Acidente Vascular Cerebral Bárbara Pinheiro R2 CM UNIFESP-EPM Epidemiologia Incidência 750.000/ano (EUA) Principal causa de morte no Brasil Morbidade/dependência 250.000 a 375.000/ano (EUA)- principal causa de morbidade Custos/ano US$ 40 bilhões Na UTI 15-20% requerem admissão em UTI Indicações: 1. Dificuldade em controlar PA 2. Arritmias ou IAM 3. Rebaixamento do nível de consciência 4. IOT) Risco de edema cerebral e herniação Avaliar cada caso em conjunto com a família ( Instalação súbita de déficit neurológico focal relacionado a um território arterial Como reconhecer um AVC? Programas educacionais Sistema de emergência (“time is brain”) Sistema carotídeo x Sistema vértebrobasilar Anterior cerebral artery - déficit motor ou sensitivo (pés >> face, braços) ; Grasp, sucking reflexes ; Abulia, paratonic rigidity, gait apraxia Embolic > atherothrombotic Middle cerebral artery Dominant hemisphere: aphasia, motor and sensory deficit (face, arm >leg >foot), may be complete hemiplegia if internal capsule involved, homonymous hemianopia. Non-dominant hemisphere: neglect, anosognosia, motor and sensory deficit (face, arm > leg>foot), homonymous hemianopia. Embolic > atherothrombotic Posterior cerebral artery Homonymous hemianopia; alexia without agraphia (dominant hemisphere); visual hallucinations, visual perseverations (calcarine cortex); sensory loss, choreoathetosis, spontaneous pain (thalamus); III nerve palsy, paresis of vertical eye movement, motor deficit (cerebral peduncle, midbrain). Embolic > atherothrombotic Vertebrobasilar - Cranial nerve palsies ;Crossed sensory deficits ; Diplopia, dizziness, nausea, vomiting, dysarthria, dysphagia, hiccup ; Limp and gait ataxia ; Motory deficit ;Coma ; Bilateral signs suggest basilar artery disease. Embolic = atherothrombotic UpToDate 2008 Diagnóstico Diferencial Libman RB et al. 411 pacientes com diagnóstico de AVC 78( 19%) não se confirmaram Crises epilépticas 13( 16.7%) Infecções sistêmicas 13( 16.7%) Tumores 12(15.4%) Distúrbios tóxico-metabólicos 10 (12.8%) Acidente Isquêmico Transitório Déficit neurológico focal de instalação súbita, com duração inferior a 24 horas e presumidamente de origem vascular, limitado a um território cerebral ou do olho e nutrido por uma artéria específica. AIT Déficitis neurológicos transitórios Evolução temporal: segundos- 5 a 10 min 75-85% têm duração inferior a 1 hora Após 1 hora de déficit neurológico estável, apenas 14% regredirá espontâneamente Após 3 horas apenas 2% regredirá espontâneamente Média de 14 min para território carotídeo e 8min para basilar AIT – Quando não suspeitar Ocorrência isolada de sintomas como: Vertigem Tontura Naúsea Síncope Confusão mental Amnésia Convulsão AIT- História natural - Em 30 dias – 4% evolui para AVCi Em 90 dias 10-11% evoluem para AVCi, metade nos primeiros 2 dias pós AIT. 2,6% terão evento cardíaco grave 2,6% evoluirão para óbito Johnston SC et. Al JAMA 2000 Dennis M et. Al 1990 Proposta de nova definição Episódio breve de disfunção neurológica provocada por isquemia cerebral focal ou retiniana, com sintomas clínicos durando menos de 1 hora e sem evidência de infarto. Albers GW et al NEJM 2002 Etiopatogenia AVCi 83% AVCh 17% Embólico 10 7 32 20 31 Aterotrombóticograndes vasos Aterotrombóticopequenos vasos Hemorragia intraparenquimatosa Hemorragia subaracnóide Isquêmico-Aterotrombótico de Grandes Vasos Paciente com fatores de risco HAS DM Tabagismo Dislipidemia Frequentemente associado a AVC/AIT no mesmo território. Isquêmico- Aterotrombótico Pequenos vasos (Lacunas) Pequenos infartos subcorticais Quadros neurológicos restritos Sem alteração de consciência Sem alteração de função nervosa superior( cortical) Isquêmico -Cardioembólico Relacionado a cardiopatias, valvopatias ou arritmias Fibrilação atrial é a mais comum AVCs em múltiplos territórios arteriais Hemorrágico Mortalidade em 30 dias varia entre 30-50%, apenas 20% dos sobreviventes reassumen independência após 6 meses. HAS é o maior fator de risco Sinais e sintomas gerais comuns: cefaléia naúseas, vômitos, rebaixamento do nível de consciência, PA muito elevada. Os sintomas podem ser iguais aos do AVCi Topografias habituais: núcleos da base(putamen e tálamo), tronco cerebral(ponte), cerebelo e lobos cerebrais. Crescimento do Hematoma Crescimento precoce do hematoma é comun, mesmo em pacientes sem coagulopatia, e está relacionado a uma pior evolução. Ocorre nas primeiras horas após início dos sintomas, sendo raro após 24 horas. Fatores associados: volume inicial do hematoma, apresentação precoce, formato irregular, doença hepática, HAS, hiperglicemia, abuso de álcool, hipofibrinogenemia. Avaliação Inicial Avalie vias aéreas, respiração, circulação e exame neurológico Monitorize: ritmo cardíaco e oximetria de pulso Exames complementares: ECG, Rx de Tórax, HMG, eletrólitos, TP, TTPA, glicemia, Ur e Cr. Quando indicado: enzimas cardíacas, GASO A, dosagem sérica de álcool, teste de gravidez, abuso de substâncias e LCR. Infusão de solução salina e oxigênio suplementar quando necessários. Tomografia de crânio sem contraste/RNM USG de carótidas ( suspeita e disponibilidade) Avaliação Inicial Anamnese direcionada: momento exato do início dos sintomas, história de crise convulsiva, trauma, infecção, uso de drogas ilícitas e outros antecedentes relevantes. Exame neurológico seriado ( escalas de AVC) http://nihss-english.trainingcampus.net/uas/modules/trees/windex.aspx Avaliação do especialista Tratar sintomas: febre, vômitos, cefaléia. Tratar DHE e metabólicos Fisioterapia motora e respiratória Profilaxia para TVP Jejum oral até avaliação -teste de deglutição. Papel da Tomografia Excluir diferenciais Complementar a avaliação clínica estimativa da extensão anatômica lesão na da AIT- Tratamento Urgência médica Investigar causa Terapia antiagregante- AAS 50-325mg Ticlopidina ou clopidogrel se contraindicações. AIT Em pacientes com AIT em território de carótida, a endarterectomia de estenoses entre 50-99% diminui a chance de futuros eventos. Pacientes com estenose sintomática e maior que 70%- risco muito alto( >30%) de AVC após 1 - 2 anos de um AIT. AVCi – Terapia Antitrombótica 1. Antiagregação plaquetária AAS Ticlopidina Clopidogrel AAS dipiridamol •Reduz risco de novo evento •Melhora a evolução do evento atual se administrado nas primeiras 48h • Precaução: trombólise e anticoagulação •Aumenta risco de sangramento e inibe o efeito do t-PA AVCi – Terapia Antitrombótica 2. Heparina Heparina de baixo peso •AVCi em progressão •Trombose de artéria basilar •AIT em crescendo •Alto risco para AVC cardioembólico • TTPA 1,5-2,0 •Contra-ind: sangramento intraparenquimatoso ou em outro foco e HAS sem controle. •Risco de sangramento: embolia, grandes(>1/3), alterações precoces da TC Trombólise Resultados após 3 meses – NINDS trial (NEJM 1995) 30% mais chance de nenhuma ou mínima sequela ao final de 3 meses. Mesma mortalidade nos dois grupos Até 3 horas do início dos sintomas t-PA 0,9mg/Kg ( máx 90mg) EV 10% em bolus Resto em 60min Mesmo durante as 3 horas a eficácia varia com a janela entre os