Orientações Curriculares para
o Ensino Médio
Conhecimentos de
Língua Portuguesa
A Língua Portuguesa no Ensino Médio
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Consolidação e aprofundamento dos
conhecimentos construídos no EF
Construção de saberes sobre os textos que
circulam socialmente (diferentes universos
semióticos)
Refinamento de habilidades de leitura e escrita,
de fala e de escuta.
Saberes relativos à configuração, ao
funcionamento e à circulação dos textos e ao
desenvolvimento da capacidade de reflexão
sistemática sobre a língua e a linguagem.
A evolução dos estudos da língua e da linguagem
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Anos 70 – debate sobre os conteúdos de
ensino
Dificuldades de aprendizagem
relacionadas à variação lingüística
Levar em conta classe social, espaço
regional, faixa etária, gênero sexual
Considerar situações de uso da língua –
grau de formalidade e registro e
modalidade (falada/escrita)
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Se as línguas variam no espaço e no
tempo, a escola tem que levar isso em
conta.
Preocupação com textos de circulação na
sociedade e não apenas os literários.
Confundiu-se respeito ao modo de usar a
língua com ênfase no ensino de
variedades lingüísticas não padrão.
Apesar de todo o debate, prevaleceu a
valorização ao estudo da forma
(gramática, ortografia, morfologia, etc.)
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A partir dos anos 80 – entender os usos
da língua significa considerar os recursos e
os arranjos pelos quais se constrói um
texto, num dado contexto.
Estudos sobre a configuração textual,
coerência e coesão.
Variações: lingüística, textual, sociopragmática e discursiva, e cognitivoconceitual (cf. p.21-22)
Risco: mera identificação e classificação
dos fenômenos lingüísticos num dado
texto (texto como pretexto).
Concepção de língua e linguagem e a
relação com a prática de ensino esperada
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Pressupostos:
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Interacionista (todo texto se constrói na interação)
É pela linguagem que o homem se constitui sujeito.
As atividades humanas são sempre mediadas
simbolicamente.
As relações entre mundo e linguagem são
convencionais (nascem das demandas dos grupos
sociais)
Os conhecimentos são sempre elaborados por formas
de linguagem
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Em suma:
Por ser uma atividade de natureza ao mesmo
tempo social e cognitiva, pode-se dizer que toda
e qualquer situação de interação é co-construída
entre os sujeitos. E como somos sujeitos cujas
experiências se constroem num espaço social e
num tempo histórico, as nossas atividades de
uso da língua e da linguagem, que assumem
propósitos distintos e diferentes configurações,
são sempre marcadas pelo contexto social e
histórico.
Objetivos da Língua Portuguesa no EM
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Conviver de forma crítica e lúdica com situações
de produção e leitura de textos, atualizados em
diferentes suportes e sistemas de linguagem
para que use e compreenda as práticas de
letramento multissemiótico.
Conviver com situações de produção escrita, oral
e imagética, de leitura e de escuta para que se
insira em práticas de linguagem diferentes das
usadas em situações de interação informais.
Construir habilidades e conhecimentos para que
reflita sobre os usos da linguagem (orientar o
olhar do aluno para compreender o
funcionamento sociopragmático do texto)
Ações decorrentes
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Incluir diferentes manifestações da
linguagem – dança, teatro, música,
escultura, pintura – e valorizar a
diversidade de idéias, culturas e formas de
expressão.
Trabalho sistemático com textos
jornalísticos, científicos, técnicos, etc. e
diferentes meios de circulação (imprensa,
rádio, televisão, internet, etc.)
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Formação humanística e crítica do aluno
Reflexão sobre o mundo, os indivíduos e
suas histórias, sua singularidade e
identidade.
Espaço de vivência e cultivo de emoções e
sentimentos humanos
Fala e escrita como modalidades
complementares e interativas
Imposição de uma abordagem
interdisciplinar para o tratamento do texto
nas diferentes áreas do conhecimento.
Organização curricular e tipos de atividades
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Conteúdos mínimos devem ser pensados
em termos do desenvolvimento da
capacidade de ação de linguagem dos
sujeitos.
Organizar as práticas de ensino por meio
de agrupamento de textos
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ATIVIDADES DE PRODUÇÃO E DE RECEPÇÃO DE TEXTOS
Atividades de produção escrita e de leitura de textos
gerados nas diferentes esferas de atividades sociais –
públicas e privadas
Tais atividades, principalmente se tomadas em relação aos textos
privilegiados no ensino fundamental, devem focalizar, no caso da
leitura, não apenas a formação ou consolidação do gosto pela
atividade de ler, mas sim o desenvolvimento da capacidade de
compreensão do texto escrito, seja aquele oriundo de esferas
privadas, seja aquele que circula em esferas públicas. Essa mesma
lógica deve orientar a seleção e a condução pedagógica de
atividades de produção escrita, voltadas para a formação e o
refinamento de saberes relativos às práticas de uso da escrita na
nossa sociedade, tanto para as ações de formação profissional
continuada quanto para aquelas relativas ao exercício cotidiano da
cidadania.
