O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não
ouve,
não
fala,
nem
participa
dos
acontecimentos políticos. Ele não sabe que o
custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da
farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem de decisões políticas. O analfabeto
político é tão burro que se orgulha e estufa o
peito dizendo que odeia a política. Não sabe o
imbecil que, da sua ignorância política, nasce a
prostituta, o menor abandonado, o assaltante e
o pior de todos os bandidos, que é o político
vigarista, pilantra, o corrupto e o lacaio das
empresas
nacionais
e
multinacionais."
(Bertolt Brecht)
(Bertolt Brecht)
A alienação do homem, para
Brecht, não se manifesta como
produto da intuição artística.
Brecht ocupa-se dela de
maneira consciente e proposital.
Mas não basta compreendê-la e
focalizá-la. O essencial não é a
alienação em si, mas o esforço
histórico para a desalienação do
homem.
Dramaturgo e poeta alemão.
Revolucionou o teatro com peças
que visavam estimular o senso
crítico e a consciência política do
espectador. Brecht foi um dos
nomes mais influentes do teatro
do século XX, Sua influência, no
entanto, não se restringe ao
teatro, pois Brecht foi igualmente
importante
pelas
novidades
técnicas de sua poesia.
Política
- Conceito criado pelos Gregos e Romanos.
- Antes dos Gregos e Romanos existia uma
prática do poder em que se misturava com o
ocupante do poder
- A característica do poder era a identificação
entre o ocupante do poder e o próprio poder
- O governante era a encarnação do próprio
poder
- A vontade do governante (pessoal, privada,
arbitrária) era a lei.
- O governante era o autor da
lei, da recompensa, da
justiça, ou seja, a vontade do
governante era o critério para
a paz ou a guerra, para a vida
ou a morte, para a justiça ou
a injustiça...
- Os Gregos e Romanos criaram a
idéia de um espaço onde o poder
passa a existir através das leis;
as leis não se identificam com a
vontade dos governantes, elas
exprimem uma vontade coletiva,
através da discussão, deliberação
e do voto da Assembléia.
- Os Gregos e Romanos submeteram o
poder a um conjunto de instituições
(praticas) que fizeram dele algo público
que diz respeito a totalidade do cidadão,
que era discutida, deliberada e votada
por ele
- Os Gregos e Romanos criaram a esfera
pública, ou seja, ninguém se identifica
com o poder, a vontade de ninguém é lei
e, portanto, a autoridade é coletiva,
pública e aquilo que constitui o cidadão.
- Gregos e Romanos distinguem
com Clareza a autoridade pública
com a autoridade privada.
- No espaço privado, quem detém
o poder (a autoridade) é o chefe da
família, que se chama despótes,
que tem autoridade de vida e morte
sobre os membros da família, no
espaço privado da família, por isso
é despótica
- Para os Gregos e Romanos,
quando uma autoridade é
despótica, o espaço público foi
tomado pelo espaço privado e a
política acabou.
- A condição da política é que
não haja despotismo.
-O conceito de política expandiu-se graças à
influência da obra de Aristóteles (384-322 a.C.),
intitulada “A Política”, considerada como o 1º
tratado sobre a natureza, funções e divisão do
Estado e sobre as várias formas de governo
(Monarquia, Aristocracia e Democracia)
- Aristóteles concebia a política como toda
prática social que envolve a vida na polis
(cidade-estado grega). Ou seja, refere-se ao
público, ao civil, ao sociável.
- Para Aristóteles o “homem é um
animal político” e que, portanto, a
política não está restrita às questões de
Estado. È muito mais abrangente que o
mesmo.
- Política é compreendida como uma
prática social múltipla e cotidiana, que
se insere na realidade de todo e
qualquer homem socializado.
- Para a compreensão e
fundamentação da prática
política é imprescindível a
apresentação de alguns
autores clássicos, que muito
contribuem para o
entendimento da nossa
contemporaneidade.
Thomas Hobbes (1588-1679):

- Foi um matemático,
teórico político e
filósofo Inglês

- Suas principais
idéias estão contidas
em sua obra “Leviatã”
(1651)
Leviatã
-
Leviatã é um monstro
bíblico cruel e
invencível que
simboliza, para Hobbes,
o poder do Estado
Absolutista.

- No desenho, seu
corpo é constituído de
inúmeras cabeças e ele
empunha os símbolos
dos dois poderes, o
civil e o religioso.
