HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA 23/06/2012 VI Board Review Curso de Revisão em Hematologia e Hemoterapia GUILHERME HENRIQUE HENCKLAIN FONSECA Hemoglobinúria paroxística noturna ANEMIA HEMOLÍTICA INTRAVASCULAR HPN CITOPENIAS TENDÊNCIA À TROMBOSE Doença clonal não-maligna Paul Strubing (1882) Manifestações clínicas • 3 tipos clínicos – HPN clássica, HPN no contexto de insuficiência medular, HPN subclínica • Doença de início insidioso – 25% apresentando como hemoglobinúria de início abrupto • Idade média – 30 anos • Sem predileção de gênero • Prevalência 1/1.000.000 a 1/100.000 Manifestações clínicas • Hemólise intravascular – Anemia hiperproliferativa • Ferropenia – perda de ferro urinário – Calculose biliar – Distonia da musculatura lisa • Trombose • Insuficiência medular – Graus variáveis Hemoglobinúria Paroxística Noturna Quadro clínico inicial em 80 pacientes Anemia Hemoglobinúria Hemorragias Aplasia medular Sintomas TGI Anemia e Icterícia Ferropenia Trombose Infecções Sinais neurológicos 28 21 14 10 08 07 05 05 04 03 (35%) (26%) (18%) (13%) (10%) (9%) (6%) (6%) (5%) (4%) Dacie e Lewis, 1973 Hemoglobinúria Paroxística Noturna Quadro clínico inicial em 35 pacientes Hemoglobinúria Sintomas de anemia Anemia + icterícia Aplasia medular Sangramentos Trombose 19 25 14 15 08 05 (54%) (69%) (40%) (14%) (23%) (14%) Hematologia HC-FMUSP Hemoglobinúria Diferenciação hemoglobinúria / hematúria Centrifugação da amostra Microscopia Sinais de hemólise intravascular Deposição de ferro no epitélio tubular Hemoglobinemia Hemoglobinúria Hemossiderinúria Hemoglobinúria Paroxística Noturna Teste de Ham - 1938 1 2 3 4 5 6 Observa-se hemólise nos tubos 1 e 5, que contém hemácias do paciente com soro acidificado normal (tubo 1) e soro acidificado do paciente (tubo 5). Moléculas que estão faltando nas células sanguíneas da HPN Colinesterase Fosfatase Alcalina Leucocitária ADP-ribosil transferase Ecto-5-nucleotidase ADP-ribosil transferase Enzimas Moléculas de adesão Receptores Antígenos eritrocitários Antígenos granulocíticos Proteínas de função desconhecida Proteínas regulatórias do complemento - CD55 – DAF CD 59 - MIRL Hemoglobinúria Paroxística Noturna Âncora GPI Proteína fosfoetanolamina manose manose manose N-acetil glucosamina fosfatidilinositol Packman, 1998 Hemácias normais, estado basal Adaptado de Risitano et al The recombinant human complement receptor 2/factor H fusion protein TT30 protects paroxysmal nocturnal hemoglobinuria erythrocytes from both complement mediated hemolysis and C3 fragment opsonization, Blood 2012 Hemácias HPN Adaptado de Risitano et al The recombinant human complement receptor 2/factor H fusion protein TT30 protects paroxysmal nocturnal hemoglobinuria erythrocytes from both complement mediated hemolysis and C3 fragment opsonization, Blood 2012 Âncora GPI Brodsky RA. Blood Reviews. 2008;22:65-70 HPN - Bases genética e molecular Parker C. Lancet 2009; 373:758-67 Quantificação da sensibilidade ao complemento e demonstração que os eritrócitos HPN são um mosaico Rosse &Dacie. British Journal of Haematology. 1973;24:327–342 Granulócitos Citometria de fluxo Normal Paciente HPN - Expansão Clonal Brodsky RA. Hematology 2008; 111-115 HPN – Fisiopatologia: Modelo da hipótese “two-step” Parker CJ.Experimental Hematology 2007;35:523-533 MO normal MO aplásica Hemoglobinúria Paroxística Noturna • Doença clonal adquirida • Alterações associadas à hemólise intravascular (depleção do NO) – Dor abdominal – Espasmo esofágico – Disfunção erétil – Disfunção endotelial – Ativação plaquetária • Alteração da sobrevida Sobrevida em pacientes com Hemoglobinúria paroxística noturna Hillmen P, Lewis SM, Bessler M, Luzzato L, Dacie J.Natural history of paroxysmal nocturnal hemoglobinuria. New Eng J Med 1995; 333, 1253-1258 Hemoglobinúria paroxística noturna Hillmen P, Lewis SM, Bessler M, Luzzato L, Dacie J.Natural history of paroxysmal nocturnal hemoglobinuria. New Eng J Med 1995; 333, 1253-1258 Hemoglobinúria paroxística noturna Hall C, Richards S, Hillmen P. Primary prophylaxis with warfarin prevents thrombosis in paroxysmal nocturnal hemoglobinuria (PNH). Blood 2003; 102, 3587-3591 Hemoglobinúria paroxística noturna 8,1%,28,8% – vasos cerebrais 16,3%,44% vv supra-hepáticas 12,2% IAM 18,4%- embolia pulmonar 6,1% -veia cava inferior 8,1%- veias mesentéricas 2% – veia renal Grupo FSH Grupo Dacie 20,4%,28,8%- TVP Por que pacientes HPN têm trombose? A fisiopatologia da trombose em pacientes com HPN ainda não está completamente esclarecida Hemólise Intravascular ↓ NO (sequestro pela Hb livre no plasma) Dor abdominal Disfunção erétil Disfunção endotelial