10. Momentos e Função Característica Conjunta Dadas duas v.a’s X e Y e uma função g(x,y) define-se a v.a. Z = g( X, Y ). O valor médio de Z é dado por: Z E(Z ) z f Z ( z)dz ou E[ g ( X , Y )] g ( x, y) f XY ( x, y)dxdy. g ( x, y) f XY ( x, y)dxdy. Se X e Y são variáveis aleatórias discretas, então E[ g ( X , Y )] g ( xi , y j ) P( X xi , Y y j ). i j Uma vez que o valor esperado é um operador linear, E ak gk ( x, y ) ak E[ gk ( xi , y j )]. k k 1 Covariância: Dadas duas v.a.’s quaisquer X e Y, definese Cov( X , Y ) E( X X )(Y Y ). Expandindo o lado direito da equação, tem-se: ____ __ __ Cov( X , Y ) E ( XY ) X Y E ( XY ) E ( X ) E (Y ) XY X Y . É fácil mostrar que Cov( X , Y ) Var( X )Var(Y ) . Prova: Seja U = aX + Y. 2 Var(U ) E a ( X X ) (Y Y ) a 2Var( X ) 2a Cov( X , Y ) Var(Y ) 0 . Resolvendo a equação em a. 2 cov(X , Y ) 4Cov( X , Y ) 2 4Var ( X )Var (Y ) a 2Var ( X ) 2 Se a equação de segundo grau é positiva para qualquer valor de a, então o seu discriminante é não positivo, isto é: 2 Cov ( X , Y ) Var ( X ) Var (Y ) 0 Dividindo por Var(X)Var(Y) e chamando o parâmetro normalizado de coeficiente de correlação, tem-se XY Cov( X , Y ) Cov( X , Y ) , X Y Var( X )Var(Y ) 1 XY 1, Se então as variáveis aleatórias X e Y são descorrelacionadas, e então. Se X e Y são v.a.'s então E ( XY ) E ( X ) E (Y ), e XY 0, implica em descorrelação. A recíproca não é verdadeira. Se E(XY) = 0, as v.a.’s são ortogonais. 3 Se duas variáveis aleatórias são estatisticamente independentes, então elas não podem ter ter qualquer correlação entre elas ( XY 0). No entanto, a recíproca não é verdadeira, isto é correlação não implica em independência. V.a.’s podem ser descorrelacionadas sem serem independentes. Exemplo 10.1: Sejam X U (0,1), Y U (0,1). Suponha que X e Y são independentes. Define-se Z = X + Y, W = X - Y . Mostre que Z e W não são v.a.’s independentes, mas são descorrelacionadas. Solução: E(ZW ) E( X Y )( X Y ) E( X 2 ) E(Y 2 ) 0, E (W ) E ( X Y ) 0, Cov( Z ,W ) E ( ZW ) E ( Z ) E (W ) 0 4 Exemplo 10.2: Seja Z aX bY . Determine a variância de Z em termos de X , Y e XY . Solução: Z E( z) E(aX bY ) a X bY 2 Z Var( z ) E ( Z ) E a ( X Z ) b(Y Y ) 2 2 X a 2 E ( X X )2 2abE( X X )(Y Y ) b2 E (Y Y )2 a 2 X2 2ab XY X Y b2 Y2 . Em particular se X e Y são independentes, então XY 0, e Z2 a2 X2 b2 Y2 . Portanto a variância da soma de duas variáveis aleatórias independentes é igual à soma de suas variâncias. Momentos E[ X Y ] k m x k y m f XY ( x, y )dx dy, 5 Função característica conjunta A função característica conjunta entre duas v.a.‘s X e Y é definida como: XY (u, v) E e j ( XuYv ) e j ( XuYv ) f XY ( x, y )dxdy. Note que: XY (u, v) XY (0,0) 1. 1 2 XY (u, v ) É fácil mostrar que E ( XY ) 2 j uv . u 0 ,v 0 Se X e Y são variáveis aleatórias independentes, então: XY (u, v) E(e juX ) E(e jvY ) X (u)Y (v). X (u) XY (u,0), Y (v) XY (0, v). 6 Variáveis Aleatórias Gaussianas Se X e Y são variáveis aleatórias conjuntamente Gaussianas, isto é, N (X , Y , X2 , Y2 , ), a função característica conjunta de X e Y é dada por: 1 XY (u, v) E (e j ( XuYv ) ) e Se v 0 , j ( X u Y v ) ( X2 u 2 2 X Y uv Y2 v 2 ) 2 X (u) XY (u,0) e 1 j X u X2 u 2 2 . , Covariância entre X e Y : Cov(X,Y)=E(XY)-E(X)E(Y) Calculando a derivada 1 2 XY (u, v ) E ( XY ) 2 j uv . u 0 ,v 0 e substituindo o valor de E(X) e E(Y) Cov( X ,Y ) X Y . 7 Então, em N ( X , Y , X2 , Y2 , ) é o coeficiente de correlação Se 0 f XY ( X , Y ) f X ( x) fY ( y ). Se X e Y são conjuntamente gaussianas, descorrelação implica em independencia entre as duas variáveis aleatórias O caso de variáveis aleatórias é a única exceção onde esta afirmativa é verdadeira. Exemplo 10.3: seja X e Y variáveis aleatórias conjuntamente gaussianas com parâmetros N (X , Y , X2 , Y2 , ). Define-se Z aX bY . Determine f Z (z ). Solução: Neste caso pode-se usar a função característica para resolver o este problema. Z (u) E (e jZu ) E (e j ( aX bY ) u ) E (e jauX jbuY ) XY (au, bu). 