J Pediatr (Rio J) 2010;86(6):480-487
Apresentação: Paula Balduíno
Coordenação: Dr. Filipe Lacerda
Hospital Regional da Asa Sul/Materno Infantil de Brasília/SES/DF
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 11 de junho de 2013
Introdução
• Apenas em 40 a 60% das pneumonias o agente
etiológico é identificado.
• Mycoplasma pneumoniae (MP) é um dos principais
agentes etiológicos de pneumonia adquirida na
comunidade.
• O tratamento empírico é baseado nas características
epidemiológicas, clínicas, radiológicas e laboratoriais
associados a determinados microorganismos.
• É necessário incluir o MP no diagnóstico diferencial já
que não responde aos antibióticos habitualmente
usados (betalactâmicos).
Introdução
• Para o diagnóstico de MP são necessários
exames específicos (sorologia e PCR) já que o
microorganismo não cresce nas culturas
habituais de bactérias, não é observado
através de microscopia óptica, não se cora
pelo método de Gram e não é detectado na
bacterioscopia do escarro.
Objetivo
• Descrever o perfil clínico, hematológico e
radiológico das crianças hospitalizadas por
pneumonia causada pelo MP e compará-lo
com aquele cuja pneumonia foi causada por
outros agentes etiológicos.
Método
• Estudo transversal, observacional
• Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória,
Vitória, ES.
• 190 crianças entre 3 meses e 16 anos com
diagnóstico de pneumonia comunitária
radiologicamente comprovada, internados no
período de 2000 a 2005.
Método
• Critérios de inclusão:
– Idade entre 3 meses e 16 anos
– Ambos os sexos
– Pnemonia comunitária
• Critérios de exclusão:
– Doenças neurológicas, mal formações congênitas ,
imunodeficiências
primárias
ou
adquiridas,
cardiopatias, displasia broncopulmonar, neoplasias,
bronquiolite obliterante, fibrose cística e outras
doenças pulmonares crônicas com sequela pulmonar.
Método
• O diagnóstico clínico de pneumonia foi feito
com base nos critérios clínico-radiológicos
propostos pela Organização Mundial de Saúde
(OMS). Definiu-se como pneumonia por MP, a
presença de IgM positivo pelo método de
ensaio imunoenzimático (ELISA).
Método
• Os pacientes foram divididos em dois grupos:
– 95 crianças com pneumonia por MP
– 95 crianças com pneumonia causada por outros
agentes etiológicos
– Posteriormente foi utilizado o escore descrito por
Moreno et al. para a subdividir o grupo 2 em
quadros sugestivos de etiologia bacteriana (n =
75) ou viral (n = 20).
Método
• Para análise das características da pneumonia,
foi utilizado o escore descrito por Moreno et
al.
• Parâmetros do escore: idade, temperatura
axilar, contagem de neutrófilos e bastonetes,
aspecto radiológico.
• Etiologia bacteriana se > = 4 pontos
• Etiologia viral se < 3 pontos
Método
• Para análise das diferenças clínicas,
hematológicas, radiológicas e de pontuação
do escore entre os dois grupos foram
utilizados os testes qui-quadrado, Fisher, t de
Student e Mann-Whitney.
• Fixou-se em 0,05 ou 5% (p < 0,05) o nível de
rejeição para a hipótese de nulidade.
Resultados
• Em pacientes com idade inferior a 9 meses é
mais comum pneumonia bacteriana por
outros agentes e não por MP. (p<0,01)
• Pneumonia por MP foi mais comum no sexo
feminino (p<0,01).
• Tosse seca foi mais frequente em pneumonia
por MP (p<0,01).
Resultados
• As alterações extra pulmonares foram mais
comuns nas pneumonias por MP (p<0,01).
• Sendo as alterações cardíacas as mais
frequentes.
Resultados: Comparação entre MP e
outros agentes bacterianos
• Temperatura > 39 C foi mais frequente em
pneumonias por outras bactérias (p<0,02).
• Neutrófilos imaturos (>5%) foram mais
frequente em pneumonias por outras
bactérias (p<0,01).
• MP apresentou maior frequência de infiltrado
menos definido ou difuso e intersticial
• A efusão pleural foi mais importante nas
pneumonias por outros agentes bacterianos.
Resultados: Comparação entre MP e
vírus
• Em crianças com menos de 9 meses foi mais
frequente pneumonia por vírus (p<0,01).
• Neutrófilos imaturos (>5%) foi mais frequente
nas pneumonias por MP. (p= 0,04)
• Infiltrado difuso, interticial foi mais frequente
nas etiologias virais. (p< 0,01)
Discussão
• A média de idade foi maior no grupo com
pneumonia por MP
• Segundo a British Thoracic Society, as
pneumonias bacterianas são mais comuns em
crianças acima de 3 anos; os vírus, em crianças
mais jovens; e o MP, em crianças de idade
escolar.
• No grupo com MP 75,8% dos casos eram
menores de 5 anos de idade, o que pode ser
explicado pelo fato das internações serem mais
frequentes nessa faixa etária.
Discussão
• Neste trabalho a frequência do sexo feminino foi maior no
grupo com MP positivo, o que corresponde com dados da
literatura.
• Na pneumonia por MP os sintomas aparecem de forma
gradual e persistem por semanas ou meses. No grupo com
sorologia positiva ocorreu maior tempo de evolução (120
dias).
• As manifestações extra pulmonares na infecção por MP é
vastamente descrita na literatura
• No estudo 51,58% dos pacientes com MP apresentaram
acometimento extra pulmonar, número superior ao
descrito, provavelmente devido à gravidade dos pacientes
internados e características do hospital.
Discussão
• O escore para diferenciação entre pneumonia
bacteriana e viral, ao ser aplicado para
diferenciar pneumonias por MP e por outras
bacterias mostrou que, as variáveis clínicas,
laboratoriais e radiológicas da pneumonia por
MP ficaram com médias intermediárias entre
processos bacterianos e virais com mais
variáveis que o diferenciam dos vírus que das
bactérias.
Discussão
• A média da pontuação do escore nas
pneumonias por MP foi menor que nas
pneumonias com escore para bactéria e maior
que nas pneumonias com escore para vírus;
entretanto, foi mais próximo das pneumonias
bacterianas.
Discussão
• Segundo a literatura, o MP tem aspecto
radiológico entre o aspecto viral
e o
bacteriano.
• No presente estudo, o infiltrado foi mais lobar,
lobular e definido nas pneumonias com
escore para bactérias, menos definido nas
pneumonias por MP e mais difuso, intersticial
e
peribronquial
nas
pneumonias
provavelmente de etiologia viral
Discussão
• Os resultados sugerem que algumas
características clínicas, hematológicas e
radiológicas presentes podem contribuir para
o diagnóstico presuntivo de pneumonia por
MP e auxiliar na diferenciação das
determinadas por outros agentes etiológicos.
Discussão
• Na indisponibilidade de recursos para se
confirmar o diagnóstico de MP, a presença de
escore sugestivo de etiologia bacteriana e a
ausência de resposta aos antibióticos
comumente empregados para o tratamento
inicial de pneumonias comunitárias levantam
a possibilidade de pneumonia por MP, e a
substituição do antibiótico em uso por
macrolídio deve ser considerada.
Limitações do estudo
• Este estudo teve como potencial limitação a
população estudada, que foi de pacientes
hospitalizados em um hospital terciário,
muitas vezes referenciados de outros serviços.
• O escore utilizado foi elaborado apenas com
pesquisa etiológica para vírus e bactérias
típicas, e não para o MP.
Obrigada!
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Características clínico-radiológicas e