COQUELUCHE DISCIPLINA DE PEDIATRIA II Prof. Bruno Paes Barreto, 2009 Joan Miro INTRODUÇÃO A Coqueluche ou Tosse Comprida (Whooping Cough), é uma infecção aguda do trato respiratório, altamente contagiosa, causada pelo bacilo gramnegativo Bordetella pertussis ou, mais raramente Bordetella parapertussis EPIDEMIOLOGIA Mundo: 50 milhões de casos (300 mil mortes). Brasil, são notificados em média 2 mil casos por ano. Taxas crescentes de coqueluche nos últimos anos. Países em desenvolvimento: dificuldade em alcançar e manter alta cobertura vacinal. Países desenvolvidos (cobertura vacinal alta) a partir da década de 80, após trinta anos de controle houve um aumento da doença em todas as faixas etárias, até mesmo nos imunizados, devido a uma mudança no padrão de infecção. EPIDEMIOLOGIA Henry Matisse Apresentação Clínica: Período de Incubação: 1 a 3 semanas Fases Clássicas: Catarral: Paroxística ou Espasmódica: Insidiosa, sintomas semelhantes a IVAS (rinorréia, febre baixa, mal-estar) Período de maior contágio Tosse com “guincho” (som agudo característico), com ou sem vômito Pode acontecer apnéia ou cianose Convalescência Remissão lenta da tosse (6 a 10 semanas) CRISE PAROXÍSTICA CRISE PAROXÍSTICA COMPLICAÇÕES Principalmente em menores de 1 ano Respiratórias: Pneumonias (com ou sem atelectasia) Enfisema Pneumotórax Otite média aguda Apnéia (* menores de 6 meses) Neurológicas Encefalites Convulsões Coma (hipóxia cerebral) COMPLICAÇÕES Principalmente em menores de 1 ano Hemorrágicas: Metabólico-Nutricionais: Epistaxe Hemorragia conjuntival Hemorragia subaracnoídea ou intraventricular (mais raramente) Perda de peso Desidratação Distúrbios hidreletrolíticos (*vômitos) Infecções secundárias: Streptococcus pneumoniae ou Haemophilus influenzae DIAGNÓSTICO Clínico: História de contágio Tosse paroxística Estridor característico Rx de tórax: imagem de coração felpudo; infiltrado intersticial e espessamento peribrônquico DIAGNÓSTICO Laboratorial: PCR (reação da polimerase em cadeia) positivo mesmo em Leucocitose (até 50.000 cel/mm3) com linfocitose; no fim da fase catarral Cultura de secreção de orofaringe. Isolamento da bactéria no início do quadro clínico Dosagem de antígenos por imunofluorescência quando cultura negativa uso de ATB DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Outras patologias respiratórias com tosse: Pneumonias: Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae Staphylococcus aureus Chlamydea Mycoplasma VSR Adenovírus Aspiração de corpo estranho TRATAMENTO ANTIBIOTICOTERAPIA ERITROMICINA (Estolato): 40 a 50 mg/kg/dia (máx. de 2gr/dia), a cada 6 horas por 14 dias. ALTERNATIVAS: ATB.: Azitromicina, Claritromicina, Sulfametoxazol + Trimetropim Outras terapias (não-consensual): Broncodilatadores, Corticosteróides, Imunoglobulina humana anti-pertussis TRATAMENTO SUPORTE Internação em menores de 1 ano Suporte hidro-eletrolítico (vômitos) Refeições pequenas Posição em decúbito ventral (evitar aspiração) MEDIDAS DE CONTROLE ISOLAMENTO Por 5 dias após início do ATB Ou 3 semanas após início das crises paroxísticas em indivíduos não tratados TRATAMENTO DE CONTATOS Tratar por 14 dias com Eritromicina VACINAÇÃO ORIGEM: Suspensão de Bactérias Inativadas Células Inteiras ou Componentes da B. pertussis (pertussis acelular) CALENDÁRIO: 3 doses: 2, 4 e 6 meses (DTP ou DTP acelular) Reforço: 1º : 15 meses 2º : 5 ou 6 anos # queda de 50% de proteção conferida no período de 6 a 12 anos pós-vacina # recentemente vacina tríplice acelular para adultos (revacinação de adolescentes e adultos) Coqueluche: coeficiente de incidência e cobertura vacinal em menores de 1 ano no Estado de São Paulo, 2000-2007 Pierre August Renoir