Filosofia Prof. Msc. Diego Moraes 1.(UFU - 2001) A palavra Filosofia é resultado da composição em grego de duas outras: philo e sophia. A partir do sentido desta composição e das características históricas que tornaram possível, na Grécia, o uso de tal palavra, pode-se afirmar que: a) Sólon, mesmo sendo legislador, pode ser incluído na lista dos filósofos, visto que ele era dotado de um saber prático. b) a palavra, atribuída primeiramente a Parmênides, indica a posse de um saber divino e pleno, tornando os homens verdadeiros deuses. c) a Filosofia, como quer Aristóteles, é um saber técnico, possibilitando, pela posse ou não de uma habilidade, tornar alguns homens os melhores. d) a Filosofia, na definição de Pitágoras, indica que o homem não possui um saber, mas o deseja, procurando a verdade por meio da observação. 2. (UFU – 2005/1) Sobre a passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga, considere as afirmativas a seguir. I. Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus componentes, já contêm características essenciais da compreensão de mundo grega que, posteriormente, se revelaram importantes para o surgimento da filosofia. II. O naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia, já se evidencia na própria religiosidade grega, na medida em que nem homens nem deuses são compreendidos como perfeitos. III. A humanização dos deuses na religião grega, que os entende movidos por sentimentos similares aos dos homens, contribuiu para o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando o desenvolvimento do pensamento filosófico e científico. IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento filosófico, devido à assimilação que os gregos fizeram da sabedoria dos povos orientais, sabedoria esta desvinculada de qualquer base religiosa. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. b) II e IV. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, III e IV. O pensamento filosófico é fruto de transformações históricas acontecidas no período arcaico (sécs. VII a VI a.C.). As principais transformações sociais foram: A dessacralização da escrita. O surgimento da moeda. A lei escrita e o aparecimento do cidadão. Surgimento da Pólis Os primeiros filósofos, portanto, surgiram na região da Jônia e da Magna Grécia, por volta do século VI e V a.C. Tales aparece como o iniciador da filosofia, é porque seu esforço em buscar o princípio único da explicação do mundo não só constituiu o ideal da filosofia como também forneceu impulso para o próprio desenvolvimento dela. O Arché era a Água, pois tudo o que é vivo, orgânico, depende de água para existir A terra planava sobre a água Tudo está preenchido por Deus Tales antecipa a teoria evolucionista ao afirmar que: “O mundo evoluiu da água por processos naturais e sobrevive aquele que está melhor capacitado". 3. (UFU 2003/1) “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa proposta é importantíssima... podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.” REALE, Giovanni. História da filosofia: Antigüidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29. A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles investigado. a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano. b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte. c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos. d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo. e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação Há uma só natureza subjacente que é ilimitada, não porém indefinida Esta natureza, ou elmento natural (arché) era o Ar Esta substância diferencia-se nas substâncias, por rarefação e condensação. Rarefazendo-se, tornase fogo; condensando-se, vento, depois, nuvem, e ainda mais, água, depois terra, depois pedras, e as demais coisas provêm destas. Também ele faz eterno o movimento pelo qual se dá a transformação.” Introduziu o termo Arché – principio elementar o a-peiron (ilimitado) era o princípio e o elemento das coisas existentes o Universo era eterno e infinito. Um número infinito de mundos existiram antes do nosso. Após sua existência, eles se dissolveram na matéria primordial (o a-peiron) e posteriormente outros mundos tornaram a nascer O apeíron, enquanto massa gerativa, contém, em si mesmo, os elementos contrários que por um processo de associação e dissociação (corrupção) produzem a infinidade de seres, sujeitos aos ciclos das necessidades O ‘Logos’ (razão) é uma lei geral que governa todos os eventos de natureza