Acolhimento como dispositivo da
qualificação do cuidado
• Tema recorrente. Por que?
• Como escutamos no dia a dia
• Interesse nacional
A 14a Conferência Nacional de Saúde
(30/10 a 4/12/2011) tratou do tema: “Todos
usam o SUS! SUS na Seguridade Social - Política
Pública, Patrimônio do Povo Brasileiro” e um de
seus eixos: “Acesso e acolhimento com
qualidade: um desafio para o SUS”.
Algumas das Propostas aprovadas:
• Diretriz 7: em defesa da vida: assegurar acesso e atenção
integral mediante expansão, qualificação e humanização da
rede de serviços.
• 13: Implantar a sistemática de acolhimento e classificação de risco na
rede SUS de forma integrada: atenção básica, atenção especializada,
atenção hospitalar nas unidades de emergência/urgência e centrais de
regulação. (p.35)
• 23 Implantar políticas públicas de acesso e acolhimento, em todos os
serviços e ações de saúde, sem discriminação (de gênero, orientação
sexual, raça e etnia), nas três esferas de governo, com a participação do
controle social e o apoio de ferramentas informatizadas, bem como
adequar a oferta conforme o aumento populacional e necessidades
locorregionais. (p.36)
• 26 Implementar e implantar o acolhimento com classificação de risco e o
agendamento de consultas nas unidades básicas de saúde, clinicas de
saúde da família e urgências, por meio de profissional habilitado, para
acabar com as filas na distribuição de fichas e outros procedimentos de
saúde. (p.37)
• diretriz 11: por um sistema que respeite diferenças e
necessidades específicas de regiões e populações
vulneráveis.
• 4 Garantir, em todo o âmbito do SUS, o respeito às
diversidades étnico-raciais, sexuais, de gênero,
geração, território e pessoas com deficiência e
transtornos mentais e dependentes químicos,
garantindo recursos humanos capacitados também
para as áreas específicas, especialmente pessoas com
deficiência de saúde mental, visando a humanização
da atenção. (p.51)
O SUS e a Política Nacional de Humanização (PNH)
HumanizaSUS
Os princípios do SUS indicam o que/como deve ser o sistema e as
práticas de saúde (a estrutura organizacional, as práticas, etc.).
A PNH indica como fazer/o modo de fazer, portanto apresenta-se
como um método.
Os princípios da PNH - sendo modos de fazer – são, portanto
princípios metodológicos.
Universalidade - acesso - Acolhimento
Equidade - Acolhimento e Classificação de Risco
Integralidade - sujeito e não a doença - Multidisciplinaridade - Rede
Sistema Único de Saúde - SUS
Movimento da Reforma Sanitária Brasileira
(Reforma ético-político-cultural, resultado de amplo debate na
sociedade brasileira)
Processo de redemocratização
SUS na Constituição Federal de 1988
(Artigos 196 a 200)
Saúde como direito de cada cidadão, de cada um, de um
qualquer.
O SUS ainda é – e assim continuará, por sua
dinâmica de política pública/de domínio da polis uma reforma incompleta na saúde, encontrandose em pleno curso de mudanças. Portanto, ainda
estão em disputa as formas de organização do
sistema, dos serviços e do trabalho em saúde, que
definem os modos de se produzir saúde e onde
investir os recursos, entre outros.
A PNH estrutura-se por meio de:
A- Princípios
B- Método
C- Diretrizes
D- Dispositivos
C – Diretrizes
D - Dispositivos
• Acolhimento
 Acolhimento e Classificação de Risco (ACR)
• Clínica Ampliada e Compartilhada
 Equipe de Referência, Apoio Matricial, Projeto Terapêutico Singular
(PTS)
• Defesa dos Direitos dos Usuários na Saúde
 Visita Aberta e Direito a acompanhante
 Sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores da
saúde.
• Fomento de Grupalidades, de Coletivos e de Redes
 Redehumanizasus.net; fóruns.
• Gestão Participativa e Cogestão
 ContraGrupo de Trabalho de Humanização (GTH)
 Câmara Técnica de Humanização (CTH)
 Colegiado Gestor
 Contrato de Gestão e Contrato Interno de Gestão
• Memória do SUS que dá certo
 Mostras, publicações, vídeos
• Ambiência
 Projetos cogeridos de ambiência
• Valorização do trabalho e do trabalhador
A diretriz Acolhimento
O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma
postura ética. Não pressupõe hora ou profissional
específico para fazê-lo, mas implica necessariamente o
compartilhamento de saberes, angústias e invenções.
