Clínica Médica – Bandeira Científica 2010 -Dor crônica - Lombalgia - Osteoartrite - Cefaléia - Asma - DPOC Maria Helena Favarato DOR CRÔNICA Dor Aguda Mecanismo adaptativo de sobrevivência Alerta para lesão tecidual Causa: estímulos nocivos em estruturas somáticas ou viscerais Ansiedade Dor Crônica Início como dor aguda Mecanismos complexos cronificam Torna-se processo patológico Causas: Patologias crônicas Disfunção SNC Fenômenos psicopatológicos Gera estresse físico, emocional e ônus social e econômico Depressão Iatrogenias Dor crônica NÃO é dor aguda prolongada Fisiopatologia da dor crônica é diferente da aguda, levando a - Sensibilização - Redução do limiar doloroso (hiperalgesia) - Alodínea Ativação receptores NMDA coluna Aumento condutância de Ca+2, ativação de quinases, 5HT, BDK, PGs Ativação da NOs Teoria da Cebola Acidente de carro, lesão cervical em chicote LESÃO TECIDUAL NOCICEPÇÃO Sente-se tão mal que não consegue dormir ou comer e fica irritável AFETO Não consegue trabalhar, sair, fazer o serviço de casa, não consegue... SOCIAL Insiste em usar o colar cervical, visitou 4 médicos em busca do diagnóstico correto, o álcool alivia a dor... COMPORTAMENTO A dor crônica é multifacetada - A nocicepção é diferente - O humor está alterado - Comportamento modificado - Função prejudicada A abordagem deve ser individualizada Dor crônica, a doença -Dor prolongada, sem doença subjacente que a justifique nem sua intensidade - Dor sem valor biológico aparente que persiste além do tempo de recuperação de um tecido normal (geralmente 3 meses) Etiologia -Trauma - Câncer e seu tratamento - Infecção - Doenças inflamatórias - Alterações biomecânicas - Causas funcionais - Idiopáticas >50% pacientes oncológicos Lombalgia Lombalgia associada a doenças graves Neo, fratura, infecção MEG, perda de peso, febre inexplicada Cauda equina: anestesia em sela, esfíncteres, déficit neurológico progressivo e grave em MMII, alterações da marcha Alterãções múltiplas no exame neurológico Febre História de trauma Constirtucionais – hiporexia, perda de peso Neurológica – cauda equina, radiculopatia Patologia não espinhal, eg massa abdominal pulsátil Anamnese Aguda x Crônica >90% melhora em duas semanas 3m Diferenciar crônica de aguda recidivada, com períodos intercríticos Ritmicidade – Inflamatória x Mecânica Sinais de alarme Situação trabalhista – acidente, litígio, reivindicação de indenização ou aposentadoria Irradiação acima x abaixo joelhos Trajeto radicular Anamnese Fatores de melhora x piora Claudicação à marcha Início súbito, trauma, progressiva EVA Perímetro de marcha Anamnese Sintomas não orgânicos Culpar outros pela sua situação Situação negativa trabalho, social Sensibilidade superficial em território não dermatomérico Melhora com distração Não explicado anatomicamente Reação exagerada à dor Exame Clínico Marcha Marcha ponta pés – S1 Marcha calcanhares – L5 Reflexo patelar Lasègue Inspeção estática Quadril, joelho, tornozelo, MS, Abdome Mobilidade 4 planos Deitar de bruços Reflexo aquileu Babinski Palpação da musculatura posterior Nível sensitivo Palpação apófises Fatores Associados Idade Sexo Peso Atividade laboral Gestação Ansiedade e depressão Etiologia Alterações degenerativas Hérnia de disco Doenças infecciosas: TB, osteomielite Neoplasias: MM, metástases Trauma, fratura Associação com radiculopatia Dor em MI é unilateral e pior que a dor lombar Irradiação para perna e artelhos Parestesias Sinais de irritação radicular Alterações motoras, sensitivas e reflexas limitadas a uma raiz nervosa Prognóstico razoável: 50% melhora em 6 sem. Em geral, não é necessário encaminhamento ao especialista em 4 semanas Orientar paciente, que recuperação pode ser mais demorada Recuperação integral x recidivas Cefaléia Sintoma, que pode ter várias causas subjacentes Primárias e Secundárias – a cefaléia é a própria doença x doença que se manifesta como dor no segmento cefálico Anamnese Tempo de dor Características da dor Irradiação Fatores desencadeantes Fatores de melhora e piora Cefaléias Primárias Migrânea Cefaléia