- Hobbes alega serem os humanos egoístas
por natureza. Com essa natureza tenderiam
a guerrear entre si, todos contra todos
(Bellum omnia omnes)- “O homem é lobo
do próprio homem”- Assim, para não
exterminarmo-nos uns aos outros será
necessário um contrato social que
estabeleça a paz, a qual levará os homens a
abdicarem da guerra contra outros homens.
Mas, egoístas que são, necessitam de um
soberano (Leviatã) que puna aqueles que
não obedecem ao contrato social.
-Na perspectiva de Hobbes, a melhor forma de
governo era a monarquia — sem a presença
concomitante de um Parlamento, pois este
dividiria o poder e, portanto, seria um estorvo ao
Leviatã e levaria a sociedade ao caos.
- "Dos poderes humanos o maior é aquele
composto pelos poderes de vários homens,
unidos por consentimento numa só pessoa,
natural ou civil, que tem o uso de todos os seus
poderes na dependência de sua vontade. É o
caso do poder de um Estado."
Dentro desta linha de
raciocínio, afirmava Hobbes
que o poder do Estado é
irrevogável, ou seja, não
pode ser anulado.
-
- Para
anulá-lo seria necessário a
participação de todos novamente,
porém quando o contrato foi
assinado todos estavam em
condições de igualdade e com o
surgimento do Estado estabeleceuse a desigualdade, pois alguns
homens já se beneficiavam do
Estado e jamais iriam abrir mão de
seus benefícios sem haver guerra.
- Hobbes ainda sustentava a
idéia de que quando os homens
fizeram o pacto renunciaram aos
seus direitos e liberdades. Se
alguém abre mão de algum
direito, não detém mais direito
algum sobre o que renunciou.
- Um único direito que permaneceu para as
pessoas foi o direito a vida, que é inclusive a
razão da existência do Estado. E para isso
no capítulo 21 do Leviatã Hobbes abre uma
pequena brecha para que o súdito rompa o
contrato:
"A obrigação dos súditos para com o
soberano dura enquanto e apenas enquanto
dura também o poder mediante o qual ele é
capaz de protegê-los. O direito que por
natureza os homens têm de defender-se a si
mesmos não pode ser abandonado através
de pacto algum".
- Para Hobbes, os
primeiros líderes das
sociedades primitivas
criaram crenças e religiões
para manter o povo em
obediência e paz. Por isso,
defendia a idéia de que o
poder da Igreja deveria
estar submetido ao
Estado. Daí vem as
acusações de ateísmo
contra Hobbes.
A Destruição de Leviatã - gravura de Gustave Doré (1865)
Nicolau Bernardo Maquiavel (1469-1527)
Filósofo e político do
Renascimento italiano.
- Em 1498 se tornou funcionário
público do governo de Florença
e posteriormente diplomata,
viajando para todas as
importantes Cidades-estados da
península itálica e também para
diversas cortes estrangeiras.
- Em toda a parte, Maquiavel
observava os políticos e
suas maneiras; tornou-se
um analista do poder. Acima
de tudo, amava a Itália e
queria vê-la unida sob um
monarca. Ao mesmo tempo
em que era defensor de
táticas severas e cínicas,
era um patriota idealista.
- Típico pensador do Renascimento,
Maquiavel é considerado o primeiro
teórico do Estado moderno. Ele
vislumbrava a necessidade de um
Estado centralizador e poderoso, em
que o governante se sobressaísse
sobre os demais senhores feudais e
tivesse poder para conduzir a
sociedade.
- Em sua principal obra, “O Príncipe”
(1513), uma espécie de manual do
absolutismo (dedicado ao duque de
Urbino, Lourenço de Médici) o tema
central é o debate sobre a seguinte
questão: “é preferível que um líder seja
amado
ou
temido?”
Maquiavel
responde que é importante ser amado
e temido, porém, é melhor ser temido
que amado.
- Para Maquiavel, o amor é um
sentimento volúvel e inconstante,
já
que
as
pessoas
são
naturalmente egoístas e podem
freqüentemente
mudar
sua
lealdade. Porém, o medo de ser
punido é um sentimento que não
pode ser modificado ou ignorado
tão facilmente.
- Para Maquiavel, não havia meios
que os fins não justificassem nem
códigos morais que não pudessem
ser transgredidos, nem princípios
religiosos que reprimissem o
governante.
- Ao escrever sobre o poder
político, situando-o a partir
das qualidades pessoais dos
governantes, Maquiavel
rompe com uma cultura
política legitimada pelo poder
espiritual da igreja.
- Esta ruptura ousada não é feita
sem custos, mesmo o próprio
Maquiavel declarando que suas
idéias não são originais.
