscosidade conhecidas, o diâmetro econômico será obtido pela expressão: D eco 4 m v eco 4V v eco Após o cálculo do diâmetro econômico, se consulta o catálogo de tubulações para determinar a dimensão real do tubo. O diâmetro escolhido corresponde a um dos diâmetros-padrão e gera a velocidade efetiva. Regras práticas para a determinação do diâmetro ótimo: a) Quando o diâmetro calculado é bem próximo de um valor-padrão, toma-se este valor. b) Quando o diâmetro calculado é menor que 1", toma-se o valor-padrão imediatamente superior. c) Quando o diâmetro calculado é maior que 1", toma-se o valor-padrão imediatamente inferior. Essa regra foi feita de acordo com a forma de variação do custo da tubulação com o aumento do diâmetro. Exemplos Diâmetro econômico Diâmetro equivalente Exemplo 1: Diâmetro econômico Deseja-se transportar óleo de soja a uma vazão de 5 litros/s. Que diâmetro de tubulação deve ser empregado? Dados: ρ = 0,95 g/cm3 = 950 kg/m3 μ = 0,0336 kg/m.s Supondo regime laminar para o fluído newtoniano, com o auxílio da tabela abaixo podemos estimar uma velocidade econômica de 0,9 m/s (lembrando que 0,0336 kg/m.s = 33,6 cP). (cP) 10 100 1000 v (m/s) 1 0,3 - 0,8 0,1 - 0,24 O diâmetro econômico é calculado por: D eco 4 m v eco Deco = 8,4.10-2 m Deco = 3,3 in 4V v eco Agora, devemos verificar se nossa suposição inicial (regime de escoamento laminar) está correta: Re = Dvρ/μ Re < 2100 = regime laminar Re = 2138 Considera-se regime laminar ! Suposição inicial satisfeita ! Agora, podemos escolher um diâmetro comercial através de um catálogo. Diâmetro Diâmetro nominal externo Código in in Espessura Diâmetro da parede interno in in Calculado: Deco = 3,3 in Selecionado (considerando aço carbono série 40): Tubulação de aço. Perry & Chilton, pág. 6-59. Dn = 3 in Di = 3,068 in ou Dn = 3 1/2 in Di = 3,548 in Supondo regime turbulento para o fluído newtoniano, com o auxílio da tabela abaixo podemos estimar uma velocidade econômica de 1,5 m/s. ρ = 0,95 g/cm3 = 950 kg/m3 0,12 1,2 (kg/m3 ) v (m/s) 12,5 - 15,5 5,5 - 7,7 12 3,2 - 4,0 800 1,6 - 2,0 1200 0,79 - 1,0 O diâmetro econômico é calculado por: D eco 4 m v eco 4V v eco Deco = 6,5.10-2 m Deco = 2,5 in Agora, devemos verificar se nossa suposição inicial (regime de escoamento turbulento) está correta: Re = Dvρ/μ Re > 4000 = regime turbulento Re = 2137 Considera-se regime laminar ! Suposição inicial não satisfeita ! Calcular como regime laminar ! Exemplo 2: Diâmetro equivalente Deseja-se saber qual será o tipo de tubulação que dará menor perda de carga para a distribuição de ar: seção circular ou quadrada? Suponha área de seção com 1 m2; modelo newtoniano; relacione as perdas de carga ^ através de: ^ E f cir . / E f quad . ^ E fcil . ^ E fqua . _2 L v fF D cil . 2 L v fF D qua . 2 _2 D qua . D cil . Agora, precisamos encontrar os diâmetros das seções Supondo uma área de seção de 1m2 Seção circular A = π R2 1 = π R2 R = 0,5641 m D = 1,128 m Seção quadrada A = L2 1 = L2 L = 1m D eq = 1m D eq 4 2 D eq 4 L 4L D eq L Á rea da seção transversal de escoam ento P erím etro m olhado ^ E fcil . ^ E fqua . D qua . D cil . 1 0 ,88 1,128 A energia perdida por atrito por unidade de massa em uma tubulação com seção circular é, geralmente, 12% menor que na seção quadrada. 8.4. Gráfico de Karman Geralmente se conhece a vazão, o diâmetro, as características do fluído (μ e ) e do meio (rugosidade) e pode-se calcular Re. Com esses valores obtém-se o fator de fricção com o gráfico de Moody e se calcula a energia perdida no atrito com a parede. Em certas ocasiões a energia utilizada para vencer o atrito viscoso (Ef) é pré-determinada e se conhece o diâmetro. Neste caso para calcular a vazão se utiliza o método interativo aproveitando o gráfico que correlaciona o número de Karman (λ) com 1/fD Re fD Número de Karman A velocidade é calculada com a equação obtida da definição de energia friccional: v _ 1 fD . ^ 2E f L D Gráfico de Karman 1 D fD Exemplo: Água a 43ºC flui através de um tubo de aço comum ( = 4,6.10-5m), de diâmetro nominal de 2” e comprimento de 20m. Os manômetros indicam 30 psig no início da tubulação e 15 psig no final. A diferença de altura é 3 m. Aplicando o balanço de energia temos: P.1 _2 P1 P1 g . z1 _2 ^ v1 2 W p P2 g .z 2 v2 2 P.2 5m P2 _2 P1 P2 2m _ Reagrupando temos: 1 fD v P P2 2 1 g z 1 z 2 L/D g .( z 1 z 2 ) f D L v D 2 ^ E f _ 1 fD v ^ P P2 2 1 g z 1 z 2 L/D fD Re Inserindo no número de Karman Re fD D v 1 . v D 1 . v f L D P1 P2 2 g z 1 z 2 L/D f L D f D obtemos: ^ 2E 2E ......[ 1] g ( z 1 z 2 ) 9 ,8 P 5 psig 1000 kg m L 2 in s 2 x 3 m 20 101325 Pa m s 33 14 , 7 psig 3 20 m D x m 0 , 0254 m 400 1 in D 0 , 05 m 1000 kg 3 s m 80000 m 3 kg 0 , 6 x 10 m .s 2 2 m s 2 2 D P1 P2 2 g z1 z 2 L/D 33 m2/s2 20 m2/s2 80000 s/m D P1 P2 2 g z 1 z 2 L/D 400 67642 Gráfico de Karman 1 D 0 . 000046 m 0 . 0009 0 . 0525 m 7 fD 67642 1 Do gráfico de Karman: 7 fD Agora podemos calcular a velocidade média através da relação inicial [1]: v _ 11 ffDD . ^ 2E _ f L D v 5 , 65 m s