Economia do
Trabalho
Pedro Telhado Pereira
Universidade da Madeira
1
Os trabalhadores portugueses
apresentam uma baixa instrução
Universidade da Madeira
2
As populações mais jovens não
parecem estar a recuperar a atraso a
um bom ritmo
População com o Secundário Completo (1999), por grupos de idade
País
25-64
25-34
35-44
45-54
55-64
Espanha
35
55
41
25
13
Grécia
50
71
58
42
24
Irlanda
51
67
56
41
31
Itália
42
55
50
37
21
Portugal
21
30
21
15
11
Universidade da Madeira
3
 Todos
os países, com excepção de
Portugal, apresentam um
crescimento de mais de 30% entre
a geração dos 55-64 e a dos 25-34
 Portugal
apresenta um crescimento
de menos de 20%
Universidade da Madeira
4
Universidade da Madeira
5
Justifica-se estudar o
investimento em Educação?

A educação como um investimento?
– Redução do consumo presente
– Aumento do consumo futuro
– Risco

A educação como capital humano?
– Aumenta a produtividade
Universidade da Madeira
6
Diferença importante do capital
humano
O capital humano pertence ao indivíduo
que o possui, podendo só ser “alugado”
por períodos limitados no tempo.
 Não existe de compra do capital
humano, o que equivaleria à
escravatura.
 Esta diferença faz com que as
Universidade da Madeira
empresas tenham
pequeno incentivo 7

Suponha que uma empresa paga
os estudos a um seu funcionário
Ao terminar os seus estudos o
funcionário produz mais, mas não pode
receber todo o aumento de “produto”
porque parte tem que ser retido pela
empresa para cobrir os custos de
investimento.
 O funcionário pode mudar-se para outra
da Madeira mais…
8
empresa ondeUniversidade
receberá

Mas será que a educação leva a
maiores salários?
Vejamos o caso de Portugal
Universidade da Madeira
9
Salários em Portugal por graus de
Educação e Idade
Graph 4 - Average Hourly Real Wages, Different Skill Groups, Men, 1982-1998
1998 Escudos
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
1982
1985
1986
1987
1988
1989
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
Universidade
da Madeira
Years
Young, Low Ed
Old, Low Ed
Young, Med Ed
Old, Med Ed
Young, High Ed
1998
10
Old, High Ed
Leitura do gráfico anterior

A educação aumenta os salários

As pessoas mais velhas têm salários
mais elevados

O salário depende do grau de educação
e da idade (experiência)
Universidade da Madeira
11
Como será o perfil de salários?
Universidade da Madeira
12
Estudo da decisão de continuar os
estudos – Análise CustoBenefício
CUSTOS

Benefícios
Custos adicionais
 Diferencial de
que irá incorrer por
salários devido ao
continuar a
aumento de capital
estudar
humano
– Livros escolares
 Outros que iremos
– Propinas
ver mais tarde
– Diferencial de
custos por se ter
que deslocar para
o
Universidade da Madeira
local de estudo
13
Temos 2 perfis
Universidade da Madeira
14
Como comparar estes 2 perfis?

Temos que perceber € 1000 hoje não é o
mesmo do que € 1000 daqui um ano
– Se tiver € 1000 hoje posso aplicá-lo e receber
juros e daqui a um ano tenho
– € 1000 + taxa de juro X € 1000 =
= ( 1 + taxa de juro ) X € 1000
– Se tiver € 1000 hoje posso gastá-lo já, daqui a
um ano posso não estar em condições de o
fazer
–…
Universidade da Madeira
15
Assim
 No
presente
€ 1000 daqui a um ano vale € 1000 a
dividir por (1+r) onde r é a taxa de
desconto.
 € 1000 daqui a dois anos vale € 1000
a dividir por (1+r) ao quadrado.
 € 1000 daqui a n anos vale € 1000 a
dividir por (1+r) elevado a n.

Universidade da Madeira
16
Voltemos aos perfis de salários
Universidade da Madeira
17
Façamos a diferença entre os dois
perfis e adicionemos os custos
adicionais
Universidade da Madeira
18
Temos que achar o valor presente

para uma dada taxa de desconto
T

i 18
S
ED
(i)  ( S (i)  C (i))
i 18
(1  r )
0
Universidade da Madeira
19
Como tomar a decisão

Se a expressão anterior for positiva
deve continuar a educação.

