QUAL O ESPAÇO PARA A ESTRATÉGIA? REFLEXÕES A PARTIR DOS PROCESSOS DE ADOÇÃO DE NOVAS TÉCNICAS DE GESTÃO Tatiana Dias Silva – NPGA/UFBA Resumo O objetivo desse ensaio é analisar como a formulação de estratégias reflete a reação das organizações frente às diferentes demandas ambientais, tomando-se o caso específico da adoção de novas técnicas de gestão como estratégias diferenciadas de resposta a pressões institucionais e alterações no contexto de atuação das organizações. Para tanto, analisam-se o conceito de estratégia organizacional e a adoção de técnicas gerenciais como instrumento de mudança. Nesse sentido, é proposta uma análise, com base na perspectiva institucional, do processo de difusão e adoção dessas técnicas, identificando nos mecanismos isomórficos poderosas fontes ambientais de homogeneização organizacional e de indução e fortalecimento dessa difusão. A partir dessa visão ampliada das possibilidades das pressões ambientais, discute-se a relação entre as imposições ambientais e o espaço da estratégia enquanto instrumento da escolha organizacional, considerando-se as dimensões do determinismo e do voluntarismo na arena social. Por fim, apresenta-se a tipologia proposta por Oliver (1991), que, na tentativa de complementar um viés mais determinista da teoria institucional, propõe uma classificação que agregue à análise desses fenômenos diferenciados padrões de resposta estratégica das organizações frente aos processos institucionais. Estratégia Organizacional O conceito de estratégia, sempre vinculado a assuntos militares, passou a ser tratado como um conceito da área de negócios há cerca de aproximadamente 50 anos atrás (QUINTELLA, MOTTA, 1993, 2001). De origem grega, a palavra estratégia servia para designar a função do generalato, o comandante que formulava os planos e manobras para a consecução de um fim específico. Associada à visão militar, tinha mais a conotação de arte. A transposição para a dimensão gerencial incorpora uma análise racional e científica, apresentando pontos convergentes com o espaço organizacional, como também limites a uma transposição menos cuidadosa desse conceito (MOTTA, 2001). . Para Chandler (apud QUINTELLA, 1993), enquanto a decisão estratégica diz respeito à saúde de longo prazo da empresa, as decisões táticas envolvem as atividades rotineiras, necessárias para a eficiência operacional. Chandler expõe assim uma definição que conceitua e distingue a estratégia baseada no critério temporal, enquanto outras definições o fazem com base nos critérios de hierarquia – ressaltando que a estratégia é definida pelo topo da organização. Quintella (1993) analisa, conforme a classificação formulada por Coombs, a estratégia segundo três escolas de pensamento: a escola gerencialista, que prima pelo planejamento de longo prazo; a escola do comportamento da firma, na qual a estratégia é moldada e construída pela história e ativos acumulados pela organização; e a escola da sociologia das organizações, para a qual a estratégia é um processo em interação com o contexto. A despeito de diferentes conceitos e afiliações teóricas, praticamente todas as definições se pautam em um ou mais dessas dimensões centrais: importância, tempo, hierarquia, padrão de conduta e interações ambientais. Mintzberg (1987) pontua que, embora implicitamente usado (e entendido) de diversas maneiras, o conceito de estratégia era sempre definido de um único ponto de vista. Por esta razão, este autor procura definir estratégia de várias formas: como plano, manobra, posição e 2 perspectiva. São os cinco P´s da estratégia; em inglês: plan, ploy, pattern, position e perspective. A estratégia vista como plano é o conceito mais difundido, no qual estratégia se refere a um curso de ação conscientemente elaborado, que tem como característica o fato de ser preparado antes da ação, de forma proposital. Dentro da visão de estratégia como um plano, esta pode ser entendida como uma manobra, à medida que é concebida como um truque planejado para bular um competidor ou um oponente. Assim, a estratégia é a ameaça de ação, e não a ação em si (MINTZBERG, 1987). A estratégia como padrão se refere à consistência de comportamento da organização, que pode ser intencional ou não: trata-se de um padrão em um fluxo de decisões (MINTZBERG, 1987). Assim, essa visão busca uma definição que agregue não só o que foi planejado, mas principalmente o que foi realizado, uma vez que os planos podem não se concretizar, bem como os padrões de comportamento, por sua vez, também podem se realizar na ausência de planejamento prévio. Dessa forma, as estratégias podem ser deliberadas, onde as intenções prévias são realizadas; emergentes, nas quais os padrões são desenvolvidos sem intenção ou apesar delas; podem ser pretendidas, na forma de planos para o futuro, mas nem sempre concretizadas; ou ainda efetivamente realizadas. (MINTZBERG, MINTZBERG e outros, 1987, 2000) A estratégia pode ser vista como posição, na busca por localizar a organização no ambiente em que atua, representando a força que media a relação da organização com o seu ambiente externo. Já a estratégia tomada como uma perspectiva é um conceito voltado para dentro da organização e para seus estrategistas, como