XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 14 CONTRIBUIÇÕES DO CONCEITO DE ATIVIDADE EM CONTEXTOS FORMATIVOS PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA Neusa Maria Marques de Souza Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-UFMS Resumo: Apoiada no pressuposto de que o contexto de organização de situações didáticas tem a atividade de ensino como elemento norteador e essencial para o processo de aprendizagem, esta investigação busca seus fundamentos nas contribuições da teoria histórico-cultural, com o propósito de destacar o conceito de atividade na perspectiva de Leontiev como foco de estudo para compreensão dos elementos norteadores das práticas pedagógicas de dois grupos de professores que ensinam Matemática, num movimento de reestruturação curricular de séries iniciais do Ensino Fundamental. Busca, a partir das ações desenvolvidas em encontros formativos com professores nos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo, elementos para análises. Estas apresentam evidências, de que diferenças que caracterizam os grupos na sua constituição não descartam convergências dos mesmos quanto aos objetivos e proposições intencionais de estudos e pesquisas desenvolvidos com professores e alunos em contextos formativos, para melhoria da qualidade de ensino/aprendizagem dos conteúdos matemáticos curriculares escolares e sobre sua adequação a cada realidade. Constata ainda que a definição de um corpo teórico unificado dá ao Grupo II, um diferencial importante em relação ao Grupo I, quanto ao estabelecimento mais objetivo das ações e de seu redirecionamento no curso do processo. Além disso, pontua essa ausência de unidade teórica como possibilidade da perda do sentido de coletividade que se manifesta em algumas ações do Grupo I, em que as vivências que caracterizam momentos reais de atividade se concretizam mais por iniciativas individualizadas do que coletivas. Palavras-chave: Contextos Formativos; Conceito de Atividade; Ensino de Matemática. 1. Introdução Discussões sobre o baixo desempenho dos estudantes brasileiros em Matemática presentes na literatura atual, frequentemente apresentam questionamentos sobre a formação pedagógica dos professores. As análises sobre o desempenho dos alunos, desse modo, voltam o olhar para as especificidades da Educação Matemática, apontando lacunas substanciais na base dos conhecimentos necessários aos professores para o ensino. Apesar do crescimento das pesquisas neste sentido, convive-se com a permanência dos diagnósticos negativos quanto à apropriação dos conhecimentos escolares pelos estudantes, o que, numa primeira análise, poderia sugerir que a mudança desse quadro dependeria de se fazer chegar os resultados dessas pesquisas àqueles que atuam no interior das escolas. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002370 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 15 Entretanto, se considerarmos que o simples comunicado dos resultados das pesquisas seria suficiente para operar mudanças nas práticas pedagógicas escolares, estaríamos desconsiderando a complexidade das relações que se estabelecem nos tempos e espaços escolares em detrimento de uma análise linear, que nos remete à concepção tradicionalista de ensino de “repartir informações”, “independente de sua contextualização” (CUNHA, 2010, p.129). Ainda, que as mudanças internas dos sujeitos que se ocupam do ato de ensinar são imprescindíveis aos processos de mudança e só ocorrem em situações que os permitam desenvolver atividades criadoras e produtivas. (LEONTIEV, 1978) Dentro dessa perspectiva, surge no âmbito das universidades a criação de contextos formativos como proposta de inserção dos sujeitos que se ocupam do ato de ensinar, em ações de estudos e pesquisas, pela formação de grupos integrados com as instituições de ensino fundamental e médio. Os contextos de pesquisa e formação assim constituídos são propiciadores tanto do acesso dos sujeitos das instituições de ensino aos conhecimentos produzidos em situação de pesquisa como dos sujeitos das universidades aos desafios postos pela complexidade das relações que se estabelecem nos ambientes escolares. É objeto da narrativa que será aqui apresentada, a investigação estruturada pela integração de experiências de pesquisa desenvolvidas em dois desses grupos, um deles em atividade no estado de Mato Grosso do Sul e outro em São Paulo, a partir dos questionamentos comuns sobre o que ocorre com o ensino de matemática nas escolas e as razões pelas quais persistem os baixos índices de aprendizagem nesta área de ensino. Consideramos que essa aprendizagem se estrutura num movimento de aquisições conceituais que deve, necessariamente, compor o domínio dos conhecimentos