Abordagem Quantitativa e Qualitativa em Saúde: Quando Adotar? Prof. Dra. Elizabeth Teixeira INTRODUÇÃO “Não podem existir cientistas que não possam ver que os melhores caminhos-métodos serão aqueles que abordem mais adequadamente seu objeto de estudo, e tudo aquilo que nos ajuda na abordagem deve ser respeitado. Haverá, sim, métodos melhores, dependendo do objetivo que nos propusermos. Mas não em termos absolutos. Não cabem dogmatismos e preferências metodológicas, mas sim indicações para o método, qualquer um que seja” (TURATO,2003,p.29) PARA QUE PESQUISA QUANTITATIVA?... DEVE SER UTILIZADA COMO ABORDAGEM DE PESQUISA QUANDO O PROBLEMA FORMULADO TIVER INTENÇÃO DE SABER: •Qual a relação entre variáveis (qual a relação entre idade, sexo e presença de violência); •Qual a causa (o que causa o alcoolismo?); •Qual o efeito ou consequência (qual o efeito da poluição do ar sobre crianças entre 0 e 6 anos?); •Qual a incidência (qual o número de casos novos de hiv em belém em 2003?); •Qual a prevalência (qual o número de casos de dst em belém entre janeiro a junho de 2003?); As orientações da equipe de saúde no pré- operatório de cirurgias toráxicas CONTRIBUEM PARA A DIMINUIÇÃO do tempo de permanência hospitalar do cliente? Na prevenção da infecção urinária em clientes hospitalizados QUAL É A INFLUÊNCIA dos procedimentos de proteção universal utilizados pela equipe de saúde? A terapeutica intensiva da equipe de saúde relativa a higiene REDUZ A INCIDÊNCIA de escaras de decúbito? Alguns Problemas de Pesquisa na Área da Saúde e os Métodos Aplicáveis Problemas Métodos Qual a acurácia dos testes diagnósticos? Pesquisa clínica de avaliaçào diagnóstica Quais as anormalidades que caracterizam as doenças? Pesquisa clínica diagnóstica transversal, ou estudo de caso, ou história natural da doença Quais são os prognósticos? Pesquisa Longitudinal de avaliação terapêutica. Quais as estratégias de prevenção? Pesquisa Profilática Quais as estratégias de cura? Pesquisa Terapêutica Quais as causas da doença? Pesquisa Etiológica Qual a frequência da doença? Pesquisa Descritiva Transversal Qual a evolução da doença na população? Pesquisa Epidemiológica Longitudinal A Formulação de Hipóteses Hipótese Geral: Há relação entre características individuais do cliente diabético e a eficácia da execução do plano de autocuidados. Hipóteses Operacionais: Quanto maior é o nível de escolaridade do cliente, maior é a eficácia da execução do plano; Quanto mais jovem, maior é a eficácia da execução do plano; Quanto maior é a idade, maior é a eficácia do plano Variáveis e sua operacionalização Podem ser representadas por indicadores: Geográficos: tempo médio para ir à UBS Econômicos: custos da assistência Culturais: conhecimentos relativos à assistência, percepção da necessidade de cuidado Podem ser classificadas em grupos: Independentes: quem influencia (causa) Dependentes:quem é influenciado (efeito) Intervenientes: a ação a ser experimentada Tipos de Estudos OBSERVACIONAIS: Verificação das hipóteses sem intervenção ou testagem no campo EXPERIMENTAIS: Testagem das hipóteses com intervenção no campo: # Grupo Controle/Grupo Experimental # Pré – Teste e Pós -Teste Universo e Amostragem AMOSTRA RANDOMIZADA NÃO INTENCIONAL É definida a partir de uma população/universo com significância estatística A coleta de dados só conclui quando toda a amostra é atingida. A Coleta e Análise dos Dados Para a COLETA DE DADOS: os intrumentos são estruturados (testes,questionários, formulários, roteiros) e devem ser validados por juízes (especialistas) e/ou testados em amostras (com no mínimo 10 elementos) antes de serem aplicados. Para a ANÁLISE DOS DADOS obtidos, estes devem ser submetidos à análise estatística e apresentados em gráficos e/ou tabelas. PARA QUE PESQUISA QUALITATIVA? DEVE SER UTILIZADA COMO ABORDAGEM DE PESQUISA QUANDO O PROBLEMA FORMULADO TIVER INTENÇÃO DE SABER: •Qual a percepção (qual a percepção dos clientes sobre o cuidado recebido em uma UTI?); •Qual o significado (o que significa para a mãe ter um filho hemofílico?); •Qual o processo, trajetória, percurso (quais aspectos caracterizam a trajetória de gestantes HIV+ ?); •Quais os saberes, conhecimentos (que saberes as mães tem sobre imunização da criança de 0 a 1 ano?); •Quais as práticas (o que fazem hipertensos para controlar a pressão?) Alguns Problemas de Pesquisa na Área da Saúde e os Métodos Aplicáveis Problemas Métodos O que significa ser paciente oncológico? Pesquisa Fenomenológica Quais as crenças, tabus e mitos sobre doação de sangue? Pesquisa Etnográfica Qual a dinâmica do trabalho cotidiano da equipe da emergência? Pesquisa Etnometodológica Quais as representações sociais sobre transplante entre os pacientes? Teoria das Representações Sociais Como crianças com leucemia convivem com a doença? História de Vida Que estratégias educativas repercutem no cuidado de saúde? Investigação-Ação Que saberes sobre infecção são construídos/negociados entre mães e equipe de saúde? Método Criativo Sensível Sociopoética Tipos de Estudos DESCRITIVOS: Resposta as questões norteadoras sem intervenção no campo PARTICIPATIVOS: Resposta as questões norteadoras com intervenção no campo: # Pesquisa Participante # Pesquisa-ação Sujeitos do Estudo AMOSTRA NÃO RANDOMIZADA INTENCIONAL A escolha será com base em critérios de inclusão e exclusão A coleta de dados será encerrada quando se atingir o ponto de saturação. A Coleta e Análise dos Dados Para a COLETA DE DADOS, as técnicas são abertas ou semi-estruturadas (entrevistas, observação, grupo foco, dinâmicas de criatividade, técnicas sociopoéticas, etc.) Para a ANÁLISE DOS DADOS obtidos, estes devem ser submetidos à análise de conteúdo ou de discurso e atravessarem o capítulo de resultados. Apresentando a Conclusão “Fecha-se sobre o começo” Retomada do problema inicial e sua resposta; As contribuições obtidas; O resultado global; Avaliação de seus pontos fortes e fracos; Atenção aos objetivos; Futuros planos: sugestões e recomendações. Para refletir… “A consciência da complexidade faz-nos compreender que nunca poderemos escapar à incerteza e que nunca poderemos ter um conhecimento total: ‘a totalidade é a não verdade’. Estamos condenados ao pensamento incerto, a um pensamento cheio de vazios, a um pensamento que não tem qualquer fundamento absoluto de certeza. Mas somos capazes de penar nessas condições dramáticas” (MORIN,1990,p.47) Bibliografia LEOPARDI, M.T. Metodologia da pesquisa em saúde. Santa Maria: Pallotti, 2001. MINAYO, M.C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 2006. MORIN, E.Ciência com consciência. São Paulo: Martins Fontes, 1990. OLIVEIRA, T. de F.R. Pesquisa biomédica. São Paulo: Atheneu, 1995. TURATO, E.R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa. Petrópolis: Vozes, 2003.