um modo inerente de ver o mundo; é a “personalidade” da organização; uma perspectiva compartilhada por seus membros (MINTZBERG, 1987). Nesse sentido, ressalta-se o poder que a coalizão dominante tem de impor sua visão sobre os outros grupos na organização. Para essa definição, a estratégia é um conceito socialmente construído, forjado pela aprendizagem e história da organização, e que se molda de acordo com a visão que a organização tem do ambiente e das suas relações. Nessa direção, Machado-da-Silva e outros (1998, 2000) assinalam a importância do contexto institucional de referência, que é a construção social do ambiente organizacional como resultado da mediação que a organização faz do seu ambiente, interpretado diferentemente, conforme esquemas interpretativos particulares. MOTTA (2001, p. 82) procura uma síntese ao definir estratégia como o conjunto de decisões fixadas em um plano ou emergentes do processo organizacional, que integra missão, objetivos e seqüência de ações administrativas num todo interdependente. Portanto, estratégia tanto pode ser guias de ação definidos a priori quanto o conjunto de resultados definidos a posteriori como produto de comportamentos organizacionais específicos. Para a abordagem econômica, a estratégia é vista como um instrumento de maximização da eficiência, ao passo que a abordagem organizacional privilegia a relação da estratégia com as diversas dimensões da organização, como a estrutura ou a tecnologia (MACHADO-DASILVA e outros, 1998). A funcionalidade da estratégia é a “resolução” de situações, dotando-as de alguma certeza que vão permitir gerenciar as organizações em suas questões menores sem se preocupar constantemente com as questões mais abrangentes. (MINTZBERG e outros, 2000) Porter (1989) discute a necessidade de ser estabelecer uma estratégia competitiva, ou seja, a busca de uma posição competitiva favorável em uma indústria, através da conquista e manutenção de vantagens competitivas (nas formas de liderança de custo ou diferenciação), firmando uma posição lucrativa e sustentável contra as forças competitivas. Nesse sentido, Porter é visto como um autor da escola de posicionamento, que vê estratégia como posição em um ambiente (MINTZBERG e outros, 2000). 3 Além da escola do posicionamento, Mintzberg e outros (2000) descrevem no livro “Safári de Estratégias” outras nove diferentes escolas de pensamento sobre a estratégia (design, planejamento, aprendizado, empreendedora, cognitiva, do poder, cultural, ambiental e de configuração), cada qual analisando este conceito de forma diferenciada, mas, como enfatizado pelos autores, complementares para o entendimento da estratégia enquanto temática fundamental para a análise organizacional. Demonstra-se assim os diferentes enfoques e possibilidades de análise desse conceito. Novas técnicas de gestão como estratégias organizacionais As organizações se deparam com várias demandas e precisam decidir como responder a essas pressões. Atualmente, é comum observar que as condições ambientais vêm se alterando constantemente, criando um ambiente de mudanças e instabilidade. A partir da expansão do complexo eletrônico, no movimento da terceira revolução industrial, algumas tendências vêm se firmando, tais como a consolidação de um novo paradigma de produção industrial – a automação integrada flexível; uma revolução nos processos de trabalho; a transformação das estruturas e estratégias empresariais; novas bases para a competitividade; o advento da globalização e o estabelecimento de alianças estratégicas (COUTINHO, 1992), que vão influenciar diretamente o ambiente de atuação das organizações. Modificações relevantes nas estruturas e estratégias organizacionais vêm sendo induzidas por novas formas flexíveis de produção, pela necessidade de ofertar bens “costumizados” a preços acessíveis, pelo advento de redes internas computadorizadas que centralizam os processos organizacionais, além das novas relações interorganizacionais e com parceiros e clientes, institutos de pesquisa e universidades (COUTINHO, 1992). O surgimento de novas formas de gestão e organização do trabalho, dentre as quais a ampla difusão do modelo japonês, é analisado por Druck (1999) como uma das principais características do processo de globalização. Além deste, a nova dinâmica financeira facilitada pelo avanço das telecomunicações, a acentuada concentração de capitais através de fusões, aquisições e crescimento de oligopólios, paralelamente à expansão de micro e pequenas empresas e a “interpenetração patrimonial” entre a burguesia financeira e industrial também correspondem a outros aspectos desse mesmo processo. Appelbaum e Batt (1994) discutem o novo ambiente de trabalho norte-americano e os novos modelos de gestão cuja emergência é atribuída a uma conjunção de acontecimentos, como o fim do círculo virtuoso iniciado nas economias desenvolvidas no período do pósguerra. O alto crescimento da demanda, estimulado por um conjunto de políticas monetárias e fiscais, favorecia o crescimento da produtividade, pois levava a firma a usar plenamente sua capacidade produtiva, gerando economias de escala e ganhos de produtividade baseados em produção em massa e na utilização de técnicas de