privada e é o alicerce da ordem universal, de uma harmonia constituída por oposições internas. O fluxo permanente define a harmonia universal. Tudo se move, nada se fixa na imutabilidade. Tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários O Arché seria o fogo, que para ele era o elemento primordial entre os outros que constituem o universo: água, terra, ar. Sob seu ponto de vista, esta substância transmuta-se em tudo que existe, assim como tudo nela se transforma – percebe-se, assim, um fluxo constante de mutação. Seu pensamento está exposto num poema filosófico intitulado Sobre a Natureza, dividido em duas partes distintas: uma que trata do caminho da verdade (alétheia) e outra que trata do caminho da opinião (dóxa), ou seja, daquilo onde não há nenhuma certeza. De modo simplificado, a doutrina de Parmênides sustenta o seguinte: Unidade e a imobilidade do Ser; O mundo sensível é uma ilusão; O Ser é Uno, Eterno, Não-Gerado e Imutável. A noção de ser-absoluto O vir-a-ser enquanto ilusão sensível O pensamento enquanto via de acesso ao ser 4. (UFU – 2002/1) “Heráclito e Parmênides são, costumeiramente, apresentados como filósofos cujos pensamentos se opõem: o primeiro seria o pensador da mudança, da contradição, enquanto o outro seria o precursor da metafísica, na sua defesa da constância, da unicidade e da imobilidade do ser. Contudo, há vários de seus fragmentos que parecem nos trazer o mesmo conteúdo.” Tradução dos fragmentos: Gerd Bornheim. Os filósofos pré-socráticos. Ed. Cultrix Assinale quais dos fragmentos a seguir apresentam, respectivamente, as concepções ontológicas de Heráclito e de Parmênides. a) “O mesmo é pensar e o pensamento de que o ser é”. / “O pensamento é comum a todos”. b) “Desta via de investigação eu te afasto; mas também daquela outra, na qual vagueiam os mortais que nada sabem, cabeças duplas. Pois é a ausência de meios que move, em seu peito, seu espírito errante.” / “Homens que não sabem escutar nem falar”. c) “...afasta, portanto, o teu pensamento dessa via de investigação, e nem te deixes arrastar a ela pela múltipla experiência do hábito, nem governar pelo olho sem visão, pelo ouvido ensurdecedor ou pela língua;...”. / “Maus testemunhos para os homens são os olhos e os ouvidos, se suas almas são bárbaras”. d) “É sábio que os que ouviram, não a mim, mas as minhas palavras reconheçam que todas as coisas são um” / “... a diversidade das aparências deve revelar uma presença que merece ser recebida, penetrando tudo totalmente”. No contexto em que viveram os sofistas, a arte de falar bem e de modo convincente (oratória) era considerado um dom muito valioso e útil no exercício da democracia. Excelentes oradores, os sofistas ensinavam sua arte em troca de pagamento, o que lhes rendeu severas críticas de Sócrates e Platão. Para os sofistas, tudo devia ser avaliado segundo os interesses do homem e de acordo como este vê a realidade social. Isso significava que as regras morais, as posições políticas e morais deveriam ser guiadas conforme a conveniência individual (relativismo). Segundo a sofística, o que importava para o ser humano era obter prazer com a satisfação dos seus instintos ou desejos. Assim, até mesmo dominar outros cidadãos seria justificado, se isso gerasse alguma vantagem pessoal. 5. “O período clássico da história da filosofia é marcado, intelectualmente, pelo deslocamento das preocupações cosmológicas e pela relevância dos problemas de ordem antropológica. Em outras palavras, o homem passa a ser objeto e referência de conhecimento.” Neste período, emergem as figuras dos filósofos sofistas, dentre eles, Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini. Acerca das concepções antropológicas, assim como do alcance epistemológico do saber, é correto afirmar que: I – “O homem é a medida de todas as coisas, de todas as coisas que são enquanto são e que não são, enquanto não são.” II – A verdade é relativa ao sujeito: “a verdade é o que para mim se apresenta enquanto tal” III – A verdade é objetiva e pode ser alcançada a partir da razão dialógica IV – O homem é referência do conhecimento, mas a verdade só pode ser atingida pela fé. a) Somente as alternativas I e III b) Somente as alternativas II e IV c) Somente as alternativas I e II d) Todas estão estão estão estão corretas corretas corretas corretas O método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em que, utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica (levar ou induzir uma pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida) e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado. É atribuído a Sócrates, o grande filósofo grego do século V a.C., devido ao seu uso constante, registrado nos livros de Platão. O método socrático é uma abordagem para geração e validação de idéias e conceitos baseada em mais perguntas. Também conhecido como Maiêutica: "É o método que consiste em parir idéias complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro de um contexto. 