AIT JOSÉ R. R. MANOEL CURITIBA 2014 HISTÓRICO • Sinais de alerta para AVC. • 250.000 a 300.000 /ano nos EUA. • No Brasil a principal causa de morte são DCV, sendo que o AVC representa 1/3 – MS. Definições DVEi: Instalação súbita de déficit neurológico focal relacionado a um território arterial AIT:Déficit neurológico focal de instalação súbita, com duração inferior a 24 horas e presumidamente de origem vascular, limitado a um território cerebral ou do olho e nutrido por uma artéria específica. Nova definição: Episódio breve de disfunção neurológica provocada por isquemia cerebral focal ou retiniana, com sintomas clínicos durando menos de 1 hora e sem evidência de infarto. EPIDEMIOLOGIA • • • • • Incidência 750.000/ano (EUA) 1:15 hab.em pcte > 65 anos (mínimo 1 evento). Risco de 10 a15% de AVC em menos de 3m. ½ deles ocorrem nas 1as.48hrs. Morbidade/dependência 250.000 a 375.000/ano (EUA)principal causa de morbidade • Custos/ano US$ 40 bilhões FISIOPATOLOGIA Isquêmia-aterotrombótica de Grandes Vasos Paciente com fatores de risco: HAS DM Tabagismo Dislipidemia Frequentemente associado a AVC/AIT no mesmo território. Isquêmia- Aterotrombótica de pequenos vasos (Lacunas): Pequenos infartos subcorticais, quadros neurológicos restritos, sem alteração de consciência e sem alteração de função nervosa superior(cortical). Isquêmia- Cardioembólico: Relacionado a cardiopatias, valvopatias ou arritmias; a fibrilação atrial é a mais comum; AVCs em múltiplos territórios arteriais. AIT- História natural • • • • Déficitis neurológicos transitórios Evolução temporal: segundos- 5 a 10 min 75-85% têm duração inferior a 1 hora Após 1 hora de déficit neurológico estável, apenas 14% regredirá espontâneamente • Após 3 horas apenas 2% regredirá espontâneamente • Média de 14 min para território carotídeo e 8min para basilar AIT- História natural Em 30 dias - 4% evolui para AVCi. Em 90 dias: - 10-11% evoluem para AVCi, metade nos primeiros 2 dias pós AIT. - 2,6% terão evento cardíaco grave - 2,6% evoluirão para óbito SINAIS E SINTOMAS Sistema de emergência (“time is brain”) Sistema carotídeo x Sistema vértebro-basilar Anterior cerebral artery - déficit motor ou sensitivo (pés >> face, braços) ; Grasp, sucking reflexes ; Abulia, paratonic rigidity, gait apraxia Embolic > atherothrombotic. Middle cerebral artery: Dominant hemisphere: aphasia, motor and sensory deficit (face, arm >leg >foot), may be complete hemiplegia if internal capsule involved, homonymous hemianopia. Non-dominant hemisphere: neglect, anosognosia, motor and sensory deficit (face, arm > leg>foot), homonymous hemianopia. Embolic > atherothrombotic. Posterior cerebral artery Homonymous hemianopsia; alexia without agraphia (dominant hemisphere); visual hallucinations, visual perseverations (calcarine cortex); sensory loss, choreoathetosis, spontaneous pain (thalamus); III nerve palsy, paresis of vertical eye movement, motor deficit (cerebral peduncle, midbrain). Embolic > atherothrombotic. Vertebrobasilar - Cranial nerve palsies ;Crossed sensory deficits ; Diplopia, dizziness, nausea, vomiting, dysarthria, dysphagia, hiccup ; Limp and gait ataxia ; Motory deficit ;Coma ; Bilateral signs suggest basilar artery disease. Embolic = atherothrombotic SINAIS E SINTOMAS NÃO É AIT SE... Ocorrência isolada de sintomas como: Vertigem Tontura Náusea Síncope Confusão mental Amnésia Convulsão TRATAMENTO E PROGNÓSTICO Avaliação inicial • Anamnese direcionada: momento exato do início dos sintomas, história de crise convulsiva, trauma, infecção, uso de drogas ilícitas e outros antecedentes relevantes. • Exame neurológico seriado ( escalas de AVC) Estabilização clínica: • Monitorização - 48 horas; • Via aérea livre, monitoramento cardíaco, oxímetro(23l/min) • Controle de PAS(se, necessário 30% da PAM) • Evitar hipertermia(Paracetamol) e/ou (Hipotermia controladas). • Glicemia sob controle (160 mg/dl, com