Enfrentar os Desafios do
Crescimento Africano
Oportunidades, Constrangimentos e
Direcções Estratégicas
Benno J. Ndulu
A pobreza em África é, em grande parte, um
desafio ao crescimento



10% da população mundial mas 30% dos
pobres de todo o mundo.
A pobreza extrema, em África, aumentou de
36% da população em 1970 para cerca de
50% em 2000.
Praticamente um em cada dois africanos
(300 milhões de pessoas no total) é pobre:
gastando menos de USD 1 por dia nas
necessidades básicas da vida.
10000
East Asia and Pacific
6600
Other Developing
3508
Sub-Saharan Africa
2782
2589
1423
0
Mesmo depois dos
ajustamentos para as
diferenças no poder de
compra
– o rendimento p.c. era
cerca de metade do de
EAP, em 1960
– No fim do século XX,
era menos de um
quinto do da EAP
14929
5000

O rendimento per
capita em Africa
cresceu a uma taxa
de 0,5% em
contraste com 2,5%
noutras regiões em
desenvolvimento.
GDP per capita, 1996 PPP$

15000
Divergência no crescimento dos rendimentos:
relativamente a outras regiões
1960-2004
1960
1970
1980
year
1990
2000
Fonte dos dados: Base de dados WDI do Banco Mundial.
Nota: PIB per capita em dólares internacionais de 1996.
Países Africanos – Perderam duas
décadas de crescimento global
Trajectória do Crescimento 1960-2004
Figura 2.1: Crescimento médio suavizado em PIB real per capita
-2
0
2
4
6
8
Países com conjunto completo de observações
1960
1970
1980
ano
41 SSA
SSA, pop-wt
1990
57 Other
Other, pop-wt
2000
Mesmas Riquezas – Trajectos
Diferentes – Resultados Diferentes
Income per capita
15441
10000
15000
PPP adjusted, 1996 international $
5000
Mauritius
3084
1624
Cote d'Ivoire
0
1606
1960
1970
1980
year
1990
2000
Income per capita
10000
PPP adjusted, 1996 international $
•Costa do Marfim e Maurícia
são ambos países costeiros e
pobres em recursos
• seguiram trajectos de
desenvolvimento muito
diferentes
•com resultados muito
diferentes.
4000
6000
8000
8936
2000
Botswana
1167
902
Zambia
0
984
1960
1970
1980
year
1990
2000
•Zâmbia e Botswana são
ambos países interiores e
ricos em recursos
•Seguiram abordagens
diferentes para a gestão das
rendas dos recursos
•Com resultados muito
diferentes
Experiência e Resultados de
Crescimento Distintos: 1960-2004
Figure 2.9: Growth experience of countries in SSA
4.00
6.00
BWA
MUS
CPV
LSO
2.00
GAB SYC
-2.00
0.00
UGA
MRT
TZA
MWI
SDN
KEN
BFA
GMB
CMR
ZAF
TGO
NGA
NAM
ETH
BEN
TCD
MOZ
RWA
CIV
BDI
MLI
GIN
GHA
SEN
AGO
COM
ZMB
CAF
SLE
GNB
MDG
NER
COG
ZAR
0.00
2.00
4.00
6.00
8.00
Ratio of per capita income in 2004 to per capita income in 1960
10.00
•Rendimento Per Capita
em Nove Países, em
2004, inferior ao de
1960
• 13 países de
rendimento médio têm
rendimentos em 2004
entre 60% (AS) e nove
vezes (Botswana) os
níveis de 1960
Três Perguntas Chave