necessários ao professor para o ensino dos conceitos matemáticos e, neste sentido, estruturam-se nos grupos sistematizações para o planejamento, previsão e estruturação das atividades de ensino que favoreçam a aprendizagem dos alunos. O contexto de organização de situações didáticas tem a atividade de ensino como elemento norteador e essencial para o processo de aprendizagem. Desse modo, apoiada nas contribuições da teoria histórico-cultural para formação do professor que ensina Matemática, esta investigação tem o propósito de destacar o conceito de atividade na perspectiva de Leontiev como foco de estudo, com objetivo de compreender as contribuições do conceito de atividade a partir dos Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002371 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 16 elementos norteadores das situações de ensino propostas pelos professores, num movimento de reestruturação curricular de séries iniciais do Ensino Fundamental. Busca a partir das ações desenvolvidas em encontros formativos com dois grupos de professores, um no estado de Mato Grosso do Sul, que denominaremos de Grupo I e outro em São Paulo, que denominaremos por Grupo II, os elementos para as análises. Parte do pressuposto que na diversidade dos contextos sócio-histórico-cultural em que se estruturam essas duas realidades, prevalecem as regularidades características da forma escolar, que propiciarão os elementos comuns de análise, para o alcance do objetivo proposto. 2. Contextos Formativos e Fundamentos Os caminhos a serem trilhados entre a proposição e a materialização das ações que levam os grupos de estudos e pesquisas a se transformarem em contextos formativos, dependem de articulações entre os elementos teóricos e práticos que estruturam a atividade de seus integrantes, e da própria atividade em si. Na complexidade em que esse processo se estrutura, a essência de seus fundamentos se assenta na compreensão que se tem sobre o movimento histórico que possibilitou o acesso de tantas gerações à cultura humana. A gênese explicativa desse fenômeno se dá, segundo Leontiev, a partir do seguinte argumento: As aquisições do desenvolvimento histórico das aptidões humanas não são simplesmente dadas aos homens nos fenômenos objetivos da cultura material e espiritual que os encarnam, mas são aí apenas postas. Para se apropriar destes resultados, para fazer deles as suas aptidões, “os órgãos da sua individualidade”, a criança, o ser humano, deve entrar em relação com os fenômenos do mundo circundante através de outros homens, isto é, num processo de comunicação com eles. Assim, a criança aprende a atividade adequada. Pela sua função, este processo é, portanto, um processo de educação. (LEONTIEV, 2004, p.290) O caminho que gerou a formação do Grupo I, ao qual se integrou um dos autores no período de 2005 a 2010, se inicia quando dirigentes de uma escola publica local buscam ajuda na universidade pública, para reverter um quadro de fracasso escolar para o qual não vislumbravam solução dentro da realidade, limites e recursos que tinham disponíveis. Nessa escola pública municipal haviam sido detectados grupos de crianças de segunda série do ensino fundamental que não conseguiam alfabetizar-se e grupos de Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002372 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 17 terceira e quarta séries que não conseguiam resolver operações fundamentais de matemática nem, tampouco, compreender enunciados de problemas. O ponto de partida se dá, portanto, relacionado a uma necessidade comum dos professores e, consequentemente, da escola, cujo motivo era evitar a exclusão de cerca de sessenta alunos que se encontravam na situação descrita. Inicia-se, a partir daí, uma primeira etapa de questionamentos sobre as possibilidades de encaminhamentos e procedimentos a serem tomados. Quais seriam as condições adequadas e em que sentido estariam estas propiciando o acesso dos alunos e de seus professores aos conhecimentos necessários para reverter esse quadro. Em caráter emergencial, foram colocados em prática ações de acompanhamento dessas crianças e de atendimento aos seus professores nas dificuldades que enfrentavam no exercício de suas práticas. Ambas as ações se fizeram de modo integrado, com a participação de alunos em formação no curso de Pedagogia e professores da universidade. As práticas desenvolvidas junto às crianças, pelos seus professores e pelos alunos do curso de Pedagogia que as atendiam em sistema de tutoria, passaram a se desenvolver com base nos pressupostos teóricos da Didática de Resolução de Problemas, concomitante com estudos, seminários, palestras e debates sobre os questionamentos que eram levantados do