XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 O PROCESSO DE COLABORAÇÃO PRESENCIAL E VIRTUAL ENTRE PROFESSORES E ALUNOS DE UMA ESCOLA ESTADUAL NO MUNICÍPIO DE SIDROLÂNDIA, MS. Vili Marcos Tognon (Escola Estadual de Sidrolândia) Resumo: Este artigo tem como objetivos analisar as relações entre o uso das tecnologias no âmbito presencial e/ou virtual e o processo de colaboração no ensino-aprendizagem de uma escola estadual no município de Sidrolândia, Mato Grosso do Sul; identificar o perfil dos professores e estudantes desta escola estadual quanto à formação, nível econômico, acesso e familiarização com as tecnologias; analisar a Proposta Pedagógica da escola no que concerne ao uso das tecnologias e analisar a prática docente referente ao uso das tecnologias e a perspectiva colaborativa. Com uma base teórica acerca da evolução do uso das tecnologias no contexto histórico e em sala de aula no processo ensino-aprendizagem, o conhecimento da colaboração nos ambientes presenciais e virtuais, análise da Proposta Pedagógica da escola, pretende-se promover um estudo descritivo explicativo e uma pesquisa de campo, por meio da aplicação de um questionário nesta unidade escolar e análise documental em diferentes fontes bibliográficas. A pesquisa traçada neste projeto pautou-se em três pilares teóricos: a abordagem colaborativa no processo de ensino-aprendizagem, o uso das tecnologias e a Proposta Política Pedagógica. Após o embasamento teórico, coleta de dados através de pesquisa de campo, evidenciei os resultados quanto ao uso das tecnologias, as metodologias aplicadas pelos professores, o perfil dos professores e estudantes e as opiniões de professores e estudantes quanto à aprendizagem colaborativa. Palavras-Chave: Tecnologias. Aprendizagem. Colaboração. Proposta Pedagógica. Introdução A presente pesquisa baseia-se no contexto de uma escola estadual no município de Sidrolândia, Mato Grosso do Sul, onde se procurou analisar as relações entre o uso das tecnologias no âmbito presencial e/ou virtual e o processo de colaboração no ensino-aprendizagem desta escola. A pesquisa traçada neste projeto pautou-se em três pilares teóricos: a abordagem colaborativa no processo de ensino-aprendizagem, o uso das tecnologias e a Proposta Política Pedagógica. Os principais objetivos desta pesquisa se deram em analisar as relações entre o uso das tecnologias no âmbito presencial e/ou virtual e o processo de Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003146 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 colaboração no ensino-aprendizagem de uma escola estadual no município de Sidrolândia, Mato Grosso do Sul. Mais especificamente na identificação do perfil dos professores e estudantes desta escola estadual, quanto à formação, nível econômico, acesso e familiarização com as tecnologias, a análise da Proposta Pedagógica da escola estadual no que concerne ao uso das tecnologias e a análise das práticas docentes referentes ao uso das tecnologias e à perspectiva colaborativa. As Tecnologias As tecnologias acompanham a vida humana desde os primórdios da existência de nossa espécie. Segundo Kenski (2007, p.20), “na origem da espécie, o homem contava simplesmente com as capacidades naturais de seu corpo: pernas, braços, músculos, cérebro”, que segundo a autora o cérebro é a mais aperfeiçoado de todas as tecnologias, pois, é com ele que a espécie humana raciocina, cria e realiza todas as suas tarefas. Porém, com a evolução do ser humano e da própria natureza, surgiram obstáculos levando o ser humano a aprimorar seus conhecimentos a fim de sobreviver e se adaptar as novas realidades e a estas mudanças. Perante esta evolução do ser humano, a educação teve que acompanhá-la e o uso das tecnologias tornaram-se mecanismos indispensáveis nas práticas pedagógicas, tendo como carro chefe o uso dos computadores mediados pela internet, não se esquecendo das tecnologias tradicionais, como a televisão, DVD, rádio, retroprojetores, os quais continuam presentes no cotidiano escolar. Kenski (2007, p.27) cita que: a necessidade de expressar sentimentos e opiniões e de registrar experiências acompanha o ser humano desde os tempos remotos. Para viabilizar a comunicação entre os semelhantes o homem criou um tipo especial de tecnologia, a “tecnologia da inteligência”, tendo como foco de ação a comunicação de informações e o oferecimento de entretenimento. Estes mecanismos de comunicação ampliam o acesso a notícias e informações para todas as pessoas. Jornais, revistas, rádio, cinema, vídeos, etc, são suportes midiáticos com enorme penetração social. Para Cox (2008, p.11) “o computador não passa de um recurso, uma ferramenta a disposição dos interesses humanos; revolucionário, é certo, mas, indubitavelmente, não mágico”, logo, a que se pensar sobre como o computador pode Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003147 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 ser útil ou inútil, dependendo de aplicação prática dentro da sala de aula, aliado aos mecanismos que ele oferece. Como cita Moraes (1997, p. 12 - 13) em seu artigo, “[...] Educar para a cidadania global significa formar seres capazes de conviverem, se comunicarem, dialogarem num mundo interativo e interdependente utilizando os instrumentos da cultura”. Ela acrescenta: “É preparar o indivíduo para ser contemporâneo de si mesmo, como membro de uma cultura planetária e, ao mesmo tempo, comunitária próxima [...]”