Antologia de Escritoras do século XVII. Traduções. Mme de Stäel. Narceli Piucco ISBN: 978-85-61482-68-8 Trecho de Corinna ou a Itália. Livro VII. A LITERATURA ITALIANA. CAPÍTULO II e III. Tradução de Narceli Piucco, 2014. Antologia de Escritoras do século XVII. Traduções. Mme de Stäel. Narceli Piucco ISBN: 978-85-61482-68-8 – Si vous voulez, interrompit le prince Castel-Forte, convaincre de ce que vous dites, il faut que vous nous le prouviez : oui, donnez-nous l’inexprimable plaisir de vous voir jouer la tragédie ; il faut que vous accordiez aux étrangers que vous en croyez dignes la rare jouissance de connaître un talent que vous seule possédez en Italie, ou plutôt que vous seule dans le monde possédez, puisque toute votre ame y est empreinte. Corinne avait un désir secret de jouer la tragédie devant lord Nelvil, et de se montrer ainsi très à son avantage ; mais elle n’osait accepter sans son approbation, et ses regards la lui demandaient. Il les entendit ; et comme il était tout à la fois touché de la timidité qui l’avait empêchée la veille d’improviser, et ambitieux pour elle du suffrage de M. Edgermond, il se joignit aux sollicitations de ses amis. Corinne alors n’hésita plus. – Hé bien, dit-elle en se retournant vers le prince Castel-Forte, nous accomplirons donc, si vous le voulez, le projet que j’avais formé depuis long-temps, de jouer la traduction que j’ai faite de Roméo et Juliette e. Roméo et Juliette de Shakespeare, s’écria M. Edgermond ? Vous savez donc l’anglais ? – Oui, répondit Corinne. – Et vous aimez Shakespeare, dit encore M. Edgermond ? – Comme un ami, reprit-elle, puisqu’il connaît tous les secrets de la douleur. – Et vous le jouerez en italien, s’écria M. Edgermond, et je l’entendrai ? et vous aussi, mon cher Nelvil ! Ah ! Que vous êtes heureux ! – Puis se repentant à l’instant de cette parole indiscrète, il rougit ; et la rougeur inspirée par la délicatesse et la bonté peut intéresser à tous les âges. – Que nous serons heureux, repritil avec embarras, si nous assistons à un tel spectacle ! – Se você quiser, interrompeu o Príncipe Castelforte, convencer-nos do que você diz, você deve prová-lo: dá-nos o prazer indescritível de vê-la representar uma tragédia, você deve dar aos estrangeiros que você acha dignos o raro prazer de conhecer um talento que só você tem Itália, ou melhor, só você tem no mundo, uma vez que toda a sua alma está ali impressa. Corinna tinha um desejo secreto de representar uma tragédia diante de Lorde Nelvil, e mostrar com vantagem seus méritos, mas ela não ousou aceitá-lo sem a sua aprovação, e lha pedia com olhares. Ele os entendeu, e como estava ao mesmo tempo tocado pela timidez que a tinha impedido no dia anterior de improvisar, e ambicioso por ela do sufrágio de Mr. Edgermond, juntou-se às solicitações de seus amigos. Corinna então não hesitou. – Bem, disse ela, virando-se para o Príncipe Castelforte, realizaremos, se você quiser, o projeto que eu tenho faz muito tempo de representar a tradução que fiz de Romeu e Julieta e. Romeu e Julieta de Shakespeare, exclamou Mr. Edgermond? Então você sabe inglês? – Sim, respondeu Corinna. – E você gosta de Shakespeare, disse ainda Mr. Edgermond? – Como um amigo, disse ela, já que ele conhece todos os segredos da dor. – E você vai representá-lo em italiano, exclamou Mr.Edgermond, e eu vou ouvir? e você também, meu caro Lorde Nelvil! Ah! Como você deve estar feliz! – Então, arrependendo-se no mesmo instante desta frase indiscreta, ele corou e a vermelhidão inspirada pela bondade e delicadeza pode interessar a todas as idades. – Como ficaremos felizes, disse ele com algum embaraço, se presenciarmos tal espetáculo! Antologia de Escritoras do século XVII. Traduções. Mme de Stäel. Narceli Piucco ISBN: 978-85-61482-68-8 CHAPITRE III. CAPÍTULO III. Tout fut arrangé en peu de jours, les rôles distribués, et la soirée choisie pour la représentation dans un palais que possédait une parente du prince Castel-Forte, amie de Corinne. Oswald avait un mélange d’inquiétude et de plaisir à l’approche de ce nouveau succès ; il en jouissait par avance ; mais par avance aussi il était jaloux, non de tel homme en particulier, mais du public, témoin des talents de celle qu’il aimait ; il eût voulu connaître seul ce qu’elle avait d’esprit et de charmes ; il eût voulu que Corinne, timide et réservée comme une Anglaise possédât cependant pour lui seul son éloquence et son génie. Quelque distingué que soit un homme, peut-être ne jouit-il jamais sans mélange de la supériorité d’une femme s’il l’aime, son cœur s’en inquiète ; s’il ne l’aime pas, son