organização racional do trabalho (ORT). O aumento da produtividade, por sua vez, favorecia crescimento da demanda, à medida que, sobre pressão de sindicatos, existia uma distribuição dos ganhos de produtividade através de aumento real de salários e com conseqüente aumento de consumo. A queda dos ganhos de produtividade é um dos elementos apontados como responsáveis pela quebra desse círculo, a partir do esgotamento do modo de organização da produção vigente. Tornava-se necessário buscar outros modelos. Com a queda da produtividade, o pacto de cooperação entre capital e trabalho não tinha mais o repasse salarial como estabilizador dessa relação. O pacto é quebrado e novos meios de equilibrar esse conflito se tornam necessários. A concorrência dos NIC (newly industrialized countries) e dos LDC (less developed countries) em mercados baseados em preços, através de um processo produtivo assentado em baixos salários, torna-se uma ameaça para os países desenvolvidos, que mantinham a 4 produção com base em sindicatos fortes, salários crescentes e benefícios. Soma-se a esta questão o fato de que a capacidade de “costumização” e diversidade (proporcionada pela tecnologia baseada em microeletrônica) mina as vantagens da produção em massa. Essas questões mudam o cenário do modo de produção fordista, da produção em massa e gera demandas por novos modelos de gestão que considerem esses novos desafios (APPELBAUM e BATT, 1994). Frente a tantos desafios, pressões e expectativas, com mudanças ambientais cada vez mais acentuadas, vinculadas a processos como a globalização, abertura de mercados, reestruturação produtiva e aumento da competitividade, as organizações vêm buscando novas estratégias de sobrevivência. A mudança organizacional é propagada como estratégia inevitável para fazer frente a essa realidade. Dessa forma, muitas organizações têm recorrido a modelos de gestão que as habilite a melhor lidar com esses fatores institucionais, através de uma mais eficiente organização de seus processos produtivos e suas relações conexas. Nesse sentido, estabelece-se uma grande difusão de novas técnicas gerenciais no ambiente organizacional. Verifica-se a disseminação de promessas de maior eficiência, garantias de maior competitividade, embasadas, algumas vezes, em uma frouxa atmosfera de cientificidade. Técnicas gerenciais são modelos propostos para otimização da ação organizacional em determinado campo de atuação, tal como recursos humanos, produção, finanças, gestão de forma geral, ou mesmo, modelos mais completos englobando várias dessas dimensões. As novas técnicas de gestão são amplamente discutidas no meio executivo e acadêmico, sob variadas terminologias: tecnologias gerenciais (WOOD JR e CALDAS, 1997, 2000), tecnologias organizacionais (MELO, 1999), práticas de gestão, modelos de produção (APPELBAUM e BATT, 1994), por exemplo. Como conceitua Farias (1997, p. 29-30), tecnologias de gestão podem ser compreendidas como o conjunto de técnicas, instrumentos ou estratégias utilizados pelos gestores – gerentes, administradores etc. – para controlar o processo de produção em geral, e de trabalho em particular, de maneira a otimizar os recursos nele empregados, pondo em movimento a força de trabalho capaz de promover a geração de excedentes apropriáveis de forma privada ou coletiva (social) Appelbaum e Batt (1994) apresentam, como alternativas ao modelo de produção em massa a especialização flexível, o sistema sociotécnico sueco, a produção flexível japonesa ou ainda o modelo alemão, concentrado na diversificação e produção de alto valor agregado. Esses modelos, e outros além destes, têm sido difundidos no conjunto ou através de práticas isoladas, e sua adoção representa, para muitas organizações, uma estratégia viável para enfrentar essas demandas ambientais. Análise institucional do Processo de difusão de técnicas gerenciais Mintzberg (1987) analisa os diferenciados processos de formação de estratégias, formulando uma tipologia amplamente difundida na análise desse fenômeno, que contempla processos de formação mais deliberada a os de formação mais emergente. Na formação de estratégias categorizada como “imposta”, o nível de postura discricionária é o mínimo possível. Nesse processo, o ambiente externo dita padrões de ação, tanto através de imposição direta, como de forma implícita. Esse tipo de formação de estratégia é compatível com a visão defendida pela teoria institucional, na qual o ambiente exerce primordial influência na conformação de estratégias e da ação organizacional. Essa abordagem é profícua para o entendimento dos processos de adoção e difusão de técnicas gerenciais. 