insulina regular) • • • • • Sedação, se necessária, com clonazepan ou alprazolan. Tratar sintomas: febre, vômitos, cefaléia. Tratar DHE e metabólicos Profilaxia para TVP(heparina) Jejum oral até avaliação • fisioterapia e mobilização precoces • não cateterizar via venosa no membro superior afetado • evitar agentes hiposmolares nos primeiros dias. • Trombólise, se indicado. ....e você deve fazer o Diagnóstico diferencial: • Aura com ou sem crise migranosa subsequente (A aura é qualquer sintomas neurológico que ocorre pouco antes da cefaleia). • Paralisia de Todd (hemiplegia após uma crise convulsiva). • Síndrome convulsivo parcial. • Síndrome conversivo. • Exacerbação de sinais prévios sequelares. Quando o pcte é de UTI? UTI neurológica • 15-20% requerem admissão em UTI • Indicações: 1. Dificuldade em controlar PA 2. Arritmias ou IAM 3. Rebaixamento do nível de consciência ( IOT) 4. Risco de edema cerebral e herniação Manejo do paciente crítico 1. • • • • Respiratório Acometimento de reflexos faríngeos, rebaixamento do nível de consciência, edema cerebral/herniação, causas sistêmicas Não atrasar IOT se medidas conservadoras forem ineficazes. Etomidato/Tiopental/Lidocaína Aumenta mortalidade em 50% independente da causa 2. Glicemia • Hiperglicemia comum mesmo em não diabéticos, principalmente em grandes áreas e córtex insular • Associado com aumento do edema, altas taxas de transformação hemorrágica, menor probabilidade de recanalização, e piora da evolução neurológica. • Hipoglicemia por si só piora a lesão cerebral • Controle moderado: mantendo entre 100-150 mg/dL 3. Febre • Comum (principal causa é infecção) • 19% de aumento na mortalidade. • Aumento da demanda metabólica, da produção de radicais livre e da liberação de neurotransmissores excitatórios. • A melhor forma não está definida, assim como a efetividade na melhora clínica. 4. Hipotermia Terapêutica • • • • Efeito neuroprotetor em modelos experimentais de AVC Superfície ou intravascular 32-36 °C Risco de aumento rebote da PIC durante reaquecimento ( 0,1-0,5°C/h) • Outras complicações: arritmias, trombocitopenia, hipotensão, infecção, DHE e coagulopatia. 5. Cardiovascular • Risco de IAM fatal na fase aguda – 2-5%. • Elevação da troponina em 10% dos pacientes com AVCi ( 2/3 dos casos são silenciosos). • Associado à: idosos, outras comorbidades, eventos mais graves. • Seriar enzimas e ECG • Arritmias malignas são raras ,mas morte súbita pode ocorrer. • FA oculta foi identificada em 5% dos pacientes com AVC através da monitorização contínua por Holter( Liao et al 2007) 6. Edema cerebral • Início após algumas horas, pico em 2 -5 dias, e resolução gradual • Herniação em 2-3% dos casos(principal causa de morte na primeira semana) • Monitorização PIC • Preditores: NIHSS elevado (>21), naúseas e vômitos precoces, PAS após 12h maior ou igual a 180mmHg, hipodensidade precoce acometendo mais que 50% do território da ACM na CT, volume de difusão da lesão maior que 82mL com 6 horas do início do quadro, envolvimento de outros territórios, leucocitose e história de HAS ou ICC.(Kasner et al 2001) • Tratamento : Hiperventilação, manitol, solução hipertônica. 7. Pressão arterial • Extremos(potencial de morbi-mortalidade) • Hipertensão - transformação hemorrágica e recorrência do AVC. • Hipotensão -lesões definitivas da zona da penumbra isquêmica e levando a um pior prognóstico. • Não se deve usar hipotensores de ação rápida (sublingual ou endovenoso). • Captopril ou enalapril. • Antes de prescrever anti-hipertensivo sedar o doente. • A redução da PA nem sempre é indicado. • Ao reduzir(máximo 30%+ considerar níveis pressóricos prévios (hipertenso crônico)). Exames Complementares Exames realizados após a avaliação inicial • Hemograma completo com plaquetas e coagulograma completo. Glicemia sérica, sódio, potássio, uréia, creatinina, avaliação de intoxicação por drogas em caso