processo. Buscou-se trabalhar a matemática de forma processual e vinculada à realidade, partindo da compreensão de que “uma forma de observar o cotidiano é prestar atenção nele, fazer registros, discutir ou selecionar situações-problema interessantes para serem analisadas e compartilhadas com colegas”, pois, “nem sempre o que vivemos em sala de aula está escrito nos livros”. (MACEDO, 2005, p.115) Essa vertente foi desenvolvida em contiguidade com a ação de alfabetização, integrando as questões do trabalho com situações-problema às questões do letramento matemático, da linguagem e dos sistemas notacionais envolvidos em cada universo de conhecimento específico. Algumas considerações sobre as experiências vivenciadas entre professores e estudantes de Pedagogia serão destacadas para nossas reflexões como encaminhamento de análise. Aos poucos, o grupo se ampliou com a inserção de grande parte do corpo docente da escola, bem como com o surgimento e a diversificação dos temas objeto do trabalho dos professores da universidade, que foram se agregando no atendimento das necessidades de caráter variado que surgiam na complexidade do fazer escolar. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002373 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 18 O eixo da busca da inclusão ficou estabelecido como de convergência de projetos que variaram de cinco a catorze num período de cinco anos de vigência de um Programa em que se ampliou esse atendimento inicial aqui relatado. Não havia, entretanto, uma base única de sustentação teórica estabelecida. Retomaremos adiante algumas evidências do trabalho com a matemática, que foram objetos de análise. A composição do Grupo II teve como ponto de partida uma proposta de núcleo em rede na qual São Paulo se constituiu como um dos quatro núcleos dessa composição. Com propósito claro e bem definido estruturou-se com a participação de professores da Educação Superior, estudantes da graduação e pós-graduação, professores, supervisores e coordenadores da Educação Básica, um grupo colaborativo, na dimensão de uma pesquisa formativa, que foi colocada em prática no ano de 2011. Objetivou-se, no transcorrer do desenvolvimento deste projeto, ampliar a produção de conhecimentos no campo educacional com vistas a subsidiar tanto a elaboração de políticas públicas em educação como a organização e desenvolvimento de ações escolares voltadas a Educação Matemática, além de almejar a produção coletiva de uma proposta curricular de alfabetização matemática que possa ser adotada nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Como espaço conceitual, o grupo tem se dedicado ao estudo dos processos de aprendizagem no âmbito da organização do ensino, particularmente, mas, não exclusivamente, na área da matemática, a partir dos fundamentos da teoria históricocultural. Tem assim se referenciado nos estudos de Luria, Leontiev, Davidov, entre outros colaboradores e/ou seguidores dos estudos de Vygotski, considerado neste sentido o principal expoente. A partir do pressuposto de que “a maneira pela qual o ensino está organizado intervém no desenvolvimento intelectual do sujeito” (MOURA, 2010, p.91), busca desenvolver em encontros periódicos de caráter formativo, atualmente em andamento junto ao grupo colaborativo, uma proposta curricular de educação matemática na infância, a partir do planejamento, desenvolvimento e avaliação de atividades orientadoras de ensino, devido sua essencial importância no processo de aprendizagem. 3. Apontamentos sobre as evidências A definição de um corpo teórico unificado dá ao Grupo II, um diferencial importante em relação ao Grupo I, quanto ao estabelecimento mais objetivo do planejamento das ações e de seu redirecionamento no curso do processo. As relações Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002374 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 19 entre seus integrantes se encaminham, desde os processos decisórios sobre os caminhos a serem seguidos até os meios e suportes a serem utilizados para o alcance dos propósitos do grupo, através de construtos gerados das experiências coletivas adquiridas em atividade. Tem-se a clareza, a partir do referencial sob o qual o grupo se estrutura, que as transformações que operam a mudança de atitude dos sujeitos a respeito da realidade são resultantes das "abstrações, generalizações e conceitos essenciais; [e que] somente neste caso surgirá no próprio pensamento dos mesmos [sujeitos] as premissas de relação teórica com a realidade" (DAVIDOV: 1982, p. 413). Desse modo, considera-se cada indivíduo como parte do coletivo guardadas as características das individualidades na relação dialética que estabelece com a coletividade, num processo de realimentação