512 Revista Brasileira de Ensino de Fsica, vol. 21, no. 4, Dezembro, 1999 Um Setor Especial Generalizado da Equac~ao do Oscilador Harm^onico Simples (A Generalized Special Sector of Simple Harmonic Oscillator Equation) Claudio Ichiba, Rogerio Ichiba e Jose Noboru Maki Universidade Estadual de Maringa Centro de Ci^encias Exatas Departamento de Fsica Av. Colombo,5790, CEP87030-121, Maringa, PR Recebido em 20 de Novembro, 1998 Vamos mostrar uma generalizac~ao da equac~ao vinda do problema de oscilador harm^onico simples (OHS) em pot^encias de x(t). Estas equaco~es apresentam soluco~es simples, tornam-se uteis nas ilustrac~oes de problemas didaticos e para aplicaco~es em testes de aproximac~oes, tanto numericas quanto analticas. We will show a generalization of the equation coming of the problem of simple harmonic oscillator in powers of x(t) potencies. These equations present simple solutions. Hence they become useful in the illustrations of pedagogical problems and for applications in tests of approximations, both numeric and analytic. I Introduc~ao O desenvolvimento de metodos matematicos que visam facilitar o trabalho dos fsicos e um dos maiores entraves para chegar a soluco~es de determinados sistemas fsicos n~ao-lineares. Sabemos que soluc~oes para equac~oes diferenciais destes sistemas n~ao s~ao faceis de se obterem. Desta forma, este artigo exibe uma classe generalizada de equac~oes diferenciais do OHS concomitante com suas soluc~oes. Uma generalizac~ao de equac~oes diferenciais e de grande valia no reforco de ensino ilustrativo se suas soluc~oes forem simples, pois, torna-se possvel expandir outras possibilidades didaticas e traz tambem, uma ajuda oportuna para aqueles que buscam aperfeicoar seus programas computacionais, aprimorar os testes de tecnicas em aproximac~oes, alem de muitas outras utilidades. Com essa losoa o presente artigo apresenta de forma intuitiva uma generalizac~ao para uma classe de equac~oes com soluc~ao harm^onica, isto e, func~ao senoidal. Iniciaremos pela equac~ao que descreve o OHS e evoluiremos para equac~oes diferenciais n~ao-lineares. II Um Metodo Intuitivo A equac~ao do OHS, e dada por d2 x(t) + !2 x(t) = 0; (1) dt2 onde ! e a frequ^encia angular. A soluc~ao geral e dada por x(t) = A cos(!t + 1 ); (2) onde A e a amplitude do movimento e 1 a constante de fase que s~ao obtidas pelas condico~es iniciais. Se, por exemplo, o sistema for um bloco de massa m suspensa por uma mola ideal num campo gravitacional ent~ao temos d2 x(t) + !2 x(t) = g; (3) dt2 onde x(t) representa direca~o vertical. A sua soluc~ao geral e dada por x(t) = B cos(!t + 1 ) + g=!2 : (4) Se incidentemente o dobro da amplitude for, 2B = A = 2g=!2 , ent~ao teremos x(t) = A cos2(!t=2 + 2 ): (5) Assim, a soluc~ao da equac~ao (3) apresenta-se na forma quadratica, onde a constante de fase, 1 = 22 . Podemos escalonar t ! !t e x(t) ! x(t)=A: Vamos generalizar o segundo membro da equac~ao (3) com uma simulac~ao de campo externo variavel, adequando em pot^encias de func~ao x(t). Para isso, veremos Claudio Ichiba et al. qual e uma das possveis equac~oes diferenciais caso um sistema din^amico seja descrito pela func~ao x(t) = A cos3 (!t=3 + 3 ): (6) Vericamos que pode vir de uma equac~ao diferencial n~ao-linear dada por d2 x(t) + !2 x(t) , 2!2 A2=3x(t)1=3 = 0; (7) dt2 3 onde o campo externo e o ultimo termo da equac~ao (7) e A e um par^ametro ajustavel de modo que ocorra um estado estacionario dado em (6). Assim tambem, para um sistema com movimento descrito pela func~ao x(t) = A cos4 (!t=4 + 4 ); (8) vericamos que d2 x(t) + !2 x(t) , 3!2 A1=2x(t)1=2 = 0; (9) dt2 4 e assim