Material da Apostila Decisão e outros obras A QUEDA Da minha idéia do mundo Caí Vácuo além de profundo Sem ter Eu nem Ali Vácuo sem si-próprio, caos De ser pensando como ser Escada absoluta sem degraus Visão que não se pode ver Além Deus! Além Deus! Negra Calma. Clarão de desconhido Tudo tem outro sentido, ó alma Mesmo o ter-um-sentido. (Fernando Pessoa) Os signos são verbais quando as coisas em que eles aparecem são palavras e podem ser de duas espécies: verbais orais e verbais escritos. Num texto narrativo-literário os signos verbais aparecem em dois diferentes planos que são: o da escritura constituída de signos verbais grafovisuais e o da narração constituída de signos verbais fonoauditivos. Já os signos não-verbais aparecem num único plano, que é o do enredo, constituído de signos não verbais figurativos ou imagéticos. Ou seja, quando as coisas em que eles aparecem são fenômenos diferentes de palavras ou construções deles derivadas. Podemos dizer que não-verbais são aqueles que, embora manifestos através de outros fenômenos, diferentes de palavras, o papel que desempenham é idêntico ao desempenhado pelas palavras. Linguagem visual é a parte da semiótica/semiologia que se utiliza dos signos nãoverbais para expressar uma informação. O que se pode dizer é que a semiologia da comunicação é, em resumo, “a disciplina que estuda as estruturas semióticas na sua função de comunicação.” (PRIETO 1957 apud SANTANELLA e NÖTH,2004, p.102) Para Joly(2003, p.30) “[...] abordar ou estudar certos fenômenos sob o seu aspecto semiótico é considerar o seu modo de produção de sentido, por outras palavras, a maneira como eles suscitam significados, ou seja, interpretações.” Um exemplo da polissemia de um signo visual pode ser encontrado em um fragmento do texto de Saussure(1974) sobre comunicação visual. “Na ocasião de um passeio, estou fazendo um entalho numa árvore, de mera brincadeira. A pessoa que me acompanha guarda a idéia desse entalho, e é incontestável que ela associa duas ou três idéias a esse entalho desde esse momento, enquanto que eu mesmo não tinha outra idéia do que a de mistificar ou de me divertir. – Toda coisa material é já para nós um signo: quer dizer impressão que nós associamos a outra coisa. [...] A única particularidade do signo lingüístico é a de produzir uma associação mais precisa do que de todo outro, e talvez, veremos que está lá a forma mais perfeita de associação de idéias.” (SAUSSURE, 1974 apud SANTANELLA E NÖTH, 2004, p.88) • O que é então um signo? Joly(2003) afirma que uma imagem é um signo, já que ela exprime e suscita naqueles que a vêem uma atitude interpretativa. Assim sendo, pode-se afirmar que tudo a nossa volta pode ser signo, desde que a partir dele se deduza uma significação dependente da cultura do interpretante e do contexto de sua aparição. Isto tudo só é possível devido a nossa capacidade inteligível de interpretar o mundo que nos rodeia. • Ian Mckellen – Ator que interpretou, os personagens, Gandalf em Senhor dos Anéis e Magneto, em X-men A Escola de Atenas Rafael Sanzio Linguagem: é um fenômeno extremamente complexo, que pode ser estudado de múltiplos pontos de vista, pois pertence a diferentes domínios. É, ao mesmo tempo, individual e social, física, fisiológica e psíquica. Por isso, dizer que a linguagem sofre determinações sociais e também goza de uma certa autonomia em relação às formações sociais não é uma contradição. Língua: é a rede de relações que se estabelece entre um conjunto de elementos lingüísticos. Essas relações dão um determinado valor a cada componente do sistema e permitem selecionar o elemento apropriado para figurar em cada ponto da cadeia da fala e combinar adequadamente esses elementos entre si. O sistema é um conjunto de elementos com uma organização interna, ou seja, com uma estrutura. Discurso: são combinações de elementos lingüísticos (frases ou conjuntos constituídos de muitas frases), usadas pelos falantes com o propósito de exprimir seus pensamentos, de falar do mundo exterior ou de seu mundo interior, de agir sobre o mundo. Fala: é a exteriorização psico-físico-fisiológica do discurso. Ela é rigorosamente individual, pois é sempre um eu quem toma a palavra e realiza o ato de exteriorizar o discurso. O que é um texto? Primeira consideração: o texto não é um aglomerado de frases. Na revista Veja temos um exemplo que demonstra o conceito acima de forma bastante clara. Em uma reportagem sobre um caso de corrupção que envolvia, como suspeitos, membros ligados à administração do governo do Estado de São Paulo (Otávio Ceccato) e dois cidadãos portugueses dispostos a lançar um novo tipo