. Moraes continua: “[...] além de exigir sua instrumentação técnica para a comunicação à longa distância, requer também o desenvolvimento de uma consciência de fraternidade, de solidariedade e a compreensão de que a evolução é individual e, ao mesmo tempo, coletiva”. Outro fator que se pode pensar quanto o uso das tecnologias na educação é o trabalho interdisciplinar que compõe a estrutura curricular da rede de ensino e, é claro, o trabalho dos profissionais que atuam na educação. Cox (2008, p.60) diz que “ [...] em resposta à necessidade de desenvolver habilidades apontadas pelos estudos contemporâneos sobre educação brasileira, surge a proposta de construção de uma escola que haja [...] o desenvolvimento de projetos de pesquisa interdisciplinares [...]” e adiciona “a ideia de utilização dos recursos da informática no ambiente educacional escolar”. Assim, o professor pesquisador pode desenvolver projetos que envolvam mais disciplinas a fim de que o seu trabalho seja ampliado e elaborado por um conjunto de profissionais, reforçando a comunicação entre todos os envolvidos na educação e, consequentemente, um maior uso das tecnologias e a colaboração entre eles para que o trabalho tenha maior eficácia. As tecnologias na educação podem proporcionar uma integração cada vez maior das pessoas envolvidas no processo de construção do conhecimento. Sendo assim, a aprendizagem colaborativa pode também ganhar força dentro deste quadro, tornando-se uma forte aliada na aprendizagem escolar. Aprendizagem colaborativa Para Torres, Alcântara e Irala (2004, p. 1), “[...] o conceito de aprendizagem colaborativa, isto é, de aprender e trabalhar em grupo, embora pareça novo, tem sido testado e implementado por teóricos, pesquisadores e educadores desde o século Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003148 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 XVIII”. Segundo os autores, “A abordagem pedagógica que valoriza a aprendizagem colaborativa tem sido usada por professores das mais variadas disciplinas, com o objetivo de preparar seus alunos para um processo de educação continuada que deverá acompanhá-lo em toda a sua vida”. Para eles, “aprendizagem e vida não se separam, pois vida, experiência e aprendizagem estão intrinsecamente entrelaçadas em nossa corporeidade, considerando que simultaneamente, vivemos, experimentamos, aprendemos e conhecemos”. Santos (2008, p.68) interpreta o trabalho de equipe como a concretização do trabalho colaborativo. Estabelece uma subordinação da colaboração à cooperação ao observar que o trabalho colaborativo depende da cooperação entre os membros de uma equipe. Elege a Internet como a ferramenta adequada para a proposta colaborativa e determina a necessidade de um produto final. Logo, tecnologias não podem ser esquecidas no processo de ensino aprendizagem colaborativo, pois, é com elas que se tem uma maior amplitude do modelo colaborativo, onde os estudantes podem interagir no virtual algo que aprenderam no presencial usando-se das comunidades virtuais para o compartilhamento de informações sobre temas de interesses comuns. Para Kenski (2003, p.47), “uma das modalidades de ensino é a que apresenta professores e alunos como “colaboradores”, utilizando os recursos multimidiáticos em conjunto para realizarem buscas e trocas de informações, criando um novo espaço significativo de ensino-aprendizagem em que ambos [...] aprendem”. As tecnologias, neste sentido, são usadas também como ferramenta de aprendizagem colaborativa, uma vez que, mesmo que os estudantes não tenham um contato direto um com o outro, comunicam-se, trocam informações e compartilham conhecimentos de forma rápida, com um grande número de participantes e consequentemente com respostas imediatas aos questionamentos feitos, é claro não esquecendo a que tipo de aprendizado se propõe o participante desta rede, uma vez que se ela for contínua o tipo de aprendizado também se modificará. Figueiredo (2006) defende que na perspectiva colaborativa, o aprendiz é responsável pela sua própria aprendizagem e pela aprendizagem dos outros membros do grupo. Percebemos que as tecnologias invadem nossas vidas, ampliam a nossa memória, garantem novas