Inclusão digital, software livre e globalização contrahegemônica Sérgio Amadeu da SILVEIRA Em: SILVEIRA, Sérgio Amadeu da, e CASSINO, João (orgs.) Software livre e inclusão digital. São Paulo : Conrad Editora do Brasil, 2003. p.17-47 Inclusão inclui formação Inclusão digital e software livre: iniciativas pelo desenvolvimento sustentável do país, combate à pobreza e globalização contra-hegemônica Inclusão digital: computador, acesso, provedor e formação básica em softwares aplicativos Dados de 2012: 60% das residências no Brasil não têm acesso à internet (Cetic.br) Info-ricos e info-pobres Nova classe dirigente, de administradores, formuladores e executores da telemática Nova elite comandaria uma sociedade dividida entre info-ricos e info-pobres Tecnologia da informação estaria trazendo não uma sociedade mais equânime, ao contrário, mais desigualdade, e a dificuldade em superá-la Capitalismo torna-se uma sociedade dependente de tecnologias da inteligência Geração de conhecimento Capacidade de gerar conhecimento requer um preparo e capacitação complexa de amplos segmentos sociais, outro lado da inclusão digital Inserção social não ocorrerá a partir da oferta e demanda produzidas pelas forças de mercado ou, ainda, por um ato voluntário e consciente do empresariado sério e altruísta Revolução informacional não tem gerado no subcontinente alteração positiva no sentido de redução da miséria Globalização contra-hegemônica A pobreza será em alguns anos assentada sobre produtos atualmente considerados high-tech Resistência à globalização: transformar trocas desiguais em trocas de autoridade partilhada, o que se traduz em lutas contra a exclusão, a inclusão subalterna, a dependência E também lutar por patrimônio comum da humanidade, nas lutas de dimensão planetária em defesa de valores humanitários, como as lutas ambientais, pela biodiversidade Identidade e autonomia A inclusão digital: deve ser inclusão autônoma dos grupos sociais pauperizados, Defesa de processos que assegurem a construção de suas identidades no ciberespaço, Ampliação do multiculturalismo e da diversidade a partir da criação de conteúdos próprios na Internet, Assumir as novas tecnologias da informação e comunicação para ampliar sua cidadania. Congelamento da miséria A exclusão digital não representa apenas uma mera conseqüência da pobreza crônica. Torna-se fator de congelamento da condição de miséria Hoje, o direito à comunicação é sinônimo de direito à comunicação mediada por computador. Portanto, trata-se de uma questão de cidadania O governo federal deve produzir uma política de inclusão digital em conjunto com estados e municípios. O município é a unidade fundamental do poder público para a inclusão digital Três focos nas ações de inclusão 1º) Inclusão voltada à ampliação da cidadania, discurso do direito de interagir e do direito de se comunicar através das redes informacionais 2º) Volta-se para a inserção das camadas pauperizadas no mercado de trabalho, foco na profissionalização e na capacitação 3º) Voltado mais à educação, à formação sociocultural dos jovens, no fomento de uma inteligência coletiva capaz de assegurar a inserção autônoma do país na sociedade informacional Três focos nas ações de inclusão Os três focos do discurso não são conflitantes, na maioria das vezes estão interligados Inclusão digital pode ser vista como o acesso: à rede mundial de computadores; aos conteúdos da rede; à caixa postal eletrônica e ao armazenamento de informações; às linguagens básicas e intrumentos para usar a rede; às técnicas de produção de conteúdo; à construção de ferramentas e sistemas voltados às comunidades Tipologia de modelos de inclusão Distintos modelos nos projetos: Por unidades de inclusão (bibliotecas, totens, telecentros...) Por opções tecnológicas (sistemas livres ou proprietários, aplicativos copyright ou copyleft) Por atividades disponíveis (uso livre, limitado ou monitorado, atividades comunitárias em rede, acesso ao correio eletrônico, cursos presenciais e a distância, impressão de documentos) Por monitoria das unidades (com ou sem monitores contratados, voluntários, com ou sem o controle da comunidade) Tipologia de modelos de inclusão Por sustentabilidade das unidades (fundo público, empresas, contribuições individuais ou coletivas, cobrança) Por autonomia e participação das comunidades (comunidades com poder de decisão, ou consultivo, ou fiscalizador sobre a gestão, ou sobre o programa) Tipologia de modelos de inclusão Três níveis de apropriação das tecnologias da comunicação e da informação (FERREIRA & DUDZIAK, 2004) Inclusão digital: essencialmente técnica; Inclusão informacional: usuário conhece processos; Inclusão social: não há usuários, mas atores sociais coletivos Maior custo não é equipamento Divisor crescente entre as propostas será a questão das opções tecnológicas (sistema operacional e softwares livres ou proprietários) e a da sustentabilidade Maior custo é o cotidiano, a formação, e não equipamento; formato eficaz passa por fundo público e envolvimento da comunidade no processo decisório e no planejamento Faz defesa do software livre, relata a história do GNU Linux, critica a dominação dos fluxos da rede pelas forças do mercado Alternativa inovadora e estável O próprio mercado começa a aderir ao software livre, usuários muito exigentes ou de áreas de aplicacações sensíveis preferem ter acesso ao código-fonte O software livre já é uma alternativa economicamente viável, tecnologicamente inovadora e estável Temos acúmulo suficiente para criar, em software livre, soluções similares às que importamos Em defesa do software livre Necessidade da integração das políticas de inclusão digital, de informatização das escolas e das bibliotecas públicas e a adoção de TI [Tecnologia da Informação – principalmente de telecomunicações, hardware, software e suporte] como instrumento didático-pedagógico à estratégia de desenvolvimento tecnológico nacional Custo das licenças de uso – no mínimo, 150 dólares por computador alocado no programa de inclusão digital Em defesa do software livre Não é correto utilizar dinheiro público para formar e alfabetizar digitalmente os cidadãos em uma linguagem proprietária de um monopólio privado transnacional Sistemas operacionais proprietários são construídos para não ter compatibilidade e interoperabilidade com outros sistemas concorrentes. Com isso a tendência da economia de redes (dessas redes) é a do monopólio Conclusões O acesso à comunicação em rede é a nova face da liberdade de expressão na era da informação A cidadania na era da informação impõe o direito de se comunicar, de armazenar e processar informações velozmente, independentemente de condição social, capacidade física, visual ou auditiva, gênero, idade, raça, ideologia e religiao As políticas de inclusão digital não podem servir à manutenção e à expansão do poder das megacorporações do localismo globalizado Conclusões Tais políticas devem incentivar o desenvolvimento e a autonomia das localidades, regiões e nações pobres e não sua subordinação às cadeias de marketing do mundo rico Devem incentivar a liberdade e não o apriosionamento às redes privadas Devem ser software livre