- Seus conselhos já haviam sido
adotados na prática por diversos
governantes bem-sucedidos.
Maquiavel apenas apresentou, e
não criou a realidade amoral da
política.
- A leitura de sua obra é marcada pelo
preconceito, onde se valendo de
algumas citações descontextualizadas,
caracterizou-se Maquiavel como um
autor defensor da violência contra o
povo e sem nenhuma moral política.
- Nas reflexões de Antônio Gramsci, os
ensinamentos de Maquiavel dizem
muito mais do que o senso comum tem
dito a seu respeito.
- Para Gramsci, Maquiavel escreveu
O Príncipe, não para os poderosos,
pois estes já sabiam como governar e
como agir para manter-se no poder,
mas justamente, para aqueles que não
conhecem as engrenagens do poder: o
povo.
- De acordo com Gramsci, Maquiavel
propôs-se a revelar como funcionam
os bastidores do poder.
- Ao
analisarmos Maquiavel
sob a ótica Gramsciana é
preciso observar:
* Para Maquiavel o
governante pode ser temido,
deve ser amado e jamais
odiado;
* “O príncipe não deve ter
grande medo de conspirações
se o povo for seu amigo, mas
se o povo não for seu amigo e,
pelo contrário, o odiar, deve
temer todos e todas as
ocasiões”;
* “Repetirei apenas ser
necessário que um príncipe se
faça amar pelo seu povo, porque
do contrário não terá nenhum
remédio nas suas adversidades”;
* “Convém que se cumpra
sempre o que resolver e seja
íntegro nas suas resoluções”;
- O que acontece na realidade é que os
políticos em geral só olham na obra de
Maquiavel o que interessa a eles.
- É preciso mudar a visão sobre
Maquiavel, de que seus ensinamentos
são totalmente desfavoráveis ao homem
comum.
- É importante lê-lo. Estudá-lo.
Esquadrinhá-lo, como dizia o psicólogo
Michel Foucault.
John Locke (1632-1704)
-
Filósofo inglês,
iniciador do
iluminismo.
 - Foi a partir de
suas idéias que se
constituiu as bases
do Estado-Nação
na Inglaterra.
- Foi um defensor apaixonado
das idéias liberais, considerado
o pai do liberalismo,
representante da burguesia
emergente, que preiteava a
conquista do poder do Estado.
- Se para Hobbes os homens são
naturalmente maus, para Locke, em
uma visão completamente diferente
defende que o homem nasce como
umas folhas de papel em branco,
aonde vão ser inscritos os traços de
sua personalidade a partir das
experiências concretas que este
vivencia em sociedade, não sendo,
portanto, bom ou mau por natureza,
mas sim inteligente
- Para Locke o que caracteriza o
homem é sua capacidade racional, e
partindo desta concepção vai defender
suas idéias liberais.
- A inteligência leva o homem a
transformar a natureza através do
trabalho, e este se materializa em
propriedade. Quer dizer: quanto mais o
homem usa seu potencial de
inteligência através do trabalho, mais
proprietário ele é.
- Porém, segundo Locke, nem todos
os homens utilizam sua inteligência,
para através do trabalho, adquirir
propriedades. Alguns tentam
apropriar-se da propriedade alheia,
colocando-a sob ameaça.
- Daí a necessidade de se criar o
Estado, cuja finalidade central vai
ser garantir a propriedade.
- Além de garantir a propriedade
privada, o Estado tinha a função
também de garantir as liberdades
fundamentais
dos
homens,
principalmente, em relação à livre
iniciativa dos empreendedores.
- Diferentemente do Estado
hobbesiano, onde os homens eram
transformados em súditos, que
deveriam servi-lo, o Estado que
advém do pacto social defendido
por Locke é um Estado a serviço
dos cidadãos, daí a máxima dos
liberais: “Menos Estado e mais
mercado”.
- O Estado defendido por Locke é:
Divisível – porque o poder do Estado
deve estar em mãos diferentes (executivo,
legislativo e judiciário), pois do contrário
seria um poder tirânico, despótico.
 * Revogável - porque o Estado deve estar
a serviço dos cidadãos. Se quem estiver
dirigindo o Estado abusar do poder é
legítimo aos cidadãos tira-lo do mesmo.
 * Democrático – porque o Estado deve
representar o interesse dos cidadãos.
*
- Segundo Locke, o Estado é um mal
necessário, que deve restringir-se ao
necessário, sem intervir nas relações
que já funcionavam bem antes do
próprio Estado, qual seja: a tríade:
Razão – Trabalho – Propriedade.