e ressignificação individual-coletivo mediado pelas questões teóricas e práticas que se constituem em objeto da atividade. As diferenças que caracterizam os dois grupos aqui apontadas na sua constituição não descartam as convergências dos mesmos em termos de objetivos e proposições pautadas por ações intencionais de estudos e pesquisas a serem desenvolvidos com professores e alunos no sentido de melhoria da qualidade de ensino e consequentemente da aprendizagem dos conceitos matemáticos presentes nos conteúdos curriculares escolares, bem como sobre a adequação destes a cada realidade. Considerando o conceito de atividade sob a ótica da teoria histórico-cultural, uma reflexão retrospectiva sobre a experiência do Grupo I nos leva, inicialmente, a destacar a conexão que Leontiev (1978, p.13) estabelece entre motivo e atividade, a partir da seguinte afirmação: “chamamos de atividade um processo que é eliciado e dirigido por um motivo - aquele no qual uma ou outra necessidade é objetivada. Em outras palavras: por trás da relação entre atividades, há uma relação entre motivos.”. O fato de não ter havido, na ocasião de sua constituição, a apropriação deste aporte teórico pelo grupo, resultou em um trabalho caracterizado por um conjunto de núcleos de atividades individualizadas, cujo vinculo com o coletivo se estabelecia em tempos espaçados e por momentos mais de comunicação do que de envolvimento em situação de atividade, que foram os denominados seminários de consolidação. Cabe destacar, entretanto, que as atividades resultantes dos pequenos grupos nucleados apontam para uma diversidade de situações que revelam as contribuições da atividade na evolução do trabalho de seus integrantes, nos casos em que ela realmente Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002375 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 20 se desenvolve. Para compreender em quais das condições ela se estabelece, destacamos a seguir alguns de seus elementos que Moura (2000) aponta como essenciais. Para se constituir atividade devemos definir alguns elementos que a caracterizam como tal. Em primeiro lugar, ela precisa ser do sujeito. Isto é, deve provocar no sujeito uma necessidade de solucionar algum problema. Ou, melhor ainda: ter sua nascente numa necessidade. Esta, por sua vez, só aparece diante de uma situação que precisa ser resolvida e para cuja solução exige uma estratégia de solução. Assim, ela exige um plano de ação. Nesse plano, o sujeito parte de conhecimentos que já possui e que lhe servem de instrumento para poder avaliar a situação vivenciada. É desse seu nível de conhecimento que parte para resolver o problema que lhe é colocado. (MOURA, 2000, p.34) Uma das ações que se desenvolveram nos grupos nucleados foi o trabalho em conjunto entre duplas formadas por uma professora e uma aluna de Pedagogia na escola, que compreendeu o planejamento de aulas de Matemática, elaboração e/o seleção de instrumentos necessários à estruturação das situações de ensino planejadas e a efetivação da atividade de ensino propriamente dita. A referenciação dos sujeitos será feita pela utilização de nomes fictícios. As falas apresentadas foram coletadas em processo de avaliação coletiva do conjunto de duplas que compunham o Grupo I. Dupla A: Profa. Clélia Achou ótima a experiência de trabalhar matemática em parceria. Houve pesquisa conjunta de atividades. As ideias são convergentes entre professores e alunos da Pedagogia, pois a filosofia de trabalho da escola converge com o pensamento da universidade. [...] Quero que continue o trabalho no formato de 2007. Gostaria muito que fosse ao início do ano para trabalhar mais em matemática. [...] o domínio da classe começa no início do ano a partir dos combinados, da coerência da professora e colocação de limites. Josilda (3o ano/Pedagogia) O trabalho com a proposta didática da apostila superou minhas expectativas. No começo eu notava uma grande falta de atenção e só prestavam atenção quando a Clélia intercedia. Na primeira atividade não queriam escrever. Não queriam seguir as regras do jogo. (Desastre Total). Escreviam Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002376 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 21 tudo junto. O planejamento foi muito bom para rever a prática pedagógica e para não desenvolver atividades impostas. Teve um aluno que não participava e em certo dia quis fazer a atividade e eu consegui fazer com ele. O último dia foi lindo. Fomos contar uma historinha e o barulho cessou e causou maior empolgação Os alunos questionavam e produziram o texto e foi surpreendente, pois a sala é desafiadora (disciplina e inquietação). Com o tempo a experiência foi aumentando e o resultado foi notado por toda a