5 A teoria institucional Várias escolas discutem a relação da organização com o ambiente e como este influencia sua cultura, sua estrutura e também suas decisões. Somam-se as contribuições das escolas da ecologia populacional, da dependência de recursos, da teoria sistêmica, da teoria contingencial, dentre as mais conhecidas. As escolas contigencial e ecológica, por sua vez, se concentram na questão da interdependência organização-ambiente em seus aspectos técnicos e financeiros, deixando à parte as questões da influência social e cultural do ambiente institucional (CARVALHO e outros, 1999). Embora as várias abordagens vejam as organizações como sistemas abertos que afetam e são afetados pelo ambiente, é a teoria institucional que ressalta – trazendo a primeiro plano a importância do ambiente sócio-cultural, concentrando a análise na atuação de forças conceituais, como sistemas de conhecimento, crenças, regras e na estrutura e operação das organizações. Privilegia os processos cognitivos e sistemas simbólicos, à medida que, no sentido weberiano, a ação social está condicionada à atribuição de significado por parte dos atores (SCOTT, 1995). Com base nessa perspectiva, as organizações não estão apenas envoltas pelo ambiente, são penetradas e constituídas por ele; são produtos moldados pelas interações do ambiente e não mais objetos passivos. A Teoria institucional amplia o conceito de ambiente, espacialmente e temporalmente - não se concentrando apenas em influências próximas e presentes (SCOTT e CHRISTENSEN, 1995). Através dessa abordagem, a discussão sobre o papel das instituições propõe uma nova visão ao debate sobre, dentre outros aspectos, o processo decisório e as escolhas organizacionais. Entende-se como “instituições” um conjunto de hábitos, rotinas, regras, normas e leis que regulam as relações entre pessoas e moldam a interação entre elas. Por conseguinte, as organizações são instituições formais, uma vez que seus processos foram institucionalizados formalmente (JOHNSON, 1992). Para North (apud LOPES JR, 1995), instituição diz respeito às regras do jogo, enquanto organização se refere à estruturação dos times que congregam os jogadores. Institutions consist of cognitive, normative, and regulative structures and activities that provide stability and meaning to social behavior. Institutions are transported by various carriers – cultures, structures, and routines – and they operate at multiple levels of jurisdiction. (SCOTT apud SCOTT E CHRISTENSEN, 1995, p. xiii) O novo institucionalismo percebe a realidade através de diferentes enfoques: regulador, normativo e cognitivo. No regulador, as ações são moldadas por regras formais da sociedade, tais como leis e regulamentações, que são utilizadas para evitar conflitos e cuja obediência é incentivada por meio de sanções. O enfoque normativo atribui a valores e normas a estrutura assumida pela organização. O comportamento não é guiado somente pelo interesse individual, mas também de acordo com as expectativas sociais e dos padrões de conduta internalizados, que são a base da ordem e entendimento social. O enfoque cognitivo ressalta o papel da interpretação e dos frameworks que permeiam a organização, onde a realidade é um processo de construção social – diferente da concepção mais objetiva dos dois primeiros pilares – e as instituições são vistas como elementos cognitivos, sistemas de conhecimento que conduzem as ações, e controlam nossos conceitos sobre o mundo e sobre que ações devem ser tomadas pelos atores (SCOTT, CARVALHO e outros, 1995, 1999) Os processos decisórios realizados nas organizações e, conseqüentemente, as estratégias formuladas estão submetidos a pressões externas e a mecanismos de conformação social, que institucionalizam e incentivam a adequação da conduta em ações consideradas legítimas, trazendo um certo grau de isomorfismo organizacional, além de implicar diferentes formas de poder e de influência na decisão. Entende-se que isormorfismo organizacional se refere à 6 similaridade entre um conjunto de organizações em um dado momento, podendo ser visto tanto como um estado ou como um processo (DEEPHOUSE, 1996). Para além da escolha estratégica, demandas e expectativas institucionalizadas podem influenciar e moldar as decisões organizacionais, por meios formais ou informais, conscientes ou não. Nesse sentido, a similaridade apontada em estruturas e processos organizacionais é, em muitos casos, resultado de mecanismos que conduzem à homogeneização, ao isomorfismo. O isomorfismo competitivo foi amplamente trabalhado pela corrente da ecologia das organizações, especialmente por Hannan e Freeman. Esse isomorfismo se concentra na esfera da competição de mercado (DIMAGGIO e POWELL, 1983), no ambiente técnico. De forma complementar, a análise institucional compreende também o ambiente institucional, caracterizado “pela elaboração de normas e exigências a que as organizações se devem conformar se querem obter apoio e legitimidade do ambiente” (SCOTT apud CARVALHO e outros, 1999, p. 7). Assim, é incluída a discussão do isomorfismo institucional, viabilizado pelos mecanismos coercitivos, miméticos e normativos. Ressalta-se que esta tipologia é feita para fins analíticos e que nem sempre os fenômenos são tão distintos na análise empírica (DIMAGGIO e POWELL, 1983). Esses mecanismos exerceriam uma grande pressão sobre o processo decisório e estratégias das organizações e, de forma mais específica, sobre os processos particulares de adoção de novas técnicas de gestão. Mecanismos Coercitivos Esses mecanismos são derivados de influência política ou da busca por legitimidade. São instrumentalizados por pressões formais ou informais impostas a uma organização por outra (ou outras) da qual esta dependa ou que exerça algum tipo de poder sobre ela (DIMAGGIO