de suspeita, troponina sérica. • Eletrocardiograma. • Tomografia de Crânio sem contraste Por que pedir TC? • Excluir diferenciais • Complementar a avaliação clínica na estimativa da extensão anatômica da lesão Investigação etiológica: • Ecodoppler de art. carótidas, subclávias e vertebrais; • Ecocardiograma transtorácico e transesofágico; • Doppler transcraniano; • Rx de tórax; • Testes para atividade inflamatória e estados prótrombóticos; Idéias básicas • Urgência médica • Investigar causa • Terapia antiagregante- AAS 200-500mg • Ticlopidina ou clopidogrel se contra-indicações Terapia antitrombótica 1. • • • • Antiagregação plaquetária AAS Ticlopidina Clopidogrel AAS dipiridamol •Reduz risco de novo evento •Melhora a evolução do evento atual se administrado nas primeiras 48h • Precaução: trombólise e anticoagulação •Aumenta risco de sangramento e inibe o efeito do t-PA Terapia antitrombótica 2. Heparina Heparina de baixo peso molecular •AVCi em progressão •Trombose de artéria basilar •AIT em crescendo •Alto risco para AVC cardioembólico •TTPA 1,5-2,0 •Contra-ind: sangramento intraparenquimatoso ou em outro foco e HAS sem controle. •Risco de sangramento: embolia, grandes(>1/3), alterações precoces da TC Trombólise Resultados após 3 meses – NINDS trial (NEJM 1995) • 30% mais chance de nenhuma ou mínima sequela ao final de 3 meses. • Mesma mortalidade nos dois grupos • Até 3 horas do início dos sintomas • t-PA 0,9mg/Kg ( máx 90mg) EV 10% em bolus Resto em 60min • Mesmo durante as 3 horas a eficácia varia com a janela entre os sintomas e a trombólise. Trombólise Sangramento intracraniano sintomático (NINDS). • 6,4% de sangramento intracraniano sintomático no grupo tratado ( 0,6% no grupo controle) • Monitorizar PA nas primeiras 24h (PAS <180mmHg e PAD < 110 mmHg) • Exame neurológico seriado(objetivo) • Observar nível de consciência, cefaléia, naúseas e vômitos • Se suspeita de hemorragia durante infusão, interromper e tomografar. Trombólise • Evitar anticoagulantes e antiagregantes nas primeiras 24h pós- trombólise. • Se TC de controle (24 h após) sem sinais de sangramento, iniciar antiagregantes. • Realizar preferencialmente em UTI Trombólise Cirurgia • Em pacientes com AIT em território de carótida, a endarterectomia de estenoses entre 50-99% diminui a chance de futuros eventos. • Pacientes com estenose sintomática e maior que 70%risco muito alto( >30%) de AVC após 1 - 2 anos de um AIT. Cirurgia Endarterectomia de carótida: *Paciente consciente. *Déficit neurológico mínimo e fixo *Quando a cirurgia pode ser completada nas primeiras 3h do déficit. SEMIOLOGIA Afasia, paresia e/ou hipoestesia direita, hemianopsia direita, paresia do olhar conjugado para a direita, disartria, dificuldade para ler, escrever e calcularHCD(território carotídeo) Negligência do espaço visual esquerdo, hemianopsia esquerda, hemiparesia esquerda, hemi-hipostesia esquerda, disartria, desorientação espacial) - HSE( território carotídeo) Déficit motor puro Fraqueza da face ou mmbros de um lado, sem anormalidades de funções superiores, sensibilidade ou visão - Lesão pequena subcortical em hemisfério cerebral ou tronco cerebral Déficit sensitivo puro - Hipoestesia da face ou membros de um lado, sem anrmalidades de funções superiores, motricidade ou visão - Lesão pequena subcortical em hemisfério cerebral ou tronco cerebral SEMIOLOGIA Amaurose fugaz - Perda visual monocular - Retina Déficit motor ou sensitivo nos 4 membros, ataxia, disartria, olhar conjugado, nistagmo, amnésia, perda visual em ambos campos visuais - Fossa posterior (Tronco cerebral, cerebelo ou porções posteriores dos hemisférios) Referências • • • • • • • The Washington manual(2005) Tratado de Neurologia(Merrit) Diretriz AIT do Hosp. Albert Einstein Bernnet- NEJM(1998) NINDS trial –NEJM(1995) Oliveira SM – Revista medicina e saúde de Brasília(2012) Aula de Neurologia sobre AVCi -UFPR