(1) quais as oportunidades e,
consequentemente, as opções de
crescimento à disposição da gama diversa
de países africanos?
(2) quais os principais constrangimentos à
exploração dessas oportunidades? e
(3) quais as escolhas estratégicas a serem
feitas pelos governos africanos e seus
parceiros com vista à exploração destas
oportunidades?
Cinco Conclusões Chave Decorrentes de 45
Anos de experiência com o Crescimento
Africano
(i)
–
–
(ii)
Um crescimento mais vagaroso da produtividade acentua a
diferença entre o crescimento em África e o de outras regiões
O mesmo nível de investimento gera 1/3 a ½ do crescimento na Ásia
Olhar mais além das condições para se elevar os níveis de investimento
Políticas e governação são responsáveis por 25% a 50% da
diferença de crescimento relativamente a outras regiões
(iii) As desvantagens decorrentes da geografia e a praga dos recursos
correspondem a um outro terço da lacuna no crescimento
(iv) O crescimento dos parceiros de comércio é importante para o
crescimento de África – sugere crescimento liderado pelas exportações
(v) Menores dependentes é um obstáculo importante ao crescimento
– acelerar a transição demográfica
Produtividade Comparativa do
Investimento
Resultado Marginal de um Dólar de Investimento
Decade
1960-69
1970-79
1980-89
1990-99
2000-02
AFR
EAP
0.326
0.243
0.151
0.074
0.109
ECA
0.301
0.316
0.146
0.191
0.237
LAC
0.263
0.215
0.109
-0.229
0.258
0.259
0.247
0.085
0.143
0.048
MNA SAR
0.540 0.314
0.239 0.225
0.106 0.235
0.214 0.220
-0.022 0.175
Surto do sindroma de baixo crescimento:
Assustador mas uma possibilidade real


A experiência de crescimento fenomenal da Ásia é
instrutiva
Maurícia, Botswana e Seicheles conseguiram, assim
como o conseguiram também outros 10 países
africanos de rendimento médio

A partir de 1995, mais de um terço dos países da ASS
está a crescer com taxas superiores a 5%

Pode tirar-se partido do atraso no arranque – lições
extraídas de casos de sucesso e ICT

Mas também se enfrentam desvantagens: de uma
acerbada competição das economias emergentes
Distribuição de Oportunidades
Figure 3.1: Sub-Saharan Africa
Geographical Distribution
Coastal, resource rich
26%
26%
Landlocked, resource rich
6%
43%
Coastal, resource poor
Landlocked, resource poor
A diversidade da riqueza natural apresenta
oportunidades diferentes para o
crescimento impulsionado pelas
exportações

Crescimento comandado pelos produtos de
exportação transformados
– O modelo asiático para países costeiros

Crescimento equilibrado com base nos recursos
naturais
–

O modelo do Botswana para os países exportadores ricos em recursos.
Diversificação e industrialização das exportações
agrícolas baseadas em recursos naturais
– O modelo chileno de agro-indústrias e o modelo malaio de exportações de
produtos agrícolas industrializados

Exportação de mão-de-obra e sector de serviços de
alto valor para os países interiores – o modelo indiano
Áreas de Acção Críticas
Os Quatro “I” Grandes
o
Melhorar o clima de investimento
o
Infra-estruturas: dar um “forte
empurrão” no investimento
o
Inovação para um aumento da
produtividade
o
Capacidade institucional
o Qualificações individuais, eficácia organizacional e
regras do jogo
Clima de Investimento – Custos da
Actividade Económica
Custos da Energia e Falhas de
Electricidade
Figure 3.3
Energy costs and power outages
60
50
40
30
20
10
0
Kenya
Uganda
Tanzania
Zambia
Energy, % of firm costs (average)
Senegal
Benin
Morocco
Power outages, % output lost (average)
Source: World Bank Enterprise Surveys, 2001-2005
China
Clima de Investimento – Um Menu de
Acções

Mega incidência na redução dos custos
indirectos para as empresas
– Sobretudo relacionados com as infra-estruturas – com
energia e transportes no topo da lista

Mas também na redução e mitigação dos
riscos
– Afectando especialmente a segurança da propriedade –
relacionada com crime, instabilidade política, aplicação
de contratos e corrupção.

Desenvolvimento de áreas coesas de
investimento
– Boa reputação regional colectiva (pressão dos
parceiros), coordenação de políticas e conectividade
Infra-estruturas: É necessário um Forte
Empurrão para dar efeito

Particular incidência nos países interiores
– Que acolhem praticamente 40% da população africana.