6. (UFU – 1999/2) O método argumentativo de Sócrates (469-399 a.C.) consistia em dois momentos distintos: a ironia e a maiêutica. Sobre a ironia socrática, pode-se afirmar que: I- tornava o interlocutor um mestre na argumentação sofística. II- levava o interlocutor à consciência de que seu saber era baseado em reflexões, cujo conteúdo era repleto de conceitos vagos e imprecisos. III- tinha um caráter purificador, à medida que levava o interlocutor a confessar suas próprias contradições e ignorâncias. IV- tinha um sentido depreciativo e sarcástico da posição do interlocutor. Assinale a) se apenas a afirmação III é correta. b) se as afirmações I e IV são corretas. c) se apenas a afirmação IV é correta. d) se as afirmações II e III são corretas. O processo de conhecimento se desenvolve por meio de uma passagem progressiva do mundo sensível – da realidade material – para o mundo inteligível – onde tudo existe como essência, imutável, pura perfeição. A realidade sensível não nos oferece um conhecimento verdadeiro, mas somente o mundo das idéias (que existe independentemente do nosso intelecto) pode nos dar tal certeza. Reminiscência: Para Platão, quando, por meio da dialética, tentamos acessar as verdades inteligíveis, estamos, na verdade, buscando um conhecimento que contemplamos numa vida anterior enquanto seres perfeitos, isto é, enquanto alma. A alma já teria contemplado as essências, antes de se prender a esse corpo, ao qual está provisoriamente vinculada. 7. (UFU – 2009/2) Leia o texto abaixo. “SÓCRATES: Portanto, como poderia ser alguma coisa o que nunca permanece da mesma maneira? Com efeito, se fica momentaneamente da mesma maneira, é evidente que, ao menos nesse tempo, não vai embora; e se permanece sempre da mesma maneira e é ‘em si mesma’, como poderia mudar e mover-se, não se afastando nunca da própria idéia? CRÁTILO: Jamais poderia fazê-lo. SÓCRATES: Mas também de outro modo não poderia ser conhecida por ninguém. De fato, no próprio momento em que quem quer conhecê-la chega perto dela, ela se torna outra e de outra espécie; e assim não se poderia mais conhecer que coisa seja ela nem como seja. E certamente nenhum conhecimento conhece o objeto que conhece se este não permanece de nenhum modo estável. “CRÁTILO: Assim é como dizes.” PLATÃO, Crátilo, 439e-440ª Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento de Platão. A) Para Platão, o que é “em si” e permanece sempre da mesma forma, propiciando o conhecimento, é a Ideia, o ser verdadeiro e inteligível. B) Platão afirma que o mundo das coisas sensíveis é o único que pode ser conhecido, na medida em que é o único ao qual o homem realmente tem acesso. C) As Ideias, diz Platão, estão submetidas a uma transformação contínua. Conhecê-las só é possível porque são representações mentais, sem existência objetiva. D) Platão sustenta que há uma realidade que sempre é da mesma maneira, que não nasce nem perece e que não pode ser captada pelos sentidos e que, por isso mesmo, cabe apenas aos deuses contemplá-la. 8. (UFU – 2001/1) A Alegoria da Caverna de Platão, além de ser um texto de teoria do conhecimento, é também um texto político. No sentido político, é correto afirmar que Platão sustentava um modelo a) monárquico, cujo governo deveria ser exercido por um filósofo e cujo poder deveria ser absoluto, centralizador e hereditário. b) aristocrático, baseado na riqueza e que representava os interesses dos comerciantes e nobres atenienses, por serem eles os mecenas das artes, das letras e da filosofia. c) democrático, baseado, principalmente, na experiência política de governo da época de Péricles. d) aristocrático, cujo governo deveria ser confiado aos melhores em inteligência e em conduta ética. Movimento intelectual dos padres da Igreja, que buscou, à luz da filosofia de Platão, fundamentar racionalmente os dogmas cristãos, aliando a fé à razão: “a razão é auxiliar da fé e a ela se subordina”. Santo Agostinho: influenciado por Platão, afirmava que sem a fé a razão torna-se incapaz de promover a salvação e a felicidade do homem. Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis, que são as idéias divinas. Todavia, essas idéias ou modelos não existem em um mundo a parte, como afirmava Platão, mas na própria mente ou sabedoria de Deus. A Iluminação Divina: O conhecimento verdadeiro é resultado da luz ou iluminação divina. Assim como os objetos exteriores só podem ser vistos quando iluminados pela luz do sol, também as verdades precisariam ser iluminadas pela luz divina. Contudo, a iluminação divina não dispensa o homem de ter intelecto próprio; a iluminação apenas teria a função de tornar o intelecto capaz de pensar corretamente em virtude de uma ordem natural estabelecida por Deus. 9. (UFU – 2008/2) Leia o trecho extraído da obra Confissões. Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa resposta: Está gravada dentro de nós a luz do vosso rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a todo homem, mas somos iluminados por Vós. Para que sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas. SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova Cultural,1987. 4, l0. p.154. Coleção Os Pensadores Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho, marque a alternativa correta. A) A irradiação da luz divina faz com que conheçamos imediatamente as verdades eternas em Deus. Essas verdades, necessárias e eternas, não estão no interior do homem, porque seu intelecto é contingente e mutável. B) A irradiação da luz divina atua imediatamente sobre o intelecto humano, deixando-o ativo para o conhecimento das verdades eternas. Essas verdades, necessárias e imutáveis, estão no interior do homem. C) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz recordar as verdades eternas que a alma possuía antes de se unir ao corpo. D) A metáfora da luz significa a ação divina que nos faz recordar as verdades eternas que a alma possuía e que nela permanecem mediante os ciclos da reencarnação. A questão dos Universais: qual a relação entre as palavras e as coisas? Por exemplo, Rosa é o nome de uma flor. Quando a flor morre, a palavra ou o conceito universal “rosa” continua existindo. Nesse caso, a palavra ou conceito fala de uma coisa inexistente; tal palavra ou conceito geral existe independentemente da coisa (no caso, o ser concreto que morreu)? Que relação existe entre as coisas concretas (as espécies, por exemplo) e os seus conceitos? Em relação a essa questão, surgiram três respostas distintas: a) Realistas (Guilherme de Champeaux, S. Anselmo): O universal tem realidade objetiva, são coisas (res) e existem por si mesmas. Em cada membro de uma espécie está presente uma natureza comum real. b) Nominalistas (Guilherme de Ockam, Roscelino): O conceito universal é uma simples emissão de voz, puro som da palavra, mero nome e convenção linguística. Não existe outra realidade além da realidade individual, existente na natureza. c) Conceptualismo (Pedro Abelardo): O universal é um conceito tirado das coisas por abstração, isto é, os universais não existem mais do que no intelecto, apesar de que eles se referem a seres reais. Influenciado por Aristóteles, afirmava que teologia (fé) e filosofia (razão) são conciliáveis, desde que a razão ampare o caminho até a verdade revelada, isto é, um bom uso da razão faz com que possamos acessar a verdade de Deus. Portanto, não deve haver conflito entre fé e razão. De acordo com a sua teoria do conhecimento, o homem é um ser duplo, composto por um corpo material e por uma alma inteligível. O homem conhece porque é alma, mas não tem acesso direto a Deus porque também é corpo. Nosso conhecimento sempre parte dos sentidos, mas atinge o inteligível por meio da abstração. As Cinco Provas da Existência de Deus: 1) Primeiro Motor imóvel – tudo se movimenta; Deus é causa do movimento dos seres (motor imóvel); 2) Causa eficiente – tudo tem uma causa; Deus é a causa primeira, incausada; 3) Possível e necessário – Deus é o ser necessário, isto é, o ser a partir do qual todos os seres vieram. Não tendo uma origem, Deus é eterno; 4) Graus de perfeição – Há seres mais perfeitos e há seres menos perfeitos. Deus é o ser absolutamente perfeito; 5) Finalidade do Ser – o mundo é regido por uma inteligência superior que ordena a finalidade de todas as coisas. Essa inteligência é Deus. 9. (UFU – 2009/2) Leia com atenção o texto abaixo: “Nos três primeiros artigos da 2ª questão da Suma de Teologia, Tomás de Aquino discute sobre a existência de Deus. Suas conclusões são: 