XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 14 O TRABALHO EM GRUPO E O USO DE MATERIAIS CONCRETO NO ENSINO DE GEOMETRIA ESPACIAL PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Luciana Parente Rocha CEPAE/UFG [email protected] Gabriela de Araújo Achegaua SEMG [email protected] Manuella Heloisa de Souza Carrijo CEPAE/UFG [email protected] RESUMO Este trabalho é fruto da experiência vivida em uma sala de aula do 2º ano do Ensino Médio no desenvolvimento da disciplina Estágio Supervisionado II, realizada no ano de 2010, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Para tanto, após um semestre de observação, iniciamos a elaboração de uma proposta pedagógica a partir do conteúdo Geometria Espacial previsto no plano de ensino. O resultado de um questionário aplicado, anteriormente a nossa prática, foi que norteou as ações (sequências didáticas) em relação ao conteúdo. Abordou-se o ensino de Geometria Espacial, particularmente os conteúdos de Prismas, Pirâmides, Cone, Cilindro e Esfera. Além do trabalho em grupo, utilizamos materiais concretos, como por exemplo, embalagens de produtos usados cotidianamente, feijões, barra de sabão e materiais de confecção mais rebuscada encontrados em laboratórios de Educação Matemática. Esses materiais visavam não só auxiliar na planificação dos sólidos e apresentações de figuras, como também promover a construção do conhecimento matemático, a interação e a motivação dos alunos. Estudos na área de Educação Matemática indicam que materiais concretos estimulam a criatividade e o interesse dos alunos dando-lhes a oportunidade de, fazerem conexões entre os conteúdos e suas aplicações práticas do dia a dia, redescobrindo novos padrões, regras e relações. Concluímos que: o uso de materiais concretos e o trabalho em grupo promoveram a aprendizagem dos conteúdos abordados, aumentou o interesse dos alunos em aprender Matemática e gerou um maior entrosamento entre eles, constituindo-se dessa forma em importantes ferramentas na construção dos conceitos abordados. Palavras chave: Material Concreto, Trabalho em Grupo, Geometria Espacial, Ensino Médio. INTRODUÇÃO Geralmente, no Ensino Básico, especialmente no Ensino Médio, as aulas são voltadas para a exposição de conteúdos e treinamento de alunos. O alvo, na maioria das vezes, são as provas de concursos e de vestibulares. Formar alunos cada vez mais treinados e rápidos em resolução de provas é o que faz as escolas particulares cobrarem cada vez mais mensalidades caras de pais sedentos por sucesso na vida profissional dos filhos. Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004909 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 15 As “aulas show” de matemática, repletas de macetes, músicas e versinhos com fórmulas matemáticas parecem fazer sucesso pelas salas de aula de Ensino Básico no Brasil. Nessa perspectiva de ensino, os alunos têm um papel passivo e uma responsabilidade de absorver um grande número de informações em um intervalo de tempo pequeno, visando o sucesso nos vestibulares. A escola, desse modo, perde seu caráter de formação e passa a focar em métodos e técnicas de ensino que privilegiem o uso da memória em detrimento a uma reflexão crítica e uma formação para a cidadania. Naquela perspectiva de ensino, os alunos saem das aulas com informações, entretanto não conseguem estabelecer relações pertinentes dos conteúdos aprendidos na escola com suas vidas cotidianas, pois “o ensino tradicional de matemática ajuda bem pouco a decifrar a informação disponível na sociedade, o que conduz as pessoas à condição de excluídas, e não de cidadãs” (SILVA, 2002, p.61). Dessa forma, a matemática, vista como área de conhecimento, deve possibilitar o pleno desenvolvimento do sujeito para a cidadania para que esse possa desempenhar, efetivamente, seu papel enquanto agente ativo na sociedade. Os professores de matemática têm um papel importante na formação do aluno ao propor metodologias que priorizem a argumentação, o espírito crítico, a justificativa, o trabalho coletivo, o respeito à forma de falar do colega, a autonomia, ao trabalhar com o aluno a confiança em sua própria capacidade (BRASIL, 1997). Portanto, é papel do professor munir os alunos dessas ferramentas de forma que eles percebam que ser cidadão é ir além de ter direitos e deveres, é lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. NOSSAS