sintomas e a trombólise. Sangramento intracraniano sintomático NINDS 6,4% de sangramento intracraniano sintomático no grupo tratado ( 0,6% no grupo controle) •Monitorizar PA nas primeiras 24h (PAS <180mmHg e PAD < 110 mmHg) •Exame neurológico seriado (objetivo) •Observar nível de consciência, cefaléia, naúseas e vômitos •Se suspeita de hemorragia durante infusão, interromper e tomografar. Trombólise Evitar anticoagulantes e antiagregantes nas primeiras 24h pós- trombólise. Se TC de controle (24 h após) sem sinais de sangramento, iniciar antiagregantes. Realizar preferencialmente em UTI Trombólise-Inclusão Trombólise Exclusão • Desmoteplase(trombolítico recombinante): maior afinidade pela trombina, maior t1/2 vida, ausência neurotoxicidade, não ativado pela proteína β-amilóide. • Elegíveis por RNM com difusão ( zona de penumbra viável) • Desmoteplase EV administrada entre 3-9 horas após AVCi em pacientes selecionados foi associado com uma maior taxa de reperfusão e melhor evolução clínica comparada com o placebo. A taxa de sangramento foi pequena, com doses até 125µg/Kg. Ainda que favorável, o decréscimo do odds ratios para trombólise além das 3 horas, ainda não é suficiente para recomendar esse procedimento, pelo aumento do risco de sangramento. Hacke, W, Donnan, G, Fieschi, C, et al, Lancet 2004; 363: 768. Thrombolysis with Alteplase 3 to 4.5 Hours after Acute Ischemic Stroke. Trial multicêntrico, duplo-cego, randomizado Trombólise no tempo estendido x placebo Objetivo primárioavaliar dependência após 90dias(Rankin scale). Objetivo secundário- desfecho global ( NIHSS, Glasgow outcome scale, Barthel index e Rankin scale) Objetivos de segurança – mortalidade, hemorragia intracraniana com ou sem sintomas e edemacerebral sintomático. • Global odds ratio for a farorable outcome was 1,28 TER MAIS TEMPO NÃO SIGNIFICA QUE DEVEMOS ESPERAR MAIS Trombólise intra-arterial Contra-indicações à trombólise EV Até 6 horas do início dos sintomas Artérias: Carótida interna, cerebral média e basilar( mortalidade) Dose menor( até 1/3) Visão direta –intervenção mecânica Pro-urokinase Maior taxa de recanalização Trombólise – Terapia Combinada Unir a agilidade da terapia endovenosa com uma potencial maior taxa de recanalização obtida com a intra-arterial. Estudos recentes observaram que a terapia combinada (alteplase) resultou em melhor recanalização, comparado com a terapia IA isolada, bem como uma independência funcional muito acima do esperado baseado na gravidade do AVC. IMS I study x NINDS -Evolução e complicação similar -Gravidade x tempo de trombólise EV Manejo da Pressão arterial – AVCi Auto-regulação cerebral Área de Infarto x Área de Penumbra Pressão Arterial no AVCi PAS<160mmHg 65 35 96% PAS > 160mmHg Emergência Hipertensiva? Não Sim Candidato a trombólise? IAM Dissecção aórtica EAP NÃO SIM PAS >220mmHg PAS >180 mmHg Ou Ou PAD >120mmHg PAS >110mmHg Encefalopatia hipertensiva Manejo da Hipertensão - AVCh Razões para tratar a hipertensão Risco de expansão do hematoma Razões para não tratar a hipertensão Isquemia perihematoma Perda da autoregulação cerebral Riscos sistêmicos Risco de induzir isquemia 400 pacientes Terapia agressiva ( PAS <140mmHg em 1 hora) x Terapia padrão ( PAS <180mmHg) Pequena redução( 15-20%) na PA em pacientes hipertensos não produz isquemia. A redução precoce e agressiva da PA pode reduzir o risco de expansão do hematoma sem causar deterioração neurológica Tratamento da Hipertensão arterial Manejo do paciente crítico - AVCi 1. Respiratório Acometimento de reflexos