e POWELL, 1983). Essa pressão pode se dar por meio da força ou da persuasão. Uma conseqüência desse processo é que muitas decisões são tomadas exclusivamente para responder a essas pressões, sem haver mudanças reais, já que mudanças nas estruturas formais por si só não alteram a ação (TOLBERT e ZUCKER, 1999). Trata-se de um comportamento cerimonioso, ao qual Wood Jr e Caldas (1997, 2000) chamam de mudança “para inglês ver”. Outro instrumento é a necessidade de legitimar-se no meio social, atendendo às expectativas que a sociedade tem sobre a organização. Exemplos recorrentes da atuação de mecanismos coercitivos na difusão de novas estruturas e técnicas de gestão são a imposição comandada por matrizes de multinacionais para implantação de técnicas comuns de gestão em suas filiais, ou ainda a pressão de grandes compradores sobre seus fornecedores, para que estes adotem modelos de gestão que garantam condições adequadas para o fornecimento de suprimentos com qualidade e serviços considerados satisfatórios. Mecanismos Miméticos Os mecanismos miméticos são impulsio nados pela incerteza. Quando o ambiente é incerto, pode-se utilizar como recurso imitar organizações bem sucedidas em suas áreas. Têmse assim as vantagens de simplificar o processo decisório, baseando sua análise na presunção de racionalidade e eficiência de decisões alheias, em um processo que se mostra, aparentemente, uma tomada de decisão mais fácil, menos dispendiosa em recursos e tempo. O mecanismo mimético pode se dar de forma não intencional, através do turnover de pessoal ou, explicitamente, através de associações de classe e empresas de consultoria especializadas, que difundem o modelo entre as demais organizações. Os autores também apontam, como fontes de pressão para o comportamento mimético, a força de trabalho e os consumidores, que ao comparar as organizações e buscar obter 7 benefícios, condições de trabalho e serviços similares aos que consideram melhor, pressionam para adoção de processos e estruturas semelhantes. DiMaggio e Powell (1983) ressaltam que normalmente o que é mimetizado é o que está facilmente visível, a aparência. As mudanças mais internas podem não ser percebidas e se mimetiza um modelo por vezes “superficial”. A postura mimética, vista de forma agregada, é um forte agente difusor, muito embora possa provocar uma homogeneização excessiva que limite o potencial inovador. De acordo com essa análise, a estratégia pode estar mais focada na imitação do que em uma efetiva avaliação objetiva das alternativas de ação. Mecanismos Normativos Os mecanismos normativos advêm principalmente da profissionalização, ocasionada tanto pela educação formal, ao estabelecer os valores e normas de um conjunto de especialistas, como pela rede formada por esses especialistas, ao difundir os conceitos, valores e tecnologias aceitos por esse grupo (DIMAGGIO e POWELL, 1983). Essas redes profissionais se reúnem e compartilham crenças e idéias em congressos, publicações, conselhos e associações de classe. Castells (1999) salienta que “(...) a capacidade de inovação está armazenada basicamente em cérebros humanos, o que possibilita a difusão da inovação com a rotatividade de cientistas, engenheiros e administradores entre organizações e sistemas produtivos”, reforçando o argumento de que a profissionalização é um forte instrumento de difusão de inovações. Muitas vezes, o próprio governo, ao regulamentar a profissionalização e exigir a participação de categorias no ambiente de trabalho, favorece a atuação desse mecanismo. Outro procedimento que acentua o potencial da profissionalização nos processos isomórficos é a atividade de seleção de pessoal dentro do mesmo campo organizacional, buscando profissionais com experiência em determinada área de atuação e, por conseguinte, compartilhando as mesmas crenças e valores. Nesse sentido, reconhecendo a necessidade de diferentes saberes para o desenvolvimento do processo de inovação, atualmente, muitas organizações vêm buscando apoiar iniciativas que resguardem níveis de diversidade no corpo profissional. A forma como as organizações vão responder a esses tipos de pressões ambientais vai depender de como esta interpreta e analisa o ambiente em que está inserida. Interpretando as pressões ambientais Os esquemas interpretativos, ou paradigmas estratégicos, são as crenças compartilhadas na organização, na forma de um sistema cognitivo comum consubstanciado em um modo peculiar de pensar e agir, pressupostos e padrões que determinam a percepção dos problemas e que são diferentes para cada organização, proporcionando diversidade mesmo frente a pressões isomórficas. São a natureza da organização e seu esquema interpretativo que vão delimitar o contexto institucional de referência e seu nível de análise (local, regional, nacional ou internacional) e conceder maior ou menor importância aos diferentes (podem imbricados) ambientes organizacionais: técnico e institucional. Assim, assume-se que “o ambiente é, de certa forma, uma elaboração cognitiva” (MACHADO-DA-SILVA e outros, 1998, p. 11). O contexto institucional de referência vai retratar o ambiente e indicar os tipos de estratégia a seguir. Desse modo, as organizações se orientam de acordo