HRAS – Neonatologia Daniela Pereira Abreu Orientador: Dr. Mauro Proença Bacas Diagnóstico Pré-natal da toxoplasmose congênita usando a PCR (Polymerase chain reaction) no líquido amniótico (Prenatal Diagnosis using Polymerase Chain Reaction on amniotic fluid for congenital toxoplasmosis) Obstet Gynecol. 2001;97:296-300 Amniocentese Transdutor Amostra Punção da cavidade Amniótica com o objetivo de obter amostra de LA Realizada a partir de 15 semanas Toxoplasmose Doença infecciosa benigna no adulto e na criança. Risco de acometimento fetal na primoinfecção. Epidemiologia Distribuição universal. Taxa de contaminação na gravidez: 1 a 2% Porém com incidência variável de acordo com características populacionais. Transmissão Vertical 1º Trimestre: 10 a 15% 2º Trimestre: 25% 3º Trimestre: 50 a 60% Severidade do acometimento é maior em idade gestacional mais precoces. Incidência de 0,3 a 1/1000 nascidos vivos Taxa de infecção congênita depende da idade gestacional DIAGNóSTICO FETAL Indicado: soroconversão materna ou dúvida sobre o momento da primoinfecção Acompanhamento Ecográfico Cordocentese Pesquisa de sinais sugestivos IgM específica (25%) Eosinofilia Trombocitopenia Aminiocente com PCR do LA Pesquisa do DNA do parasita Introdução • Diagnóstico pré-natal mais sensível, simples e seguro após a introdução do PCR no LA • Pouco é conhecido sobre a sensibilidade e o VPN do técnica de PCR no LA – O seguimento sorológico pós-natal geralmente não é realizado nas crianças com diagnóstico pré-natal negativo para infecção congênita Objetivo • Avaliar a sensibilidade, especificidade e valor preditivo negativo (VPN) da técnica do PCR no LA para o diagnóstico de toxoplasmose congênita em mulheres com infecção primária durante a gestação Material e Método • Estudo prospectivo e multicentrico • Três centros franceses: Paris, Lyon e Marseille • Período de estudo: dois anos (1996 a 1998) • A primoinfecção: soroconversão durante a gestação baseado em um primeiro teste negativo Material e Método • Encaminhadas para Aminiocentese: todas aquelas com soroconversão • Aminiocentese foi realizado após 18 semanas de IG, e cerca de 4 sem ou mais da data estimada da infecção aguda • O método PCR era idêntico nos 03 centros Material e Método • Seguimento pós-natal: – O criança era considerada com toxoplasmose congênita através da persistência da IgG específica após 01 ano de vida • Para cada caso os seguintes dados foram analizados: – – – – – IG da infecção materna Tempo entre a infecção materna e aminiocentese Duração do tratamento antes da amniocentese Resultado do diagnóstico pré-natal Status definitivo do RN Resultados Tabela 1. Características maternas entres os 270 casos selecionados IG da infecção materna (sem) 18,3 (4 – 36,9) Tempo entre a infecção materna 7,3 (1,7 – 30,7) e amniocentese (sem) Duração do tratamento antes do 23 (1 -88) procedimento (dias) Taxa de Toxoplasmose Congênita 27,8 % (75/270) Resultados • Dos 270 casos estudados 75 (27,8%) tiveram diagnóstico pós-natal de Toxoplasmose congênita • Houve um aumento progressivo nas taxas de transmissão vertical de acordo com a idade gestacional da infecção materna e uma diminuição do tempo entre esse diagnóstico e o procedimento (Tabela 2) Resultados Tabela 2. Taxas de transmissão materno-fetal da infecção por Toxoplasmose de acordo com a IG da infecção materna IG da infecção Taxa de infecção Tempo: infecção materna materna (sem) congênita (%) e aminiocentese (sem) <6 0 12,6 (11,3 – 14,6) 7-11 14 9,1 (7,2 – 11,1) 12-16 11,5 6,9 (5,3 – 8,7) 17-21 21,2 6,7 (5,3 – 7,6) 22-26 44,4 5,9 (5 – 7,4) 27-31 63,3 5,1 (4,4 – 6,1) >32 92,3 4,6 (2,5 – 5,3) Resultados Toxoplasmose Congênita PCR no LA Presente Ausente Positivo (48) 48 (a) 0 (b) Negativo (222) 27 (c) 195 (d) 75 195 TOTAL (270) Resultados Sensibilidade: proporção de crianças com a condição (toxo congênita) cujo teste diagnóstico (PCR no LA) foi positivo a S= a+c 64 % Sensibilidade foi semelhante nos 03 centros: 1. Paris: 62,5% (25/40) 2. Lyon: 63,6% (14/22) 3. Marseille: 69,2% (9/13) Resultados VPN = d c+d 87,8% Quanto mais sensível o teste melhor o VPN Como não houve nenhum falso-positivo a especificidade e o VPP foram ambos 100% Resultados • Dos 27 casos de Toxo congênita cuja resultado do Teste foi negativo: – 02 casos o teste de inoculação em cobaia foi positivo – 14 casos foi evidenciado imediatamente após o parto