Proteção efetiva com porta de saída Ricardo Barros Mirela de Carvalho Belo Horizonte, Abril de 2006 I. A importância da proteção social A desigualdade de renda no Brasil vem declinando ao longo dos últimos 3 anos de forma sistemática e substancial. Ela nunca foi tão baixa como atualmente Evolução temporal do grau de desigualdade de renda, segundo o coeficiente de Gini - Brasil 0.65 0.637 0.64 0.63 Coeficiente de Gini 0.62 0.615 0.617 0.61 0.605 0.601 0.60 0.602 0.601 0.601 0.599 0.597 0.602 0.595 0.597 0.590 0.59 0.592 0.590 0.589 0.585 0.58 0.584 0.583 0.57 0.574 0.56 0.55 1981 1983 1985 1987 1989 1991 1993 1995 Ano Fonte: Estimativas produzidas com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1976 a 2004, porém nos anos 1980, 1991, 1994 e 2000 a PNAD não foi a campo. 1997 1999 2001 2003 Quase ¾ da substancial queda na extrema pobreza ocorrida no último ano se deve à redução na desigualdade de renda. Decompondo a redução no grau de extrema pobreza entre 2003 e 2004 15 14.5 14,5 14 Contribuição do crescimento na renda per capita (27%) Proporção de extremamente pobres em 2003 13.5 Contribuição da redução no grau de desigualdade (73%) 13 12.5 Proporção de extremamente pobres em 2004 12,3 12 11.5 11 10.5 10 pobreza Cerca de 1/5 desta acentuada queda na desigualdade e extrema pobreza deve-se a construção de uma efetiva rede de proteção social no país (Bolsa Família). Porcentagem de pessoas em famílias que recebem juros, aplicações, dividendos e outras rendas por centésimos da distribuição de renda per capita Porcentagem de pessoas em famílias que recebem renda de juros e outros 60 50 2004 2003 2001 1999 2002 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 Centésimos da distribuição 60 70 80 90 100 Contribuição do Programa Bolsa Família para a redução da desigualdade de renda no Brasil 0,60 Coeficiente de Gini 0,60 0,59 78% 0,59 0,58 22% 0,58 0,57 0,57 0,56 Situação em 2001 Situação que prevaleceria em 2004 caso não houvessem ocorrido mudanças na distribuição de transferências governamentais e remuneração de ativos financeiros Situação em 2004 II. Canais para o impacto da rede de proteção sobre o comportamento dos beneficiários Impacto das transferências (efeito renda); Impacto da focalização (efeito preço). Relação entre a taxa de participação masculina, a renda per capita e a participação no Programa Bolsa Família 110 100 Taxa de participação(%) Não recebem Bolsa Família Recebem Bolsa Família 90 80 70 60 50 40 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Renda familiar per capita, excluindo a renda do trabalho masculino (R$) 450 500 III. Explorando as complementaridades entre a rede de proteção e o aproveitamento das oportunidades existentes Aspectos positivos do impacto das transferências. Provendo condições para que as famílias possam aproveitar as oportunidades disponíveis; A importância das condicionalidades; A importância da integração. Relação entre a porcentagem de crianças que frequenta ao menos 80% das aulas e a renda per capita 90 Porcentagerm de crianças (%) 88 86 84 82 80 78 76 74 72 70 0 50 100 150 200 250 300 Renda familiar per capita (R$/mês) 350 400 450 500 III. Explorando as complementaridades entre a rede de proteção e o aproveitamento das oportunidades existentes Aspectos positivos do impacto das transferências. Provendo condições para que as famílias possam aproveitar as oportunidades disponíveis; A importância das condicionalidades; A importância da integração. Relação entre a porcentagem de crianças que frequenta ao menos 80% das aulas, a renda per capita e a participação no Programa Bolsa Família 90 Porcentagerm de crianças (%) 88 86 3,9 p.p. 84 82 2,3 p.p. 80 78 76 Não recebem Bolsa Família 74 Recebem Bolsa Família 72 70 0 20 40 60 80 100 120 Renda familiar per capita (R$/mês) 140 160 180 200 III. Explorando as complementaridades entre a rede de proteção e o aproveitamento das oportunidades existentes Aspectos positivos do impacto das transferências. Provendo condições para que as famílias possam aproveitar as oportunidades disponíveis; A importância das condicionalidades; A importância da integração. Relação entre a taxa de participação masculina, a renda per capita e a participação no Programa Bolsa Família 110 100 Taxa de participação(%) Não recebem Bolsa Família Recebem Bolsa Família 90 80 70 60 50 40 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Renda familiar per capita, excluindo a renda do trabalho masculino (R$) 450 500 IV. Como garantir a integração e o cumprimento das condicionalidades A importância de um elo (agentes para o desenvolvimento familiar) entre a política social e as famílias pobres: Programa Puente, PAIF, Ação Família. A importância de agentes comunitários e de um plano local de desenvolvimento: Comunidade Ativa, APL Funções dos agentes para o desenvolvimento familiar Identificar e cadastrar as famílias mais pobres; Em conjunto com a família: Identificar as necessidades e carências da família e as causas de sua situação de pobreza Informar a família sobre a disponibilidade local de serviços e oportunidades. Garantir à família acesso prioritário a estes serviços e oportunidades Funções dos agentes para o desenvolvimento familiar Em conjunto com a família Identificar suas necessidades e carências e as causas de sua situação de pobreza Formular uma estratégia para o desenvolvimento da família e pactuar co-responsabilidades Motivar e incentivar a família na implementação da estratégia e cobrar o cumprimento das coresponsabilidades V. Conclusões 1. Em países com renda per capita mediana e alto grau de desigualdade, redes de proteção social são indispensáveis ao combate a pobreza; 2. É possível e extremamente importante explorar a complementaridade entre proteção e a oferta de oportunidades III. Conclusões 3. Co-responsabilidades e integração são elementos centrais para uma rede de proteção com porta de saída 4. A integração e a efetiva cobrança das coresponsabilidades requer um forte elo entre a política social e famílias pobres.