FILOSOFIA POLÍTICA MAQUIAVEL – AULA 1 Maquiavel não admite um fundamento anterior e exterior à política (Deus, natureza, razão). “Toda cidade está dividida em dois desejos opostos: o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o do povo de não ser oprimido nem comandado.” 1 A cidade é tecida por lutas internas que a obrigam a instruir um pólo superior que possa unificá-la e darlhe identidade. Esse pólo é o PODER POLÍTICO. 2 A finalidade da política não é, como dizia os pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o bem comum, mas como sempre souberam os políticos, isto, é, A TOMADA E MANUTENÇÃO DO PODER. 3 O príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder e que, por isso, jamais se alia aos grandes, pois estes são rivais e querem o poder para si, mas deve aliar-se ao povo, que espera do governante a imposição de limites ao desejo de opressão e mando dos grandes. 4 A política não é a lógica racional da justiça e da ética, mas a LÓGICA DA FORÇA TRANSFORMADORA DO PODER E DA LEI. 5 NÃO AO PRÍNCIPE VIRTUOSO COM AS MORAIS CRISTÃS Maquiavel recusa a figura do Bom Governo. O príncipe precisa ter virtú, mas é propriamente política, referido- se às qualidades dos dirigentes para tomar e manter o poder, mesmo que para isso, tenha que usar a violência. 6 “Creio que isto [a usurpação de um principado] seja conseqüência de serem as crueldades mal ou bem praticadas. Bem usadas se podem chamar aquelas (se é que se pode dizer bem do mal) que são feitas, de uma só vez, pela necessidade de prover alguém à própria segurança, e depois são postas à margem, transformando-se o mais possível em vantagem para os súditos. Mal usadas são as que, ainda que a princípio sejam poucas, em vez de extinguirem-se [as crueldades], crescem com o tempo... “ MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 38. Coleção .Os Pensadores.. 7 A tradição afirmava que o governante devia ser amado e respeitado pelos governados. Maquiavel afirma que o príncipe não pode odiado. Isso significa, que o príncipe deve ser respeitado e temido – o que só é possível se não for odiado. 8 O poder do príncipe deve ser superior ao dos grandes e estar a serviço do povo. O príncipe pode ser monarca hereditário ou por conquista; pode ser todo um povo que conquista, pela força, o poder e o exerce democraticamente. 9 Qualquer um desses regimes políticos será legítimo se for uma REPÚBLICA e não um despotismo ou tirania.Isto é, só é legítimo o regime no qual o poder não está a serviço dos desejos e interesses de um particular. 10 A virtú é a capacidade do príncipe para ser sempre FLEXÍVEL às circunstâncias, mudando com elas para agarrar e dominar a fortuna. Um príncipe que age sempre da mesma maneira fracassará e não terá virtú alguma. 11 Para ser senhor da sorte ou das circunstâncias deve mudar com elas, e com elas, ser volúvel e inconstante, pois somente assim saberá agarrálas e vencê-las. 12 O ETHOS OU CARÁTER DO PRÍNCIPE DEVE VARIAR. Em certas circunstâncias, deverá ser cruel, em outras generoso; em certas ocasiões deverá mentir, em outras ser honrado; em certos momentos, deverá ceder à vontade dos outros, em algumas, ser inflexíveis. 13 A fortuna é sempre favorável a quem souber agarrá-la. Oferece-se como um presente a todo aquele que tiver ousadia para dobrá-la e vencê-la. Essa ousadia para mudar de atitude e de comportamento é a verdadeira prudência principesca, senhora da fortuna. 14