Uma abordagem regional para coordenar
o investimento,
gestão e utilização (por exemplo a reunificação dos recursos energéticos
na África Austral); pipeline que atravessa vários países na África Ocidental
em infra-estruturas que sirvam vários países
– 48 pequenas economias com mercados diminutos – PIB médio USD 3 mil
milhões
– Cada país partilha fronteiras com quatro vizinhos

Maior capacidade reguladora
– Uso eficaz e manutenção de activos

Promoção de parcerias entre o sector público e
privado
– Combinar investimento público em infra-estruturas e
– Eficácia operacional da gestão privada
Inovação é Essencial para o Aumento
da Produtividade e Competitividade


Oportunidade de colmatar a lacuna
– Tecnologia, um bem público global
– Explorar as vantagens de um começo tardio
ICT é actualmente o principal motor
tecnológico do aumento da produtividade
 Investimento
em ICT aumenta a
competitividade
 Investimento no ensino superior promove a
competitividade

Logo, o Investimento no Ensino Superior e
em ICT são elementos fundamentais da
agenda de crescimento
Capacidade Institucional
Áreas Prioritárias
Aplicação de Contratos, e.g. tribunais
comerciais
 Exercício da voz para escrutínio das
políticas e acções públicas – sociedade
civil, meios de comunicação e Parlamento
 Aumento da Transparência das
Receitas em países ricos em recursos –
e.g. EITI
 Prevenção de corrupção como parte
da agenda que comanda o país – incl.
verificações e balanços

5 Mensagens Fundamentais para
os Países Africanos

(i) Primeiro, uma mensagem de esperança: os
desafios ao desenvolvimento que África enfrenta são
enormes mas podem ser ultrapassados.
– Os sucessos da Ásia e até mesmo de alguns países africanos são instrutivos;
– Vantagem de se chegar atrasado

(ii) O povo africano terá que moldar o seu próprio
destino – e isto inclui todos os africanos, onde quer
que eles estejam pelo mundo.
– Assumindo a liderança mas, mais importante ainda, sendo criativos, corajosos e
decididos
– Torná-la uma tarefa inclusiva, abrangendo todas as partes interessadas.

(iii) Abordagens não ortodoxas podem produzir
resultados – Ver as experiências da Ásia Oriental.
– Maior atenção nos erros de omissão do governo (o que os governos não
fizeram para desencadear o desenvolvimento)
Mensagens Fundamentais
Continuação
(iv) Liderança tem um papel
determinante para o êxito da missão
– dando imensa importância à forma
como são escolhidos os dirigentes e,
acima de tudo, como são
responsabilizados pelos resultados.
 (v) Necessidade de acção colectiva
para se promover boa reputação,
aglomeração de economias e fornecer
bens públicos regionais

2 Mensagens Essenciais para os
Parceiros de Desenvolvimento
(i) Mais e melhor ajuda
 Fundamental para se encerrar a
lacuna crescente de infra-estruturas e
se responder às necessidades mais
prementes do desenvolvimento
humano.
 Progresso no cumprimento da
promessa de Gleneagles tem sido
lento e precisa de vitalidade renovada
 Buscar parcerias inovadoras entre
sector público/privado com vista a
alavancar capital privado
Mensagem aos Parceiros de
Desenvolvimento (cont.)
(ii) Um ambiente favorável do comércio
global
 Desapontamento com o insucesso da
Ronda de Doha
 E a suspensão das conversações da
Organização Mundial do Comércio vão
atingir mais duramente os países
africanos subsarianos
 Necessário colocar ambos em marcha
Em Conclusão…





A situação de cada um dos países é única e
exige uma análise específica dos
constrangimentos e oportunidades.
Mas podem tirar-se ensinamentos de
situações idênticas para as direcções
estratégicas.
O enfoque é na dinamização do
investimento privado de médio a curto prazo
e
Promoção da eficiência e competitividade
como condições prévias para um
crescimento impulsionado pelas
exportações.
Apoio Internacional – AOD e ambiente de
comércio favorável são complementos chave
para a demanda de acrescimento em África.
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Países Africanos