possibilidades de bem-estar e fragilizam as capacidades naturais do ser humano. Para Kenski (2007, p.44). “As tecnologias não podem ser Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003149 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 separadas da educação, pois convivemos diariamente com todos os aparatos tecnológicos possíveis e, dentro das escolas estes meios também fazem parte do cotidiano e do fazer pedagógico”. Neste sentido, as práticas de correspondência utilizando as tecnologias podem de certa forma, contribuir para as práticas colaborativas, além da troca de correspondências, os interlocutores do sistema podem também estar usufruindo destas práticas para trocarem conhecimentos, experiências vividas, novas formas de aprendizagem e até mesmo compartilhando dados para trabalhos acadêmicos. Nas salas de aula, educação formal, o estudante tem o contato direto com o interlocutor da aprendizagem, o professor. Já no ambiente virtual, educação informal, a abrangência da coletividade aumenta muito, pois, nele o estudante pode entrar em contato não somente como um interlocutor da aprendizagem e sim com vários ao mesmo tempo e ainda pode colaborar com outros estudantes no compartilhamento de informações e conhecimentos e ao professor caberá o papel de multiplicador de ações que visem um aprendizado mais formal com o uso das tecnologias. Para Kenski (2007, p.18), “[...] a educação é um mecanismo poderoso de articulação das relações entre poder, conhecimento e tecnologias”, o que traz a ideia “do forte relacionamento das tecnologias com a educação e porque não dizer das tecnologias com a aprendizagem colaborativa”. A Escola e sua Proposta Pedagógica Nas escolas, o uso dos computadores nas aulas deve ser analisado de forma bastante crítica para que não ocorra uma subutilização destes recursos, pois eles sozinhos não influenciam em nada na educação se não forem otimizados de forma clara e concisa dos reais objetivos da aula propriamente dita. A que se pensar numa “Informática Educativa”, como cita Cox (2008, p.30) sendo “a área científica que tem por objeto de estudo o uso de equipamentos e procedimentos da área de processamento de dados no desenvolvimento das capacidades do ser humano visando sua melhor integração individual e social. Logo, faz-se necessário estabelecer estratégias bem estruturadas para que não ocorram erros vultosos dos recursos informacionais, subutilizando-os e não os menosprezando, haja vista que são de suma importância nas escolas. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003150 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 A Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul, pensando em aperfeiçoar o uso das tecnologias, estabeleceu a Resolução/SED nº 2127 de 5 de junho de 2007, que dispõe sobre a implantação, implementação, monitoramento e avaliação das Salas de Tecnologias Educacionais na Rede Estadual de Ensino, e dá outras providências, cujos objetivos estão esclarecidos em seu artigo: Art. 2º As salas de Tecnologias Educacionais implantadas nas escolas da Rede Estadual de Ensino objetivam: I – contribuir para a efetividade do processo de ensino e de aprendizagem; II – familiarizar os alunos com as ferramentas das tecnologias da informação e da comunicação necessárias à sua formação; III – enriquecer o ambiente de aprendizagem escolar; IV – privilegiar a construção do conhecimento de forma coletiva e cooperativa. Percebe-se, que o uso adequado das tecnologias é uma preocupação dos gerenciadores da educação do estado de Mato Grosso do Sul, bem como a utilização e familiarização dos alunos quanto às ferramentas das tecnologias de informação e comunicação, subtendendo-se, portanto, uma linguagem informacional baseada na comunicação entre os que utilizam os recursos privilegiando a construção do saber coletivo e cooperativo, onde a aprendizagem cooperativa se assemelha bastante com a aprendizagem colaborativa. Quanto ao professor lotado na sala de tecnologias educacionais da rede estadual de ensino, este deve manter um contato direto com o corpo docente da escola a fim de orientar os trabalhos executados com o uso das tecnologias. Este acompanhamento bem como outras atribuições deste profissional também estão elencadas na Resolução/SED nº 2127 de 5 de junho de 2007, destacando-se: Art. 24. Caberá ao professor lotado na Sala de Tecnologias: I – subsidiar os professores regentes na utilização das diversas Tecnologias Educacionais; II – auxiliar os professores regentes no planejamento e desenvolvimento das atividades da Sala de Tecnologias Educacionais [...] IV – participar dos cursos de formação continuada oferecidos pela Secretaria de Estado de Educação; Na Proposta Pedagógica (2008, p.04) de uma escola estadual do município de Sidrolândia, em sua apresentação comenta-se “A missão de garantir o