com as leituras que realizam da relação organização e ambiente, através de esquemas interpretativos particulares. (MACHADO-DA-SILVA e outros, 1998, 2000) 8 Isomorfismo, institucionalização e limites à ação A ação diferenciada de um ator, tende a ter seu impacto reduzido – se não anulado - pela ação de outros ou pelas posteriores pressões isomórficas. Organizações que participam de campos organizacionais altamente estruturados se vêem em um ambiente onde esforços individuais para incremento de eficiência levam a um conjunto de processos que vão gerar mais homogeneização no campo em relação a sua estrutura, cultura e resultados. Os primeiros adotantes buscam inovar para melhorar o desempenho, mas os seguidores o fazem mais em busca de legitimação do que de eficiência (DIMAGGIO e POWELL, 1983); as organizações tornam-se mais similares e a ação individualmente racional torna-se coletivamente prejudicada. O diferencial se perde. Weber, em “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, alerta que o espírito racional tinha se tornado uma “jaula de ferro” que aprisionava a humanidade. No seu ensaio sobre a burocracia, ele retoma o tema. Para ele, a manifestação organizacional do espírito racional era tão eficiente e poderosa que iria ser irreversível após sua estabilização (DIMAGGIO e POWELL, 1983). Em campos organizacionais altamente estruturados, há a promoção de um contexto no qual esforços individuais para enfrentar racionalmente a incerteza e os obstáculos levam geralmente no agregado, à homogeneização. Os padrões, valores, normas, as pressões e expectativas organizacionais criam então um modelo aceito e visto como correto. Institucionalizado, internalizado e disseminado pelos mecanismos específicos anteriormente analisados, estes “modelos” constituiriam também uma “jaula de ferro” dentro da qual seria concedido o espaço limitado de manobra da escolha organizacional. Sendo assim, como se processam a escolha e a imposição dos objetivos organizacionais sobre o ambiente? As organizações, assim como os indivíduos, estariam fadados a permanecer, mesmo que inconscientemente, “enjaulados”? Essa discussão permeia a muito a arena das ciências sociais, em um debate que tem, nas posturas deterministas e voluntaris tas, seus grandes eixos. Determinismo e voluntarismo Como pontuam Machado-da-Silva e outros (1998), muitos processos de mudança têm como pressuposto sua possibilidade de gestão, segundo as intenções e expectativas de seus dirigentes, em uma clara visão vo luntarista. Essa postura é contestada pelos pressupostos da abordagem institucional, que credita às pressões ambientais o papel de motor da ação, dando muitas vezes pouca margem para a escolha individual. Nesse sentido, alguns autores criticam essa abordagem pela falta de atenção ao papel exercido pelos interesses organizacionais e pelo papel da agência1 nas respostas organizacionais às pressões institucionais 2 (OLIVER, 1991). Para a vertente mais voluntarista, respaldada na abordagem da escolha estratégica, os atores organizacionais buscam construir e manipular o ambiente em que vão competir. No entanto, para a vertente considerada mais determinista, principalmente na construção teórica da ecologia populacional, os atores terminam por se sujeitar às regras de competição e às pressões ambientais (MACHADO-DA-SILVA e outros, 1998). As questões sobre o voluntarismo e determinismo são consideradas pilares da natureza das ciências sociais. Verdu e Bulgacov (2000, p. 9) estabelecem uma relação entre o voluntarismo e determinismo e escolha estratégica: O voluntarismo pressupõe um processo de mudança planejado, em que o dirigente tem papel preponderante na escolha da estratégia e o determinismo, por sua vez, pressupõe um processo de mudança emergente, em que as forças ambientais limitam este papel; assim, pode-se inferir que o voluntarismo está para a máxima escolha e para a estratégia formulada (deliberada), como o determinismo está para a mínima escolha e para a estratégia formada (emergente). 9 Qual o espaço para a estratégia? Com a abordagem dos sistemas abertos, a formulação da estratégia passou ser analisada não só de acordo com a concepção da ação racional, mas também com respeito à forma como responde às demandas ambientais, consolidando-se como “um conceito que inclui tanto escolha como adaptação ambiental” (MACHADO-DA-SILVA e outros, 1998, p. 3) Para Suchman (apud SCOTT e CHRISTENSEN, 1995), a capacidade de ação não é um estado natural, mas é antes socialmente determinada, por instituições que definem quem pode exercê- la. Os institucionalistas mais recentes admitem que as ações podem variar entre os dois critérios, dependendo das situações, nem sempre se apresentando de maneira conflituosa ou inconsistente (SCOTT e CHRISTENSEN, 1995). Nesse grupo, pode-se situar Oliver (1991), que sinaliza a necessidade de expor as diferentes formas de a organização responder ao ambiente em que está localizada e a partir do qual recebe demandas, pressões e expectativas. Para tanto, analisa comparativamente as perspectivas institucional e da dependência de recursos, e, ao identificar pontos comuns em seus pressupostos, propõe complementar a primeira com preditores de estratégia organizacional