Direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento na Educação Básica e no Ensino Religioso: Diálogos entre saberes populares e científicos na pesquisa investigativa. Prof. Lana Fonseca (UFRRJ) A escola e, em especial, o Ensino de Ciências e Biologia, trabalham com uma lógica única de conhecimento. VERDADE CIENTÍFICA CONCEPÇÃO DE REALIDADE Na escola: CONHECIMENTO FRAGMENTAÇÃO COMPROVAÇÃO DISSOCIAÇÃO ESCOLA: APROPRIAÇÃO DO DISCURSO CIENTÍFICO CIÊNCIA MODERNA RAZÃO MÉTODO EXPERIÊNCIA “ A ciência é uma produção humana, marcada geograficamente, temporalmente e como tal, com característica de algo que, ao ser produzido por nós, seres humanos, carrega, em si as nossas especificidades” “ O sucesso social da ciência representa, portanto, paradoxalmente, o maior risco para ela, visto que a reconduz ao plano do mito que ela pretende superar” (CHRETIEN, 1994). FORMAÇÃO DE PROFESSORES - Baseada exclusivamente na lógica científica - Dissociação da realidade - Despreparo para o trabalho com os conhecimentos populares CIÊNCIA E RELIGIÃO NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO EMOÇÃO X RAZÃO: expulsão do Divino na construção da realidade. “ Deus perde o controle da natureza (expulso por Darwin), o controle da história (expulso por Marx), o controle da consciência (expulso por Freud) e, por fim, tem sua morte proclamada por Nietzsche. Corrigindo Nietzsche, poderíamos dizer que, na verdade, o mundo moderno não matou Deus, mas, com certeza, o despediu de todos os seus empregos” (MODESTO, 1996). Como surgiu a vida no Planeta Terra? “Deus disse: Que se faça a luz.” TEORIA DA SECULARIZAÇÃO X PENSAMENTO SINCRÉTICO (PARKER, 1996) DIÁLOGO: conflito saudável de saberes CONHECIMENTOS RELIGIOSOS X CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS ESCOLA O conhecimento produzido nos espaços religiosos entra na escola pública, senão pela porta da frente – através de leis, decretos ou normas curriculares – pela janela, através da religiosidade dos alunos, dos professores, da equipe de direção e, muitas vezes, nas aulas, por meio das temáticas trabalhadas. Preconceito de saberes (Fonseca, 2005) Racismo epistêmico (Oliveira, 2013) “Ah! Mas como é que você pode comprovar? Bom, os cientistas pesquisaram e chegaram a isso. Se você não concorda ou se você quer bater o pé, é esse ponto de vista. Então só posso dizer pra você que vá pesquisar, vai ser biólogo e vai provar que isso tudo é mentira(...)” Direitos a aprendizagem e ao desenvolvimento: saberes, conhecimentos, vivências, experiências e atitudes constituemse em referências organizadoras da ação educativa Ao reconhecimento da pluralidade das práticas culturais próprios dos grupos, de forma a proporcionar o diálogo entre estas e as práticas culturais próprias da escola, bem como, com a diversidade de valores, crenças e atitudes compatíveis com princípios democráticos que favoreçam a ampliação de sua visão e leitura de mundo. Ao reconhecimento e à valorização de seus conhecimentos, saberes e diferentes formas de representação e expressão, proporcionando um permanente diálogo entre estes e a experiência escolar, de forma a ampliá-los e ressignificá-los. À compreensão, apropriação e ao uso de várias formas de linguagem, favorecedoras de diferentes práticas sociais, expressões estéticas, científicas, tecnológicas, culturais e políticas, pelo domínio de seus códigos e de sua significação social. Ao conhecimento, à apreciação, à valorização, à fruição e à preservação de patrimônios socioculturais e naturais, locais, nacionais e mundiais. À apropriação de conceitos e procedimentos de diferentes tradições do conhecimento humano que permitem operar com os dados da realidade, de modo a produzir significados e relações que ampliem a compreensão de mundo e a possibilidade de intervenção em diferentes contextos. À compreensão da historicidade como forma de desnaturalização das condições de produção, de validação dos conhecimentos - materializados em suas expressões culturais, estéticas, políticas, científicas, tecnológicas e religiosas - e de possibilidades de interpretação e produção de sentido. Ao exercício da reflexão crítica, entendida como o pensar sobre si em relação ao outro e acerca das identidades, crenças, atitudes e valores socialmente compartilhados, frente aos dilemas éticos da contemporaneidade. Às experiências e conhecimentos que possibilitem o desenvolvimento de práticas reflexivas orientadas ao cuidado de si, como resultado do compromisso com o outro, com o ambiente e com os demais territórios que compartilham. “A CRISE DE COMPREENSÃO É NOSSA” (MARTINS, 1989 E VALLA, 1996) “ VOCÊ QUER O FATO CIENTÍFICO OU O QUE EU REALMENTE ACREDITO?” “DE ONDE VEM A CÉLULA? GÊNESIS: E DEUS DISSE QUE SE FAÇA A VIDA?” “ OS CIENTISTAS DESCOBREM PISTAS E AS SEGUEM. QUANDO FALTA ALGUMA COISA ELES USAM A IMAGINAÇÃO E TAMBÉM DÃO SUAS OPINIÕES”. EXCLUSÃO DE CONHECIMENTOS CONHECIMENTO CIENTÍFICO PRECONCEITO DE SABERES “É, origem da vida e evolução não é um tema que você possa se aprofundar muito. É só uma visão geral. Então eu passo o texto, passo o exercício e depois eu passo umas pesquisas pegando tópicos pra complementar, pra aprofundar, porque não dá pra entrar muito em detalhe (...) mas eles fazem uma confusão tão grande.” “ Origem da vida e evolução eu só dou um pincelada no final do ano, justamente para não dar confusão.” “Tem o fato científico de que éramos amebas que com o passar do tempo foi se transformando e se desenvolvendo até chegar no que somos hoje. Eu não acredito nisso, mas já que todos falam.” “A vida surgiu a partir de células microscópicas e o ser humano a partir da evolução dos primatas.” “A Terra surgiu de uma explosão e sua estrutura surgiu do magma resfriado. A vida surgiu com a ajuda de Deus e o ser humano apareceu depois da evolução do macaco (primata antigo).” ESCOLA DUPLA DIALOGICIDADE Paulo Freire CIRCULARIDADE Carlo Ginzburg RUPTURA EPISTEMOLÓGICA Boaventura de Sousa Santos DIÁLOGO GLOBAL ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO NA ESCOLA E NAS SALAS DE AULA “Questões sobre a realidade e seu conhecimento e a formação de visões de mundo racionais, precisam vir à tona (...) O resultado final é o de uma mente crítica, capaz de resistir a qualquer doutrinação cega, seja do lado de uma ou outra disciplina do currículo escolar, ou do lado de interesses de lideranças religiosas” (CRUZ, 2004). CONSTRUÇAO COMPARTILHADA DO CONHECIMENTO CONFLITO SAUDÁVEL DE SABERES DIÁLOGO GLOBAL Espaços religiosos como espaços de educação não-formal -Igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais: conhecimentos sobre saúde e origem da vida e evolução - Terreiros de Umbanda e Candomblé como espaços de ensino-aprendizagem de conhecimentos biológicos: ensino de botânica, origem da vida e evolução, ensino de zoologia. - Santo Daime: conhecimentos de educação ambiental, botânica, fisiologia humana.