sucessivamente. Logo, por induc~ao, temos que, x(t) = A cosq (!t=q + q ); (10) cuja equaca~o generalizada, se escalonada, sera dada por d2 x(t) + x(t) , (q , 1) x(t)q,2=q = 0: (11) dt2 q Para i = 1 temos a equac~ao (1) do OHS. Para q = 2 temos OHS num campo externo constante, e assim por diante. E interessante notar que na equac~ao (11) q pode ser qualquer numero real diferente de zero. Esta propriedade aparece por estarmos lidando com uma func~ao periodica. O ultimo termo da equac~ao (11) representa a forca de campo externo geral que pode ser produzida, por exemplo, no interior de uma espaconave cuja propuls~ao (acelerac~ao) pode ser ajustada a um q desejado. Assim, para um observador externo, num referencial inercial, observar-se-a a lei de movimento (1) se a espaconave estiver parada ou em movimento retilneo e uniforme, nesse caso q = 1. Se estiver em movimento retilneo e uniformemente variado, teremos a lei do tipo (3), nesse caso q = 2, vemos que ha uma forca constante atuando no sistema massa-mola ideal. Se a espaconave acelerar de tal modo que forneca uma forca proporcional a x1=3 teremos q = 3, e assim por diante. Se o referencial estiver dentro da espaconave e q 2 ent~ao para este observador as equac~oes diferenciais governadoras tornam-se de ordens superiores porque o referencial e n~ao-inercial. Para um observador fora da espaconave e em referencial inercial a lei que governa e de segunda ordem, a lei de Newton [1]. 513 Para q = ,1, temos a equaca~o de Dung [2], d2 x(t) + !2 x(t) + x3(t) = 0; (12) dt2 onde = ,2 e ! = 1. Esta equac~ao (12) e encontrada frequentemente em diversos estudos de sistemas hamiltonianos, por exemplo, na transformac~ao da equaca~o do p^endulo simples, assim como, em metodos perturbativos [2]. E interessante notar que a soluc~ao da equac~ao (12) para par^ametros arbitrarios e ! tem soluc~oes que envolvem func~oes elpticas. Alem disso, essa equac~ao pode ser obtida por mudanca de variaveis, como e feita na equac~ao do p^endulo simples. Portanto, apresenta tr^es setores de soluc~oes distintas [4]. Os resultados do presente estudo s~ao de fato bastante simplicados. Para comprovar isso, testamos algumas das resoluc~oes provenientes das equac~oes diferenciais (11) pelo pacote MATHEMATICAr 3.0 [3] o que resultaram em soluc~oes a primeira vista assustadoras e impossveis de se interpretar. Uma continuidade deste trabalho e expandir essas formas de equac~oes e suas soluc~oes a outras funco~es trigonometricas e hiperbolicas III Conclus~ao Atraves do presente metodo, baseado na estetica indutiva, conseguimos encontrar uma equac~ao diferencial n~ao linear generalizada (11) que tem como soluca~o pot^encias reais da funca~o harm^onica. Abre-se a possibilidade de novas explorac~oes em aplicac~oes de metodos algebricos e numericos aproximados onde ha necessidade de soluc~oes exatas para as suas comparaco~es, alem de uso didatico. Vamos estender brevemente a presente abordagem para sistemas matematicamente semelhante e assim, aqueles cujas soluc~oes tem din^amicas descritas pelas soluc~oes de func~oes periodicas e hiperbolicas [5]. References [1] Picoli Jr., Sergio, Trabalho de Graduac~ao, Publicaca~o Interna do DFI/UEM, janeiro de 1999. [2] Hagedorn, Peter, Oscilac~oes N~ao Lineares. Editora Edgard Blucher Ltda.. S~ao Paulo, SP. 1984. [3] Wolfram, Stephen, The Mathematica R. Book, 3a. edic~ao, Editora Cambridge University Press. USA, 1996. [4] T. Davis, Harold, Introduction to Nonlinear Dierential and Integral Equations. Dover Publications, Inc., New York 1960. [5] Ichiba, Rogerio, Trabalho de Graduac~ao, Publicac~ao Interna do DFI/UEM, janeiro de 1999.