Outubro de 2006 Profa. Maria Helena Michel [email protected] http://netuno.lcc.ufmg.br/~michel "... nascemos em organizações, somos educados por organizações, e quase todos nós passamos a vida a trabalhar para organizações. Passamos muitas de nossas horas de lazer, a pagar, a jogar e a rezar em organizações. Quase todos nós morreremos numa organização, e quando chega o momento do funeral, a maior de todas as organizações — o Estado — precisa dar uma licença especial”. Amitai Etzioni O início das organizações formais Final do século XIX, ~ a partir de 1850 até meados do séc. XX) vitória do sistema capitalista sobre o feudal; o homem deixa o campo e vai vender a sua força de trabalho na fábrica estudo sistemático da administração das organizações, trazendo crescimento e complexidade baixo nível de educação e formação profissional do trabalhador (diferença de classes) comportamento organizacional isolado, não participativo, funcional, padronizado, determinado pelo administrador da tarefa, não pelo operador A organização burocrática “bureaux + cracia (a partir da década de 40) governo da mesa, das regras, da racionalidade Sistema social organizado por normas escritas, que visam à racionalidade e à igualdade no tratamento do seu público Por que a idéia de um novo modelo organizacional baseado nesses princípios? crescimento, complexidade das organizações, proteger as pessoas das influências políticas, conflitos grupais, fatores externos gerar eficiência e bom atendimento ao público criar um modelo aplicável a todas organizações e capaz de organizar as atividades humanas por critérios racionais, dirigidas e controladas Premissas para o novo modelo Existência do responsável pela tarefa, pelo controle e pela direção do trabalho Necessidade de garantir precisão, rapidez, centralização, controle, fidedignidade, obediência aos regulamentos, eficiência e uniformidade de regras, comportamento, e bom atendimento ao público. Existência de uma “couraça” de proteção aos encarregados pela condução, controle e direção do trabalho de influências políticas; evitar conflitos grupais, pressões de poderes externos Princípios Hierarquia –> controle de níveis inferiores de trabalho, definição clara de chefe x subordinado Especialização –> divisão do trabalho, decorrente da complexidade de atribuições de uma organização exige servidores especializados e habilitados Definição de competência – atribuições bem definidas e as relações existentes entre unidades claras por todos os servidores (regimentos internos) Normas de conduta – postura descritiva, normativa, enfatizando normas e rotinas formais a serem seguidas à risca (descrições de cargos, manuais) Documentação e arquivo – atos, decisões, normas devem ser devidamente registrados e arquivados. A pirâmide organizacional da organização burocrática Níveis de poder nas organizações burocráticas Nível rumos, políticas, estratégias maiores Estratégico - O “executivo” NÍVEL táticas, metas, estratégias setoriais TÁTICO-GERENCIAL - O “burocrata” Nível Operacional Execução, operacionalização - O “soldado raso” AS DISFUNÇÕES DO MODELO BUROCRÁTICO hierarquia, centralização do poder excesso de papel, documentação inversão de competência normas, regras como fins em si mesmas desconhecimento da estrutura informal pouca integração e conflito entre setores MODELARAM O TRABALHADOR DO SÉC XX falta de motivação e criatividade mobilismo e conformidade pouca autonomia e alienação pouco envolvimento, pouca participação Ocorre que, a partir da metade do século XX, o mundo mudou... Globalização Avanço da ciência e da tecnologia Pesquisas de guerras Acirramento do capitalismo Poder das organizações x Estado mínimo Supremacia norte-americana, trazendo produtividade, competitividade Desemprego estrutural Aumento do nível educacional Ao longo da história recente do mundo do trabalho (últimos 200 anos) O conceito de administrar sofreu mudanças: Planejar, dirigir e controlar (~1930...60); Atingir objetivos através de pessoas (~1960...1990); Atingir objetivos atendendo às aspirações das pessoas (a partir de 1990...) De “feitores”, os chefes tiveram que aprender a ser “gerentes” O que significa isso? Já não basta mais determinar, dirigir, controlar as pessoas É necessário fazer as com que elas produzam E as pessoas só produzem se têem “motivos”. Teoria de A.H. Maslow (1943) o indivíduo tem uma sequência hierárquica de necessidades e procura satisfazê-las na ordem para se tornar produtivo Hierarquia das necessidades 1. 