O Efeito da Competição na Estrutura das Comunidades Curso Ecologia de Comunidades Pinto-Coelho, R.M. Departamento de Biologia Geral Instituto de Ciências Biológicas – ICB UFMG http://www.icb.ufmg.br/~rmpc A importância da competição na estruturação das comunidades está baseada na teoria do nicho ecológico. Esta teoria “clássica” da ecologia prevê que a interação competitiva entre duas espécies dentro de uma comunidade levaria a uma maximização na utilização dos recursos por cada uma das espécies (seta da largura do nicho) mas ao mesmo tempo essa interação garantiria uma mínima sobreposição de nichos (seta verde). Segundo a teoria das comunidades em “equilíbrio”, o número total de espécies de uma comunidade seria um reflexo direto do espaço n-dimensional disponível e das larguras dos nichos ecológicos das espécies ali presentes. A idéia central é a de que a comunidade estaria “saturada” de espécies, estando todos os nichos devidamente ocupados. Espécie Taxa Instrínseca Temperatura Interação Competitiva Calandra 0,77 29,1 + Rhizopertha 0,58 29,1 Rhizopertha 0,69 32,3 + Calandra 0,50 32,3 - Um exemplo “clássico” da interação competitiva entre as espécies de um determinado sistema: os besouros do trigo Calandra e Rhizospetha (Birch, 1953). O resultado de uma interação competitiva pode variar segundo fatores ambientais tais como a temperatura, a homogeneidade do habitat e outros fatores ainda mais difíceis de avaliar. As abelhas de Pyke constituem-se em um exemplo interessante da relação entre um atributo morfométrico do animal (a probóscide) e o tamanho do recurso explorado (corola das flores visitadas). As diferentes espécies estudadas apresentam padrões claros e distintos de probóscides bem como dos tamanhos das corolas das flores visitadas. Esses padrões sugerem a competição interespecífica como sendo uma força importante na estruturação dessa assembléia. O desolocamento de caracteres morfológicos (nicho morfométrico como reflexo dos recursos explorados) e a distribuição espacial mutuamente excludente (checkerboard distribution) são duas características indicativas da força da interação competitiva entre as espécies de uma dada comunidade. Essas características foram bem estudadas em pássaros habitantes de ilhas oceânicas, por exemplo. Modelos de distribuição “checkerboard” (tabuleiro de xadrez) de duas espécies de Macropygia (pássaros) no arquipélago de Bismarck, Oceania (Seg. Diamond, 1975) Durante décadas, a competição foi modelada através da teoria demográfica de LotkaVolterra, derivada do modelo logístico de crescimento populacional. Em meados da década de oitenta, Tilman propôs uma nova teoria, dessa vez, baseando-se nos padrões de utilização de recursos. Assim como o modelo de Lotka, o modelo de Tilman requer uma comunidade em steady state, ou seja, em equilíbrio dinâmico. Dois diferntes tipos de competição: competição transitiva e intransitiva. Modelos Neutralistas Uma importante ferramenta para testar se a competição é realmente um fator determinante na estruturação da comunidade. (Seg. Lawlor, 1980) Bowers & Brown, 1982 também demostraram que a competição interespecífica desempenha um papel determinante em pequenos mamíferos do deserto Local Razão Massa Corpórea Great Basin < 1,5 > 1,5 Associação Negativa 6 15 Mojave < 1,5 > 1,5 3 11 Sonoran < 1,5 > 1,5 7 23 Todos os Desertos < 1,5 27 > 1,5 65 Associação Positiva + 0 15 P<0,005 1 5 p> 0,5 0 15 P< 0,05 0 28 P<0,01 Sobreposição Geográfica < 1,5 44 13 > 1,5 72 60 P< 0,01 A regra do peso/tamanho de Hutchinson prevê uma razão de 2,0/1,3 para espécies similares, graças a expressão morfológica de diferenciação de seus nichos ecológicos. (1,3)3 é aproximadamente igual a 2,0. A regra parece aplicar-se a instrumentos musicais como os da foto (Horm & May, 1977) Nem tudo é resultado de competição.... Nichos Vagos: Eles existem... A- Inglaterra B- Nova Guiné C- USA (Seg. Lawton, 1984)