tensional Cefaléia em salvas e outras cefaléias trigêmino-autonômicas Outras cefaléias primárias Critérios Diagnósticos: Enxaqueca sem aura Pelo menos 5 episódios Duração 5 – 72h 2 de 4: Unilateral Pulsátil Moderada a severa Agrava com atividade física de rotina Pelo menos um de: Náuseas e/ou vômitos Foto e fonofobia Sem evidência de doença orgânica subjacente Critérios Diagnósticos: Cefaléia Tensional Pelo menos 10 episódios Duração 30min a 7 dias 2 de 4: Bilateral Em pressão ou aperto – não pulsátil Leve a moderada – não impede as atividades Não agrava com atividade física de rotina Sem náuseas ou vômitos Ou foto ou fonofobia, mas não ambos Sem evidência de doença orgânica subjacente Critérios Diagnósticos: Cefaléia em Salvas Pelo menos 5 episódios Dor orbitária, supraorbitária e/ou temporal que dure 15 a 180min Pelo menos um de: Hiperemia conjuntival Lacrimejamento Congestão nasal Rinorréia Sudorese facial Miose Ptose Edema palpebral Inquietude ou agitação Sem evidência de doença orgânica subjacente Causas secundárias – Tratamento específico Hemorragia meníngea HAS Meningite Cervicogênica Encefalite Infecção parameníngea Abscesso Dissecção arterial Pseudo-tumor Arterite temporal Neoplasia Glaucoma de ângulo agudo Intoxicação CO AVC Cefaléia Iatrogênica em idosos Sedativos Estrógenos Estimulantes Sildenafil AINH QT Vasodilatadores ATB Hipotensores Broncodilatadores Antiarrítmicos Bloqueador H2 Cefaléia que deve ser investigada com exames complementares Aumento da frequência e intensidade Cefaléia que acorda o paciente no meio da noite Não preenche critérios de primária Alteração neurológica História de tontura, incoordenação ou alteração focal como parestesia Crise convulsiva Papiledema Tratamento profilático das cefaléias Horário fixo para dormir e acordar na maioria dos dias da semana Exercício físico 4x/semana, 30 min Alongamento muscular Dieta Para enxaqueca: > 2 a 3 crises/mês Intensidade incapacitante Aspectos relacionados e resposta e tolerabilidade do tratamento agudo Início previsível das crises Tratamento profilático da enxaqueca - Opções Beta-bloqueadores Antidepressivos tricíclicos Antagonistas da serotonina Bloqueadores canais cálcio Anticonvulsivantes neuromoduladores Miscelânia: fitoterapia, vitaminas Cefaléia Tipo Tensional Medidas gerais Orientar quanto ao caráter frequente e não incapacitante das formas episódicas Orientar quanto ao uso frequente de analgésicos Técnicas alternativas – exercícios, atividade sexual, relaxamento, fisio Acompanhar frequência das crises para avaliar profilaxia Antidepressivos tricíclicos Relaxantes musculares Analgésicos nunca mais de 2x/semana OSTEOARTRITE Osteoartrite Doença articular mais comum, uma das doenças crônicas mais prevalentes: 70% OA radiográfica no quadril em >65a 27 milhões de americanos, 12% população 25-75a Embora degenerativa e fortemente relacionada à idade, não faz parte do envelhecimento normal Fisiopatologia Lesão da cartilagem articular Acompanham: alterações morfológicas da articulação, esclerose óssea, colapso cápsula articular, atrofia muscular e graus variáveis de sinovite Osteofitos: Neossíntese óssea nas margens ou faces articulares Fatores de risco: idade, gênero, etnia, ocupação (traumas repetitivos, superuso), obesidade, trauma articular, doenças ósseas ou articulares, mutações do colágeno Primária: mais comum Não existe suprimento nervoso para a cartilagem. Dor vem da inflamação da sinóvia, hipertensão medular, microfraturas do osso subcondral, stretching de terminações nervosas, alterações ligamentares e musculares Diagnóstico Clínico + radiológico Clínica Dor articular, perda de função, instabilidade articular, fraqueza muscular periarticular e fadiga Perda ADM primeiro por dor e depois por desuso Dor que tipicamente piora com atividade e carga e melhora com repouso Rigidez Exame Clínico Dor Deformidades, nódulos Crepitação Limitação ADM Inflamação Tratamento Analgesia Manutenção e/ou melhor da mobilidade articular Melhora da capacidade funcional e qualidade de vida Fortalecimento muscular Curso