- Compreender esta tríade que
fundamenta o pensamento de Locke, é
imprescindível para a solidez ideológica
do pensamento liberal que conforma
nossa sociedade:
* A propriedade é um direito natural, que já
existia antes do Estado. O trabalho é o
único meio legítimo de adquirir propriedade,
que sendo resultado da fadiga física e/ou
intelectual, é considerada uma extensão do
corpo do proprietário. A partir desta
compreensão Locke vai defender a idéia
que aquele que ameaça a propriedade está
ameaçando a vida do proprietário e, neste
sentido a reação do agredido caracteriza-se
por legítima defesa, sendo legítimo matar o
agressor, mesmo que este tente apropriarse de um casaco ou um cavalo.
* O indivíduo é responsável exclusivo
pelo seu êxito ou fracasso social, pois se
todos são dotados de inteligência e,
portanto, de capacidade de trabalho, que
é o meio de adquirir legitimamente
propriedade, aqueles que têm mais
propriedade é porque usaram mais e
melhor do seu potencial de inteligência.
Os que não têm propriedades é porque
não utilizaram sua inteligência e, portanto,
trabalharam menos.
Jean-Jaques Rousseau (1712-1778)
- Foi um filósofo
Suíço, escritor,
teórico político e um
compositor musical
autodidata.
- Foi uma das
figuras marcantes do
Iluminismo Francês.
- Rousseau foi um pensador
profundamente preocupado
com a desigualdade social,
suas idéias são anticapitalista e considerado um
antecessor do Socialismo e
comunismo.
- Foi um dos primeiros
autores modernos a atacar
a propriedade privada.
- A sua principal abra “O Contrato
Social” reflete sobre os meios
através dos quais os homens
poderiam caminhar para uma
sociedade igualitária e livre.
- Rousseau concebia os homens
como naturalmente bons e
generosos, e corrompida pelo
acúmulo de propriedade nas mãos
de poucos.
- Afirmava Rousseau que o
problema crucial dos homens
começou, quando, ainda no
estado de natureza, o primeiro
homem fez uma cerquinha e
afirmou que aquela área era sua,
e encontrou ao seu redor,
homens suficientemente
ingênuos para aceitar tal
afirmação.
- Propõe a ruptura com a
sociedade fundada sobre o
acúmulo de propriedades nas
mãos de poucos, através de um
Contrato Social, onde todos os
homens fariam a alienação total,
ou seja, os homens associados
voluntariamente doariam suas
propriedades para serem
redistribuídas, permitindo a todos
a propriedade necessária e
suficiente para uma vida digna.
- Para Rousseau, os homens
proprietários fariam a doação
voluntariamente
porque
acreditava que a natureza do
homem é boa e generosa, e ser
bom e generoso é sempre selo
em relação ao outro. Ninguém é
bom e generoso para si, pois
então ele não é bom, ele é
egoísta. Portanto, ser bom e
generoso é um ato que exige o
outro e que se realiza na relação
- Rousseau não pretendeu fazer
revolução com as teses do
Contrato Social, mas postular as
condições constitucionais ideais
da sociedade justa.
- Segundo Rousseau, com o
Contrato Social os homens
resgatariam a plenitude da sua
essência boa e generosa.
- Somente a partir deste
contrato, é que pode surgir um
novo Estado governado pela
Vontade
Geral,
que
para
Rousseau, não é a soma das
vontades individuais, ela reflete
interesse comum que é muito
mais amplo e superior à mera
soma das vontades particulares.
-
Rousseau
questionou
a
suposição de que a maioria está
sempre correta e argumentou
que o objetivo do Estado deveria
ser assegurar a liberdade,
igualdade e justiça para todos,
independentemente da vontade
da maioria.
A Vontade Geral é então
Absoluta, porque não tem
limites, pois ninguém tem
mais poder do que a vontade
que resulta do interesse
comum de todos os homens.
Suas
decisões
são
soberanas.
-
- Para Rousseau, o
Estado, que resulta do
Contrato Social, é um
Estado regido por uma
democracia radical, direta,
na qual os homens podem
delegar
o
poder
de
representar a decisão da
Vontade Geral, porém,
jamais, a própria vontade.
A história é um labirinto.
Acreditamos saber que
existe uma saída, mas não
sabemos onde está. Não
havendo ninguém do lado
de fora que nos possa
indicá-la, devemos
procurá-la.
(Norberto Bobbio, 19092004))
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