Breve História da Semiologia (1) Período Clássico; (2) Período Medieval; (3) Racionalismo; (4) Empirismo Britânico; (5) Iluminismo. Período Clássico Platão: (428/27-347 a. C.) (1) Os signos verbais, naturais ou convencionais, são representações incompletas da verdadeira natureza das coisas; (2) O estudo das ideias nada revela sobre a verdadeira natureza das coisas, uma vez que a realidade das ideias é independente das representações sob a forma de palavras; (3) O conhecimento mediado por signos é indirecto e inferior ao conhecimento imediato, e a verdade sobre as coisas através das palavras é inferior ao conhecimento da verdade em si. Período Clássico (cont.) Aristóteles (384-322 a. C.): “Um nome é um som falado significante por convenção. Eu digo por convenção, porque nenhum nome é natural, mas apenas quando se torna um símbolo”. Signos: (1) Marcas escritas são símbolos de sons falados; (2) Sons falados são signos e símbolos de impressões mentais; (3) Impressões mentais são cópias das coisas; (4) Enquanto os eventos mentais e as coisas são os mesmos para a humanidade, o discurso não é. Período Clássico (cont.) Estóicos (Zenão de Cítio, séc. III a. C.): O signo liga três componentes: (1) o significante material; (2) o significado ou sentido; (3) o objecto externo referente. Enquanto que o significante e o objecto são entendidos como entidades materiais, o significado é considerado incorpóreo. Período Medieval Aurelius Agostinho: Signo: (1) Plano semântico: “um signo é o que se mostra a si mesmo ao sentido, e que, para além de si, mostra ainda alguma coisa ao espírito”; (2) Plano comunicacional: “a palavra é o signo de uma coisa que pode ser compreendida pelo auditor quando é proferida pelo locutor”. Período Medieval (cont.) Para Todorov, Santo Agostinho é o primeiro semiótico: (1) os seus estudos têm propósitos cognitivos; (2) estuda os signos em geral e não apenas os linguísticos. Racionalismo Descartes (1596-1650): (1) negação da zoosemiótica: os animais caracterizam-se, não só pela ausência de linguagem, como pela ausência de razão; (2) axioma das ideias inatas: pressupõe a prioridade do conhecimento intelectual sobre a experiência perceptual; (3) variabilidade dos sons e constância das ideias. Racionalismo (cont.) Leibniz (1646-1716): (1) visão pansemiótica: inclui, nos signos, palavras, letras, símbolos químicos e astronómicos, caracteres chineses, hieróglifos, marcas musicais, algébricas e aritméticas e outros signos que usamos, em vez das coisas, quando pensamos. (2) “Um signo é aquilo que percepcionamos e, por outro lado, consideramos conectado com outra coisa, em virtude da nossa ou da experiência de outrem”; Racionalismo (cont.) (3) os signos são ferramentas úteis e necessárias que servem de abreviatura a concepções semânticas mais complexas que representam. Empirismo Britânico John Locke (1632-1704): Signos (dois tipos): (1) ideias; (2) palavras. Rejeita o axioma das ideias inatas: “as ideias provêm das sensações dos objectos externos”, por reflexão. A mente percepciona e reflecte (cada uma per si). Iluminismo Francês Diderot (1713-1784): (1) Distinção entre signos linguísticos e não linguísticos; (2) Superioridade da linguagem não verbal: a linguagem dos gestos, não é só mais expressiva, mas também mais lógica que a linguagem verbal: no seu ponto de vista, a linearidade da linguagem falada implica uma visão distorcida da realidade. Semiologia / Semiótica Ciência do século XX Pais: Saussure reivindica a ciência “que estudaria em que consistem os signos, que leis os regem”, e propõe a designação “semiologia” (do grego semeion, “sinal”). Charles Sanders Peirce (1839-1914) entendia a Semiótica, enquanto doutrina formal dos signos, apenas como um outro nome da ciência da Lógica. Semiologia (cont.) / Semiótica Peirce e Charles Morris concebem a Semiótica como a ciência das ciências, incluindo todas as demais. “A Semiótica tem uma dupla relação com as ciências: ela é simultaneamente uma ciência entre as ciências e um instrumento das ciências”. Morris Semiologia e Semiótica comparação Contaminadas pelos seus fundadores Eduardo Prado Coelho: (1) ponto de partida: Saussure parte do acto sémico entendido como facto social que, por via do circuito da fala, estabelece uma relação entre, pelo menos, dois interlocutores; Peirce parte da ideia de semiosis, que explana a lógica de funcionamento do signo e que exige a intervenção de uma personagem: o intérprete; Semiologia e Semiótica – comparação (cont.) (2) limites das ciências: a Semiologia confronta-se com limites e existem objectos exteriores ao seu âmbito, o. s., não semiotizáveis: a Semiologia incluise na Psicologia Social; Peirce entende que tudo é semiotizável, pelo que a Semiótica não tem freios; (3) concepção do signo: Saussure perspectiva o signo como entidade psíquica de duas faces – significante e significado – que se condicionam mutuamente; em Peirce, o signo é sobretudo um processo de mediação, que tende para a infinitude. Peirce e os seus Sistemas Triádicos A. Divisão da Semiótica: (1) Pragmática: estuda o sujeito falante, independentemente do código empregue; (2) Semântica: estuda a relação entre os signos e as coisas significadas; (3) Sintaxe: estuda as relações formais entre os signos. Peirce e os seus Sistemas Triádicos (cont.) B. Composição do Signo: a) O signo propriamente dito ou representamen (Morris chamar-lhe-á "veículo sígnico"): é "aquilo que representa"; b) o interpretante ou "imagem mental": é o signo criado na mente de alguém (o "intérprete") pelo representamen; c) o objecto: é aquilo (algo) que é representado, o referente, a coisa. O signo liga-se ao objecto através do interpretante. Peirce e os seus Sistemas Triádicos (cont.) Semiosis ou semiose: criação ininterrupta de significados associados ao signo inicial, possível num indivíduo, o intérprete. Peirce e os seus Sistemas Triádicos (cont.) C. Tipologia dos Signos: (1) Índice: a relação entre o signo e o objecto assenta numa relação de contiguidade, de transitoriedade, em que se observa a passagem de um estado para outro. Ex.º: nuvens que ameaçam chuva (2) Ícone: a relação estabelecida entre o signo e o objecto assenta na semelhança. Dispensa, por isso, a aprendizagem de um código. Ex.º: foto Peirce e os seus Sistemas Triádicos (cont.) (3) Símbolo: a relação entre o signo e o objecto está convencionada, exigindo, para a sua descodificação, uma aprendizagem. “O Homem é mais um ser simbólico do que racional”. Morris Pode dizer-se que o índice antecede, o ícone está presente e o símbolo representa.