8 Portanto, substituindo u e v por au bu em XY (u, v) E (e j ( XuYv ) ) e Tem-se: Z (u ) e onde: 1 j ( X u Y v ) ( X2 u 2 2 X Y uv Y2 v 2 ) 2 1 j ( a X bY ) u ( a 2 X2 2 ab X Y b2 Y2 ) u 2 2 e 1 jZ u Z2 u 2 2 Z a X bY , Z2 a 2 X2 2 ab X Y b2 Y2 . Portanto a função característica da v.a. Z tem a mesma forma da função característica de uma v.a. gaussiana, portanto, conclui-se que a v.a. Z=aX + bY é ainda gaussiana. Assim qualquer combinação linear de variáveis aleatórias conjuntamente gaussianas gera uma variáveis aleatórias 9 gaussiana. , . Exemplo 10.4: Suponha que X e Y são v.a. conjuntamente gaussianas. Define-se as combinações lineares: Z aX bY , W cX dY . O que se pode dizer a respeito da distribuição conjunta de Z e W ? Solução: A função característica de Z e W é dada por: ZW (u, v ) E (e j ( Zu Wv ) ) E (e j ( aX bY ) u j ( cX dY ) v ) E (e jX ( au cv ) jY ( bu dv ) ) XY (au cv, bu dv). O que siganifica substituir, u= au + cv and v = bu + dv, na expressão da função característica de uma v.a. gaussiana, ZW (u, v) e 1 2 2 j ( Z u W v ) ( Z2 u 2 2 ZW X Y uv W v ) 2 , 10 ZW (u, v) e onde 1 2 2 j ( Z u W v ) ( Z2 u 2 2 ZW X Y uv W v ) 2 Z a X bY , W c X dY , Z2 a 2 X2 2ab X Y b2 Y2 , W2 c 2 X2 2cd X Y d 2 Y2 , e ZW ac X2 (ad bc) X Y bd Y2 Z W . Conclui-se portanto que as variáveis aleatórias Z e W são conjuntamente gaussianas. 11 , Teorema do Limite Central: Suponha que X1, X 2 ,, X n formam um conjunto de variáveis aleatórias independentes, com média zero e identicamente distribuídas(i.i.d), com dada distribuição. Considere a soma escalada X1 X 2 X n Y . n n , Então assintóticamente, quando Y N (0, 2 ). Prova: Sejam a média e a variância da v.a. Xi , i=1, 2, ...,n. E ( X i ) 0, Var( X i ) E( X i2 ) 2 . i=1, 2, ...,n. Visto que as v.a. X1, X2 ... X2 são independentes pode-se n escrever: j ( X X X ) u / n jX u / n jYu Y (u ) E ( e )Ee 1 2 n E (e i ) i 1 n X i (u / n ) i 1 12 Tomando-se o desenvolvimento em série da função característica da v.a. Xi . E (e jXiu / 2 2 2 3 3 3 2 2 jX u j X u j X u u 1 n i i i ) E 1 1 o 3 / 2 , 3/ 2 2! n 3! n 2n n n n n Como Y (u) E (e jX u / n ) X (u / n ) i i 1 i 1 i e substituindo E(e jX u / n ) na equação acima, tem-se: i n u 1 Y (u ) 1 o 3 / 2 , 2n n 2 2 n x x lim 1 e . Calcula-se o limite Usando-se a relação n n lim Y (n ) e n 2u 2 / 2 , que é a função característica de uma v.a. gaussiana 13 O teorema do limite central estabelece que a soma de um grande número de variáveis aleatórias independentes, cada uma com variância finita tende a se comportar como uma variável aleatória gaussiana. Assim as funções densidade de probabilidade individual de cada variável aleatória torna-se sem importância para a análise do conjunto de variáveis. Se um fenômeno ruidoso é modelado como um grande número de variáveis aleatórias independentes, então o teorema nos permite concluir que o ruído se comporta como um uma variável aleatória gaussiana. O requisito de que a variância das variáveis aleatórias seja finita é importante para o teorema do limite central seja uma boa aproximação para a representação da distribuição de 14 probabilidade do conjunto de variáveis aleatórias. Exemplo: Considere um conjunto de variáveis aleatórias independentes identicamente distribuídas com distribuição de Cauchy. lembrando que a distribuição de Cauchy tem variância indefinida. Solução: Seja X1 X 2 X n Y . n onde cada v.a. Xi tem distribuição de Cauchy X i ~ C( ). A função característica para cada Xi é dada por: Xi (u) e|u| , Então: n Y (u ) X (u / n ) e |u|/ n ~ C ( / n ), i 1 O que mostra que Y é ainda uma v.a. de Cauchy com parâmetro / n . Em outras palavras o teorema do limite central não é uma boa aproximação para um conjunto de variáveis aleatórias de Cauchy visto 15 que suas variâncias são indefinidas. A função característica é útil na determinação da f.d.p de combinações lineares de variáveis aleatórias. Por exemplo, se X e Y são variáveis aleatórias independentes de Poisson com parâmetros 1 e 2 respectivamente, ou seja: Z X Y. Então Z (u) X (u)Y (u). As funções características para as v.a.’s X e Y são: 1 ( e ju 1) X (u) e , 2 ( e ju 1) Y (u) e Desta forma que ( 1 2 )( e ju 1) Z (u) e P(1 2 ) Isto é, a soma de variáveis aleatórias independentes de Poisson é ainda uma variável aleatória de Poisson. 16