Ativação plaquetária Tamanho do clone anormal Alterações de membranas de plaquetas e eritrócitos incluindo a formação de micropartículas Deficiência de GPI-AP Complexo de ataque do complemento ↓ Depleção NO ↓ ↑ adesão e agregação plaquetária Plaquetas tentam reparar os danos ↓ Estímulo da coagulação HPN - trombofilia Exocitose do complexo de ataque do complemento ↓ Formação de microvesículas revestidas com fosfatidilserine ↓ Potentes procoagulantes Falta de receptor GPI- ancorado do ativador do plaminogênio tipo urokinase (uPAR) ↓ ↓ Geração de plasmina ↓ ↓ Fibrinólise TFPI – inibidor do fator tissular (pro-coagulante) requer como cofator uma GPI-AP Brodsky RA. Arch Intern Med 2008;148:587-595 Incidência de trombose (%) Por que pacientes HPN têm trombose? Clone granulócitos > 50% (n=67) P=0,0001 Clone granulócitos < 50% (n=55) Anos de Seguimento Hall C, Richards S, Hillmen P. Blood 2003; 102, 3587-3591 Fosfatidilserina equivalente ((nM) Por que pacientes HPN têm trombose? Controle AA AA/HPN HPN Hugel B, Socié G, Vu T, Toti F, Gluckman E, Freyssinet JM, Scrobohaci ML Blood,1999,93:3451-56 Trombose e HPN * Trombose suprahepática – ramo esquerdo sem perfusão de contraste, circulação colateral (*) e esplenomegalia Trombose e HPN Veia hepática sem perfusão e circulação colateral Trombose e HPN Trombose de pele Trombose e HPN Edema do pescoço, tórax e MSD com compressão de traquéia e insuficiência respiratória Veia Cava Superior Trombose e HPN TVP – veia subclávia direita Veia subclávia direita Hemoglobinúria paroxística noturna • Diagnóstico – Intimamente relacionado com a fisiopatologia • • • • • • • • Determinação da anemia hemolítica Hemograma com contagem de reticulócitos Bilirrubinas, DHL, Pesquisa de hemossiderinúria Diagnóstico das repercussões da doença BMO, aspirado de medula Citogenética Diagnóstico específico Diagnóstico • Classicamente – Teste de Ham e Sacarose • Citometria de fluxo permitiu diagnóstico mais sensível – CD55/59 – preferência histórica – FLAER • Classificação dos pacientes – Sintomatologia – Estratificação de risco de trombose Hemoglobinúria Paroxística Noturna Quando pesquisar HPN? 1. Pancitopenias ou citopenias a esclarecer 2. Anemias hemolíticas intravasculares nãoimunológicas 3. Tromboses 4. Anemias ferropênicas sem causa aparente Tratamento • Possibilidade de remissão espontânea – Esgotamento do clone • Tratamento sintomático – Anticoagulação • Profilaxia primária e secundária – – – – – – Terapia transfusional Reposição de ferro Reposição de folato Eritropoetina Corticosteróides Danazol • Contracepção • Tratamento curativo – TMO alogênico Eculizumabe • Anticorpo monoclonal humanizado anti-C5 HPN – ação do Eculizumabe Parker C. Lancet 2009; 373:758-67 Lactato Desidrogenase (IU/L) Parâmetros de hemólise (DHL) Eculizumab 3000 Placebo 2500 2000 1500 P < 0.00000000001 1000 500 Eculizumab Normal 0 -4 -2 0 Screening 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 Semana do estudo N Engl J Med 2006;355:1233-43 Necessidade transfusional e Eculizumab Mediana das transfusões 12 P < 0.000000001 Média das transfusões 12 10 10 8 8 6 6 4 4 2 2 0 0 Pre- Trial Placebo Pre- Trial Eculizumab Pre- Trial Placebo Pre- Trial Eculizumab Trombose e Eculizumabe Eventos Trombóticos (por 100 pac pac-anos) Número de eventos trombóticos antes e durante tratamento com eculizumab 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 39 N=195 P=0.0001 3 Basal Com Eculizumab Hilmen P. Hematology 2008;116-123 SRE Hemólise residual em HPN, sob Eculizumabe Adaptado de Risitano et al The recombinant human complement receptor 2/factor H fusion protein TT30 protects paroxysmal nocturnal hemoglobinuria erythrocytes from both complement mediated hemolysis and C3 fragment opsonization, Blood 2012 Sobrevida e Eculizumabe Kelly ;Blood 2012 Efeitos adversos Efeitos adversos • Meningococcemia – Incidência 3-25/100.000 na população geral • >5.000/100.000 deficiência de complemento • 2/193 pacientes • 1 paciente com glomerulonefrite crônica – Necessidade de vacinar 2 semanas antes da primeira administração – Revacinação – Sorotipo B • Não coberto por vacinação • Necessidade de profilaxia antibiótica? Tratamento • Era pós-eculizumabe – Papel do TMO ? • • • • Pacientes com aplasia Muito jovens Trombose recorrente Singênico • Novos inibidores do complemento – Anticorpos monoclonais – CD59 solúvel – Inibidores recombinantes (TT30) Parker C. Historical review – Historical aspects of paroxysmal nocturnal hemoglobinuria : “defining the disease”. Br J Haematology 2002;117:3-22 Agradecimentos • Dra Sandra Fátima Menosi Gualandro • Dra Liliana Mitie Suganuma • Deise Tsuha Moromizato