1) a existência de Deus não é auto evidente, sendo preciso demonstrá-la; 2) a existência de Deus não pode ser demonstrada a partir de sua essência (pois isso ultrapassa a nossa capacidade de conhecimento); 3) a existência de Deus pode ser demonstrada, contudo, a partir de seus efeitos (demonstração quia), isto é, a partir da natureza criada podemos conhecer algo a respeito do seu Criador. A partir disso, ele desenvolve cinco argumentos ou vias segundo as quais se pode mostrar, a partir dos efeitos, que Deus existe.” Adaptado de: MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. p. 126-130. Sobre as cinco vias da prova da existência de Deus, elaboradas por Tomás de Aquino, assinale a alternativa INCORRETA. A) Nos argumentos de Tomás de Aquino sobre a existência de Deus, pode-se perceber a influência dos escritos de Aristóteles em seu pensamento. B) Segundo a prova teleológica, tudo que obedece a uma finalidade pressupõe uma inteligência que o criou com tal finalidade, como o carpinteiro em relação a uma mesa; ora, percebemos a finalidade no Universo (todas as criaturas têm uma finalidade); logo, Deus é o princípio que dá essa finalidade ao Universo. C) Segundo a prova que se baseia no movimento, Deus é considerado o motor imóvel, isto é, como a causa primeira do movimento que percebemos no mundo, e deve ser imóvel para evitar o regresso ao infinito. D) Qualquer pessoa que consiga compreender os argumentos das cinco vias conhecerá, com certeza evidente, a essência de Deus. René Descartes Immanuel Kant buscou formular um método que deveria ser o eixo básico e seguro das investigações no campo das ciências. A dúvida metódica (o cogito): o objetivo da dúvida é encontrar uma primeira verdade, impondo-se com absoluta certeza. A primeira verdade a que chega Descartes é o cogito: “Penso, logo existo”. De acordo com Descartes, possuímos três tipos de idéias: as adventícias (originadas das nossas sensações ou percepções), as fictícias (feitas ou inventadas pela imaginação) e as idéias inatas, que nos são dadas por Deus. Sendo congênitas em relação à nossa alma, essas idéias formam o fundamento da ciência. Podemos conhecê-las voltando-se sobre nós mesmos, isto é, por reflexão ou intuição. Para Descartes, Deus é um ser que necessariamente existe: O homem possui a idéia inata da substância infinita, ou seja, de Deus. Mas o próprio homem, como substância finita, não pode criar a idéia de substância infinita. Daí a dedução cartesiana de que essa idéia só pode ter por causa Deus. A alma, ao pensar, reconhece que ela própria não pode ser a causa de Deus, porque, finita, não lhe é possível ser a causa de uma idéia infinita. Logo se a alma contém essa idéia é porque ela se encontra inata dentro de nós. É através das idéias verdadeiras que Deus age sobre o intelecto do homem. Deus é, portanto, a garantia da realidade do mundo, comprovada pelos nossos sentidos. 10. (UFU – 2008/2) Leia atentamente o texto abaixo. A partir dessa intuição primeira (a existência do ser que pensa), que é indubitável, Descartes distingue os diversos tipos de idéias, percebendo que algumas são duvidosas e confusas e outras são claras e distintas. ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. p. 104. A primeira idéia clara e distinta encontrada por Descartes no trajeto das meditações é A) a idéia do cogito (coisa pensante), pois na medida em que duvida, aquele que medita percebe que existe. B) a idéia de coisa extensa, porque tudo aquilo que possui extensão é imediatamente claro e distinto. C) a idéia de Deus, porque Deus é a primeira realidade a interromper o procedimento da dúvida, no qual se lança aquele que se propõe meditar. D) a idéia do gênio maligno, porque somente através dele Descartes consegue suprimir o processo da dúvida radical. 11. (UFU – 2009/2) Leia com atenção o texto abaixo: “Mas há um enganador, não sei quem, sumamente poderoso, sumamente astucioso que, por indústria, sempre me engana. Não há dúvida, portanto, de que eu, eu sou, também, se me engana: que me engane o quanto possa, nunca poderá fazer, porém, que eu nada seja, enquanto eu pensar que sou algo”. DESCARTES. Meditações sobre Filosofia Primeira. Campinas: Editora da UNICAMP, 2004. p. 45. Para atingir o processo extremo da dúvida, Descartes lança a hipótese de um gênio maligno, sumamente poderoso e que tudo faz para me enganar. Essa radicalização do processo dubitativo ficou conhecida como dúvida hiperbólica. Assinale a alternativa que apresenta corretamente a relação