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Atividades de produção de textos (palestras, debates,
seminários, teatro, etc.) em eventos da oralidade
Por meio desse tipo de expediente, pode-se não só contribuir para a
construção e a ampliação de conhecimentos dos alunos sobre como
agir nessas praticas, como também promover um ambiente profícuo
à discussão e à superação de preconceitos lingüísticos e, sobretudo,
à investigação sobre as relações entre os gêneros da oralidade e da
escrita, sobre a variação lingüística, sobre níveis de formalidade no
uso da língua, por exemplo.
Atividades de escuta de textos (palestras, debates,
seminários, etc.) em situação de leitura em voz alta
Esse tipo de atividade tem especial relevância na construção de
saberes com os quais o aluno possa atuar, futuramente, em práticas
muito caras ao domínio acadêmico e a outros espaços de formação
e aprimoramento profissional. Considerado esse objetivo, podem ser
propostas, na seqüência das atividades de escuta, ações de
sumarização, materializadas em textos orais ou escritos.
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Atividades de retextualização: produção escrita de textos a partir
de outros textos, orais ou escritos, tomados como base ou fonte
Como tais atividades se caracterizam pela produção de um novo texto a
partir de outro, ocorre mudança de propósito em relação ao texto que se
toma como base ou fonte. Isso pode ser realizado, por exemplo, em tarefas
de produção de resumos, resenhas e pesquisas bibliográficas.
Atividades de reflexão sobre textos, orais e escritos, produzidos
pelo próprio aluno ou não
Em se tratando de textos produzidos pelo próprio aluno, essas atividades
podem envolver a reelaboração (revisão/reescrita) de texto com o objetivo
de torná-lo (mais) adequado ao quadro previsto para seu funcionamento.
Nesse caso, a ação de reflexão, tomada individualmente ou em grupo, terá
como meta a avaliação do texto e, quando for o caso, sua alteração. Com
relação aos textos produzidos por outros autores que não o próprio aluno,
tais atividades podem se materializar, por exemplo, em momentos de
comentários, discussões e debates orais sobre livros, peças publicitárias,
peças teatrais, programas de TV, reportagens, piadas, acontecimentos do
cotidiano, letras de música, exposições de arte, provas, etc. Esse tipo de
prática, quando executado em grupo, pode se dar oralmente ou até mesmo
por escrito, em listas de discussão pela internet, por exemplo. Assegura-se,
por meio desse expediente, um espaço para a reflexão sistemática sobre
valores, ideologias e (pre)conceitos que perpassam os textos em estudo.
FOCO DAS ATIVIDADES DE ANÁLISE
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Elementos pragmáticos envolvidos nas situações de interação em
que emergem os gêneros em estudo e sua materialidade – os
textos em análise
• Papéis sociais e comunicativos dos interlocutores, relações entre esses,
propósito discursivo, função sociocomunicativa do gênero, aspectos da
dimensão espaçotemporal em que se produz o texto.
Estratégias textualizadoras:
• uso dos recursos lingüísticos em relação ao contexto em que o texto é
construído (elementos de referência pessoal, temporal, espacial, registro
lingüístico, grau de formalidade, seleção lexical, tempos e modos verbais);
• uso de recursos lingüísticos em processos de coesão textual (elementos
de articulação entre segmentos do texto, referentes à organização –
temporal e/ou espacial – das seqüências do texto ou à construção da
argumentação);
• modos de organização da composição textual – seqüências textuais (tipos
textuais narrativo, descritivo, argumentativo, injuntivo, dialogal);
• organização da macroestrutura semântica (dimensão conceitual),
articulação entre as idéias/proposições (relações lógico-semânticas);
• organização e progressão temática.
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Mecanismos enunciativos
• Formas de agenciamento de diferentes pontos de vista na textualização
(identificação dos elementos que sinalizam as vozes e o posicionamento dos
enunciadores trazidos à cena no texto), uso dos elementos de modalização
(identificação dos segmentos que funcionam como indicações acerca do
modo como o enunciador se posiciona em relação ao que é dito, a seu
interlocutor ou a si mesmo).
Intertextualidade
• Estudo de diferentes relações intertextuais (por exemplo, entre textos que
mantenham configuração formal similar, que circulem num mesmo domínio
ou em domínios diferentes, que assumam um mesmo ponto de vista no
tratamento do tema ou não).
Ações de escrita:
• ortografia e acentuação;
• construção e reformulação (substituição, deslocamento, apagamento e
acréscimo) de segmentos textuais de diferentes extensões e naturezas
(orações, períodos, parágrafos, seqüências ou tipos textuais);
• função e uso da topografia do texto (envolvendo a disposição do texto na
página, sua paragrafação, sua subdivisão em seqüências, a eventual divisão
em colunas, os marcadores de enumeração, etc.) e de elementos
tipográficos essenciais à produção de sentidos (o que diz respeito à
pontuação, com especial atenção para o uso de aspas, parênteses e
travessões).
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