2. 3. 4. 5. físicas ou de sobrevivência segurança, vida sem ameaças amor e pertencimento a um grupo social respeito, estima, independência atingimento do potencial, auto-realização 5 4 3 2 1 a motivação se dá a partir da satisfação das necessidades - de baixo para cima Motivação (“motivus”) É o que nos faz andar, é a energia, a força, o motivo para ação. Está ligada a um propósito, e só é disparada de dentro para fora. Satisfação É o contentamento, o prazer advindo da realização de algo que se deseja. Ao atingi-lo, a satisfação chega ao apogeu e tende a cair, volta a zero, passado o efeito do contentamento. Frederick Herzberg – 1959 A produtividade resulta de dois fatores: Motivacionais Ambientais intrínsecos, de extrínsecos, de dentro para fora fora para dentro O ambiente e o trabalho devem interagir para produzir motivação Ambientais (ou higiênicos) “Higiênicos” = cíclicos, voltam ao ponto zero quando faltam, como as necessidades higiênicas. Não estão no trabalho, dão segurança a ele; estão fora do alcance das pessoas. São de responsabilidade da empresa. se ótimos satisfazem temporariamente, mas não conseguem evitar a volta da insatisfação se precários provocam necessariamente a insatisfação Quais são? salário benefícios sociais carreira recompensas reconhecimento (tapinha nas costas) tipo de gerência condições fisicas, ambientais política da empresa diretrizes e normas clima organizacional regulamentos e normas internas, etc. Vamos entender melhor... Quando um desejo é atendido ele não gera motivação; apenas traz satisfação; ou seja, evita a insatisfação. Se o desejo deixar de ser atendido, vai gerar insatisfação, mas não necessariamente irá barrar a motivação. As pessoas podem continuar motivadas, mesmo que insatisfeitas no trabalho. Motivadores Presentes no próprio trabalho, conteúdo e autonomia do cargo, natureza das tarefas. Estão sob o controle da pessoa, têm a ver com o que ela faz e à forma como ela faz. Envolvem sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional, auto-realização, aspirações pessoais. se ótimos-> geram satisfação se precários -> não geram insatisfação, apenas nãosatisfação se faltam -> tendem a levar as pessoas a produzir por recompensas e não por auto-realização Para motivar realmente a pessoa, é necessário: atribuir-lhe tarefas adequadas ao seu perfil e competências profissionais incentivar a sua auto-realização dar-lhe desafios e confiar no seu trabalho interessar pelo seu trabalho e resultados dar-lhe responsabilidade e a autoria pelos resultados permitir-lhe o crescimento e progresso nos seus anseios profissionais O reconhecimento para esses fatores não está em premiações e aumentos salariais. É importante, contudo, lembrar que os fatores acima são essenciais, higiênicos, básicos, estão na base da pirâmide. Mas, se concedidos para motivar pessoas, eles tendem a virar o foco da motivação da autorealização para a recompensa. E, assim, funcionar como fatores higiênicos (não podem deixar de ser concedidos, ou gerarão insatisfação). Concluindo A motivação está “dentro” das pessoas, mas pode ser disparada e influenciada por fontes externas ou pelo próprio trabalho. A motivação deriva de necessidades e necessidades são individuais. O que move as pessoas para a ação varia conforme a pessoa, a formação, a história de vida, a sua história na empresa. Enfim, para motivar alguém, é preciso saber o que “mexe” com ela. Nas tarefas, atribuições, capacidade e natureza do trabalho de cada um, sempre há uma forma de despertarlhe o gosto pelo trabalho e o desejo de produzir, criar, inovar. Como tratar as pessoas? C O M muita P E T Ê N C pouca I A S FRIO APRENDIZ baixa EMPREENDEDOR POTENCIAL alta Aspirações