VIVÊNCIAS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II DA UFG O estágio é a disciplina base para a preparação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de exigência parcial para a conclusão do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Goiás (UFG). O ambiente escolhido pelas duas primeiras autoras, desse artigo, foi o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE), escola campo de estágio da UFG, na sala de aula do 2º ano do Ensino Médio, sob a orientação da professora Luciana Parente Rocha. Durante o período de observação das aulas, os alunos do 2º ano A demonstraram-se desinteressados e desmotivados em participar nas aulas de matemática. A sala era visivelmente silenciosa e todos os alunos se apresentavam Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004910 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 16 quietos e em silêncio. Entretanto, cada um cuidava de uma atividade de seu interesse, não relacionado à aula de matemática. De modo geral, na maioria das vezes, eles se limitavam a copiar o que estava no quadro. Participavam efetivamente da aula apenas aqueles alunos que, aparentemente, pareciam ser os que mais tinham facilidade com a matéria. Após um semestre de observações em sala e de análises feitas acerca das aulas, dos alunos e da escola, iniciamos a elaboração de uma proposta pedagógica sabendo que para a terceira escala (terceiro bimestre), estava previsto, de acordo com o plano de ensino do professor supervisor, o ensino de Geometria Espacial. Ainda na fase de semi-regência ao final da segunda escala (segundo bimestre), aplicamos um questionário aos alunos com o objetivo de sondar as expectativas deles em relação às nossas aulas e para que sugerissem alguma metodologia de ensino. Nesse questionário havia questões como, por exemplo: “Para você, o que deixa uma aula de matemática interessante?”, “O que você mais gosta e o que menos gosta nas aulas de matemática?”. Nesse sentido, baseando-nos nas respostas dos alunos, o planejamento das aulas deu-se de maneira que a interação e a cooperação entre os alunos fossem privilegiadas. O objetivo era que essa interação ocorresse para além daqueles colegas que se sentavam próximos na sala. Portanto, uma importante ferramenta utilizada visando à construção dos conceitos abordados, a socialização, a sistematização de novos conhecimentos e a integração entre os diversos grupos na sala foi o trabalho em grupo. Formávamos os grupos heterogêneos, de modo que tivessem meninas, meninos, novatos e aqueles alunos denominados pelos colegas como “mais inteligentes”. Dessa maneira, o 2º ano A passou a ter uma nova configuração em relação ao desenvolvimento das atividades: os alunos em grupo apresentavam sua produção aos demais grupos e estes faziam intervenções quando necessário. As dúvidas surgidas então eram discutidas no coletivo sob nossa mediação. Com essa abordagem, foi possível perceber uma maior motivação e interação entre os alunos. As aulas de matemática passaram a ser mais dinâmicas e tiveram um caráter mais humano. Segundo Rego (2002) as interações do indivíduo com o mundo possibilitam-lhe relacionar fatos, estruturar ideias e organizar informações, internalizando-as. Desse modo, procuramos fugir do paradigma da aula tradicional: em que o aluno, sem participar da construção do conhecimento, se restringe a decorar e aplicar Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004911 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 17 em exercícios o conteúdo que o professor ministra em sala. A intenção era que os alunos participassem ativamente das aulas questionando e interrogando em uma autônoma construção do conhecimento. Assim, iniciávamos a aula dialogando com os alunos e procurando identificar o que eles já sabiam sobre o assunto que trabalharíamos. Conforme eles apresentavam suas ideias construíamos juntos os novos conceitos. Esperávamos com isso, também, que eles expressassem seus conhecimentos, por meio da linguagem oral ou escrita. Nessa perspectiva, os PCNs afirmam que: a organização de atividades que favoreçam a fala e a escrita como meios de reorganização e reconstrução das experiências compartilhadas (..) levará os alunos a perceberem a necessidade de dialogar, resolver mal-entendidos, ressaltar diferenças e semelhanças, explicar e