ensino de qualidade, desenvolvendo no educando potencialidades, inserindo-o no mundo tecnológico, sócio-cultural e econômico Planejar é adaptar-se, revolucionar, mudar, transformar a prática educativa com a participação coletiva”. Segundo a proposta, “o Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003151 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 diálogo, a comunicação, a interação foram fatores indispensáveis para o intercâmbio de experiências, vivências e integração entre os envolvidos”. Observando-se estes dois pontos citados, a missão e o planejar, têm as duas áreas desta pesquisa enfocadas, o uso das tecnologias e prática educativa com a participação coletiva. A comunicação, na Proposta Pedagógica, não está ligada a virtual, porém é citada como fator indispensável para o intercâmbio e integração entre os professores, alunos e a comunidade escolar. Assim sendo, mesmo não possuindo citações específicas de uma aprendizagem colaborativa, a escola pesquisada possui traços e características que desenvolvem planos voltados para uma colaboração com a utilização das tecnologias educacionais, quer seja em suas práticas diárias como em sua missão de inserir o educando no meio tecnológico, social e cultural. Em outro trecho da Proposta Pedagógica (2008, p.10), também são citadas as expectativas quanto às mudanças tecnológicas e o papel do professor quanto a sua participação no contexto e busca constante por formação continuada. As mudanças tecnológicas, o espaço e o tempo são resolvidos com a informação rápida e instantânea. O cidadão precisa da alfabetização digital para operar neste contexto. A escola precisa incorporar as mudanças ocorridas na sociedade e exercer função social e o professor necessita buscar a formação continuada para corresponder a expectativa do educando. Em mais uma parte da Proposta Pedagógica (2008, p.12), fala-se da metodologia da escola como sendo a escola novista que apresenta algumas características da aprendizagem colaborativa, tais como atividades cooperativas, os trabalhos em grupo: “[...]o professor incentiva, orienta, organiza as situações de aprendizagem, adequando-as as capacidades de características individuais dos alunos, adotando métodos e técnicas como: trabalhos em grupo, atividades cooperativas, estudos individuais direcionados, pesquisas, projetos [...]”. A Pesquisa de Campo A pesquisa de campo se deu na forma da aplicação de um questionário semi-estruturado por amostragem, dez estudantes por turno e turma de funcionamento Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003152 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 da escola, para cinco professores por turno e para os professores da sala de tecnologias da escola. O questionário foi elaborado na forma de perguntas abertas e de múltipla escolha, sendo que as perguntas abertas contemplaram as práticas escolares dos estudantes e professores quanto ao acesso e familiarização das tecnologias e à perspectiva colaborativa. As perguntas de múltipla escolha se direcionaram para uma análise do perfil dos professores e estudantes quanto a dados pessoais, formação e nível econômico, constituindo-se um instrumento de coleta de dados de forma ordenada que fossem respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador (LAKATOS, 1996). Com base neste contexto de pesquisa, verificou-se que o corpo docente desta escola estadual possui uma renda média familiar mensal entre três e cinco salários mínimos, seu nível de escolaridade possui 100% dos professores com nível superior e atuam em sua própria área de formação e 70% dos entrevistados possuem pósgraduação Lato Sensu na área de educação, existe uma um número bastante semelhante na quantidade de homens e mulheres trabalhando nesta escola, sendo destes 50% concursados e outro tanto contratados. Há também um percentual muito semelhante entre as faixas etárias dos professores onde existem profissionais que trabalham na educação a menos de cinco anos e em contrapartida existem outros profissionais que estão a mais de quinze anos na educação e em sua grande maioria iniciaram sua vida profissional na própria escola e permanecem nela até hoje, percebendo-se assim que ocorre pouco rodízio do quadro de profissionais desta escola. Quando se trata da formação profissional voltada para o uso das tecnologias educacionais, nota-se que os professores com mais tempo de carreira no magistério não tiveram em sua formação inicial disciplinas voltadas para esta área, no entanto, cerca de 80% deles fizeram ou participaram de algum tipo de formação usando as tecnologias, quer seja em cursos particulares ou aqueles oferecidos pelo Ministério da Educação por intermédio da Secretaria de Estado de Educação, por exemplo, o uso das TIC ou como Elaborar Projetos, cursos estes oferecidos na própria Sala de