de antiinflamatórios Condroprotetores Viscossuplementação REDUÇÃO DA CARGA Asma Perda diagnóstica Não detecção pacientes Pacientes não procuram atendimento médico Falta de acesso ao serviço de saúde Erro diagnóstico Definição atual Afecção inflamatória crônica das vias aéreas Infiltração de mastócitos, eosinófilos e linfócitos Hiperresponsividade vias aéreas Episódios recorrentes de sibilância, tosse ou dispnéia Limitação ao fluxo aéreo difusa, variável e frequentemente reversível Fatores de Risco INFLAMAÇÃO Sintomas Hiperresponsividade vias aéreas Fatores de exacerbação Limitação ao fluxo aéreo Alterações Patológicas Fatores de Risco para o Desenvolvimento de Asma Fatores predisponentes Atopia Fatores causais Alérgenos domésticos Fatores Contribuintes Infecções respiratórias Ácaro doméstico Baixo peso ao nascer Animais Dieta Barata Fungos Alérgenos ambientais Pólen, fungo Sensibilizadores ocupacionais Poluição ambientarl Tabagismo Ativo Passivo Diagnóstico de Asma História e padrão dos sintomas Episódios recorrentes de sibilância Tosse, pior à noite e ao acordar Tosse com atividade física Piora sazonal Exame Clínico Melhora com inalação Sibilos, audíveis até sem estetoscopio Dispnéia Roncos, uso de musculatura acessória Hiperexpanão tórax Outros sinais de atopia Medida da função pulmonar Pode ser normal fora das crises Demonstração de obstrução reversível das vias aéreas Objetivos do tratamento Atingir e manter o controle dos sintomas Prevenir episódios de crise Minimizar uso de medicação de alívio Evitar visitas ao serviço de emergência Manter atividades habituais, inclusive exercícios Manter a função pulmonar o mais próximo possível do normal Minimizar efeitos colaterais da medicação Medicação de Resgate Alívio rápido dos sintomas Usada durante as crises agudas Ação dura 4 a 6h ß2- agonista de curta duração: salbutamol, fenoterol Anticolinéricos: brometo de ipratrópio Xantinas Medicação de Base Prevenção das crises Controle da doença a longo prazo Prevenção do remodelamento das vias aéreas Corticosteróides: VO, EV, VI ß2-agonistas de longa duração: salmeterol, formoterol Anti-leucotrienos: montelukast, zafirlukast Xantinas Estabilizadores de mastócitos: cromoglicato de sódio Combinações Utilizar, preferencialmente, a via inalatória Rápido início de ação Menor dose requerida Melhor tolerabilidade Escolha para a fase aguda Dispositivos Educação do paciente Explicar natureza inflamatória e crônica da doença Explicar a ação das drogas prescritas Reforçar necessidade de terapia regular a longo prazo Amenizar medos e preocupações Diários de sintomas Higiene ambiental DPOC DPOC Facts Múltiplas doenças Obstrução parcialmente reversível ao fluxo aéreo 4a causa de morte nos EEUU, 1a de incapacidade Subdiagnosticado e diagnóstico tardio Exacerbações progressivas Cessação tabagismo e suplementação O2 Fisiopatologia Não completamente compreendida Principal gatilho é o tabagismo Inflamação crônica das células da árvore brônquica Estreitamento vias aéreas Edema Produção excessiva de muco Perda da função ciliar Limitação ao fluxo expiratório é o marcador Hiperinsuflação e represamento de ar Modificações caixa torácica Desbalanço V/Q Efeitos vasoconstritores da hipóxia crônica HP ICC dir História Tosse e dispnéia crônicas – pacientes frequentemente atribuem à idade Sibilância Secreção Perda de capacidade funcional Avaliar fatores de confusão – insônia, fadiga, depressão Fatores de risco cardiovascular Frequencia das exacerbações Tratamentos prévios Outras patologias pulmonares, comorbidades História do tabagismo, outras exposições, deficiência alfa-1 AT Exame Clínico Sibilância, secretivos Doença avançada: hiperinsuflação, falência direita, esgotamento muscular, baqueteamento Manejo Clínico Cessação tabagismo Pacientes cronicamente estáveis Exacerbações agudas Estadiamento IV III II I VEF1/CVF <70% VEF1>/= 80% VEF1 <30% ou VEF1 50 – 80% VEF1 30 – 50% <50% com IRpCr Vacinação Influenza; Controle Fatores de risco; Bd demanda Bd longa duração; Reabilitação CE se exacerbações frequentes Cirurgia, O2