exemplificar, apropriando-se de conhecimentos (BRASIL, 1997). Portanto, nas atividades escritas os alunos, individualmente, elaboravam um texto explicitando seus pensamentos sobre o que haviam entendido do conteúdo abordado, criando uma possibilidade de identificarmos possíveis mal-entendidos na elaboração dos conceitos. Entretanto, no decorrer das aulas, nos deparamos com dificuldades em abordar conteúdos que envolvessem objetos em três dimensões. Para que os alunos visualizassem melhor esses objetos e compreendessem os conceitos envolvidos, não poderíamos nos limitar apenas ao uso do quadro negro, já que esse está em duas dimensões. Diante disso, visando auxiliar o processo de ensino e aprendizagem da Geometria Espacial, optamos por fazer o uso de materiais concretos. Partilhamos com Lorenzato (2006, p.18) de que material concreto é qualquer instrumento útil ao processo de ensino-aprendizagem (...) pode ser um giz, uma calculadora, um filme, um livro, um quebra-cabeça, um jogo, uma embalagem, uma transparência. Em geral, apresentávamos materiais encontrados no dia a dia dos alunos como: caixas de leite, barras de sabão, caixas de presente em formato pentagonal e hexagonal, cone de sinalização de trânsito, bola de futebol, entre outros, visando introduzir e formalizar conceitos. E por meio de exemplos e contra-exemplos, os alunos percebiam quais eram as características principais que diferenciavam poliedros. Desse modo, após a observação e manipulação de materiais, os alunos percebiam algumas semelhanças e padrões que os permitiam chegar à construção dos conceitos de poliedros, corpos redondos, área da superfície e volume. Contudo, sabíamos que o uso de materiais manipuláveis por si só não garantia a aprendizagem Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004912 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 18 dos alunos. Por ser uma forma atraente de ensino, acreditávamos que era preciso aliar o uso desses materiais às ações bem planejadas e à mediação do professor para que se favorecesse a visualização e análise das propriedades geométricas auxiliando na construção do conhecimento e despertando o interesse dos alunos. A AULA COM FEIJÕES E BARRA DE SABÃO Um dos objetivos de ensino do conteúdo escolhido para o período de regência era calcular o volume dos principais sólidos geométricos: Prisma, Pirâmide, Cilindro, Cone e Esfera. Para chegarmos ao cálculo do volume de um Cone e de um Prisma, utilizamos feijões e uma barra de sabão para que os alunos observassem por meio do concreto, como se faria o cálculo. Com efeito, para o cálculo do volume do cone levamos confeccionados em cartolina, um cone e um cilindro de mesmas alturas e raios. Utilizamos feijão para preencher os sólidos e mostrar aos alunos que em um cilindro cabe o volume de três cones. A partir daí, os alunos, sob nossa mediação, concluíram que o cálculo do volume do cone se dava pela divisão do volume de um cilindro em três partes iguais. Já para o cálculo do volume do Prisma, fizemos uso de uma barra de sabão. Cortamos esse sabão de forma que cada fatia, de mesmo tamanho, desconsiderando a espessura, representava uma unidade de altura. As fatias ao irem se sobrepondo formavam um Prisma Reto, e a sua altura era dada pela quantidade de fatias. Por exemplo, se um Prisma era composto por 3 fatias de sabão, sua altura era 3 unidades. Dessa maneira, chegamos à conclusão de que o volume do Prisma é calculado pela repetição da área da figura que formava a base do Prisma, ou seja, área da base vezes sua altura. Ressaltamos que os alunos já tinham um conhecimento prévio de cálculo de área de Prismas. Em aulas anteriores, entregamos a cada aluno uma caixa de leite vazia (representando um Prisma) e pedimos para que, com o auxílio de uma tesoura, planificassem-na. Com a manipulação desse material, eles conseguiram verificar como se calcula a área de um Prisma e isso os auxiliou, posteriormente, no estudo do cálculo do seu volume. Dessa maneira e com o uso desses materiais, os alunos tiveram mais oportunidades de mostrar e desenvolver suas criatividades, estabelecer conexões entre os conteúdos ministrados e suas aplicações no dia a dia, redescobrindo novos padrões, regras e relações numa organização do pensamento, pois “[...] a partir de sua utilização Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004913 