Se a expressão anterior for negativa
não deve continuar a educação.
Universidade da Madeira
20
Ou podemos calcular a taxa interna
de rendibilidade
ou seja a taxa r que satisfaz a seguinte
relação
T

i 18
S
ED
(i)  ( S (i)  C (i))

0
i 18
(1  r )
0
Universidade da Madeira
21
Como tomar a decisão
 Se
a rendibilidade for
suficientemente elevada então
deve continuar a educação.
Universidade da Madeira
22
Que método usar

Os métodos dão ordenações diferentes para
educações de diferente tempo de estudo.

O segundo método aceita a hipótese que se
consegue aplicar o dinheiro à taxa de
rendibilidade da educação

O método do valor presente parece ser o
mais adequado,Universidade
mas…da Madeira
23
Como calcular a rendibilidade:
Pensemos que a decisão é de
estudar mais um ano
 A pessoa vive um tempo infinito
 Ganha S1 com mais um ano de
educação e S0 no momento actual
 Não existem custos adicionais

Universidade da Madeira
24
Temos dois fluxos de salários

Sem educação

S0

i 18
i 18 (1  r )
Universidade da Madeira
25

Com educação

S1

i 18
i 19 (1  r )
Universidade da Madeira
26
São iguais quando
S1  (1  r )  S 0
Universidade da Madeira
27
O que os economistas calculam
ln S  A  rEd
Universidade da Madeira
28
O que incluir nos custos?

as despesas adicionais que o estudar obriga
propinas
livros de estudo
fotocópias

Cuidado para descontar aspectos que podem estar
incluídos e que teriam que ser pagos caso não fosse
estudante.
Exemplo: acesso livre à internet, a qual pode ser
utilizada para outros fins que não o estudo.
Universidade da Madeira
29
Os benefícios não monetários

trabalho em locais mais agradáveis e
saudáveis.

vida mais saudável e mais longa.

influência na educação dos filhos.

….
Universidade da Madeira
30
Alguns problemas com as taxas de
rendibilidade achadas

controlar pelo número de horas
trabalhadas
• os indivíduos com mais educação tendem a trabalhar
mais horas por dia (efeito do ócio se ter tornado
relativamente mais caro).

o enviezamento devido à capacidade dos
indivíduos - o problema surge porque os
salários que observamos não são para a
mesma pessoa com e sem educação surgem os problemas de selectividade
• Solução: experiências
naturais,
Universidade
da Madeiragémeos...
31
A teoria do sinal
Vamos pensar que existem dois grupos
de indivíduos

os mais produtivos (+)

os menos produtivos (-)

Universidade da Madeira
32

As empresas podem pagar um salário
superior aos mais produtivos, conforme o
gráfico abaixo
Universidade da Madeira
33

As empresas não sabem quem são os
trabalhadores mais produtivos.

Todos os trabalhadores vão dizer que
pertencem a este grupo para
receberem salários mais altos.
Universidade da Madeira
34
Os indivíduos mais produtivos têm
interesse em sinalizar que o são.
O sistema de educação é tal que o C(+)
< C(-), tornando o valor presente do
investimento em educação positivo para
os (+) e negativo para os (-).
 O sistema educativo faz a aferição
(secreening)
 Explique porque do ponto de vista
social, a educação perdia parte do seu
Universidade da Madeira
35
interesse.

Esta hipótese testa-se:

1) comparando a rendibilidade dos
empregados por conta própria com a
dos por conta de outrem; ou

2) vendo se há uma rendibilidade
acrescida pela conclusão do curso.
Universidade da Madeira
36
Rendibilidade social da
educação

1) Estado
– Custos incorridos pelo Estado com a
educação
– Benefícios - aumento dos impostos
cobrados, menos gastos em saúde e em
problemas sociais...
Universidade da Madeira
37

2) Social
– Custos totais = Privado + Estado + outras
instituições.
– Benefícios totais - Privado, Estado, outros
indivíduos (externalidades), gerações
futuras...
Universidade da Madeira
38
A formação profissional

1) Geral  A formação leva a aumentos de
produtividade gerais e independentes da
firma ou sector onde ele venha a trabalhar.
Neste caso a firma tem que pagar ao
trabalhador conforme a sua produtividade;
 caso pague abaixo da produtividade, este
muda de firma.
 Este tipo de formação tem que ser pago pelo
trabalhador ou pelo Estado.
Universidade da Madeira
39

2) Específica a uma empresa
 Esta formação só aumenta a produtividade
do trabalhador na empresa. O trabalhador
não tem incentivo a pagar este tipo de
formação, pois ao ser despedido perde o
aumento de produtividade.
 A empresa suporta o custo desta formação,
pagando depois salários abaixo da
produtividade. Explique.
Universidade da Madeira
40
Notas finais:
A idade em que se faz a
educação/formação é importante;
quanto mais cedo, mais períodos a
receber o diferencial de salários.
 Não se deve esquecer a probabilidade
de desemprego pois estudos têm
mostrado que esta probabilidade
diminui com a educação.
 Não esquecer o factor risco

