06/09/2011 às 03:16h
70% da população possui dificuldade
difi
para ler e entender
Em 2001, apenas 26% da população era considerada plenamente alfabetizada
Apesar da melhora de indicadores educacionais brasileiros na última década, o índice de
analfabetismo funcional se manteve praticamente estável. Em 2001,
2001, apenas 26% da população era
considerada plenamente alfabetizada e em 2009 o percentual ficou em 27%. Os dados mostram que a
universalização do ensino básico conseguiu reduzir o índice de analfabetismo – ainda que em um
ritmo lento –,, mas não evitou que uma parcela de 70% da população apresentasse dificuldade para
ler.
O índice foi constatado pelo Instituto Paulo Montenegro através do Indicador de Alfabetismo
Funcional (Inaf) que revelou os níveis de alfabetismo funcional da população brasileira adulta. Na
avaliação do coordenador de Planejamento e Controle do Instituto Qualidade no Ensino (IQE),
José Gayoso, a alta taxa do número de pessoas que possuem dificuldade para ler e compreender
o que se lê está relacionada à educação pública de qualidade que depende
depende fundamentalmente,
entre outros fatores, da formação do professor.
professor
“O cerne desta questão reside no interior da escola pública, ou seja, professores mal preparados, na
sua grande maioria, acabam penalizando a aprendizagem dos alunos. Estes por sua vez,
ve são
‘promovidos’ ao ano seguinte sem a devida proficiência das habilidades, conhecimentos, requeridas.
Esse processo acaba provocando uma grande repetência/evasão dos alunos ao final dos ciclos do
ensino fundamental, ou seja, no 5º e 9º ano”, analisou.
Criado em 2001, o Inaf pesquisa a capacidade de leitura, escrita e cálculo da população brasileira
adulta. Seu principal objetivo é oferecer informações qualificadas sobre as habilidades e práticas de
leitura, escrita e matemática dos brasileiros entre 15 e 64 anos de idade. A definição de amostras, a
coleta de dados e seu processamento são feitos por especialistas do IBOPE que, com o mesmo rigor
com que realizam seus demais trabalhos, oferecem esses serviços gratuitamente em apoio à ação
social realizada pelo Instituto Paulo Montenegro.
A pesquisa constatou ainda que entre os analfabetos funcionais há aqueles que nunca foram à
escola, mas há também os que já frequentaram a sala de aula e não tiveram aprendizado adequado.
Entre quem concluiu o ensino fundamental,
fundamental, apenas 16% podem ser considerados plenamente
alfabetizados, conforme o Inaf. Para quem frequentou somente até a 4ª série, o valor fica em 6%. A
consequência deste processo, de acordo com José Gayoso do IQE que trabalha na formação de
professores no Piauí, desemboca numa grande distorção aluno-série,
aluno série, ou seja, alunos que cursam uma
etapa estudantil fora da idade adequada, além de serem fatores preponderantes nos índices de
evasão e repetência escolar. “Consequentemente, como educação consiste, ou deveria
deve consistir, em
um fluxo contínuo de aprendizagem, a qualidade dos alunos ingressantes no ensino médio acaba
sendo impactada. Para que se tenha bons alunos no ensino médio e superior, é necessário antes
termos bons alunos no ensino fundamental”, completou.
completo
O coordenador do IQE lembra ainda que a falta de letramento adequado gera impactos na vida não
só dos jovens, mas dos adultos que possuem essa dificuldade para ler e entender o que lêem. “O
Brasil é refém deste quadro atualmente. A carência por mão de obra qualificada, acentuada pelo
crescimento econômico registrado nos últimos anos, penaliza não só os investimentos a serem feitos
como também afeta a qualidade de vida do cidadão, na medida em que este não exerce a cidadania,
conforme preconiza o artigo 205 da nossa Constituição”, pontua Gayoso.
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