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 19 adequada, os alunos ampliam sua concepção sobre o que é, como e para quê aprender matemática, vencendo os mitos e preconceitos negativos, favorecendo a aprendizagem pela formação de ideias e modelos” (RÊGO, 2006, p. 43). Quanto à proposta de trabalhos em grupos, percebemos que, inicialmente, os alunos se mostraram resistentes à troca de lugar estabelecida por nós. O objetivo dessas trocas era a composição de grupos mais heterogêneos, rompendo com as “panelinhas” existentes na sala, de forma que todos pudessem colaborar uns com os, pois segundo os PCNs: A organização dos alunos em grupos de trabalho influencia o processo de ensino e aprendizagem, e pode ser otimizada quando o professor interfere na organização dos grupos (...) por gênero ou capacidades específicas (BRASIL, 1997). Nesse sentido, ao final da 3ª escala, percebemos mudança na postura dos alunos – eles já se mostravam mais receptivos à proposta de trabalho em grupo auxiliando uns aos outros nas atividades propostas. O QUE FICOU DESSA EXPERIÊNCIA PARA NÓS Esse trabalho é resultado da experiência vivenciada por duas licenciandas em matemática no Estágio Supervisionado II numa sala do 2º ano do Ensino Médio do CEPAE, ministrando os conteúdos de Geometria Espacial, particularmente Cone, Esfera, Prismas, Cilindros e Pirâmides. Após o período de observação e coletas de dados, conseguimos estabelecer um perfil de alunos para quem iríamos dar aulas durante o período de regência. Pudemos perceber que se tratava de uma turma consideravelmente desmotivada com as aulas, porém aberta a novas experiências e a aulas que fugissem de um ensino tradicional e mecanizado. Os alunos eram questionadores e estavam em busca de uma matemática que lhes fizessem sentido. Víamo-nos, então, em um ambiente propício a se colocar em prática as metodologias que tivemos ao longo do curso de Licenciatura em Matemática, metodologias mediadas pela reflexão sobre nossa prática docente. Dessa maneira, durante a regência, optamos por fazer uso de materiais concretos: embalagens de produtos, sólidos em cartolina confeccionados com a técnica de origami, cone e esfera em material de isopor. Usamos também feijões, barra de sabão e outros materiais mais elaborados, como prisma em MDF (Medium-density fiberboard) encontrados em laboratório de Educação Matemática. As atividades em grupo também Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004914 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 20 foram exploradas na busca por maior motivação e participação dos alunos, visando uma socialização do conhecimento. Ao analisar a nossa ação pedagógica, percebemos que de um modo geral ela foi produtiva. Os alunos, que no semestre anterior dormiam com freqüência nas aulas, passaram a participar ativamente das discussões. Esse aspecto é perceptível nas respostas que os alunos deram no questionário que entregamos ao final da regência: 95% dos respondentes disseram que acharam as aulas ministradas pelas estagiárias interessantes e motivadoras. Após a nossa intervenção, os alunos apresentaram um aprendizado satisfatório do conteúdo de Geometria Espacial. Isso é reforçado no depoimento do professor supervisor que ressalta a receptividade dos alunos à nossa proposta pedagógica: A gama de materiais concretos utilizados foi amplamente satisfatória, demonstrando um grande número de horas de pesquisa e preparação dos mesmos. A receptividade da proposta pelos alunos, no meu entendimento, demonstrou ter sido plenamente conseguida. (Professor Supervisor – out. 2010). A proposta do uso de materiais concretos agradou grande parte da turma. Muitos alunos relataram no questionário final que conseguiram apreender os conceitos abordados a partir das discussões produzidas nas aulas e pela observação e manipulação dos materiais utilizados. Também, por volta de 50% da turma que respondeu ao questionário, disse que as atividades que mais gostaram foram aquelas produzidas no coletivo - em grupo, e em segundo lugar foi o uso de material concreto. Outra consideração é a relação dos alunos com a matemática modificada após nossa regência. No primeiro semestre, perguntamos aos alunos o quanto gostavam da disciplina de matemática, considerando uma escala de 0 a 10. Após nossa intervenção, observamos que a quantidade de alunos que relacionaram a nota 5 