presença de IgM específico no sangue do RN – 07 casos houve soroconversão do RN no período de 15 dias a 3 meses – 03 casos houve aumento dos títulos de IgG após os 3 meses de vida – 01 caso foi observado ventriculomegalia e calcificações cerebrais e realizado parto eletivo (a patologia confirmou toxoplasmose congênita) Resultados • Não houve diferença estatística entre as crianças infectados com testes negativos ou positivos em relação: – Idade gestacional no momento da infecção materna – Tempo entre a infecção e a amniocentese – Duração no tratamento antes do procedimento (Tabela 3) Resultados Tabela 3. Comparação das características epidemiológicas em crianças infectadas por Toxoplasmose Diagnóstico pré-natal em crianças com toxoplasmose congênita Positivo (n=48) Negativo (n=27) p IG da infecção materna (sem) 24,6 25,1 0,99 Tempo: infecção materna e amniocentese (sem) 5,8 5,9 0,77 Duração do tratamento antes do procedimento (dias) 16,5 18 0,41 Resultados • Houve grandes variações de sensibilidade e VPN do diagnóstico pré-natal de acordo com a IG da infecção materna (Figura 1) • Porém foi observado que a sensibilidade do teste foi estatisticamente maior quando a infecção materna ocorreu entre 17 e 21 semanas de IG (Tabela 4) Resultados Figura 1. Sensibilidade e VPN da técnica de PCR no LA de acordo com IG da infecção materna 100 100 94.7 89.6 90 98.1 92.9 80 76.9 68.4 70 64.7 62.5 60 % 57.1 50 50 40 28.6 30 20 14.3 10 0 0 <7 7 a 11 12 a 16 17 a 21 22 a 26 27 a 31 IG da infecção matena Sensibilidade VPN >31 Resultados Tabela 4. Sensibilidade do diagnóstico pré-natal de acordo com IG da infecção materna Idade Gestacional (sem) Sensibilidade (IC 95%) (%) 4-16 42,9 (17 – 68,8) 17-21 92,9 (67,9 – 98,8) >22 61,7 (47,8 – 75,6) Discussão • As altas taxas de Especificidade e VPP também foram observados em outros estudos • Importância: prevenir tratamentos tóxicos, além de evitar abortos desnecessários Discussão • Outros estudos demonstram sensibilidade e VPN maiores (Foulon et al, 1999. 81%; Gratzl et al, 1998. 100%) • Problemas metodológicos: grande parte destas crianças não são seguidas adequadamente superestimando estes resultados e pequena casuística Discussão • Neste estudo foi observado maior sensilibidade (92,9%) e VPN (98,1) no segundo trimestre (17 a 21 sem) • Em recente estudo (Dunn, et al. Lancet, 1999) foi identificado que o risco máximo para desenvolvimento de casos graves de toxo congênita foi no segundo trimestre. Discussão • Durante o primeiro trimestre os baixos índices de transmissão vertical compensam a baixa sensibilidade proporcionando altas taxas de VPN – < 7 semanas: VPN 100% – 7-11 semanas: VPN 89,6% • Em contrapartida as altas taxas de transmissão no 3º trimestre proporcionam sensibilidade mediana e baixas taxas de VPN – 27-31 semanas: S: 68,4 % VPN: 64,7% – > 31 semanas: S: 50% VPN: 14,3% Discussão • Possível explicação para os falsos negativos: – Atraso na transmissão transplacentária do protozoário – Exemplo: um dos casos do estudo • Infecção materna com 15 semanas • Diagnóstico pré-natal negativo com 18-19 sem • No seguimento ecográfico: ventriculomegalia com 31 semanas • Nova aminiocentese com resultado positivo Discussão • No presente estudo não foi confirmado a hipótese de que o tempo de tratamento com espiramicina antes da amniocentese pode influenciar o resultado do teste (Foulon, et al, 1999) – O tempo de tratamento foi semelhante entre os que tiveram resultado positivo e aqueles com resultado negativo Discussão • Falta de diagnóstico pré-natal não resultou em danos clínicos severos na maioria dos neonatos – 01 parto eletivo – 02 foi identificado calcificações cerebrais ou nascimento – 24 evoluíram com doença sub-clínica até 01 ano Contudo, a longo prazo as crianças não tratados podem desenvolver danos oculares, e esta evolução está relacionada com o início precoce da terapêutica Conclusão • O resultado negativo no diagnóstico pré-natal não exclui infecção congênita • Em gestantes que adquirem a infecção no 3º trimestre, se questiona a necessidade de iniciar tratamento curativo para o feto, independente o diagnóstico Conclusão • Em gestantes que adquirem a infecção no 1º trimestre deve-se continuar com o seguimento ecográfico e o tratamento com espiramicina • Para todos os casos, a infecção congênita só pode ser excluída pelo seguimento sorológico pós-natal Obrigada!!!!