AULA 01 Profº André Luis Torres SABERES E PRÁTICAS LERNER, DELIA Ler e Escrever na Escola: O real , O possível e o necessário. Investigadora em: didática de leitura e escrita didática da matemática Professora e pesquisadora na universidade de Buenos Aires La Plata Consultora de vários paises da América Latina, e Espanha Consultora do MEC na área de alfabetização Mantém uma escola em Buenos Aires que serve como laboratório de suas pesquisas No inicio da civilização o homem não sabia se comunicar através da escrita Não havia maneiras de registros escritos Até que um dia, através de figuras desenhadas nas paredes das cavernas, o homem começou a se comunicar através da escrita. Uma escrita se chama Cuneiforme, desenvolvida pelo povo Sumeriano à 4.000 A.C. na região do Iraque de hoje. Então o homem passou a desenvolver a escrita, porém cada um escrevia como queria, não havia um padrão de escrita Por meio de uma convenção criou – se símbolos ( desenhos ) convencionais que passamos a chamar de letras A construção da base alfabética surge de maneira espontânea nas crianças com aproximadamente três anos de idade Ao manipular objetos, explorar rótulos, revistas, jornais, descobrir suas funções e utilidades a criança deparase inevitavelmente com a linguagem verbal e não verbal. Quando imita alguém, manifesta seus sentimentos, explora o meio, quando ouve, conta, reconta, lê (o que está ao seu redor), dramatiza, faz mímicas, tem a oportunidade de estar em contato com as várias formas de linguagem. Essas oportunidades contribuem efetivamente para a construção das operações mentais necessárias e preliminares ao ato de ler. O desafio é incorporar todos os alunos à cultura do escrito. É preciso que a escola funcione como uma comunidade de leitores e escritores. Um ensino voltado para as práticas sociais, preservando o sentido que a leitura e a escrita têm com estas práticas, através de propostas realistas vivas e vitais. O real que encontramos em nossas escolas é um rol de dificuldades, que é preciso enfrentar. A tensão existente na escola, entre a função explícita de democratizar o acesso ao conhecimento e a função implícita de reproduzir a ordem social estabelecida. Problemas na escolarização das praticas de leitura e escrita; Ler e escrever sem a real função social; Classificação no tempo para a aprendizagem; Obrigação institucional de priorizar a avaliação; Direitos e obrigações entre professores e alunos, que produz quais os conhecimentos que as crianças tem ou não a oportunidade de exercer. Tensões entre os propósitos escolares e extra-escolares da leitura e da escrita Se nos centramos nos propósitos didáticos, abandonando a prática social, não possibilitamos ao aluno aprender a ler e escrever para participar da sociedade enquanto leitores e escritores; Relação saber- duração versus preservação do sentido. A aprendizagem não é linear, acumulativa e irreversível, As práticas de leitura e escrita são indissociáveis Para transformar o ensino da leitura e da escrita. Qual é o desafio? A formação do leitor e do escritor passa pela formação de ser humano crítico, capaz de ler entrelinhas e assumir uma posição própria em relação ao que é apresentado pelo autor do texto, e não pela decifração do sistema de escrita. Pessoas que possam informa-se por escrito, atinjam a língua escrita consciente da importância do sentido da mensagem, conhecimento dos diversos escritos da sociedade, descoberta que a escrita é um instrumento de raciocínio sobre o pensamento. Essas mudanças só serão possíveis através da capacitação qualitativas de professores e da instituição escolar. “ Professores e alunos precisam se adaptar às praticas sociais de leitura e escrita.” É preciso abandonar as atividades desprovidas de sentido, mecânicas, que distanciam a criança da escrita. É necessário formar os aprendizes para serem produtores de língua escrita. Temos que encarar o desafio de alfabetizar todos os alunos, combatendo a discriminação dentro da escola. É possível a mudança na escola? Se houver distinção entre solução de problemas e domínio de modernidade. Capacitação condição necessária, mas não suficiente para a mudança na proposta didática. Transposição didática A leitura e a escrita como objeto de ensino. Contrato didático: Compartilhar com toda a comunidade a responsabilidade e o papel de formar leitores de mundo, de vida. Diminuir a fragmentação do conhecimento. Ultrapassar o isolamento entre a apropriação do sistema de escrita e desenvolvimento da leitura e escrita. Em relação à organização institucional, é necessário acabar com o isolamento dos professores, e permitir a participação dos pais. Apontamentos a partir da perspectiva curricular Aliar o objetivo do ensino com o sentido pessoal; O que vai ser ensinado com vista no objeto social; Formar cidadãos da cultura escrita; Explicitar conteúdos significativos. É possível ler na escola? Desde que se valorize os propósitos sociais construídos, onde o aluno possa usar o que aprendeu em situação não didática. Um propósito comunicativo, onde o aluno possa aliar a aprendizagem escolar a uma função real da vida. Propósito da leitura significativa, ler para: Definir um problema; Confirmar um tema de interesse; Anotar ou gerar um texto; Procurar elementos específicos; Indicar entre contos, poemas, romances. A escola pode transformar-se num espaço que possibilite a leitura. E isto muito antes de que possam faze-lo de maneira convencional. O professor, ao assumir o papel de intérprete, possibilita que os alunos possam ler através dele. Gestão do tempo: Uma visão de transformação qualitativa na utilização do tempo didático. Apresentação de conteúdos e organização de atividades. Criar condições e ações de modalidades organizativas: planos, atividades habituais, e seqüência de condições e atividade independentes Para se usar bem o tempo, é pertinente a utilização das modalidades organizativas Os projetos (onde a leitura ganha sentido nos . . múltiplos aspectos) As atividades habituais (repetem-se de forma . metodológica semanalmente ou quinzenalmente) As seqüências de atividades (ler com as . crianças com o objetivo de ler) As situações independentes ( divididos em dois . subgrupos: Ocasionais e Sistêmicas) O professor: um ator no papel de leitor O professor como modelo. É necessário que o professor informe a seus alunos tudo que é pertinente à leitura como: Estratégias de Leitura dividida; Leitura individual; Leitura coletiva. O maior desafio Dar sentido a leitura numa extensão institucional, onde se pode produzir mudanças qualitativas no tempo didático . Que a escola possa funcionar como microssociedade de leitores e escritores , onde possam participar crianças, pais e professores O papel do conhecimento didático na formação do professor. O saber didático é fundamental para resolver problemas próprios de comunicação do conhecimento, é obra de análise das relações entre o ensino e a aprendizagem , é elaborado através da verificação rigorosa do funcionamento das situações didáticas. Quando o registro se torna objeto de reflexão, faz da pratica do professor uma pratica consciente e passível de mudança. É preciso que o professor estabeleça com os alunos uma relação de leitor para leitor