Universidade da Madeira
41
Portugal é o país dos considerados
que apresenta maior rendibilidade da
educação
Universidade da Madeira
42
A rendibilidade da educação apresentou uma
tendência crescente de 1982 a 1995
Graph 3 - Returns to Education, Linear Specification, 1982-1995
13.0%
12.5%
12.0%
11.5%
11.0%
10.5%
10.0%
9.5%
9.0%
8.5%
8.0%
1982
1985
1986
1987
1988
1989
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
Years
All
Men
Women
Universidade da Madeira
43
A cohort dos mais velhos e mais
educados é a que apresenta evolução
mais crescente
Universidade da Madeira
44
Universidade da Madeira
45
Universidade da Madeira
46
A licenciatura é o grau que apresenta
maior rendibilidade
(1982, 1991, 1998)
Graph 8 - Average Marginal Returns to School Degrees , 1982, 1991 and 1998
20%
18%
16%
14%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
2nd/1st cycles
3rd/2nd cycles
Sec/3rd cycle
Bachar/Sec.
Licenc/Sec.
School Degrees Compared
1982
1991
1998
Universidade da Madeira
47
As engenharias, a gestão e a
economia lideram
Table 1 – Returns to Degree Type and Content, 1995
Degree Type
Degree Content
All
Men
Wome
n
"Bacharelato"
Management and Economics
270%
262%
267%
"Bacharelato"
Engineering
368%
325%
408%
"Bacharelato"
Human and Social Sciences
240%
224%
262%
"Bacharelato"
Other Degrees
318%
327%
319%
"Licenciatura"
Management and Economics
500%
471%
498%
"Licenciatura"
Engineering
504%
450%
548%
"Licenciatura"
Human and Social Sciences
431%
331%
492%
"Licenciatura"
Other Degrees
438%
373%
Universidade da Madeira
492%
48
Portugal (1993-2000)
Universidade da Madeira
49
Existe uma relação negativa entre
o nível e o risco
Table 5 - Country Rankings, OLS and QR results
Rank1
Diff
Country
OLS
Rank2
Portugal
Austria
Switzerl.
12.6
9.7
9.5
1
2
3
8.9
5.6
1.9
16
15
5
Ireland
Finland
Spain
UK
Germany
France
Netherl.
8.9
8.9
8.6
8.6
8
7.6
7
4
5
6
7
8
9
10
2.6
3.3
2.4
4.8
0.3
3.4
3
8
11
7
14
2
10
9
Greece
Denmark
Italy
US
Norway
Sweden
Average
St
Deviation
6.5
6.6
6.4
6.3
6
4.1
7.8
2
11
12
13
14
15
16
-1.9
0.8
0.4
4
2.1
3.8
2.8
2.5
1
4
3
13
6
12
Universidade da Madeira
50
Cohen and Soto (2001)

Quando o nível educacional foi colocado
como variável explicativa na equação de
crescimento,
aparece
como
não
significativamente diferente de zero. Isto
leva-los a concluir:
 “this settles, at least for these data [the data
used in this authors’ paper], the long standing
opposition between the effects of levels and
the effects of the increase of human capital
on growth. WeUniversidade
find quite
simply that levels
da Madeira
51
are correlated to levels and growth rates to
Universidade da Madeira
52
Formação Profissional

We take as the reference individual a
man, with less than primary education,
aged below 21, who completed a
course of the miscellaneous category
‘others’.
Universidade da Madeira
53
Universidade da Madeira
54
The reference individual is an untrained worker with less
than primary education,
<6 years of tenure, working full-time in the
Universidade
da Madeira
private, commerce sector, in a firm with more than 500 workers.
55
Ideias a reter:

Educação como investimento
– Custos
– Benefícios

Valor presente de fluxos monetários

Taxa de rendibilidade da Educação
Universidade da Madeira
56
Ideias a reter:

Rendibilidade
– Privada
– Do Estado
– Social

Formação Profissional
– Geral
– Específica

Capital Humano
Universidade da Madeira
57
Saber distinguir:

Teoria do Capital Humano da Teoria do
Sinal.

Benefícios privados dos benefícios
sociais

Benefícios monetários
dos não
Universidade da Madeira
monetários
58
Saber avaliar medidas públicas
simples

Aumento de propinas

Diminuição dos impostos sobre o
rendimento
Universidade da Madeira
59
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Economia da Educação - Universidade da Madeira