Filosofia
IV Conhecimento
e Racionalidade
Científica e Tecnológica
1. DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ACTIVIDADE
COGNOSCITIVA
Jorge Barbosa, 2010
1.2 Teorias Explicativas do
Conhecimento
René Descartes
Sumário
René Descartes:
A dúvida metódica
e o acesso à certeza
René Descartes
e a dúvida metódica
Descartes, na noite de 10 para 11
de Novembro de 1619, teve sonhos que
o levaram a duvidar do conhecimento
e mesmo da existência da realidade.
Para ultrapassar essa dúvida,
inspirando-se na matemática e
utilizando a dúvida como método,
escreveu o Discurso do Método com o
objectivo de encontrar um fundamento
capaz de resistir aos argumentos do
cepticismo.
DESCARTES
1596-1650
Dúvida hiperbólica
Argumentos que fundam o acto de duvidar
A experiência mostra que:
Os sentidos
podem errar
algumas vezes,
logo, não são
dignos de crédito
total
Há homens
que erram
mesmo ao
raciocinar
Temos dificuldade
em identificar
a verdade, pois
às vezes não
distinguimos sonho
e realidade
Conclusão provisória: todo o conhecimento
pode ser falso, por isso, vou duvidar de tudo
(dúvida hiperbólica – global).
Por nos
enganarmos
às vezes, não
sabemos se existe
alguma certeza
A dúvida metódica
– refutação da dúvida hiperbólica
Utilizando a dúvida como um método para alcançar
a verdade (é a utilização metódica da dúvida), Descartes parte
à procura de uma verdade evidente e indubitável.
Contudo, ainda que duvide de tudo, tenho de admitir
que não posso duvidar sem pensar.
Descoberta
da verdade
Ao usar a dúvida metódica, Descartes descobre
que ao duvidar está a pensar.
E afirma: «Se duvido, penso, e se penso, existo.»
Eu penso, logo existo (cogito) é a primeira
e irrefutável certeza.
A certeza ou a indubitabilidade do cogito resulta
do modo como a apreendemos: impõe-se-nos
como evidente. E é evidente, porque
o percebemos com clareza e distintamente.
Critério de verdade,
clareza e distinção
Descartes generalizou
a descoberta: tudo o que é
concebido muito claramente
e muito distintamente
tem a mesma evidência
que o cogito, logo,
é verdadeiro.
Da ideia de Deus
à existência de Deus
Tenho em mim a ideia de um ser perfeito.
A ideia de um ser perfeito não pode ter
origem em mim, porque sou imperfeito.
Dado que conheço perfeições que
não possuo, tenho de aceitar a
existência de um Ser que seja a causa
de mim
e da ideia que tenho d’Ele.
Da existência de Deus
à existência do mundo material
Uma vez que Deus é bom e perfeito, não nos engana.
O mundo material existe e é de natureza
diferente do pensamento e de Deus.
As coisas materiais ocupam espaço,
possuindo características quantificáveis.
Se não partirmos das informações sensoriais
(por vezes enganadoras) e respeitarmos
o critério de evidência podemos conhecer.
Deus é a garantia de que é
verdadeiro o conhecimento
apreendido com evidência,
isto é, com clareza e
distinção, ou deduzido dele.
Dualismo cartesiano
Admitida a existência do pensamento (res cogitans,
ou «coisa» que pensa), de Deus e do mundo material
(res extensa, ou «coisa» extensa), Descartes considera
que:
o pensamento, ou espírito,
ou, ainda, alma (res cogitans)
é diferente e distinto
do corpo (res extensa)
o ser humano é constituído
por alma e corpo –
o dualismo cartesiano
A existência de Deus
e a verdade racional
Uma vez que os sentidos nos enganam
(pelo menos, às vezes),
o conhecimento
não pode ter
a sua fonte
na informação
sensorial
a fonte
do
conhecimento é
a razão,
racionalismo
a existência da
alma e de Deus é
mais certa do que
a existência
de coisas exteriores
Exercício
Diga quais são as afirmações verdadeiras e quais são as falsas.
Afirmações
Descartes utilizou a dúvida metódica.
Descartes é defensor do cepticismo.
Para Descartes, a informação sensorial é credível.
Eu penso, logo existo (cogito) é a primeira e irrefutável certeza para
Descartes.
Segundo Descartes, a perfeição de Deus garante que são verdadeiras as
noções ou ideias que a razão apreende com clareza e distinção.
Exercício
Diga quais são as afirmações verdadeiras e quais são as falsas.
Afirmações
Descartes defende o dualismo de substância.
Para Descartes, a razão é mais credível que os sentidos.
Descartes não é um filósofo racionalista.
Clareza e distinção não garantem a verdade, segundo Descartes.
Descartes, defensor do dualismo corpo-alma, é partidário do fisicalismo.
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Teorias Explicativas Conhecimento – Descartes