amour-propre s’en offense. Oswald près de Corinne était plus enivré qu’heureux, et l’admiration qu’elle lui inspirait augmentait son amour, sans donner à ses projets plus de stabilité. Il la voyait comme un phénomène admirable qui lui apparaissait de nouveau chaque jour ; mais le ravissement et l’étonnement même qu’elle lui faisait éprouver semblait éloigner l’espoir d’une vie tranquille et paisible. Corinne cependant était la femme la plus douce et la plus facile à vivre ; on l’eût aimée pour ses qualités communes, indépendamment de ses qualités brillantes : mais encore une fois, elle réunissait trop de talents, elle était trop remarquable en tout genre. Lord Nelvil, de quelqu’avantage qu’il fût doué, ne croyait pas l’égaler, et cette idée lui inspirait des craintes sur la durée de leur affection mutuelle. En vain Corinne, à force d’amour, se faisait son esclave, le maître souvent inquiet de cette reine dans les fers ne jouissait point en paix de son empire. Quelques heures avant la représentation, lord Nelvil conduisit Corinne dans le palais de la princesse CastelForte, où le théâtre était préparé. Il faisait un soleil admirable, et d’une des fenêtres de cet escalier on découvrait Rome et la campagne. Oswald arrêta Corinne un moment et lui dit : – Voyez ce beau temps, c’est pour vous, c’est pour éclairer vos succès. Tudo foi arranjado em poucos dias, os papéis distribuídos e a noite escolhida para a representação em um palácio de uma parente do Príncipe Castelforte, amiga de Corinna. Oswald sentia uma mistura de inquietude e prazer as véspera desse novo sucesso de Corinna, desfrutava dele antecipadamente, mas antecipadamente também estava com ciúmes, não de tal homem em particular, mas do público que iria presenciar os talentos daquela que amava. Queria ser o único a conhecer o seu charme e espírito, queria que Corinna, tímida e reservada como uma inglesa, possuísse apenas para ele sua eloquência e sua genialidade. Por mais distinto que seja um homem, ele não desfruta da superioridade da mulher que ama, seu coração está sempre inquieto e, se ele não a ama, seu amor-próprio fica ofendido. Oswald junto de Corinna ficava mais encantado que feliz e a admiração que ela lhe inspirava aumentava o seu amor, sem dar aos seus projetos mais estabilidade. Ele a via como um fenômeno admirável que lhe aparecia novamente a cada dia, mas o encantamento e a surpresa que ela lhe causava parecia distanciar a esperança de uma vida tranquila e serena. No entanto, Corinna era a mulher mais doce e a mais fácil de conviver. Era estimada por todos pelas suas qualidades brilhantes, mas reunia talentos demais, era muito notável em todos os gêneros. Lorde Nelvil, com algumas de suas vantagens, não acreditava igualá-la, e essa ideia lhe inspirava dúvidas sobre a duração do afeto que sentiam um pelo outro. Em vão Corinna se fazia sua escrava, à força do amor, e seu dono, sempre inquieto com essa rainha acorrentada, não desfrutava em paz o seu império. Algumas horas antes da apresentação, Lorde Nelvil conduziu Corinna no palácio da Princesa Castelforte, onde o teatro estava preparado. Fazia um sol admirável e, de uma das janelas da escadas, descobria-se Roma e sua campina. Oswald parou Corinna um momento e lhe disse: – Veja este belo tempo, é para você, é para iluminar seu sucesso. Antologia de Escritoras do século XVII. Traduções. Mme de Stäel. Narceli Piucco ISBN: 978-85-61482-68-8 Referências BALAYÉ, S. Histoire du roman. In: L’éclat et le silence. Paris, Honoré Champion, 1999. DIAZ, José-Luiz (Org). Madame de Staël, Corinne ou l’Italie. « L’âme se mêle à tout ». Société des études romantiques. Paris: Editions Sedes, 1999. DIDIER, Béatrice. Corinne ou l’Italie de Madame de Staël. Paris: Gallimard, 1999. Collection Foliothèque. FRANCIS, Emma. University of Warwick. Corinne, Marie Bashkirsteff and the decline of the Woman of Genius. In: Corwey CW3 Journal. Womens writers on the web 1796-1894. <http://www2.shu.ac.uk/corvey/CW3journal/index.html> LUPPÉ, Robert de. Les idées littéraires de Madame de Staël et l’heritage des lumières (1795-1800). Paris: Librairie Philosophique J.Vrin, 1969. MME DE STAËL-HOLESTEIN. Corina ou a Itália. 2 vol. São Paulo: Edições Cultura, 1945. Série “Novelas Universais”. Tradução revista por Oliveira Ribeiro Neto. NECKER DE SAUSSURE, Madame. Notice sur le caractère et les écrits de Madame de Staël. Paris: Treuttel et Wurtz, 1820. Tome I. TORRES, Marie Hélène C. Por que ler e traduzir Madame de Staël? Diário Catarinense, Florianópolis, 27 de ago. 2005. DC Cultura, n.133. WINOCK, Michel. Madame de Staël. Fayard, 2010.