apresentados pela segunda. Cabe ressaltar que as duas abordagens admitem a escolha organizacional, desde que limitada por um contexto de restrições ambientais e que essas escolhas são motivadas por interesses que moldados socialmente e institucionalmente construídos. Divergem entre si na postura para obtenção de legitimação e estabilidade organizacional: esta se daria através da conformação, proposta pela teoria institucional, enquanto a dependência de recursos aponta as vantagens da não conformidade, na possibilidade de controle do ambiente de acordo com os interesses da organização. Diferentes respostas aos fatores institucionais: da manipulação à conformação Com base nessa análise comparativa e complementar entre essas duas perspectivas, Oliver (1991) propõe uma tipologia que agregue diferentes respostas organizacionais aos processos institucionais, em um continum que transita de uma postura mais passiva até uma ação de manipulação das pressões ambientais. Controle Influência Cooptação Manipulação Ataque Desafio Oposição Rejeição Escape Distanciamento Dissimulação Esquivamento Braganha Pacificação Compromisso Balanço Complacência Imitação Hábito Consentimento (+) Ação passiva (+) Resistência ativa Determinismo Voluntarismo Figura 1 – Respostas estratégias a processos institucionais Fonte: Baseado em Oliver (1991) 1. Consentimento: essa resposta se dá através da obediência às pressões e ocorre de três formas: através do hábito, da imitação e da complacência. O hábito representa a aderência inconsciente ou “cega” a normas e valores pré-concebidos, tidos como certo sem questionamento. Quando essas normas e valores atingem o status de fato social, as organizações acabam reproduzindo essas ações e práticas de forma inconsciente. A imitação é 10 uma postura consistente com o conceito de isomorfismo mimético. Trata-se da cópia, consciente ou não, de modelos institucionalizados, através da imitação de organizações de sucesso ou através do auxílio de consultorias e associações profissionais. A complacência refere-se à obediência consciente, ou incorporação de valores, normas ou requisitos institucionais. A organização conscientemente escolhe se conformar às pressões a fim de garantir benefícios que possam ser conquistados através do suporte e apoio social. 2. Compromisso: A despeito dos possíveis benefícios advindos do consentimento às pressões institucionais, estas podem ser conflitantes ou estar em desacordo com os objetivos da organização. Nessas circunstâncias, a organização tenta balancear, pacificar ou barganhar junto a essas pressões. Balancear diz respeito à acomodação de múltiplas demandas em resposta a pressões e expectativas institucionais, em uma tentativa de conciliar pressões internas e/ou externas. A pacificação representa uma resposta de conformidade parcial às expectativas, no atendimento a um nível mínimo de exigência. Emprega-se pouca resistência às pressões e busca-se apaziguar ou tranqüilizar as fontes das pressões. A barganha envolve o esforço organizacional para exigir, das fontes de pressões, concessões no sentido de flexibilizá- las. 3. Esquivamento: refere-se à tentativa de evitar as condições que conduzem à necessidade de realmente se conformar aos processos institucionais, onde são empregadas estratégias de dissimulação, distanciamento ou escape. Muitas organizações disfarçam, através da dissimulação, a não conformidade às pressões sofridas, buscando demonstrar uma faceta de aquiescência, como, por exemplo, na elaboração de planos para os quais não se tem a intenção de implementação. Essa estratégia envolve cerimonialismo, ritualismo e aceitação simbólica. De outro modo, através do distanciamento parcial de suas atividades de contato externo, a organização procura reduzir a extensão em que é inspecionada e avaliada por atores externos. Essa resposta é favorável na não obrigatoriedade (formal ou informal) de aprovação pública ou quando esta independe de uma maior transparência organizacional. A estratégia de escape representa a retirada da organização do locus onde a pressão é exercida, ou a alteração de seus objetivos para não necessitar obedecer e se ajustar às pressões institucionais. 4. Oposição: trata-se de uma resposta estratégica mais ativa, que imprime resistência através de suas diferentes formas: a rejeição, o desafio e o ataque. Na rejeição, ignoram-se as regras estabelecidas, e normalmente é impetrada quando a pressão institucional é considerada fraca ou apresenta forte divergência com os interesses organizacionais. Ocorre motivada tanto pela falta de compreensão do significado da norma ou das sanções advindas de sua desobediência. O desafio representa o afastamento organizacional às normais impostas, por considerá- las inconsistentes com seus padrões de racionalidade. Essa estratégia, muitas vezes, é adotada em consonância com a proposição de alternativas aos modelos institucionalizados (OLIVER, 1991). Assim, esse tipo de postura é fundamental para o desenvolvimento de inovações, que vão passar por novos processos de institucionalização, como retratado por Tolbert e Zucker (1999) O ataque representa um afastamento radical das pressões institucionais, através da iniciativa de afrontar, diminuir ou condenar os processos institucionais e suas fontes de pressão. Sua ocorrência é mais propícia quando uma pressão negativa é dirigida de forma específica para uma organização. 