Apostila 2
“HÁ EM TUDO UMA RAZÃO”
Há em tudo uma razão?
 O entendimento exige que tracemos um
quadro claro e coerente do que desejamos
explicar.
 Entender – quando se faz ou se tem
quando compreende-se algo.
 Razão – são várias operações mentais que
nos permite apreender e dar significados
ao que nos envolve.
 As operações mentais que
apreendemos e realizamos são
históricas e culturais e há formas
diferentes de externarmos aquilo a
que chamamos de razão.
 Partindo de nossos instrumentos de
compreensão, aos quais chamamos
genericamente de razão, produzimos
determinado conhecimento sobre as
coisas que vemos.
 Há os que “sabem” e há os que “não
sabem” e, “por isso”, devem aprender.
 A escola é a arena ideal para isso.
 Professores planejam aulas com
conteúdos tirados de livros e pesquisas
que foram escritos por pesquisadores que
buscaram e compilaram estas informações
todas do vasto repertório de
conhecimentos desenvolvidos pelos
nossos precedentes.
 Os que sabem progridem; os que não
sabem ficam parados no tempo...
 Os chamados “conhecimentos
científicos” não são a única forma de
dizer as coisas do mundo.
 Uma pequena variação de olhar, pode
implicar uma outra visão de mundo. E
ela pode ser tão “certa” quanto as
coisas que você estuda.
 Achamos natural a forma de ver as
coisas e, diante disso, não pensamos
que se trata apenas de um jeito de ver
que se generalizou, tornou-se fonte
de transmissão de conhecimentos
pela tradição e pela escola e que
constituiu a normalidade das coisas.
 Visão de óptica.
 Visão de mundo ditada por uma razão
monolítica, busca enquadrar toda
sociedade e cultura.
 Por não refletirmos criticamente sobre nossa
forma de ver o mundo, acabamos por
naturalizar nosso olhar. A crer que a forma de
vermos o mundo hoje é a única forma de ver
o mundo.
 Essa naturalização foi construída
historicamente, e para que possamos
compreendê-la, devemos desconstruí-la,
enquanto verdade dada e posta.
 Dúvida metódica de Descartes.
 Linha férrea (conserto armário).
 O que nos convence da verdade de uma
coisa são os padrões de comportamento
construídos historicamente.
 O pensamento moderno foi construído
em meio à deslegitimação do que
podemos chamar de pensamento
“tradicional” – Idade Média.
 A maioria das pessoas daquela época
conviveu com esse modo de vida sem
questionar ou sentir-se oprimida.
 A burguesia – classe emergente - passou
a destacar valores até então rejeitados ou
esquecidos no mundo medieval, como a
ambição pessoal e o culto pelas coisas
novas.
 Nova forma de ver as coisas –
Renascimento.
 A razão renascentista, que forjou nosso
olhar moderno sobre as coisas, está
ligada a três importantes áreas de
conhecimento: a Arte, a Matemática e a
Filosofia.
 Obras construídas com uma concepção
matemática, que determinou
rigorosamente a relação entre o espaço
pictográfico e a realidade como vista pelo
olho humano.
 Racionalização do espaço e figuras
pintadas que dão ao quadro um tom de
uniformidade e homogeneidade em que
nada, nem o mínimo detalhe escapa ao
controle geométrico matemático do
artista.
 O mundo chamado “objetivo” é um
mundo muito afastado da
experiência humana, inventado por
alguém que se considera
“observador neutro”.
 Um universo surgido dos “modelos
ideais” e depois “confirmado” por
esta forma peculiar de relação com a
natureza é chamado método
experimental.
 A revolução cartesiana teve, e
ainda tem, implicações
fundamentais para o pensamento
da corporalidade.
 Legitima filosoficamente e
explicita uma nova forma de ver e
relacionar-se com o mundo que
havia aberto a arte e a ciência,
com o método experimental e a
quantificação, e a vida de cidadão.
