Objetivo Geral
Refletir sobre questões relativas à leitura e compreensão do
gênero textual charge.
1.1 O que é Leitura? O que é Ler?
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra (...). Fui alfabetizado no chão do
quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e
não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro negro; gravetos o
meu giz.”
Paulo Freire
“Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido do texto. É, a partir
do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os
outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu
autor pretenda e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se
contra ela, propondo outra leitura prevista.”
Marisa Lajolo
“leitura é um processo de seleção que se dá como um jogo, com avanço para
predições, recuos para correções, não se faz linearmente, progride em pequenos
blocos ou fatias e não produz compreensões definitivas.”
Marcuschi
“leitura é uma atividade de construção de sentido que pressupõe a interação
autor-texto-leitor, é preciso considerar que, nessa atividade, além das pistas e
sinalizações que o texto oferece, entram em jogo os conhecimentos do leitor.”
Ingedore Kock
“(...) uma manifestação verbal constituída de elementos lingüísticos
selecionados e ordenados pelos falantes, durante a atividade verbal, de
modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão de
conteúdos semânticos, em decorrência da ativação de processos e
estratégias de ordem cognitiva, como também a interação (ou atuação) de
acordo com as práticas sócioculturais”.
(KOCH 2001)
“(...) uma atividade interativa altamente complexa (...), que
se realiza,
evidentemente,
com
base nos
elementos
lingüísticos presentes na superfície textual e na forma de
organização, mas que requer a mobilização de um vasto
conjunto de saberes e a reconstrução deste no interior do
evento comunicativo.
O sentido de um texto é, portanto construído na interação
texto-sujeitos e não algo que preexista a essa interação.”
(KOCH 2002)
“(...) atividade cognitiva que realizamos quando reunimos algumas
informações conhecidas para chegarmos a outras informações novas”.
(MARCUSCHI, 1996)
“(...)[inferências] são conexões que as pessoas fazem quando tentam
alcançar uma interpretação do que lêem ou ouvem, isto é, o processo
através do que o leitor (ou ouvinte) consegue captar, a partir do significado
literal do que é escrito ou dito, o que o escritor (falante) pretendia
vincular”.
(BROW e YULE apud KOCH e TRAVAGLIA, 1993)
 CONHECIMENTO LINGÜÍSTICO - Responsável pela organização
do material lingüístico na superfície textual e pela seleção lexical
adequada ao tema e/ou aos modelos cognitivos ativados.
 CONHECIMENTO ENCICLOPÉDICO – Responsável pelo arquivo
das experiências, científicas ou de aspectos socioculturais
estereotipados.
 CONHECIMENTOS SOCIOINTERACIONAL – Responsável pelas
formas e ações que possibilitam a interação através da linguagem.
KOCH(2002, p. 48-50)
São textos materializados que encontramos em nossa vida diária. Apresentam
características sóciocomunicativas definidas pela forma de composição conteúdo temático
e estilo. São dinâmicos e sofrem variações na sua constituição e por isso, em muitas ocasiões
resultam em outros gêneros.
Abrangem um conjunto aberto e ilimitado de designações concretas:
• Telefonema
• Sermão
• Bilhete
• Carta
• Horóscopo
•Receita Culinária
• Resenha
• Piada
• Charge
• Cartun
• E-mail
• Conferência etc.
São construção teóricas definidas pela natureza lingüística de
sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais,
relações lógicas).
Abrangem um conjunto de categorias limitados:
• Narração
• Descrição
• Exposição
• Argumentação
• Injunção
São gêneros que utilizam a linguagem não verbal para
construção da mensagem, embora possam se valer da linguagem
verbal.
É uma manifestação caricatural de caráter cômico que satiriza uma
situação ou pessoa; um determinado fato ocorrido em uma época
definida, dentro de um determinado contexto cultural, econômico e
social.
• Sintoniza o leitor com os fatos cotidianos
• Impulsiona/ desafia o leitor a relacionar a charge ao fato que a motivou
• Desenvolve o pensamento crítico
• É uma formadora sutil de opinião
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da leitura de charge para a leitura de mundo: uma ponte possível