estabelecida por Descartes entre a dúvida hiperbólica (exagerada) e o cogito (eu penso). A) Descartes sustenta que o ato de pensar tem tamanha evidência, que eu jamais posso ser enganado acerca do fato de que existo enquanto penso. B) A dúvida hiperbólica é insuperável, uma vez que todos os conteúdos da mente podem ser imagens falsas produzidas pelo gênio maligno. C) Com o exemplo dos juízos matemáticos, que são sempre indubitáveis, Descartes consegue eliminar a hipótese do gênio maligno. D) Somente a partir da descoberta da ideia de Deus é que Descartes consegue eliminar a dúvida hiperbólica e afirmar a existência do pensante. enquanto existencialista, Sartre defende a tese de que, em relação ao ser humano, “a existência precede a essência”. Em outras palavras, não existe um Deus criador, que nos concebeu e criou a partir de um projeto ou finalidade prévia. Sendo assim, o homem simplesmente existe, e a sua “essência” ou projeto será apenas aquilo que ele fizer de si mesmo, aquilo que ele se quiser. O homem nada mais é do que o seu projeto, um “ser-para-si”, aberto à possibilidade de construir ele próprio a sua existência, sem que para isto haja modelo ou essência para lhe orientar o caminho. Seu futuro se encontra disponível e aberto, estando portanto irremediavelmente “condenado a ser livre”. Ao experimentar a liberdade, e ao sentir-se como um vazio, o homem vive a angústia da escolha. Muitas pessoas não suportam essa angústia, fogem dela, aninhando-se na má fé. A má fé é a atitude característica do homem que finge escolher, sem na verdade escolher, imaginando que seu destino está traçado, que os valores são dados. Se, no homem, a existência precede a essência, ele é responsável por aquilo que é ou por suas escolhas. Escolher ser isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos. Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade. 12. (UFU – 2009/2) Leia o texto abaixo. “A doutrina que lhes estou apresentando é justamente o contrário do quietismo, visto que ela afirma: a realidade não existe a não ser na ação; aliás, vai longe ainda, acrescentando: o homem nada mais é do que o seu projeto; só existe na medida em que se realiza; não é nada além do conjunto de seus atos, nada mais que sua vida”. SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural, 1987, Col. Os Pensadores. p. 13. Tomando o texto acima como referência, assinale a alternativa correta. A) A frase “a realidade não existe a não ser na ação” significa que é o homem aquele que cria toda a realidade possível e imaginável, que o homem é o ser que cria o mundo todo a partir de sua existência. B) O existencialismo sartreano é uma espécie muito particular de quietismo, porque afirma que o homem é livre a partir do momento em que deixa a decisão sobre a própria existência nas mãos dos outros. C) Quando Sartre afirma que o homem “nada mais é do que a sua vida”, ele está dizendo que todos são iguais na indeterminação de seus atos e que, portanto, é indiferente ser responsável ou não pelas ações praticadas. D) O existencialismo de Sartre é o contrário do quietismo, porque defende que a vida humana é feita a partir das ações e escolhas que cada ser humano realiza juntamente com outros homens. A vida do homem é um projeto que se realiza em plena liberdade. 13. (UFU – 2008/2) Considere o texto abaixo. Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existisse, tudo seria permitido”. Eis o ponto de partida do existencialismo. De fato, tudo é permitido se Deus não existe, e, por conseguinte, o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas. SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo. Trad. De Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 9. Tomando o texto acima como referência, marque a alternativa correta. A) Nesse texto, Sartre quer mostrar que sua teoria da liberdade pressupõe que o homem é sempre responsável pelas escolhas que faz e que nenhuma desculpa deve ser usada para justificar qualquer ato. B) O existencialismo é uma doutrina que propõe a adoção de certos valores como liberdade e angústia. Para o existencialismo, a liberdade significa a total recusa da responsabilidade. C) Defender que “tudo é permitido” significa que o homem não deve assumir o que faz, pois todos os homens são essencialmente determinados por forças sociais. D) Para Sartre, a expressão “tudo é permitido” significa que o homem livre nunca deve considerar os outros e pode fazer tudo o que quiser, sem assumir qualquer responsabilidade.