5. Manipulação: representa a resposta mais ativa por parte das organizações, uma vez que se dirige à alteração ou controle sobre os processos institucionais ou suas fontes de pressão, através da cooptação, influência ou de seu controle. Através da cooptação, busca-se neutralizar as fontes de oposição e aumentar a legitimidade. Nesse sentido, as relações 11 interorganizacionais podem ser exibidas a fim de expor aos outros como aquela organização desfruta de prestígio no meio. A influência é mais direcionada a valores e crenças, em uma estratégia para influenciar possíveis mudanças nesses elementos. A utilização do controle dos processos institucionais como estratégia envolve o estabelecimento de poder e dominação dos elementos que exercem as pressões sobre as organizações. Sua utilização é mais freqüente quando essas pressões são incipientes, localizadas e fracamente promovidas. Considerações Finais A partir da análise dessa tipologia, infere-se que o nível de escolha organizacional está condicionado de forma inversamente proporcional à força das pressões institucionais impostas à organização. Nesse sentido, reforçar-se a posição de que a escolha estratégica está, em certo grau, delimitada pelos processos institucionalizados. Entretanto, salienta-se que as respostas estratégicas estão condicionadas fortemente à percepção que se tem do ambiente em que se vive e atua. Se uma pressão é vista como legítima e fortemente institucionalizada, menor é a possibilidade de uma tentativa de controle. Entretanto, quando a fonte da pressão é considerada fraca e sem apoio social, de acordo com os parâmetros e análise particular da organização, ou ainda, de acordo com crenças e conceitos também institucionalizados, tornase mais provável, se a pressão tem caráter negativo, que ela seja rejeitada. Dessa forma, a margem de manobra organizacional está condicionada, além dos imperativos ambientais, à forma como esta se posiciona e interpreta seu ambiente. Cabe destacar que, quando se atribuem ações e respostas às organizações, essa postura é, na verdade, atribuída a seus dirigentes, à sua coalizão dominante, que assume a função de comandar os processos decisórios estratégicos. Nesse sentido, como foi ressaltado, é esse grupo que se incumbe de interpretar o ambiente, traduzindo-o, através de esquemas interpretativos compartilhados, no contexto institucional que servirá de referência para as respostas estratégicas. Os esquemas interpretativos, por sua vez, são compartilhados em meio a uma disputa de diversificadas visões e valores dos diferentes grupos que compõem a organização e que vão ser moldados de acordo com condução dos processos de disputa de poder. A tipologia de Oliver, embora, como toda categorização, seja uma simplificação e caricatura do real - construído ou dado, como queira - contempla um amplo espectro de posturas estratégicas que permitem analisar com mais abrangência as formas diferenciadas como as organizações reagem aos processos institucionais aos quais são submetidas. Esforços nesse sentido já vêm sendo realizados, enfocando dimensões de respostas mais pontuais, como alguns trabalhos que exploram a vertente do cerimonialismo (dissimulação), a exemplo do trabalho de Caldas e Vasconcelos (2002) sobre a adoção das normas ISO. A estratégia de adoção de técnicas de gestão pode representar um ou mais padrões de respostas às pressões institucionais, que podem se dar através de fatores diversos que conduzam e induzam à adoção, como também da própria imposição direta desta estratégia. A conjunção das tipologias de DiMaggio e Powell (1983), sobre as formas de influência ambiental através dos mecanismos isomórficos, e a empreendida por Oliver (1991), com a análise das respostas estratégicas, se apresenta complementar e portadora de um profícuo potencial para a compreensão e análise do processo de formulação de estratégias como resposta às demandas ambientais institucionalizadas e assim, como abordado aqui, na difusão de técnicas de gestão. Esses padrões de respostas vão variar, da ação passiva à resistência ativa, muito baseado na estrutura e características das pressões e na forma como as organizações as compreendem e as interpretam. Pesquisas empíricas que utilizem o suporte teórico conjunto dessas duas tipologias podem representar novos avanços no entendimento da adoção de técnicas de gestão. 12 Notas 1 2 Agência (agency) se refere à ação proposital dos indivíduos (SCOTT, 1995). Aspectos mais presentes nos estudos mais antigos, do velho institucionalismo. REFERÊNCIAS APPELBAUM, Eileen, BATT, Rosemary. The new american workplace. Transforming work systems in the United States. New York: ILR Press, 1994. CALDAS, Miguel Pinto, VASCONCELOS, Flávio Carvalho de. Ceremonial Behavior in Organizational Intervention: The case of ISO 9000 diffusion in Brazil. In: XXVI Encontro da Associação Nacional de Pós-graduação em Administração, 2002, Salvador (BA). Anais... Salvador (BA): ANPAD. 2002. CD ROM. CARVALHO, Cristina A. 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