de jogo lotérico, a Raspadinha. Revista Veja de 1º de junho de 1988, páginas 90 e 91: “Na sua posse como secretário de Indústria e Comérico, Ceccato, nervoso, foi infeliz ao rebater as denúncias. “Como São Pedro, nego, nego, nego”, disse a um grupo de repórteres, referindo-se à conhecida passagem em que São Pedro negou conhecer Jesus Cristo três vezes na mesma noite, disse talvez a única mentira de sua vida. (Ano 20, 22:91)” Observações importantes: Em qualquer texto, o significado das frases não é autônomo; Para entender qualquer passagem de um texto, é necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem. Deve-se sempre levar em conta o contexto em que está inserida a passagem a ser lida. * Contexto: uma unidade lingüística maior onde se encaixa uma unidade lingüística menor. Segunda consideração: todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla. Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Revista Veja de 1º de junho de 1988, página 54: CRIME – TIRO CERTEIRO –Estado americano limita porte de armas. "No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hinckley Jr. entrou numa loja de armas de Dallas, no Texas, preencheu um formulário do governo com endereço falso e, poucos minutos depois, saiu com um Saturday Night Special – nome criado na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno, barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz, James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde então está preso a uma cadeira de rodas.(...)” Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte: 1. 2. 3. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente; Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos umas três vezes; 4. 5. 6. 7. 8. 9. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; Voltar ao texto tantas vezes quantas precisar; Não permitir que prevaleçam suas idéias sobre as do autor; Partir do texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão ; Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente; Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; 10. 11. 12. 13. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu; Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa; Quando o autor apenas sugerir a idéia, procurar um fundamento de lógica objetiva; Cuidado com questões voltadas para dados superficiais; 14. 15. 16. 17. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta; Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem; O autor defende idéias e você deve percebê-las; Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantíssimos na interpretação do texto. Ex: Ele morreu de fome. 18. De fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização do fato(=morte de “ele”) Ex: Ele morreu faminto. Faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se encontrava quando morreu; 19. 20. As orações coordenadas não tem oração principal, apenas as idéias estão coordenadas entre si. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Concentre-se no que o texto diz, a interpretação nem sempre é algo livre, ou seja, não se pode interpretar um texto escrito ou imagético da forma que quisermos. Erros de Interpretação: a. b. c. Extrapolação(viagem): Ocorre quando se sai do contexto, acrescentando-se idéias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo-se que um texto é um conjunto de idéias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. Contradição: Não raro, o texto apresenta idéias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conseqüentemente, errando a questão. A. B. C. D. E. F. Ler atentamente todo o texto, procurando focalizar sua idéia central; Interpretar as palavras desconhecidas através do contexto; Reconhecer os argumentos que dão sustentação a idéia central; Identificar as objeções à idéia central; Sublinhar os exemplos que foram empregados como ilustração da idéia central; Antes de responder as questões, ler mais de uma vez todo o texto, fazendo o mesmo com as questões e alternativas; A cada questão, voltar ao texto, não responder “de cabeça.”; H. Se preferir, faça anotações à margem ou esquematize o texto; I. Se o enunciado pedir uma idéia central, ou tema, estará situada na introdução, na conclusão, ou no título; J. Se o enunciado pedir argumentação, esta estará localizada, normalmente, no corpo do texto. G. A cada questão, voltar ao texto, não responder “de cabeça.”; H. Se preferir, faça anotações à margem ou esquematize o texto; I. Se o enunciado pedir uma idéia central, ou tema, estará situada na introdução, na conclusão, ou no título; J. Se o enunciado pedir argumentação, esta estará localizada, normalmente, no corpo do