Tecnologias Educacionais da escola utilizando os sábados. Quanto ao acesso e familiarização ao uso das tecnologias percebeu-se que 100% dos entrevistados possuem computadores em suas residências com acesso à rede mundial de computadores (internet) e que em sua grande maioria, cerca de 75%, usam ou acessam estes meios informacionais em casa ou no trabalho. Cerca de 30% dos entrevistados não participam de redes sociais como chats, blogs, orkut, facebook, entre Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003153 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 outros, e os que participam, cerca de 70%, utilizam as redes sociais principalmente para o entretenimento e uma minoria usa para compartilhar informações para ampliação do conhecimento. Quando questionados em suas práticas diárias de trabalho se utilizam planejar suas aulas mediadas pelas TIC, a freqüência e os motivos que o levam ao uso das tecnologias, os professores responderam que as utilizam para melhor compreender os conteúdos, para quebrar a rotina escolar trazendo novidades aos alunos e repassando aos alunos principalmente com o uso do datashow. De acordo com o calendário estipulado pelos professores da Sala de Tecnologias, freqüentam com todos os alunos da turma a Sala de Tecnologia usando da mesma para pesquisas, visualização de ilustrações sobre os temas desenvolvidos em sala de aula, visitação de sites com quiz, assistem vídeos no youtube referentes à aula, jogos online e também desenvolvem projetos como a produção de vídeos e slides. Ao se reportar em um questionamento sobre o compartilhamento de informações entre os alunos no momento do uso da Sala de Tecnologias, em que os professores se deparam com alunos utilizando as redes sociais para a troca de informações da aula planejada, as opiniões se divergem muito. Alguns professores citam que consideram esta comunicação de fundamental importância, pois, é através desta comunicação que mostra que os alunos estão realmente aprendendo e a troca de informações se torna necessária, a aula fica dinâmica e prazerosa, outros já dizem que se preocupam com estes atos porque acham que os alunos que compreenderam melhor o conteúdo trabalhado mandam para os outros alunos os exercícios prontos não contribuindo para a aprendizagem. Se o compartilhamento de informações for um trabalho em grupo na sala de aula entre os alunos, os professores opinaram que aqueles ficam atentos. Os professores tentam orientar da melhor maneira possível as dificuldades dos alunos, promovendo a interação e um compromisso mútuo de aprendizagem, intervindo quando necessário. Quando é solicitado aos estudantes para fazerem trabalhos em grupo, geralmente o educador espera que um aluno possa ajudar ao outro. Sendo assim, a troca de informação entre os membros do grupo é um comportamento que acaba ajudando o professor que, por muitas vezes, não tem tempo de ajudar a todos os alunos individualmente. Para finalizar a pesquisa, foi citado um trecho do texto de Santos (2008, p. 81-82) em que destaca que a aprendizagem colaborativa deve funcionar como Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003154 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 incentivadora de mudanças, mediadora de problemas para uma solução compartilhada com os membros do grupo possibilitando aos participantes contatos com as práticas reais ajudando o outro a aprender num espaço colaborativo. O questionamento se deu na forma de pergunta aberta onde foi solicitada a opinião do entrevistado a cerca de tal citação, no caso, se fosse possível a aplicação desta abordagem em sala de aula e como ela poderia contribuir para o aprendizado dos alunos. As respostas foram unânimes e todos os entrevistados consideraram positiva a abordagem colaborativa e possível de aplicação em sala de aula e de fundamental importância a troca de experiência, a vivência e o contato com situações práticas onde o aluno estaria apto a enfrentar a vida profissional. No entanto, se divergem quanto ao aprendizado dos alunos, colocando que o conhecimento só poderia ser efetivado se o aluno compreendesse a atividade desenvolvida e se o mediador, no caso o professor, soubesse motivar o aluno. Quanto ao questionário aplicado aos alunos, constatou-se que há na escola pesquisada três realidades distintas: o período matutino, o vespertino e o noturno. Realidades estas que se diferem em quase todos os pontos relatados na pesquisa, mas principalmente no que se refere ao perfil dos estudantes, pois, no período matutino percebeu-se que a renda familiar de 40% dos entrevistados fica entre um a três salários mínimos e 50% dos entrevistados possuem renda familiar entre três e cinco salários mínimos. Já no período vespertino, a grande maioria dos entrevistados, cerca de 65%, possui renda familiar entre um e três salários mínimos, enquanto