René Descartes
MÉTODO CARTESIANO
René Descartes
 René Descartes (1596-1650), francês.
Durante a infância e mocidade, recebeu
formação jesuítica em La Flèche. Apesar
de seu bom desempenho acadêmico e do
prestígio que tinha com os professores, se
dizia decepcionado com o ensino recebido,
pois a já exaurida filosofia escolástica não
era capaz de conduzir a uma verdade
segura.
 Empreendeu uma grande busca.
Como não a havia encontrado nas
letras, resolveu buscá-la no
mundo.
 Viajou por toda a Europa, alistouse nas tropas de Maurício de
Nassau, na Holanda.
 Entrou em contato com as ideias
de Copérnico e Galileu.
 Estudou com afinco a filosofia
para conciliar a ciência que nascia
com o cristianismo.
 Mudou-se para a Holanda, país
protestante, para evitar
problemas com a Inquisição.
 Em 1649, descartes aceita convite
da Rainha Cristina da Suécia onde
morre de pneumonia em 1650.
A dúvida para alcançar uma
Certeza Indubitável
 Resolve criar uma estratégia para alcançar
uma verdade fundamental, da qual se
pudesse partir para um conhecimento
seguro.
 Tal estratégia ficou conhecida na história
como “dúvida metódica”.
 Consiste em duvidar de tudo quanto for
possível, no intento de chegar a algo que seja,
de fato, indubitável.
 Ele duvidava dos sentidos, já que, por
vezes eles nos enganam.
 Duvidava da realidade vivida, pois
pode não passar de um sonho.
 Duvidava das evidências científicas e
das verdades matemáticas, pois elas
podem não passar de artifícios de um
Deus enganador ou de gênio maligno,
cujo objetivo é conduzir a mente ao
erro.
O Cogito Cartesiano, como
Fundamento de toda a Ciência
 Segundo Descartes, podemos duvidar de
tudo, mesmo do fato de estarmos
duvidando.
 O ato mesmo de duvidar, constitui algo
indubitável.
 Se duvido, penso e, se penso, existo.
Penso, logo existo (cogito ergo sum), uma
das fórmulas mais conhecidas da história
da filosofia.
O método cartesiano
Consiste em quatro regras básicas:
1. A evidência (Verificar) - acolher como
evidente aquilo que se apresenta como tal
para a razão, de modo a evitar toda
precipitação e toda sorte de preconceitos;
2. A análise – dividir o problema acolhido o
tanto quanto for possível, ou seja, decompor
o problema até suas partes mais
elementares;
3. A síntese – organizar, classificar e abordar
o problema, começando das partes mais
simples para as mais complexas;
4. O controle – enumerar todas as partes
analisadas e fazer revisões tão minuciosas
e amplas, que permitam, tanto quanto
possível, afastar a possibilidade de erro.
As regras primam pela simplicidade e clareza
ao tentar explicitar a necessidade de rigor
na pesquisa científica
Mecanismo cartesiano
 O mecanismo cartesiano é a cosmovisão
cartesiana, segundo a qual o mundo é
uma máquina, cujos elementos
essenciais são o movimento e a matéria.
 Por fornecer a base para uma visão
mecânica e, por isso, descartável de
mundo, foi amplamente assimilada pelo
Ocidente capitalista.
Res cogitans, res extensa e
os tipos de ideias
 Descartes tende ao dualismo psicofísico.
 No ser humano encontram-se duas
substâncias distintas:
1. A res extensa (corpo)
2. A res cogitans (alma)
A separação da alma e do corpo não provocaria
a morte, que é determinada por causas
fisiológicas.
Tipos de ideias (atos mentais
de percepção imediata)
1. Ideias inatas – aquelas que se
encontram impressas no espírito
humano, ou seja, com as quais
nascemos.
2. Ideias adventícias – provêm de fora,
são formadas pela experiência sensível.
3. Ideis factícias – são arbitrárias e dizem
respeito a uma realidade imaginária.
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“há em tudo uma razão”