texto. G. A cada questão, voltar ao texto, não responder “de cabeça.”; H. Se preferir, faça anotações à margem ou esquematize o texto; I. Se o enunciado pedir uma idéia central, ou tema, estará situada na introdução, na conclusão, ou no título; J. Se o enunciado pedir argumentação, esta estará localizada, normalmente, no corpo do texto. G. Textos retirados de revistas e jornais de circulação nacional tem preferência. Alguns exemplos: Jornal Folha de São Paulo, Gazeta; revistas como: Veja, Isto é, Época, Exame e etc. Desse modo é importante observar as características fundamentais desses produtos da imprensa. Os mais utilizados são: os artigos, os editoriais, as notícias e as crônicas. Os Artigos: são os preferidos das bancas. Esses textos autorais trazem identificado o autor. Essas opiniões são de expressa responsabilidade de quem as escreveu – chamado aqui de articulista – e tratam de assunto da realidade objetiva, pautada na imprensa. Principais características: é um texto argumentativo, no qual o autor/emissor terá como objetivo convencer o leitor/receptor. Exemplo de artigo: “Os nomes de que quase todas as cidades que chegam ao fim deste milênio como centros culturais importantes seriam familiares às pessoas que viveram durante o final do século passado. O peso relativo de cada uma delas pode ter variado, mas as metrópoles que contam ainda são basicamente as mesmas: Paris, Nova Iorque, Berlim, Roma, Madri, São Petesburgo.” (Nelson Archer – caderno Cidades, Folha de São Paulo, 02/05/99)” Os Editoriais: são opinativos, argumentativos e possuem a mesma estrutura que os artigos. Todos os jornais e revistas têm esses editoriais. Os principais diários do país produzem três textos deste gênero. Geralmente um deles tratará de política; outro de economia; um outro de temas internaicionas. Principais características: a diferença em relação ao artigo é que o autor, o editorialista, não expressa sua opinião, apenas serve de intermediário para revelar o ponto de vista da instituição, da empresa, do órgão de comunicação. As notícias: são autorais, isto é, produzidas por um jornalista claramente identificado na matéria. Possuem uma estrutura bem fechada, na qual, no primeiro parágrafo (também chamado de lide), o autor deve responder às cinco perguntas básicas do jornalismo: Quem? Quando? Onde? Como? E por quê? Principais características: A grande diferença em relação ao artigo e ao editorial está no objetivo. O autor que apenas “passar” a informação, não busca convencer o leitor/receptor de nada. Exemplo de notícia: “O juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, expresidente do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, negou-se a responder à CPI do judiciário todas perguntas sobre sua evolução patrimonial. Ele invocou a Constituição para permanecer calado sempre que era questionado sobre seus bens ou sobre contas no exterior.” (Folha de São Paulo, 05/05/99)” As crônicas: os cronistas não possuem compromisso com a realidade objetiva. Eles retratam a realidade subjetiva. Dessa maneira, Rubem Braga, cronista, jornalista, produziu, por exemplo, um texto abordando a flor que nasceu no seu jardim. Não importa o mundo com suas tragédias constantes, mas sim o universo interior do cronista, que nada mais é do que um fotógrafo de sua cidade. Principais características: aborda muitas vezes o cotidiano. Exemplo de crônica: “Quando Rubem Braga não tinha assunto, ele abria a janela e encontrava um. Quando não encontrava, dava no mesmo, ele abria a janela, olhava o mundo e comunicava que não havia assunto. Fazia isso com tanto engenho e arte que também dava no mesmo: a crônica estava feita. Não tenho nem o engenho nem a arte de Rubem, mas tenho a varanda aberta sobra a Lagoa – posso não ver melhor, mas vejo mais. Otto Maria Carpeux não gostava do gênero “crônica”, nem adiantava argumentar contra, dizer, por exemplo, que os cronistas, uns pelos outros, escreviam bem. Carpeux lembrava então que escrever é verbo transitivo, pede objeto direto: escrever o quê? Maldade do Carpeux. (...) Nelson Rodrigues não tinha problemas. Quando não havia assunto ele inventava. Uma tarde, estacionei ilegalmente o SincaChambord na calçada do jornal. Ele estava com o papel na máquina e provisoriamente sem assunto. Inventou que eu descia de um Rolls Royce com uma loira suspeita, mas equivalente a suntuosidade do carro. Um guarda nos deteve, eu tentei subornar a autoridade com dinheiro, o guarda não aceitou o dinheiro, preferiu a loira. Eu fiquei sem a multa e sem a mulher. Nelson não ficou sem assunto. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 02/01/98)”