A crise imobiliária norte‐americana e seus impactos sobre a economia brasileira Por : Prof. Eduardo Henrique Becker Deglíesposti Economista Graduado pela USP, com Mestrado pela UNESP A crise no setor de crédito de alto risco (suprime) iniciada em setembro de 2007 vem gerando grande preocupação aos economistas em todo o mundo , principalmente àqueles que visam o desempenho de economias emergentes, como a brasileira. Mas a questão é: como e quando esta crise poderá afetar o desempenho real da economia brasileira? Ninguém sabe na verdade. Existem apenas especulações no mercado, nada de concreto até o momento. Isto porque tudo leva a crer que os recentes acontecimentos são apenas a ponta do iceberg, ou seja, ainda levará um certo tempo para que os dados macroeconômicos da principal economia mundial possam ser interpretados corretamente pelos agentes econômicos. Uma coisa é certa: se o FED não conseguir sustentar o nível de atividade econômica dos EUA nos próximos meses, nós sofreremos com a crise dada a grande interdependência existente entre estas duas economias (a qual foi acentuada recentemente devido ao inexorável processo de globalização dos mercados internacionais). Quando seremos atingidos? Quando a produção e a renda agregadas irão declinar por aqui? Difícil prever com exatidão, mas pelo menos os efeitos não serão tão devastadores quanto seriam no passado, graças à continuidade dada pelo governo Lula e sua equipe econômica ao chamado “tripé macroeconômico básico” iniciado no governo FHC, isto é, austeridade fiscal, câmbio flutuante e metas inflacionárias. Sem isso, a fuga de capitais já seria uma realidade, e como conseqüência, teríamos que trabalhar com uma taxa de câmbio mais desvalorizada do que a atual, o que, por sua vez, serviria como um estopim para novas pressões inflacionárias. Nesta análise contra‐ factual pessimista, o Banco Central defenderia a moeda através de elevações subseqüentes na taxa básica de juros da economia, o que traria menor nível de investimentos e consumo, aumentando o tamanho da recessão. Ou seja, as coisas podiam ser piores! Enfim, agora só nos resta aguardar. Este é um momento de cautela, sem assumir riscos muito elevados. Precisamos também esperar qual será a trajetória dos juros americanos no curto e médio prazo. O tradeoff clássico entre inflação e desemprego/produção no curto prazo (conhecido também como curva de Philipps) está posto. Ben Bernake ainda tem espaço para afrouxar ainda mais os juros visando o aquecimento da economia americana ou as pressões inflacionárias produzidas pelos recentes movimentos de baixa dos juros farão com que o viés se inverta? Como disse no início do parágrafo, resta esperar...