QUALIDADE no ENSINO Maria Helena Braga / [email protected] Maria Sidalina Gouveia / [email protected] Cristina Luiza Garbuio / [email protected] José Gayoso / [email protected] James Zomighani / [email protected] Horácio Almendra [email protected] . Colaboração: www.iqe.org.br Jogos nas aulas de Matemática: isso não é brincadeira Cristina Luiza Garbuio é Supervisora Pedagógica de Matemática do IQE – Instituto Qualidade no Ensino Na busca de procedimentos didáticos que favoreçam a aprendizagem da Matemática, professores procuram criar um ambiente que desperte, nos estudantes, interesse pela área, introduzindo recursos variados ao trabalho em sala de aula, entre eles o uso de jogos e de materiais concretos, aliados tanto para o desenvolvimento de capacidades cognitivas como de interação social. É possível recorrer aos jogos como facilitadores da aprendizagem em todos os níveis de ensino, entretanto é fundamental que o educador esteja preparado para identificar aspectos tanto de caráter pedagógico quanto de logística a serem considerados no seu uso. Nesse sentido, é importante ter clareza dos objetivos do jogo, relacionando-o com o projeto político-pedagógico da escola e com o plano de ensino elaborado para a turma em determinado período letivo. Um jogo desvinculado das expectativas de aprendizagem será apenas uma distração, uma tentativa de alavancar a popularidade da aula de Matemática, enfim, em termos pedagógicos, um desperdício de tempo. Além disso, o professor deve avaliar se o jogo que pretende apresentar é adequado ao grupo, tanto em termos de faixa etária quanto de número de participantes e de contexto escolar. É preciso observar, também, se o material necessário é acessível, se há possibilidade de substituição por outro similar, fazendo as devidas adequações sem perda das características do jogo. As regras devem ser claras e podem ser discutidas e analisadas por todos e até modificadas, ampliadas por sugestões dos próprios alunos. O professor precisa compreender quais intervenções devem ser feitas durante e após o período do jogo, de forma a contribuir para o estabelecimento de relações entre as regras, o resultado final e os conteúdos matemáticos envolvidos. Do ponto de vista da aprendizagem matemática, esse papel do professor deve facilitar reflexões de diversas ordens: como obter mais ou menos pontos, como fazer previsões em relação às próximas jogadas dos demais participantes, quais estratégias são vencedoras, quais eventos podem ser considerados previsíveis e quais ocorrem por sorte (ou azar), entre outras. Quando se opta por uma situação didática que envolve um jogo, é necessário considerar, também, que a análise a posteriori, feita pelos alunos, favorece a compreensão de regularidades, observadas com mais detalhes a cada partida que se joga. Quanto mais os participantes jogam, mais reconhecem as estratégias vitoriosas. Não é possível desenvolver habilidades relacionadas a um jogo se o trabalho for executado às pressas ou de maneira improvisada. Após o período do jogo e de sua análise, a proposta de situaçõesproblema, nas quais estratégias utilizadas anteriormente são aplicadas em outros contextos, contribui para o desenvolvimento das habilidades e compreensão dos conteúdos matemáticos envolvidos. Como qualquer outra atividade de ordem pedagógica, os jogos exigem preparação, pesquisa, adequações a cada grupo em que serão desenvolvidos e não devem ser utilizados apenas com o argumento de que, com eles, as aulas de Matemática “ficam mais divertidas”. Afinal, nesse contexto, jogo não é brincadeira.