Quem acolhe toma para si a responsabilidade de “abrigar e
dar suporte” ao outro em suas demandas,
responsabilizando-se por buscar, de forma compartilhada,
as respostas necessárias para o caso em questão.
Desse modo é que o diferenciamos de triagem, pois se
constitui numa ação de inclusão que não se esgota na
etapa da recepção, mas que deve ocorrer em todos os
locais e momentos do serviço de saúde.
A discussão do acolhimento perpassa todos os
sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde.
O acolhimento nas unidades de saúde é um dispositivo
para a formação de vínculo e a prática de cuidado entre
profissional e o usuário. Em uma primeira conversa, por
meio do acolhimento, a equipe da unidade de saúde já
pode oferecer um espaço de escuta a usuários e a famílias,
de modo que eles se sintam seguros para expressar suas
aflições, dúvidas, angústias, sabendo então que a UBS está
disponível para acolher, acompanhar e se o caso exigir,
cuidar de forma compartilhada com outros serviços.
Uma diretriz vai chamando a outra para
composição!!!!!!
Esta escuta oferece a possibilidade de conhecer as demandas
de saúde da população de seu território. Conhecimento que dá
recursos à equipe para criar recursos coletivos e individuais de
cuidado, como: grupos terapêuticos, grupos operativos, abordagem
familiar, grupos de convivência, grupos de geração de renda, entre
outros. Os quais podem ser úteis na abordagem de outros
problemas de saúde, como os problemas crônicos que demandam
estratégias de conscientização sobre o auto cuidado.
Todas as diretrizes e dispositivos da humanização propõem
novas formas de relação entre os serviço, entre os profissionais e
entre estes espaços e trabalhadores e os usuários dos serviços.
Para começar a desenvolver a
Humanização é sempre feito o convite de
reunir, realizar assim uma pausa no trabalho e
pensar sobre ele.
Uma equipe que não se encontra
dificilmente conseguirá desenvolver qualquer
dispositivo.
Algumas condições organizacionais ampliam
muito as possibilidades de humanização da
atenção e da gestão do SUS:
• adoção de estratégias de desprecarização das relações de trabalho,
como a contratação por concurso e a fixação de profissionais
diaristas e não em regime de plantão;
• adoção de tecnologias de educação permanente em saúde como
estratégia de qualificação dos trabalhadores e dos gestores;
• organização dos serviços de saúde com base em equipes de
referência com adscrição de clientela e definição de
responsabilidade sanitária pelo recorte territorial;
• adoção de arranjos e dispositivos de cogestão, como a criação e
qualificação de espaços permanentes de encontro entre as equipes;
• criação de colegiados de cogestão nos serviços e nas áreas de
gerências técnicas da gestão municipal.
A discussão de casos leva a pensar
sobre o modo de trabalho
A discussão de casos complexos costuma explicitar
dificuldades no modo como profissionais, as equipes e
os serviços produzem relação com os usuários.
Casos de abandono de tratamento, de dificuldade
de acesso, que envolvam problemas de violência
podem denunciar a dificuldade de relação entre os
profissionais e usuários, os fechamentos dos serviços e
do sistema às demandas da população, o
empobrecimento das ações programáticas ofertadas,
etc.
“Nós estamos muito próximos. Há incontáveis pessoas nos
acompanhando, vendo quase tudo o que fazemos. Somos exemplo,
somos referência, com certeza. Não há como escapar disso. As pessoas
sentem onde nossa mente está posicionada apenas pelo nosso olhar,
pelo corpo, a cada micro expressão, a cada direcionamento que
tomamos na vida, mesmo aqueles que levam anos. Se nos prendemos
a trabalhos pouco benéficos ou a relações controladoras, é isso que
elas ouvem: “OK se eu me prender, o outro também vive assim...”
Sem querer, estamos reforçando jogos aflitivos e visões
limitadas... Esse processo acontece a cada encontro e termina por
constituir toda uma cultura em que ações negativas se tornam
naturais. Qual mente, qual vida, qual olhar estamos oferecendo o
tempo todo por aí?
(...) Não é uma questão de se policiar ou passar uma boa
imagem, mas de entender que cada aflição que nos surge não tem
nada a ver com a história pessoal que parece ser sua causa: é uma
estrutura coletiva que já causou e vai causar muita dor. Então
precisamos atravessar, liberar, sorrir dentro das experiências mais
doloridas. Estalar os dedos, acordar, quebrar o ciclo de reatividade,
não só por nós, mas por todas as pessoas.”
(Gustavo Gitti - http://olugar.org/voce-e-exemplo/)
OBRIGADA!!!!!
Cecília de Castro e Marques
[email protected]
(51) 82425026
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