sala. O depoimento de Josilda mostra o amadurecimento que teve num processo em que se percebeu como parte do movimento evolutivo que ocorreu em suas interações com a sala pela relação que estabeleceu com os alunos e a importância do planejamento como oportunidade de rever os problemas iniciais que enfrentavam com a sala e reestruturar as ações a partir de atividades “não impostas”. Mostra ainda sua capacidade de superação de “um nível de conhecimento inicial para outro nível final, mais elaborado” (MOURA, 2000, p.34) quando toma a iniciativa de trabalhar de modo interativo com as crianças, a partir do que vivencia momentos reais de atividade. A Profa Clélia não demonstra, entretanto, entusiasmo com a situação que relata apesar da análise positiva que emite na avaliação do trabalho em duplas. Se refere à participação de Josilda mais como uma boa forma de a auxiliar no trabalho, situação que gostaria que ocorresse desde o início do próximo ano e demonstra ainda um distanciamento do que definimos por contexto formativo se refere à necessidade de “domínio da classe” já no início do ano como se a “colocação de limites” se fizesse por um único ato combinado. Deste ponto de vista, pode-se inferir que a atividade considerada como ação mobilizadora de desenvolvimento do sujeito não se revela em suas manifestações. Refletindo sobre as manifestações acerca do trabalho da dupla B, constatamos que uma sintonia diferenciada da primeira dupla se revela nas manifestações. Dupla B: Profa Dulce Foi um trabalho minucioso de matemática, escrita e produção de texto, trabalharam com balas (vendas na doceria). A presença da Ana na sala deu mais liberdade e segurança para eu trabalhar com atividades diversificadas. Trabalharam com jogos. A Ana trabalhava as dificuldades enquanto eu atendia os alunos. Achei muito positivo o trabalho de 2007. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002377 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 22 Ana (4o ano/Pedagogia) Foi uma experiência única. Os alunos eram muito fofinhos. Planejamos de acordo com as necessidades e sugestões de atividades com as crianças. Na atividade da receita de bolo foi mostrado que a casca da banana pode ser utilizada. A Dulce trabalhou além da Matemática questionamentos sobre consumo sustentável. Ao mesmo tempo em que Dulce reconhece que a presença de Ana na sala lhe deu mais liberdade e segurança para trabalhar com atividades diversificadas e tece considerações a um trabalho em parceria quando conta que Ana trabalhava com as dificuldades enquanto ela dava atendimento aos alunos, a aluna de Pedagogia declara a ação conjunta de planejar de acordo com as necessidades e sugestões de atividades co as crianças, com as quais a dupla estabelece as relações em contextos em que o conteúdo matemático é trabalhado no coletivo através da atividade da receita de bolo. Neste sentido, contextos formativos foram estabelecidos a partir de situações dos sujeitos em atividade. Entretanto, pode-se inferir que de certo modo, a ausência de unidade teórica existente entre os vários projetos desenvolvidos com os professores, seja pensada como possibilidade da perda do sentido de coletividade que se manifesta em algumas ações do Grupo I, em que as vivências que caracterizam momentos reais de atividade se concretizam mais por iniciativas individualizadas do que coletivas. 4. Referências CUNHA, M. I. da. Lugares de Formação: tensões entre a academia e o trabalho docente. In: Convergências e Tensões no Campo do Trabalho Docente: didática, formação docente, trabalho docente. (org.) Ângela I. L. de F. Dalben [et al.]. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. Textos selecionados do XV ENDIPE. (Coleção Didática e Prática de Ensino). DAVIDOV, V. V. Tipos de generalización en la enseñanza. Pueblo y Educación. Ciudad de la Havana, 1982. LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. 2a ed., São Paulo: Centauro, 2004. __________. Actividade Consciência e Personalidade. Tomado da edição original em russo, Editorial Politzdat, Moscú, 1975. Tradução de Maria Silvia Cintra Martins. The Marxists Internet Archive, 1978. MACEDO, L. de. Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para todos?. Porto Alegre: Artmed, 2005. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002378 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 23 MOURA, M. O. de. O Educador Matemático na Coletividade de Formação: uma experiência com a escola pública. Tese de Livre Docência: Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Ano de obtenção: 2000. __________. (org.) A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural. BrasiliaDF: Liber livro, 2010. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.002379