A liberdade
A liberdade como problema
• O que está e o que não está em nosso
poder?
• Até onde se estende o poder da nossa
vontade, de nosso desejo, de nossa
consciência?
• Até onde alcança o poder de nossa
liberdade?
• Podemos mais do que o mundo ou este
pode mais do que nossa liberdade?
• O que está inteiramente em nossa poder e
o que depende inteiramente de causas e
forças exteriores que agem sobre nós? 1
O problema da liberdade se apresenta sob dois pares de opostos:
· O par necessidade-liberdade:
- A realidade cultural e natural possui leis
causais necessárias que não dependem de nós.
- A necessidade que rege as leis naturais e as
normas-regras culturais não seria mais vasta,
maior e mais poderosa do que nossa liberdade?
O que pode estar em nosso poder?...
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...1º Necessidade (Natureza) refere-se ao todo da
realidade, existente em si e por si, que age sem
nós e nos insere em sua rede de causas e efeitos,
condições e conseqüências.
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... 2º Fatalidade (religião) é o termo empregado
quando pensamos em forças transcendentes
superiores às nossas e que nos governam,
quer o queiramos ou não.
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...3º Determinismo
(ciências) referese à realidade
conhecida e
controlada pela
ciência (dadas as
ciências naturais
e humanas com
suas leis, tornase a liberdade
ilusória).
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· O par contingência-liberdade também pode ser
formulado
pela
oposição
acaso-liberdade.
Significa que a realidade é imprevisível e mutável,
impossibilitando a deliberação e decisão
racionais, definidoras da liberdade.
Portanto:...
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...Necessidade, fatalidade,
determinismo
significam que não há lugar
para a liberdade, porque o
curso das coisas e de nossas
vidas já está fixado, sem que
nele possamos intervir.
Contingência e acaso
significam que não há lugar
para a liberdade, porque não
há curso algum das coisas e
de nossas vidas sobre o qual
pudéssemos intervir.
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TRÊS GRANDES CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS DA LIBERDADE
·1ª ARISTÓTELES. É livre aquele que tem em si
mesmo o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele
que é causa interna de sua ação ou da decisão de não
agir. A liberdade é concebida como o poder pleno e
incondicional da RAZÃO para determinar a si mesma
ou para ser autodeterminada.
· A liberdade é também pensada como ausência de
constrangimentos externos e internos, ou seja, não
ser forçado por alguma coisa a agir.
· A liberdade é o princípio para escolher entre
alternativas possíveis, realizando-se como decisão e
ato voluntário.
· A vontade livre é determinada pela razão ou pela
inteligência, portanto a causa da liberdade seria o
pensamento ou raciocínio.
· A liberdade será ética quando o exercício da vontade
estiver em harmonia com a direção apontada pela
razão.
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SARTRE Levou essa concepção ao ponto limite.
-A liberdade é a escolha incondicional que o
próprio homem faz de seu ser e de seu mundo.
“Quando julgamos estar sob o poder de forças
externas mais poderosas do que nossa
vontade, esse julgamento é uma decisão livre,
pois
outros
homens,
nas
mesmas
circunstâncias, não se curvaram nem se
resignaram”.
-Ou seja, conformar-se é uma decisão livre:
Quando dizemos estar enfraquecidos, a
fraqueza é uma decisão nossa.
· Por isso, SARTRE diz que estamos
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condenados à liberdade, sem escapatória.
2ª. Nasce no estoicismo, depois com Espinosa no
século XVII e com Hegel e Marx no século XIX. Estes
não colocam a liberdade no ato de escolha
realizado pela vontade individual, mas na
atividade do todo, do qual os indivíduos são
partes.
O todo ou a totalidade (estóicos: Natureza; Espinosa e Hegel:
possui suas
próprias leis e é livre em si mesma porque nada
a força ou a obriga do exterior, e por sua
liberdade instaura leis e normas necessárias
para os indivíduos.
Liberdade não é escolher ou deliberar, mas agir
em conformidade com a natureza da totalidade.
Cultura;
Marx:formação
histórico-social)
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3ª. Possibilidade objetiva.
· A liberdade é a capacidade
para perceber tais possibilidades e o poder para
realizar aquelas ações que mudam o curso das
coisas, dando-lhes outra direção ou outro
sentido.
· O possível não é provável. O possível, porém,
é aquilo criado pela nossa própria ação. É o que
vem à existência graças ao nosso agir.
· A liberdade não se encontra na ilusão do
“posso tudo”, nem no conformismo do “nada
posso”. Encontra-se na disposição para
interpretar e decifrar os vetores do campo
presente como possibilidades objetivas... 11
·A liberdade é a capacidade para
darmos um sentido novo ao que
parecia fatalidade [facticidade],
transformando a situação de fato
numa realidade nova, criada por
nossa ação.
·O possível não é pura contingência
ou acaso (Ari e Sartre). O
necessário não é fatalidade bruta
(estóicos). O possível é o que se
encontra “aberto no coração” do
necessário e que nossa “liberdade
agarra para fazer-se liberdade”. 12
VIDA E MORTE
Vida e morte são acontecimentos simbólicos,
possuem sentido e fazem sentido, posto o ser
humano existir, ou seja, nasce e morre.
-Somente a morte
completa o que
somos, dizendo
aquilo que fomos.
Enquanto vivos,
somos tempo e
mudança,
estamos sendo.
“Quem não
souber morrer
bem terá vivido
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mal” (Sêneca).
VIDA E MORTE
-Vida e morte são acontecimentos
simbólicos, possuem sentido e
fazem sentido, posto o homem
existir, i. é, nasce e morre.
-Somente a morte completa o que
somos, dizendo aquilo que
fomos. Enquanto vivos, somos
tempo e mudança, estamos
sendo. “Quem não souber
morrer bem terá vivido mal”.
-Morrer é um ato solitário. Morrerse só: a essência da morte é a
solidão. O morto parte sozinho;
os vivos ficam sozinhos ao perdêlo. Resta saudade e recordação.
· “O essencial para nossa
felicidade é nossa condição
íntima e dela somos senhores”.
Tetrapharmakon
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Até onde alcança o poder de nossa liberdade?