faríngeos, rebaixamento do nível de consciência, edema cerebral/herniação, causas sistêmicas Não atrasar IOT se medidas conservadoras forem ineficazes. Etomidato/Thiopental/Lidocaína Aumenta mortalidade em 50% idependente da causa Prevenir PAV Manejo do paciente crítico - AVCi 2. Glicemia Hiperglicemia comum mesmo em não diabéticos, principalmente em grandes áreas e córtex insular Associado com aumento do edema, altas taxas de transformação hemorrágica, menor probabilidade de recanalização, e piora da evolução neurológica. Hipoglicemia por si só piora a lesão cerebral Controle moderado: mantendo entre 100-150 mg/dL Manejo do paciente crítico - AVCi 3. Febre Comun- principal causa é infecção Metanálise 3790 pacientes – 19% de aumento na mortalidade ( Hajat et al 2000) Aumento da demanda metabólica, da produção de radicais livre e da liberação de neurotransmissores excitatórios. A melhor forma não está definida, assim como a efetividade na melhora clínica. Manejo do paciente crítico - AVCi 3. Hipotermia Terapêutica Efeito neuroprotetor em modelos experimentais de AVC Superfície ou intravascular 32-36 °C Risco de aumento rebote da PIC durante reaquecimento ( 0,1-0,5°C/h) Outras complicações: arritmias, trombocitopenia, hipotensão, infecção, DHE e coagulopatia. Manejo do paciente crítico - AVCi 5. Cardiovascular Risco de IAM fatal na fase aguda – 2-5% Elevação da troponina em 10% dos pacientes com AVCi ( 2/3 dos casos são silenciosos) Associado a: idosos, outras comorbidades, eventos mais graves. Seriar enzimas e ECG Arritmias malignas são raras ,mas morte súbita pode ocorrer. FA oculta foi identificada em 5% dos pacientes com AVC através da monitorização contínua por Holter( Liao et al 2007) Manejo do paciente crítico - AVCi 6. Edema cerebral Início após algumas horas, pico em 2 -5 dias, e resolução gradual Herniação em 2-3% dos casos(principal causa de morte na primeira semana) Monitorização PIC Preditores: NIHSS elevado(>21), naúseas e vômitos precoces, PAS após 12h maior ou igual a 180mmHg, hipodensidade precoce acometendo mais que 50% do território da ACM na CT, volume de difusão da lesão maior que 82mL com 6 horas do início do quadro, envolvimento de outros territórios, leucocitose e história de HAS ou ICC Tratamento : Hiperventilação, manitol, solução hipertônica. .(Kasner et al 2001) Cirurgia Endarterectomia de carótidapaciente consciente, déficit neurológico mínimo e fixo ou quando a cirurgia pode ser completada nas primeiras 3h do déficit. Prevenção – antes de 4-6 sem Hemicraniectomia descompressiva – jovens, AVC hemisférico grave (>50% ACM/ NIHSS >15), piora neurológica progressiva (edema refratário). Manejo do Paciente crítico - AVCh O uso do fator VIIa recombinante apesar de comprovadamente reduzir a expansão do hematoma, não demonstrou melhora no desfecho clínico, em nenhuma das doses estudadas até o momento. Hemorragia intraventricular/Hidrocefalia(40%) - Compressão de arqueduto por pequeno hematoma ou efeito de massa - Ventriculostomia x infusão de rt-PA intraventricular Glicemia e febre AAS/ Estatina Cirurgia Reduzir efeito de massa e remover neurotoxinas liberadas pelo coágulo STITCH trial(Mendelow, 2000) - 1033 pacientes randomizados -drenagem precoce do hematoma x manejo clínico - Nenhuma diferença para mortalidade ou evolução The Minimally Invasive Stereotatic Surgery+ rtPA for ICH evacuation ( MISTIE trial) - Estudo multicentrico - Compara infusão intra-ventricular de rt-PA x terapia convencional. “O peso que recebemos é proporcional à nossa força” Obrigada!!!