o período noturno possui uma renda familiar mais bem distribuída onde as taxas variam de um a três salários até cinco a dez salários mínimos. A faixa etária dos alunos é condizente com o ano que estudam e o período noturno é o que possui a maior distorção ano/idade. Quanto ao acesso e familiarização ao uso das tecnologias, o período matutino e noturno, 90% dos alunos entrevistados possuem computadores com acesso à rede mundial de computadores (internet) e a maior parte dos acessos é feita em casa mesmo, enquanto no período vespertino 50% dos alunos não possuem computador ou acesso à internet e seus pontos de acesso se dão na escola ou no celular. Os outros 50% possuem internet e acessam-na em casa. A grande maioria possui conhecimentos a cerca do uso das tecnologias ou por meio de cursos ou pela prática. Quanto ao motivo que os levam a acessar a internet, quase que por unanimidade, os alunos visitam as redes sociais a fim de compartilhar amizades, por diversão e para conversar com amigos. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003155 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 Ao visitarem a Sala de Tecnologias, os alunos atendem aos pedidos que os professores solicitam, onde aprofundam seus conhecimentos através de pesquisas em sites, blogs e páginas indicadas pelos professores e poucos dos entrevistados aprofundam conhecimentos visitando mais sites de informação. Quando questionados sobre o compartilhamento de informações online na sala de Tecnologias, as opiniões são bem diferenciadas. Enquanto alguns acreditam ser uma falta de respeito, preguiça de quem só “cola” dos outros e não aprende nada, outros alunos vêem isso como fato comum e não acham que seja uma coisa ruim, principalmente se o professor der liberdade para que os alunos compartilhem informações. Acreditam que a coletividade é um bom meio de socializar e ajudar as pessoas e que, em caso de dúvida, procuram analisar suas respostas com as do outro colega. Já nos trabalhos em grupo na sala de aula, os alunos observam que o compartilhamento de informações entre os colegas do grupo e entre grupos é visto como uma forma de aprender mais e melhor e a troca de opiniões são positivas no avanço do conhecimento. Em alguns questionários foram respondidos que vários alunos se reportam a colegas de sala porque tem vergonha do professor e, em muitas vezes, deixam de aprender de forma correta por conta dessa vergonha. Mas, se o outro colega consegue ensiná-lo, ele se desenvolve bem em trabalhos em grupo. Com referência ao último questionamento que trata da citação de Santos (2008, p. 81-82), já apresentada neste artigo sobre a aprendizagem colaborativa, os alunos concordam que este tipo atividade pode melhorar seu desempenho na sala de aula, sanar algumas dúvidas, aprender com situações diferentes, favorecendo e melhorando as dificuldades de socialização, adquirindo mais liberdade de expressão, juntando o que cada grupo sabe. As várias ideias a serem trocadas melhoram a aprendizagem, melhoram também a compreensão dos conteúdos dando certo tanto na sala de aula quanto na Sala de Tecnologias. Considerações Finais Há evidências da aprendizagem colaborativa tanto no ambiente presencial como virtual, pois os professores e alunos tentam adequar seus métodos avaliativos, suas metodologias no sentido de promover a troca de conhecimentos e o engajamento de seus pares no processo de ensinar e de aprender. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.003156 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 Em relação à Proposta Pedagógica da escola pesquisada ainda carece de certa reformulação no que tange à utilização dos recursos tecnológicos, pois evidencia uma lacuna em relação à proposta metodológica concreta mediatizada pelas tecnologias de informação e comunicação. A aprendizagem colaborativa pode ser aplicada na rede de ensino, não de forma geral a todos os segmentos, mas pode servir como um modelo a ser seguido na busca coletiva de conhecimentos e no compartilhamento de informações que visem à formação integral do ser humano no que tange ao aperfeiçoamento do saber. Referências Bibliográficas CORD, Brigitte. Internet et pédagogie –état des lieux. Disponivel em: <http://www.cairn.info/revue-distances-et-savoirs-2003-3-page-441.htm>Acesso em: 01 mai. 2007. COX, Kenia Kodel. Informática na educação escolar. Campinas, SP: Autores Associados,2º Ed., 2008. FIGUEIREDO, António Dias de. (2002). Redes e Educação: a surpreendente riqueza de um conceito. in C. N. D. EDUCAÇÃO (ed.), Redes de aprendizagem, redes de conhecimento. Lisboa: Ministério da Educação. GIL. Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002. KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas: Papirus, 2003. KENSKI, Vani Moreira. 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