com o seu gosto pela matemática subiu para mais do dobro da quantidade do primeiro semestre. Pudemos avaliar isso como uma mudança de opinião dos alunos que antes avaliaram gostar pouco de matemática e, depois da nossa intervenção, consideraram gostar mais. O número de alunos que atribuiu os valores entre 6 e 7 diminuiu, entretanto, aumentou na casa entre 8 e 10. Sendo assim, pudemos concluir que no decorrer da terceira escala a relação dos alunos com a matemática melhorou satisfatoriamente (anexo). Portanto, acreditamos que oferecemos uma proposta de ensino que prezasse pela valorização do conhecimento que aluno já possui, baseando no princípio de que, como aborda Rocha (2001, p. 23), “o conhecimento matemático deve auxiliar o aluno Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004915 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 21 na leitura da realidade, na interação com o mundo e na compreensão dos valores culturais”. Dessa forma, uma oportunidade de ensino viável em se tratando de professor que tenha condições de dedicar seu trabalho a um número razoável de turmas. Percebemos, na condição de professoras, que a realidade de uma sala de aula é complexa, de múltiplas trocas de saberes e que exige do professor uma constante escuta. Aprendemos um pouco a lidar com adolescentes, respeitar suas vontades, entender seus questionamentos, a trabalhar com diferentes metodologias: o trabalho em grupo, materiais concretos e formas de avaliação diversificadas. Por se tratar de uma turma aparentemente apática, procuramos dar ênfase ao trabalho em grupo para que os alunos participassem efetivamente das aulas, contribuíssem com a aprendizagem do colega e consequentemente tivessem uma aprendizagem mais significativa. É necessário ressaltar, que temos a consciência de que a experiência que vivemos no CEPAE é apenas um recorte da realidade e por menor que fosse nossa experiência como docentes, ainda assim, tivemos a oportunidade de desfrutar de um tempo hábil para pesquisa, planejamento e preparação das aulas, sob a orientação de um professor. Percebemos também que a regência nos proporcionou momentos de intensa aprendizagem sobre o ser professor, revelou-nos que os saberes profissionais necessários à profissão docente se adquire ao longo da vida, a cada nova sala de aula que nos deparamos. Por fim, outro aspecto que não podemos deixar de mencionar é que se tratava de duas estagiárias ministrando aulas para apenas uma turma, fato esse um tanto quanto diferente da realidade dos professores que se queixam da alta carga horária de trabalho como aponta a pesquisa de Freitas et al. (2005). Segundo esse estudo, os professores brasileiros convivem com uma sobrecarga de trabalho, ressentem-se: da falta de parceiros para dialogar e desenvolver na escola uma cultura de trabalho em equipe, de salários baixos, enfim, de uma política séria que lhes deem condições para desenvolver seu trabalho com qualidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. FREITAS, M. T. M. et al. O desafio de ser professor de Matemática no Brasil. In: FIORENTINI, D. & NACARATO, A. M. (Org.). Cultura, formação e Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004916 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 22 desenvolvimento profissional de professores que ensinam Matemática. Campinas: Editora Musa, 2005. Cap. 5. LORENZATO, S. Laboratório de ensino de matemática e materiais didáticos manipuláveis. In: LORENZATO, S (org.). O laboratório de ensino de matemática na formação de professores. Campinas: SP. Autores Associados, 2006. Cap. 01. REGO, T. C., Vygotsky: Uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Editora Vozes, 2002. 14ª Edição. RÊGO, R. M.; RÊGO, R. G. O desenvolvimento e de materiais didáticos no ensino de matemática. In: LORENZATO, S. (Org.). O laboratório de ensino de matemática na formação de professores. Campinas: SP. Autores Associados, 2006. Cap. 02. ROCHA, I. C. B. Ensino de Matemática: Formação para a exclusão ou para a Cidadania. Educação Matemática em Revista, ano 8, no. 9/10. São Paulo: SBEM, 2001. SILVA, J. A. M. Educação matemática e exclusão social: tratamento diferenciado para realidades desiguais. Brasília: Plano Editora, 2002. ANEXOS Gráfico 1: Comparativo das notas dadas pelos alunos para o quanto gostam de matemática Junqueira&Marin Editores Livro 3 - p.004917